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A

Educação
Cristã
dos Filhos
Pe. Lucas Prados
Adelante la Fe
http://www.adelantelafe.com/

Tradução:
Sensus fidei
http://www.sensusfidei.com.br/
Educação cristã dos filhos. Como lidar com
ela no mundo atual
Frequentemente, pais que mal conheço, porque não vêm à igreja
com frequência, aproximam-se de mim realmente sobrecarregados
solicitando recomendações para resolver os graves problemas que
estão tendo com seus filhos adolescentes

Pe. Lucas Prados — Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: Em muitas oca-


siões, pais que mal conheço, porque não vêm à igreja com frequência, apro-
ximam-se de mim realmente sobrecarregados solicitando recomendações
para resolver os graves problemas que estão tendo com seus filhos adoles-
centes. Tento ajudá-los em cada caso, e apesar de que sempre é possível se
fazer alguma coisa, na maioria dos casos, o dano é tão profundo que uma
reparação integral é quase impossível.

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Outro fato também muito comum é que dos pais católicos realmente preocu-
pados na formação cristã de seus filhos, sentirem-se angustiados e sem fer-
ramentas para lutar ao verem seus filhos — filhos que haviam sido formados
em um ambiente verdadeiramente cristão e de fé — serem absorvidos, tor-
nando-se encantados e envenenados pelo mundo conforme vão chegando à
adolescência. Há um determinado momento em que estes jovens não querem
saber mais ada sobre a Igreja, sobre a sua religião e nem mesmo de seus pró-
prios pais. Como pode acontecer que esses jovens, todos eles educados se-
gundo os princípios cristãos, de repente são destruídos tão facilmente em um
curto período de dois ou três anos? Que podem fazer os pais para que o
mundo não destrua o que lhes custou tanto trabalho? Que podem fazer os pais
para que as crianças realmente sejam preenchidas com Deus e, depois, te-
nham armas suficientes para lutar contra este mundo?

A solução não é fácil, mas ao longo de vários artigos tentaremos analisar os


problemas mais frequentes com os quais os pais deverão enfrentar na educa-
ção de seus filhos desde ainda bem pequeninos; e tentaremos orientar, ofere-
cendo possíveis soluções que possam ser aplicadas antes que seus filhos “al-
cem voo e fujam de seus pais”.

Anos atrás, conversando com minha mãe, ela me dizia: “Uma das missões
mais difíceis que nós, pais, temos que realizar é a educação dos filhos. Os
filhos, dizia minha mãe, são como um pássaro que você tem entre as suas
mãos, se você os apertar demais você os afoga, e se você abrir demais sua
mão também, eles escapam. É realmente um milagre, que nós, pais, temos
que pedir continuamente a Deus”.

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Gravidade da situação atual
O primeiro problema que devemos enfrentar é o fato de que os pais sejam
conscientes da gravidade da situação atual, para que desde a infância come-
cem a educar cristãmente os seus filhos seguindo as orientações corretas.

Um fato comum que deparo todos os dias, é que quando eu aconselho os pais
para que se preocupem com a educação cristã de seus filhos a partir da mais
tenra idade, eles sorriem e dizem inocentemente: “Meus filhos são bons e não
vai acontecer com eles nada disso do que você está falando”. Mas a triste
realidade é que quando estas crianças têm quinze ou dezesseis anos, se per-
guntamos de novo por seus filhos, já dizem muito preocupados”, nossos fi-
lhos são bons, mas …”. Nesta resposta, ninguém é capaz de adivinhar a sua
angústia e preocupação, porque eles já não podem controlá-los. Em suma, “o
mundo já os devorou”.

Um dos problemas mais graves e preocupantes que têm de enfrentar os pais


verdadeiramente cristãos, é o da formação humana e cristã de seus filhos. É
por isso que este trabalho é dirigido especialmente a esses bons e preocupa-
dos pais.

Há outros pais, infelizmente a maioria, que se denominam cristãos, mas que


nunca se preocuparam seriamente em educar seus filhos de acordo com os
princípios cristãos. Esses pais, não creio que tirem bom proveito da leitura
desses artigos, — se é que eles caiam em suas mãos —, porque lê-los signi-
ficaria uma mudança de atitudes tão radical que eles nunca estariam dispostos
a empreendê-la. No entanto, esses pais sabem que eles serão severamente
julgados por Deus quando forem chamados a comparecer perante o trono do
Altíssimo.

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Um trabalho urgente e sem demora
Embora os pais sejam pais durante toda a sua vida, eles dispõem apenas dos
primeiros quinze ou vinte anos de seus filhos para realizar esta tarefa de
forma eficaz. Passados esses anos, os filhos ocasionalmente ouvirão algum
conselho de seus pais. Na maioria dos casos eles já estarão com suficiente
autonomia para tomar suas próprias decisões e escolher os caminhos, bons
ou maus, que prefiram. E se me apertarem um pouco, e dada a situação atual
de nossa sociedade, digo que os pais só dispõem realmente dos dez primeiros
ou doze anos de seus filhos; após os quais, na maioria dos casos, os filhos se
fecharão em grupos e ouvirão antes seus amigos do que seus pais.

Vou contar-lhes uma história verdadeira que aconteceu comigo este ano. Co-
mecei há dois anos em uma das minhas paróquias catequeses de Confirmação
com um grupo de cerca de vinte jovens entre 10 e 12 anos. No primeiro dia
apresentei-lhes um plano geral e lhes disse que a primeira coisa que tinham
a fazer era confessar o quanto antes para que a catequese desse frutos e, ao
mesmo tempo, pudessem receber a comunhão. Nesse mesmo dia, pratica-
mente todos eles confessaram. Fiquei tremendamente contente. Assim conti-
nuaram fazendo durante a maioria do primeiro ano de catequese.

Em setembro passado, começamos o segundo ano. As crianças já haviam


passado dos 10-12 anos para 11-13 anos. No primeiro dia eu fiz a mesma
chamada para que se confessassem, e qual foi minha surpresa quando cons-
tatei que nenhum deles quis confessar. Depois de muita insistência durante
cada semana eu consegui que cinco ou seis desses vinte que começaram se
confessassem, mas os outros estão esperando o dia que antecede a Confirma-
ção para se confessarem; pois eu já lhes dissera que se não confessassem, não
seriam confirmados.

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Passara apenas um ano; mas nesse ano muitas coisas aconteceram; coisas que
contaminaram o seu coração e, consequentemente, já não se atrevem a con-
fessar.

É difícil dizer, mas uma vez que se confirmem, provavelmente já não verei
muitos deles até… até o enterro.

Todos nós já ouvimos milhares de vezes o famoso exemplo da árvore que é


plantada e que carece de ser orientada e endireitada quando ela ainda está
tenra. Quando o tronco se torna lenhoso será quase impossível endireitá-lo.
É por isso que os pais devem agir com extremo cuidado durante os primeiros
anos de seus filhos, uma vez que será o momento no qual eles estarão mais
receptivos.

As virtudes e defeitos dos pais nos filhos


Os defeitos dos pais são quase sempre “herdados” pelos filhos. As virtudes,
no entanto, às vezes, sim e, às vezes, não.

Com bastante frequência os pais queixam-se dos maus hábitos de seus filhos
e não percebem que, em muitos casos, esses maus hábitos de seus filhos fo-
ram aprendidos no lar familiar. Se os pais não são honestos, virtuosos, ver-
dadeiros, ordeiros, piedosos… dificilmente poderão esperar que seus filhos
o sejam.

Acho engraçado quando os pais das crianças na catequese de Primeira Co-


munhão deixam seus filhos para a Missa, e, enquanto isso, vão para o bar
mais próximo assistir o jogo de futebol. Terminada a Missa voltam para pe-
gar as crianças e lhes perguntam: “Foi tudo bem?” Quando essa criança
cresce, o mais provável é que faça com seus filhos exatamente o mesmo.

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Quando uma criança de sete anos solta uma blasfêmia, se investigarmos po-
deremos comprovar que ela aprendeu de outra criança ou de seus pais. E se
ela aprendeu de outra criança, é porque esta, por sua vez, aprendeu de seus
pais. Os pais são os primeiros educadores de seus filhos, tanto para o bem
quanto para o mal.

Há anos ouvi uma simpática história de uma família de caranguejos que é


muito reveladora. A história era assim:

“Era uma vez uma família de caranguejos que vivia no fundo do mar. Um
belo dia o pai caranguejo, preocupado com a formação de seus filhos disse à
sua querida esposa:

Querida. Seria para mim um grande prazer se nossos filhos


fossem no dia de amanhã caranguejos bem formados, que ca-
minharão sempre para frente e não de lado como fazemos
nós. Assim, para conseguir isso, amanhã ao meio dia reúna
todos os nossos filhos próximos daquela rocha, e você e eu
lhes ensinaremos a caminhar para frente.
No dia seguinte mamãe caranguejo reuniu toda sua prole frente à rocha que
lhes servia de guarida. Nisso chegou papai caranguejo muito orgulhoso e com
belas palavras disse a seus filhos:

Queridos filhos, tanto sua mãe quanto eu queremos que vocês


sejam caranguejos bem formados e que caminhem sempre
para frente. Assim, a partir de hoje nos reuniremos todos
aqui para fazer práticas e exercícios para caminhar desse
novo modo.

Os caranguejinhos acharam estranha a atitude de seu pai. Mamãe caranguejo


não pode dizer nada, pois não queria deixar o marido em má situação.
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Durante vários dias estiveram fazendo as práticas. Papai caranguejo era o
primeiro da fila e, atrás dele, em fila indiana, cada um dos meninos. A comi-
tiva terminava com sua mãe, que levava nos braços o caranguejinho caçula
que ainda estava aprendendo a andar.

Terminado com sucesso o experimento, papai caranguejo voltou a reunir to-


dos os seus filhos e lhes disse:

Agora já sabem, queridos filhos. De agora em diante vocês


terão que andar sempre assim. Não andem nunca mais de
lado como faz o resto dos caranguejos. Vocês agora são os
caranguejos do futuro.

Papai caranguejo, muito orgulhoso da lição ensinada, deu o braço para sua
mulher e foram os dois caminhando visitar outra família de caranguejos que
vivia próxima dali; mas não perceberam que iam caminhando de lado.
Quando os caranguejinhos viram seus pais andar, olharam uns para os outros
e disseram:

E para que mudar?! Façamos o mesmo que nossos pais, pois


é muito mais fácil!

Não é suficiente dar boas lições; se os pais não são os primeiros a colocá-las
em prática, dificilmente os filhos as seguirão.

Ao longo dos próximos artigos, analisaremos e tentaremos ajudar os pais.


Começaremos por analisar qual deve ser sua maneira de agir durante os pri-
meiros dez ou doze anos dos pequenos (assistência à Missa, orações, leituras,
uso da TV, internet, mobiles, o que fazer durante as férias, horas de sono,
ensinar-lhes a comer, e muitas outras coisas). Em seguida, entraremos nos
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anos mais problemáticos que são geralmente dos 12 até os 20 anos. E, final-
mente, tentaremos dar alguma luz para que eles possam continuar ajudando
seus filhos quando já estiverem emancipados, mas sem que tenham tomado
o caminho certo (vivendo juntos sem se casar, quedas no alcoolismo ou nas
drogas, perda da fé, hábitos sexuais antinaturais …).

Ao mesmo tempo, rogo-lhes que me ajudem nesta missão através de seus


comentários e perguntas. Se alguma coisa não vai ficar clara ou suficiente-
mente clara, eu não hesitarei em explicar novamente.

Pe. Lucas Prados

Publicação original: Adelante la Fe — La educación cristiana de los hijos.


Cómo afrontarla frente al mundo actual

http://adelantelafe.com/la-educacion-cristiana-de-los-hijos/

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A educação cristã dos filhos (II): pais, escolas
e Igreja
Educar os filhos é algo tremendamente difícil. Há inimigos por to-
dos os lugares. É por isso que todos: pais, escolas, sacerdotes …
temos que rezar muito, levar a nossa vocação mais a sério e perce-
ber que o que está em jogo é a felicidade de muitas pessoas, e o
mais importante, a sua salvação e também a nossa

Pe. Lucas Prados — Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: Antes de pas-


sarmos à análise de todos aqueles elementos que devemos ter em conta para
educar cristãmente os filhos, é conveniente considerar outros fatores não me-
nos importantes, e que sem os quais, uma adequada educação seria pratica-
mente impossível: os pais, a escola e a Igreja.

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(Nota preliminar: A fim de aproveitar o que é dito nestes artigos, e uma vez
que eles formam uma série continua, é aconselhável lê-los em ordem. Caso
não tenha lido, comece pelo primeiro: Educação cristã dos filhos. Como lidar
com ela no mundo atual).

O primeiro fator a considerar: Pais


Os pais (pai e mãe) são os primeiros e mais importantes educadores de seus
filhos. O apoio que recebem dos avós, colégio e mesmo da Igreja, é subsidi-
ário e/ou complementar. Em nenhum momento os pais poderão abandonar,
adiar ou negligenciar a obrigação mais importante que têm sobre seus filhos
e da qual deverão prestar contas a Deus.

Para formar filhos cristãos a primeira coisa necessária é que os pais tam-
bém o sejam. E quando dizemos pais realmente cristãos, refiro-me a que es-
tejam casados sacramentalmente, vivam sua fé, pratiquem a religião, levam
uma vida séria de piedade pessoal e familiar, aproximem-se dos sacramentos,
aceitem a vontade de Deus, estejam abertos a uma paternidade generosa, le-
vem a sério a educação a educação de seus filhos, não tenham medo de rea-
lizar os sacrifícios que forem necessários para que estes possam ser educados
adequadamente, dediquem tempo suficiente a eles, sejam capazes de renun-
ciar, total ou parcialmente ao menos um deles ao trabalho, se for necessário
para o bem das crianças, etc… se aqueles que devem ser modelos para os
seus filhos já têm defeitos graves, o mais provável é que esses mesmo defei-
tos, porém ainda mais acentuados, apresentem-se também nos filhos.
Desde o início dissemos que a situação ideal para educar os filhos é a que nos
referimos anteriormente. Infelizmente, sabemos que esta situação ideal não é
ideal em muitos casos.

Todavia há situações em que embora a educação seja mais difícil, não é de


todo impossível. Refiro-me ao caso de um pai ou de uma mãe que são viúvos
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e ao caso de uma mãe divorciada ou solteira (normalmente é comum ser a
mãe quem fica com os filhos) que tem que cuidar ela sozinha das crianças,
pois o pai foi embora e não quer mais saber deles. Dentro deste último grupo
poderíamos acrescentar o caso das crianças que são criadas com os avós ou
outros parentes, pois os pais, por motivos de trabalho, nunca estão em casa.
Neste último caso, a educação se torna muito mais difícil, porque os avós não
podem substituir os pais; embora a educação não seja impossível se os avós
realmente levem a sério a educação dos pequenos, e os pais não interfiram
negativamente quando estão em casa (normalmente à noite e finais de se-
mana).
Mas há casos mais graves, onde a educação cristã dos filhos é quase im-
possível, pois já se parte de uma base de erro muito grave. Refiro-me às se-
guintes situações:
o Há pais que, embora sacramentalmente casados, na verdade vivem um
“divórcio prático”, pois cada cônjuge vive sua vida e tem uma maneira
diferente de educar os filhos.
o Há pais casados sacramentalmente, mas não praticam a sua religião.
o Há muitas mães divorciadas que têm de cuidar de seus filhos sozinhas
e as crianças devem passar com o marido os finais de semana, e no en-
tanto, na maioria dos casos, o pai difama a mãe e os cria mal. O oposto
também acontece hoje em dia.
o Há pais unidos civilmente que não podem voltar a casar novamente na
Igreja por causa de um casamento eclesiástico anterior. Esses pais já
estão em um problema muito sério: optaram por viver juntos sem a bên-
ção de Deus, e como resultado não podem se aproximar dos sacramen-
tos. Esta situação irregular geralmente dura muitos anos, durante os
quais os pais não dispõem da graça santificante, e ao mesmo tempo vi-
vem em uma situação de pecado grave, que eles mesmos querem justi-
ficar perante os seus filhos, atitude que os transforma em modelos muito
defeituosos, pois os filhos “entenderão” que não é tão mal viver juntos

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se eles se amam, mesmo sem a bênção de Deus e vivendo em pecado
grave.
o Há casos de pais que simplesmente vivem juntos sem nem mesmo um
casamento civil.
o Todos estes casos, e muitos outros semelhantes e até mesmo mais gra-
ves já são em si mesmos uma grave desvantagem para a boa educação
dos filhos.
A educação cristã das crianças é impossível quando os “pais” são homos-
sexuais ou lésbicas. A deformidade da qual se parte, além de ser um pecado
muito sério e contra a natureza, faz com que, de maneira nenhuma esses pais
possam desempenhar a função que Deus espera deles. Estes pais sempre ten-
tarão justificar perante os seus filhos sua situação como algo normal que, por
si só, não é apenas pecado gravíssimo, mas que também lhes incapa-
cita — humana e cristãmente — o papel de modelos para os seus filhos.
Se criar os filhos hoje já é extremamente difícil, mesmo partindo de condi-
ções ideais, se além disso, o primeiro passo na educação de seus filhos não
atende as condições ideais, o resultado final já está mais do que comprome-
tido.

O papel subsidiário das escolas


Escolas, e, geralmente, qualquer instituição de ensino, devem ajudar os pais
na educação humana e cristã de seus filhos. Em nenhum momento a escola
pode substituir os pais; nem os pais podem escapar à sua responsabilidade
primária sobre seus filhos, confiando tal trabalho exclusivamente em mãos
de terceiros.

Até cinquenta anos atrás era relativamente fácil encontrar boas escolas/colé-
gios religiosos que tinham até mesmo regime de internato, em alguns casos,
e realizavam um louvável trabalho de formação. Mas, nos últimos cinquenta
anos, como consequência da gravíssima crise que sofre a Igreja e todas as
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instituições que dela dependem, encontrar um “colégio católico” que honra
o seu nome é realmente difícil.

Nos últimos dias tenho recebido e-mails de pais pedindo orientações sobre
colégios católicos de confiança em Espanha. Infelizmente eu tenho que dizer
que, embora possa haver algum isolado, não conheço nenhum que possa
aconselhar. Antigamente, enviar seus filhos para um colégio jesuíta, escolá-
pios, salesianos … era garantia de boa formação. Hoje (exceto no caso de
alguma exceção isolada que possa existir e que eu desconheça), enviar seus
filhos para colégios “religiosos” é a mesma coisa e, às vezes, até pior do que
enviá-los para uma escola pública.

Pelo fato de enviar seus filhos para uma escola religiosa, os pais, ingenua-
mente, esperam que a formação seja realmente boa, tanto em nível humano
como cristão; mas hoje, talvez as maiores “loucuras” que tenho ouvido vêm
de colégios religiosos.

A fim de atrair os pais, eles tentam manter determinadas maneiras “católi-


cas”, mas quando você cava um pouco e mergulha no conteúdo das aulas …
você verá que não há praticamente nenhuma diferença dos colégios civis.
Com o agravante de que, acreditando os pais que o colégio seja “bom” bai-
xam a guarda na formação de seus filhos e quando se dão conta, seus filhos já
foram deformados humana e cristãmente.

Digo-lhes que pode haver alguma escola religiosa isolada ainda comuni-
cando um bom ensino humano e cristão, mas não me atrevo a aconselhar
alguém. Até há poucos anos as escolas ligadas, de uma forma ou de outra
com a Opus Dei tinha uma reputação de dar boa formação acadêmica e sal-
var os valores morais cristãos elevados. No momento eu não tenho nenhuma
informação detalhada sobre elas.

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De um modo geral, é preciso analisar cada caso particular; e isso não está ao
meu alcance. É o trabalho de vocês examinar o programa de cada colégio,
professores, livros didáticos usados aplicados em salas de aula …, antes de
enviar os seus filhos para lá.

“Homeschooling” ou Escola em casa


Alguns de vocês têm apontado em seus comentários do artigo inicial da pre-
sente série dedicada à educação das crianças, a possibilidade de ensinar os
seus próprios filhos em casa. No que diz respeito a esta forma de ensino digo-
lhes o seguinte:

Eu vivi por nove anos


nos Estados Unidos e
conheço bem este sis-
tema de ensino, bas-
tante comum por lá.
Há muitos pais católi-
cos percebendo que a
problemática das es-
colas e colégios públi-
cos e privados (religiosos …) é tão grave, que optaram por educar seus filhos
em suas próprias casas. Embora à primeira vista possa ser uma boa ideia, os
resultados finais são extremamente variados, porque muitos fatores podem
fazer que a “experiência” seja um sucesso ou um fracasso.

1. É necessário que o governo de cada país tenha os meios para avaliar


este tipo de educação. Poderia acontecer que concluída a educação em
casa, quando se dirijam para o ensino superior ou universitário, os es-
tudos que foram realizados com vocês não sejam reconhecidos. Pode
até ocorrer que o governo lhes retire seus filhos, considerando que não
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estavam sendo adequadamente preparados. Eu conheço alguns desses
casos nos Estados Unidos.
2. É necessário que os pais sejam devidamente formados academicamente
(já tenham uma formação cristã, ou então, nem tentem esse sistema edu-
cacional). Isso faz com que, na maioria dos casos, apenas crianças até
os dez ou doze anos possam ser ensinadas. A partir dos treze (justa-
mente quando a idade difícil começa), se permanecem estudando em
casa, é possível que tenham mais êxito na formação cristã; mas em com-
pensação a formação acadêmica será bastante deficiente, uma vez que
os pais não estarão preparados (falo em termos gerais) para explicar
álgebra, biologia, química, latim, idiomas e muitos outros assuntos. En-
tão, chegados aos doze ou treze anos terão que aceitar que seus filhos
não tenham uma formação acadêmica adequada ou terão que enviá-los
para colégios públicos ou privados; será aí o momento que virão os gra-
ves problemas que durante tantos anos tentaram evitar.
3. Independentemente disso, o sistema homeschooling possui a desvanta-
gem de acrescentar o fato de que seus filhos não se relacionam com
outras crianças, passam a maior parte do seu dia em casa e, finalmente,
começam a se tornar antissociais. Em relação a este ponto em particular
conheci, desde jovens completamente normais, até indivíduos que são
incapazes de fazer amigos e acabam se tornando “esquisitos”.
4. Por outro lado, os pais tentam proteger seus filhos de quaisquer influên-
cias externas ruins, criam em torno de si um ambiente “estéril”, ou seja,
“livre de germes” (sem tv, sem internet, sem videogames, sem … ape-
nas filmes de santos e similares), mas um ambiente que não permite as
defesas preparadas para quando, concluídos os estudos em suas casas,
tenham que sair para fora. Nesse momento, o mundo os desperta brus-
camente. Eles passam a ver o mundo por si mesmos. Conhecem outras
coisas boas, mas também muitas ruins. Descobrem um mundo que para

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eles era completamente desconhecido e passam a falar que existem ami-
gos, que há professores que ensinam melhor do que seus pais, que o
mundo não são as quatro paredes de sua casa … Pouco a pouco eles vão
mergulhando neste novo mundo, até que começam a descobrir coisas
que os atraem, mas que os seus pais sempre lhes disseram que são pe-
caminosas. Nesse momento, inicia-se uma luta, e na maioria dos casos,
por não haver defesas suficientes, caem em maus hábitos e fracassam
como homens e como cristãos. Seria algo como uma criança que sempre
cresceu dentro de uma “bolha” e nunca recebeu “contaminação” do ex-
terior. Quando essa criança entra em contato com os “germes deste
mundo”, ela não terá as defesas preparadas e sua vida correrá perigo.
Assim, embora inicialmente homeschooling possa ser bom, não é uma pana-
ceia, pois tem muitas limitações que também devem ser levadas em conta.

O papel da Igreja na educação dos filhos


Da mesma forma que dizíamos que escolas e colégios têm por objetivo apoiar
os pais na educação dos filhos, a Igreja deve realizar — no seu nível — uma
função similar. A função primária da Igreja (independentemente das escolas
católicas) será ajudar os pais para que os filhos se formem adequadamente
nas áreas moral, catequética, litúrgica e sacramental.

A educação “religiosa” das crianças na Igreja deveria começar desde a mais


tenra infância. São os pais os responsáveis perante Deus de levar seus filhos
à Missa desde que comecem a perceber as coisas. Na verdade, a mim pesso-
almente me agrada ver os pais vindo à igreja com seus bebês de poucos me-
ses. A igreja é um organismo vivo; Cristo é o Bom Pastor e em Seu rebanho
há cordeirinhos que saltam inquietos e balem, mas que fazem a alegria de
toda a congregação. Quando essas crianças têm pouco menos de um ano,
causa-me grande prazer ver os pais que levam seus filhos a uma imagem da

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Virgem e lhes dizem: “Mande um beijo para o Mãezinha do céu”. A fé rece-
bida no batismo; agora depende dos pais ajudar a Deus para que essa fé
vá se formando; inicialmente mandando beijos à Virgem, em seguida, ensi-
nando-lhes sobre o “meu anjo da guarda”, a Ave Maria e o resto das orações.
De tal modo que quando cheguem à catequese de Primeira Comunhão aos
seis ou sete anos já saibam as orações mais elementares, estejam acostuma-
dos a rezar, saibam quem é Deus, como Jesus morreu, o que é a Eucaristia,
tenham aprendido a se comportar na Igreja e muitos outros ensinamentos
simples, mas extremamente necessários, e que são o início da “piedade
cristã” dessas crianças.
Infelizmente, a realidade está bem longe destes “sonhos”. A maioria das cri-
anças que vêm para a catequese de Primeira Comunhão não sabem quem é
Jesus, porque é preciso ajoelhar ou porque é preciso ficar em silêncio no tem-
plo; em uma palavra, não tem mesmo o menor sinal de piedade, porque nunca
aprenderam de seus pais (e às vezes, tampouco, dos sacerdotes).

Se a isto acrescentarmos que a tão importante função que deveria realizar a


Igreja nessa idade, ficou quase reduzida a ensinar as crianças a colorir dese-
nhos e a aprender um par de orações e nada mais, este tempo maravilhoso e
único se fará perdido.

Por outro lado, se os pais não se preocupam em levar as crianças para a igreja
semanalmente, enquanto elas estão sob a sua proteção, provavelmente esta
será a última vez que veremos estas crianças em muitos anos, porque o papel
que deveria desempenhar a Igreja ficará completamente truncada. E eu digo
isso por experiência própria depois de mais de trinta anos de sacerdócio.

É um fato que:

o Terminada a catequese de Primeira Comunhão, menos de 20% dessas


crianças entrarão na catequese da Confirmação.
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o Que de todos os batizados menos de 15% atualmente se casam na Igreja.
o Que a assistência semanal à Santa Missa não chega na maioria das pa-
róquias a 10%.
o Que o número de confissões das pessoas batizadas, com o fim de satis-
fazer o preceito da Igreja de confessar ao menos uma vez por ano é
inferior a 5%.
Se a tudo isto se acrescentar o fato de que em muitas paróquias o ensinamento
dado está longe de ser o Magistério da Igreja, o panorama que se divisa diante
de nós é bastante negro.

Resumidamente eu lhes dou um botão de amostra, embora realmente não seja


necessário, porque vocês terão muitos exemplos parecidos e até mais graves.

Apenas alguns dias atrás, uma mãe (que não pertence a nenhuma das minhas
paróquias) disse-me que flagrara seu filho de 15 anos vendo pornografia em
seu quarto e cometendo um ato impuro. Quando a mãe o viu procurou dis-
farçar, mas horas mais tarde se aproximou com muito carinho de seu filho e
mostrou-lhe que o que fizera estava errado. Aconselhou-o que fosse o quanto
antes confessar o que tinha feito para que Deus o perdoasse. No domingo
seguinte, o jovem, mais por uma questão de obediência do que por amor a
Deus, confessou. Contou ao sacerdote o que tinha feito e a resposta foi, se-
gundo me contou a mãe, a seguinte: Tente não fazer mais; mas de qualquer
maneira, não se preocupe muito, porque na sua idade isso é algo comum. De
algum modo é preciso liberar essa tensão.

Vocês me dirão agora, que ensinamento tirou esse jovem. Por outro lado, isso
me faz pensar, e eu não estou pensando mal, que tipo de castidade levará este
sacerdote quando dá esses conselhos; o que ele, pessoalmente, fará quando,
pessoalmente, ver-se acometido por essa “tensão”.

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Como podem ver, educar os filhos é algo tremendamente difícil. Há inimigos
por todos os lugares. É por isso que todos: pais, escolas, sacerdotes … temos
que rezar muito, levar a nossa vocação mais a sério e perceber que o que está
em jogo é a felicidade de muitas pessoas, e o mais importante, a sua salvação
e também a nossa.

No próximo artigo começaremos a tratar de temas mais específicos e a dar


conselhos práticos que possam ajudar os pais nesta difícil missão. Deus os
abençoe.

Artigo original: Pe. Lucas Prados – Adelante la Fe – La educación cristiana


de los hijos (II): padres, colegios e Iglesia
http://adelantelafe.com/la-educacion-cristiana-los-hijos-ii-padres-colegios-
e-iglesia/

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A educação cristã dos filhos (III) – As novas
tecnologias
Os pais, como primeiros educadores de seus filhos, haverão de cuidar de
cada um destes elementos enquanto as crianças estão ainda sob sua tu-
tela; e de modo especial, durante os primeiros 18 anos de sua vida, pois
será então quando os filhos serão mais propensos a receber qualquer in-
fluência externa, tanto para o bem como para o mal

Pe. Lucas Prados – Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: O êxito ou o fra-


casso da educação dos filhos será o resultado da correta intervenção dos mui-
tos fatores que entram em jogo em sua formação: os pais, os amigos, o colé-
gio, a Igreja, o ambiente, as novas tecnologias e, é claro, eles mesmos. Estes
fatores e outros tantos, atuarão a favor ou contra, na hora de formar os filhos.
É por isso que os pais, como primeiros educadores de seus filhos, haverão de
cuidar de cada um destes elementos enquanto as crianças estão ainda sob sua

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tutela; e de modo especial, durante os primeiros 18 anos de sua vida, pois
será então quando os filhos serão mais propensos a receber qualquer influên-
cia externa, tanto para o bem como para o mal.
Lembro-me de ter assistido em filmes antigos uma fábrica comunista onde
trabalhavam uma multidão de pessoas, o rádio estava constantemente a trans-
mitir propaganda partidária e fazendo lavagem cerebral. Se isto acontecesse
hoje, em qualquer local de trabalho, imagino que rapidamente os sindicatos
levantariam um escandaloso protesto; mas tudo isso e muito mais, está acon-
tecendo em suas casas e não vejo muitos pais preocupados com a lavagem
cerebral que estão fazendo em seus filhos.

A fim de ver a influência que alguns desses fatores exercem na educação das
crianças examinamos alguns deles mais detalhadamente.

A pandemia dos dispositivos móveis do século XXI


É curioso que o telefone, que foi inventado como um meio de comunicação
entre as pessoas, já se tornou para muitas famílias causa de isolamento. Algo
que, em si, seria bom se usado corretamente, mas quando se abusa disso,
perde toda a sua virtualidade e torna-se um instrumento de deformação.

Quando em alguma ocasião tenho sido convidado para jantar em uma casa,
chama-me atenção o fato de que, juntamente com talheres, guardanapos e
copos, lá está o telefone celular. O objetivo é não perder nada do que está
acontecendo no Facebook, Twitter ou WhatsApp. Tem-se a impressão de que
isso é mais importante do que desfrutar deste maravilhoso momento em fa-
mília. A mesa, que sempre foi um centro de reunião da família e o momento
em que se trocavam opiniões sobre o dia, tornou-se agora um centro de co-
municações (telefônicas), onde todo mundo está falando com pessoas de fora
mas nenhuma com as que estão diante de si.

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É impressionante ver os jovens de catequese de confirmação (12-14 anos)
frequentar o templo com celular na mão ou “incorporado” no bolso de trás
da calça. O telefone móvel tornou-se para eles um instrumento essencial para
… para quê?

Não dê ao seu filho um telefone móvel antes dos 18


anos
É minha opinião pessoal que um jovem não deveria ter dispositivos móveis
até os 18 anos. A razão é simples, porque antes não precisa. E depois? Depois
tampouco; mas poderia, pelo menos, ser conveniente. E se a criança sai
em viagem numa excursão da escola? Não seria bom que levasse um dispo-
sitivo móvel caso algo acontecesse? Também não. A razão é muito simples,
se algo acontecer, esteja certo de que haverá muitos telefones disponíveis
para avisar os pais.

Os benefícios que podem oferecer possuir um celular antes dos 18 anos não
superam os perigos aos quais se submeterá esse jovem. Quais são?:

o Mau uso das redes sociais (onde eles têm milhares de coisas íntimas e
pessoais, onde enviam fotos, supostamente privadas, mas que estão dis-
poníveis para todos).
o Fácil acesso a conteúdo imoral.
o Risco de assédio por parte de outras pessoas.
o Perda de concentração e atenção para realizar seus próprios trabalhos,
uma vez que eles estão recebendo ou enviando mensagens continua-
mente.
o Cair no “materialismo” (possuir coisas materiais sem haver uma real
necessidade que as justifique). Sentem a urgência de se manterem sem-
pre atualizados e não menos do que os seus amigos.

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o Enorme desperdício de tempo: Foi demonstrado que um jovem gasta
mais de duas horas diárias manejando o seu dispositivo móvel.
o Ansiedade, se o telefone for perdido, danificado ou removido.
o Sem falar do dano espiritual que pode causar por permanecerem bas-
tante incapacitados para um possível diálogo com Deus.

Partindo do fato de que um jovem não deveria ter um dispositivo móvel antes
dos 18 anos, é possível que em uma ocasião concreta realmente seja neces-
sário. O que fazer? Meu conselho é que se tenha em casa um telefone móvel
extra, que seja apenas telefone, sem internet, sem tela de 5 polegadas, e que
se possa dar ao jovem para esse momento particular. Sim, todas as noites e/ou
uma vez que a necessidade tenha sido atendida, o telefone móvel voltará
para que os pais o guardem até a próxima ocasião de necessidade.

Não é bom que eles disponham de um dispositivo móvel pessoal, porque


essa é a ocasião que o demônio aproveitará para ir lentamente minando a
“moral” de seu filho. Se você quer evitar “surpresas” e “descobrir” que seu
filho não é tão “santo” como você imaginou, este modo de agir pode poupar
inúmeros desgostos.

Se assim proceder, seu filho provavelmente o qualificará como retrógrado e


tirano, mas garanto-lhes que, com o tempo, o seu filho o agradecerá. Às vezes
os pais não percebem a “arma” que entregam aos seus filhos quando,
movidos por uma mentalidade bastante inocente, presenteiam seu filho
com o primeiro celular.

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Acesso à Internet por parte dos jovens
Embora o uso da internet seja de grande ajuda quando se busca conteúdos e
se faz pesquisas, seu uso deve ser controlado quando são os jovens os que
têm acesso a ela.

Nós todos sabemos que, juntamente com muitas coisas boas que podem ser
encontradas na rede, há também muitas páginas de conteúdo pernicioso que
se destina a prejudicar, corromper, manipular mentes, modificar valores mo-
rais, e assim por diante. O demônio e muitos homens que estão a seu ser-
viço, têm percebido a poderosa arma de destruição e manipulação gra-
tuita que muitos pais põem ao alcance de seus filhos.

É por isso que, como a Internet tornou-se uma ferramenta necessária para o
estudo e a pesquisa a partir de uma certa idade, o seu uso deve ser perfeita-
mente controlado pelos pais. Estes devem limitar o tempo de acesso e o
conteúdo das páginas que seus filhos visitam. O mercado tem muitos pro-
dutos que podem executar esta função. Se você deixar ao seu filho o acesso
total ao conteúdo da Internet, e também não limitar o tempo de uso, não se
surpreenda com o que você poderá encontrar ao verificar o “histórico” do
navegador. Por outro lado, dada a atração que este meio exerce, pode chegar
um momento em que o seu filho não saiba fazer nada se não for através da
Internet.

Menção especial faremos das famosas “wikipedias”. A única utilidade que


podem ter é oferecer alguns dados objetivos, mas não lhes ocorra acessá-las
para conseguir critérios sobre filosofia, teologia, política, religião, medicina
… Os conteúdos são geralmente bastante manipulados, de modo que em vez
de formar seus filhos, acabam por deformá-los. É bom que os pais conheçam
portais de internet que sejam confiáveis para a obtenção de uma informação
objetiva, séria e adequada para o que precisam.
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Por outro lado, não é conveniente que os jovens tenham apenas a internet
como a única maneira de acessar as informações de que necessitam. É ne-
cessário ter em casa bons livros de papel, dicionários, enciclopédias sim-
ples. Isso será mais do que suficiente, pelo menos até que seu filho tenha
cerca de 14 ou 15 anos. Vocês irão argumentar que enciclopédias ficam ob-
soletas em poucos anos e que são muito caros. Eu lhes digo que com a infor-
mação que elas oferecem, seus filhos terão mais do que o suficiente para a
sua lição de casa até essa idade que já mencionei.
Por outro lado, se você permite que seus filhos usem a internet no tempo que
“necessitem” não se surpreenda que passem toda a tarde de estudo à procura
de desenhos e fotografias que “necessitam” para fazer um trabalho escolar; e
depois dessas horas de busca, tenham centenas de fotos, mas o trabalho não
estará feito.

Um erro muito comum quando se acede à informação que a internet nos for-
nece é acreditar que tudo o que ali aparece é verdadeiro. Na Internet há de
tudo, o importante é saber pesquisar, e para isso é preciso critério. Uma
criança ou um jovem ainda não têm o critério formado, por isso, se lhe é dada
a permissão para acessar qualquer página da web, certamente encontrará o
que não é certo, esteja manipulado, o seja falso.

A febre dos tablets nas escolas como um substituto


para o livro físico
É um erro muito grave que muitas escolas estão cometendo: o fato de substi-
tuir os livros físicos pelos famosos “tablets”. Sob a “mentira” de que ali terão
tudo ao seu alcance; que a partir daquele momento eles não terão que gastar
dinheiro na compra de livros; que os conteúdos serão constantemente atuali-
zados, e milhares de outras razões, o fato é que uma criança que está acostu-
mada a usar tablets para ler e estudar, pegará “ódio” dos livros de papel. Por

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outro lado, uma vez que a leitura de livros é essencial para a formação dos
jovens, se você der um tablet ao seu filho, esqueça que ele desenvolvará o
hábito da leitura. Amanhã ele será um especialista em tablets, mas não terá
lido praticamente nada e, como consequência, a sua formação humana e in-
telectual será totalmente inadequada.

O uso da televisão como meio de entretenimento e


formação
Embora o número de horas que uma criança ou jovem passe na frente da TV
tenha caído drasticamente como resultado do uso de computadores, celulares
e tablets, é uma realidade que muitos pais usam a televisão como meio de
distração das crianças, especialmente quando elas têm menos de dez anos.
Uma vez que chegam da escola perguntam-lhes se fizeram a lição de casa.
Eles respondem rapidamente que “a profa” ainda não lhes deu tarefa. Então
a mãe liga a TV, sintoniza os canais de desenhos ou da Disney e ali ficam
eles por três ou quatro horas, desperdiçando tempo, queimando neurônios e
perdendo a vista. Controle-se o tempo e o conteúdo no uso da televisão.

Por outro lado, quando às crianças da catequese para a primeira comunhão


eu explico o sexto e o nono mandamentos, como são inocentes (embora, por
vezes, o inocente é o padre), digo-lhes que esses pecados são coisas feias que,
por vezes, vê-se os maiores fazerem na televisão. Nesse momento as crianças
riem, alguns ficam vermelhos e outros já fizeram seus primeiros experimen-
tos movidos pela curiosidade. Assim, os pais também tomem cuidado com
os conteúdos que as crianças podem acessar na TV. Hoje muitos pais mudam
de canal quando está passando um filme em que John Wayne troca tiros com
os índios, mas, em vez disso, não fazem nada quando passa um filme com
conteúdo sexual mais ou menos explícito, apresenta situações de adultério e
até mesmo homossexualidade.

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Menção especial deve ser feita às novelas atuais. Eu nunca segui nem tenho
visto nenhuma; mas em alguma ocasião, quando eu visito alguma casa para
levar a comunhão a um doente, como sacerdote sinto-me constrangido ao
falar enquanto desenrola-se a cena de um beijo apaixonado dos atores, en-
quanto a família, ali presente, vê isso como a coisa mais natural do mundo.

As novas tecnologias devem ficar fora dos quartos


O dormitório recebe este nome porque é o lugar onde se dorme e se descansa.
Hoje, seja por conveniência ou por falta de espaço, o fato é que os quartos
foram transformados em centros de telecomunicações: TV, DVD, laptop, ta-
blet, dispositivos móveis, consoles de videogames. Tendo tudo isso no
quarto, e mais ainda quando se é jovem, é como ter um quiosque com revistas
pornográficas nas mãos sem que lhe custe um centavo.

Se o jovem precisa desses dispositivos, use-os em um lugar público, com as


portas abertas e o volume audível; de tal modo que possa ser visto por qual-
quer outra pessoa que esteja ali ou passe em frente.

E se isso não for razão suficiente, conto-lhes brevemente o que aconteceu


comigo no fim do verão passado.

No início de setembro, recebi em meu domicílio uma carta circular do chefe


da localidade onde eu moro, na qual ele nos convocou para uma reunião para
interromper a instalação de uma antena de telefonia móvel no centro da ci-
dade. O motivo alegado era o perigo para a saúde de todos que as ondas des-
tas antenas emitiam.

A verdade é que o chefe tinha mais razão do que um santo; mas se quisermos
ser coerentes em nosso comportamento, já pararam para pensar no que

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podem fazer essas ondas no local onde dormimos, se no quarto existem
todos esses aparatos?

Consoles de jogos
Uma das tecnologias que bem utilizadas podem ajudar na distração das cri-
anças é a utilização prudente e controlada dos videogames.

É necessário fazer um controle tanto dos seus conteúdos como do tempo que
as crianças dedicam a ales. Se um uso prudente pode ser benéfico, ao contrá-
rio, gastar a maior parte do fim de semana e as horas livres depois da escola
jogando videogames pode criar dependência, distração de seus trabalhos es-
colares, fazer com que não consigam ter o hábito da leitura, e, ao mesmo
tempo, deixá-los “viver” em um mundo virtual com o perigo de confundi-lo
com o mundo real.

Conclusão
O bom uso da tecnologia é muito importante para a formação dos filhos. Esta
é uma área em que a maioria dos pais nem teriam levantado o pro-
blema. Mas depois não se queixem, se passado o tempo comprovarem por si
mesmos, a má influência que essas tecnologias tiveram sobre seus filhos se
não foram devidamente controladas.

No próximo capítulo continuaremos a examinar outros fatores que também


podem interferir seriamente na correta educação cristã de seus filhos: os ami-
gos, o tempo livre …

Padre Lucas Prados

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Publicação original: Adelante la Fe – La educación cristiana de los hijos (III)
– Las nuevas tecnologías.
http://adelantelafe.com/la-educacion-cristiana-los-hijos-iii-las-nuevas-tec-
nologias/

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A Educação Cristã dos Filhos (IV): Os doze
anos mais importantes na vida de uma pes-
soa

Os doze primeiros anos de vida das crianças são essenciais; não


tomar os cuidados necessários na sua formação pode causar-lhes
uma deficiência, que quando forem maiores poderia ser tarde de-
mais para corrigi-la

A Educação Cristã dos Filhos (IV)


Até os doze anos
Pe. Lucas Prados – Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: É um fato mais
do que provado que, nestes tempos, os pais só dispõem dos doze primeiros
anos de seus filhos para criar neles uma boa base. A partir desse momento, a

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autoridade dos pais entra em questão, a influência exterior será realmente vi-
rulenta e a atração de novas experiências da idade lhes fará, em muitos casos,
fechar-se em grupos e não querer ouvir nenhum conselho que venha de qual-
quer pessoa que para eles suponha uma limitação à sua liberdade.

O homem é um ser com uma dimensão social; é uma função dos pais tempe-
rar e corrigir a influência negativa que a sociedade possa ter sobre seus filhos.
Enquanto os filhos são menores de 18 anos, é obrigação grave dos pais vigiar
este afluxo e corrigir os desvios que possam aparecer. Tão mal é despreocu-
par-se do problema e dar aos filhos plena liberdade sem controle, como isolá-
los do mundo exterior. Uma dose prudente de ambos será necessária para o
seu correto crescimento.

Com muita frequência me chegam perguntas de pais realmente angustiados


que não sabem o que fazer com os seus filhos, que variam de 15 a 18 anos,
para controlá-los. Se você não quer que a mesma coisa aconteça, comece a
educar os seus filhos desde muito pequenas. Quando a árvore já tem um
tronco duro é realmente difícil endireitá-lo.

Durante os doze primeiros anos de vida das crianças ocorrem frequentemente


graves problemas de comportamento, e é por isso que muitos pais se des-
preocupam da formação de seus filhos nessa etapa e inocentemente des-
consideram os conselhos dos educadores, sacerdotes, amigos e outros fami-
liares.

Os primeiros erros que muitos pais cometem


Os primeiros erros que cometem muitos pais, que se consideram católicos,
são dois: adiar o Batismo por meses e reduzir o batismo a um mero evento
social de boas-vindas da nova criatura.

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Antigamente, quando os partos não tinham as facilidades médicas e hospita-
lares que existem hoje, os filhos eram batizados durante a primeira semana
de vida, pois os pais tinham uma clara consciência de sua importância. Às
vezes até mesmo estando a mãe ainda em casa se recuperando do parto.

Hoje, quando a grande maioria dos nascimentos ocorre na clínica e as mães


estão em casa em três ou quatro dias, vemos que os batismos são posterga-
dos por meses sem haver uma boa causa real que o justifique. O Batismo,
para muitos pais, já não é um sacramento que os filhos estão a receber o mais
rápido possível para apagar o pecado original e se tornarem filhos de Deus,
mas a apresentação de seu novo filho para o resto da família e amigos.
De uma cerimônia íntima e eminentemente religiosa, tornou-se uma ce-
rimônia que tem pouco de religiosa e muito de pagã, em que os pais gas-
tam dinheiro que muitas vezes precisam para coisas mais urgentes; e a mãe,
madrinha e outros convidados veem uma oportunidade única para mostrar o
mais recente modelito que acabam de comprar para a ocasião; roupas que,
em muitas ocasiões, não atendem a um requisito mínimo de decência nem de
ser o mais adequado para uma cerimônia religiosa.

O batismo deve celebrar-se, se possível, nos primeiros quinze dias do


nascimento da nova criatura. Deve ser uma cerimônia eminentemente
religiosa, tentando evitar superficialidades, custos desnecessários e ter que
esperar a avó que vem de Cincinnati para as férias de verão.

Desde o nascimento até a catequese da Primeira


Comunhão
Um passo muito importante na formação íntegra da nova criatura é a que
corresponde aos primeiros seis anos de sua vida. Infelizmente esta fase é
desaproveitada pela maioria dos pais que andam mais ocupados em seus

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próprios trabalhos, não praticam devidamente a sua fé e estão quase exclusi-
vamente preocupados que a criança cresça saudável. Em vez disso, a maioria
deles esquece de começar a ensinar a reconhecer uma imagem do Senhor ou
da Virgem, rezar antes de ir para a cama, dar graças pelo alimento, assistir a
Missa com os pais, aprender a se comportar na Igreja …
É realmente impressionante, eu diria mais, imensamente triste, ver as crian-
ças quando chegam pela primeira vez na catequese, que sabem perfeitamente
como usar um telefone celular, mas não conhecem o mais básico de nossa fé.

Este é o segundo grave erro dos pais. Eles têm se preocupado em alimen-
tar o corpo de seus filhos, tentado dar-lhes um adequado ensino de pré-
escolar, mas quase totalmente negligenciaram tudo o que se refere a fé.
Se estes são os começos, pode-se facilmente imaginar como serão esses fi-
lhos quando eles começam a ficar um pouco rebeldes.

As crianças devem começar a frequentar a Missa de domingo desde que


tenham poucos meses. Os pais deverão cuidar, na medida do possível, que
a criança se comporte adequadamente no templo. É normal que, por vezes, o
pai ou a mãe tenham que sair da igreja se a criança fica muito nervosa; mas
isso não é razão para acreditar que os pais estejam liberados de assistir a
Missa porque a criança é pequena, inquieta e chorosa. Os bebês sempre as-
sistiram à Missa com seus pais; eram eles que acrescentavam uma nota de
inocência no templo, faziam-nos crescer na virtude da paciência e, ao mesmo
tempo, eram esses “cordeiros alegres” que saltavam no rebanho junto a suas
mães. E, para eles, era a primeira vez que se colocavam em contato com o
sagrado e com um novo mundo, embora no início não compreendessem to-
talmente, seria mais tarde que encheriam suas vidas de sentido e felicidade.
A etapa da catequese para a Primeira Comunhão
Como a maioria dos pais não têm se preocupado em ensinar seus filhos pe-
quenos sobre os conteúdos básicos da fé e começar a praticar com eles as
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devoções mais simples, quando estas crianças chegam à catequese a igno-
rância é completa; não só em termos dos conteúdos básicos (persignar-se,
Pai Nosso, Ave Maria, benzer-se com água benta ao entrar na igreja, ajoelhar-
se diante do Santíssimo e outras pequenas orações e práticas elementares),
mas, sobretudo, o fato de que eles não sabem quem é Deus, a Virgem Maria,
não sabem o que é uma igreja, como devem se comportar nela. A fé que lhes
foi dada no batismo está completamente sem desenvolver.

Estas crianças nunca tiveram um contato prévio com um sacerdote, e prova


disso é que, quando eles se dirigem para o padre pela primeira vez lhe cha-
mam de “profe”. Para eles, a catequese é uma “obrigação” que a princípio
não querem participar porque lhes aborrece. Para nós, sacerdotes, torna-se
uma tarefa muito difícil, porque não só temos que começar do zero, mas tam-
bém temos de incutir em seus filhos os sentimentos de piedade e amor a Deus
que os pais nunca se preocuparam em alimentar.

Para aqueles pais que não costumam praticar a fé, mas desejam que o seu
filho faça a Primeira Comunhão, a etapa da catequese é mais difícil, uma vez
que os obrigam a frequentar a Missa semanalmente. Os mais espertinhos
aproveitam a oportunidade para ir ao bar, enquanto se celebra a Missa; ou se
é uma mulher, ir às compras para “aproveitar” o tempo. Com isso dão um
exemplo muito edificante para os seus filhos. Eles logo aprenderão a lição
recebida de seus pais e concluída a catequese não voltarão mais à igreja.
Por outro lado, se esta é a relação que os pais têm com Deus, não se estranhe,
então, serem surpreendidos logo que seus filhos sigam os mesmos passos, e
ainda piores. A estes pais aviso que Deus os julgará severamente porque não
se preocuparam em educar cristãmente os seus filhos ou dar-lhes um bom
exemplo.

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Os pais devem estar sempre envolvidos na formação humana e cristã de seus
filhos, e mais particularmente quando eles estão recebendo a catequese. Du-
rante a semana, terão que lembrar as crianças para que revejam o catecismo,
deverão insistir sobre a importância de rezar sempre; e, gradualmente, des-
pertar neles o desejo de receber Jesus.

Infelizmente, o que podemos ver os sacerdotes é que as crianças quase não


repassam o catecismo durante a semana, continuam sem fazer as suas ora-
ções; e quando os pais intervêm, é para levá-los a comprar o terno, fazer a
sessão de fotos ou pedir às crianças para que façam uma lista de presentes
que querem receber no dia de sua Primeira Comunhão.

Durante esta fase, os pais deverão também ir preparando as crianças para a


confissão. Eles terão que lhes ensinar algumas coisas que eles fazem ou di-
zem que são pecados e, portanto, terão que se confessar.

Eu, pessoalmente, prefiro confessar as crianças o mais cedo possível. A con-


dição que lhes apresento é a de que conheçam as orações mais elementares,
os mandamentos e saibam o que é pecado mortal e venial. A experiência que
tenho com esta prática é realmente gratificante, porque embora a princípio
tenham algum “respeito” na hora de se confessarem, uma vez que o fazem
pela primeira vez, geralmente eles vêm muitas vezes sem ter que lhes dizer
nada.

A catequese deve ser dada principalmente pelo sacerdote. Este poderá ser
assistido por catequistas se o número de crianças for alto; mas o que não
pode, em qualquer caso, é ignorá-la porque tem “coisas mais importantes
para fazer”.

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Por outro lado, os sacerdotes devemos aproveitar o pouco tempo que te-
mos as crianças conosco, porque em vez de nos preocuparmos em lhes en-
sinar os conteúdos da fé, as devoções que eles terão de praticar e despertar o
amor pela Eucaristia, a limpeza do coração …, fazemos com que percam
tempo colorindo figuras, fazendo atividades de grupo ou milhares de outras
tonteiras mais.

Desde que fazem a Primeira Comunhão até os doze


anos
A experiência que tenho a partir
deste período, depois de mais de
trinta anos de sacerdócio é bas-
tante negativa. É um fato muito
comum que mais de 95% das cri-
anças que fizeram a Primeira Co-
munhão não voltam a pisar a
Igreja por muitos anos. A semana posterior à Primeira Comunhão vêm geral-
mente 15 ou 20% de meninos, mas duas semanas depois já não aparece
praticamente nenhum.

Se juntarmos o fato mais frequente de que todas as crianças, menos de 20%


recebem a Confirmação e ainda em menos porcentagem os que se casam na
Igreja, isso significa que desde que fizeram a Primeira Comunhão eu nunca
mais voltarei a ver essas crianças. Tornar-se-ão jovens, mas não se aproxi-
marão da Igreja. Mais velhos, não se casarão como Deus manda. Terão filhos
…., e, nestes, a mesma história se repetirá, se não pior.

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Se for esse o curso normal para a maioria dos jovens, como podemos nos
surpreender que os cristãos vivam sem critérios? E se isso não fosse sufici-
ente, a falta de prática religiosa é frequentemente associada a uma falta bas-
tante grave de fé. Se eles têm uma fé “informe”, “morta”, essa fé não lhes
livrará da condenação eterna quando tenham de comparecer perante o Todo-
Poderoso.

Outras questões importantes relacionadas a esta


etapa
Se o descuido dos pais na formação religiosa de seus filhos é grave, não é
menos sério o pouco cuidado que eles têm na formação das virtudes humanas
mais básicas. Ou seja: a de comer de tudo, o valor do sacrifício, aprender a
ajudar em casa fazendo tarefas simples, o valor da generosidade, aprender a
renunciar aos caprichos, o cuidado das coisas, nem sempre fazer a sua san-
tíssima vontade, o sentido da obediência e o respeito aos pais, e uma longa
lista de virtudes básicas.

A fim de não me estender muito neste artigo, vou apenas mencionar alguns
trechos que já foram estudados em artigos anteriores e tentar me deter algo
mais nas novas ideias.

a.- É muito importante ensinar-lhes a comer de tudo. Há alguns meses,


uma família paroquial simples me convidou para comer em sua casa. A pri-
meira impressão foi boa porque os pais me pediram para abençoar a mesa;
mas durante a refeição tudo foram surpresas. A comida não era a mesma para
todos, porque o pai não gostava de tomate, a mãe “se sentia mal” com o pi-
mentão, e os filhos, livres para o que vier! Se os pais são os primeiros a ter
“alimentos proibidos, não por razões médicas, mas simplesmente porque eles
não gostam, o que será dos filhos? No final, cada um comia o que lhe apete-
cia. Terminada a refeição, disse-me o pai orgulhoso: “Nesta casa não tiramos
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comida”, mas o que esse pai não se dava conta é que ele estava mal educando
os seus filhos; primeiro com a própria conduta dos pais ao comer e, depois,
ao dar aos seus filhos apenas e exclusivamente o que eles queriam.
Vocês me dirão, se estes pais não foram capazes de educar os seus filhos em
algo tão simples como comer de tudo, como eles serão capazes, então, de
educá-los em coisas que realmente serão um sacrifício?

b.- Um cuidado especial deve ser tomado com tudo aquilo relacionado a no-
vas tecnologias: o uso da TV, tablets, celulares. De tudo isso que falamos no
artigo III desta série e pode ser acessado se você quiser uma informação mais
completa. Associado a isso estará o uso adequado do tempo livre.

c.- É desejável que as crianças possam expandir-se, correr, praticar algum


esporte; mas não é bom que todo o tempo livre que disponham o usem
jogando futebol com a equipe da escola, praticando karatê ou mil outras ati-
vidades que muitas vezes os pais lhes oferecem, não tanto pelo desejo de que
façam desporto, mas pelo fato de que essas atividades possam servi-los en-
quanto eles têm que trabalhar.

d.- Uma atividade que os pais geralmente esquecem é ajudar os seus filhos a
adquirirem o hábito da leitura. Fornecer-lhes livros apropriados para a sua
idade despertará neles esse hábito, enriquecer-lhes-á o vocabulário e expan-
dirá a sua imaginação. Ao longo dos anos poder-se-á passar dos contos aos
livros de aventuras, e mais tarde para a boa literatura, história, etc.

e.- Controlar as crianças quando são pequenas é relativamente fácil; mas a


autoridade nunca pode ser baseada em ver quem grita mais forte. Se os
pais se acostumaram ao comando e o controle com gritos, os filhos não obe-
decerão por amor, mas por medo. Quando o medo desaparecer (com a idade)

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também desaparecerão a autoridade e a obediência. Este é um erro muito co-
mum que os pais cometem.

f.- É bom que os pais ofereçam recompensas simples quando os filhos obe-
decem, mas tenham cuidado para que não sejam os filhos que controlem
os pais e os manipulem. Os filhos, se são um pouco prontos, rapidamente
percebem que eles são como seus pais, por isso não é incomum, qual diabi-
nhos, que tentem provar quem é que realmente manda em casa: “Papai, se eu
fizer o meu dever de casa você me compra um …?”. Por outro lado, dar às
crianças o que elas não merecem pela simples razão de que se calem não
é um bom sistema de educação.

g.- Outro erro muito frequente é o de escusar facilmente os filhos quando


eles têm de cumprir com as suas responsabilidades e não o fazem. É típico
os pais não levarem os filhos à igreja quando estão fazendo aniversário, car-
naval, função de escola e muitas outras atividades. E também é típico que os
pais desculpem os seus filhos para os professores quando eles não têm feito
a tarefa por razões muito semelhantes.

h.- Outro ponto importante será educar os seus filhos no controle da von-
tade e da disciplina quando se levantam, fazendo a tarefa da escola, ajudar
em casa e em outras pequenas atividades que possam ser atribuídas. Ensinar-
lhes a priorizar o que é realmente importante, é o começo para que depois
eles saibam fazer por si mesmo mais tarde.

i.- Cuide-se também do conteúdo do ensino nas escolas: aqueles que apare-
cem nos livros didáticos e aqueles que os professores ensinam por sua própria
conta. Há sete ou oito anos atrás, eu estava dando catequese de Primeira Co-
munhão para crianças, e, quando ao falar do sacramento do matrimônio, di-
zia-lhes que era a bênção que Deus fazia sobre um homem e uma mulher que

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se amavam …, uma menina me perguntou: E se dois homens amam por que
eles não podem se casar? Como poderão imaginar, esse tipo de pergunta não
é o resultado de um raciocínio infantil, mas a consequência de ter ouvido isso
na TV, ou, mais provavelmente, como este foi o caso, de uma professora que
era lésbica.

j.- É preciso também ter cuidados com os amigos que têm fora da escola.
Embora nesta idade precoce raramente causem problemas tão sérios como
quando as crianças já têm doze ou treze anos, palavras más, rir-se deles por-
que vão à Missa, o mau exemplo que possam ver em outras casas e algumas
outras coisas, podem afetar negativamente a sua formação.

k.- E um último ponto, para não prolongar mais esta lista, no que se refere a
correções e punições. Como a Bíblia nos diz, “o pai que não castiga os seus
filhos é porque não os quer” (Pv 13:24). Tenha em atenção que o castigo seja
proporcional ao mal causado. Evite-se corrigir a criança quando se está irri-
tado ou nervoso, porque você poderá dizer ou fazer coisas de que se arrepen-
derá mais tarde. Não é bom ignorar ou subestimar quando as crianças fazem
algo que não está certo. Se não forem corrigidas é como dizer-lhes que o que
elas fizeram não é tão mal. E, claro, não se deve achar “graça” quando fazem
algo que não está certo.

Bendita sejas mãe, se por amor a teus filhos


renunciastes o teu futuro profissional para passar mais tempo
com eles.

Bendito sejas pai, se por amor aos teus filhos renunciastes a


teus amigos para estar mais em casa.

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Benditos sejais vós, pais, se os vossos filhos conheceram o
amor a Deus
graças ao vosso bom exemplo.

Benditos sejais, pais, se por vosso amor a Deus


Ele vos confiou uma família numerosa.

Bendita seja a família que rezando todos os dias juntos


permanece unida e fiel aos mandamentos de Deus.

Embora o assunto se desenvolva para muito mais, creio que, pelo menos, o
que foi dito deverá ser útil para que os pais, se necessário, corrijam algumas
das coisas que não estejam fazendo corretamente. Como lhes disse no início
do artigo, os doze primeiros anos de vida das crianças são essenciais; não
tomar os cuidados necessários na sua formação pode causar-lhes uma defici-
ência, que quando forem maiores poderia ser tarde demais para corrigi-la.

Padre Lucas Prados

Publicação original: Adelante la Fe – Los doce años más importantes en la


vida de una persona
http://adelantelafe.com/los-doce-anos-mas-importantes-la-vida-una-per-
sona/

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A educação cristã dos filhos (V) — A idade
difícil

Infelizmente, para muitos jovens, o período dos 12 aos 18 anos é a


época em que se separam de Deus, perdem a sua virtude, abando-
nam a prática da religião, não assumem as suas responsabilidades,
fazem-se rebeldes, e, por vezes, dão os primeiros passos para o
mal caminho

Entre os 12 e os 18 anos

Pe. Lucas Prados — Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: O período de 12


a 18 anos foi sempre uma etapa difícil na vida dos jovens. É o momento em
que eles começam a solidificar as suas bases, fundamentar os seus próprios
critérios, e, em muitos casos, é o tempo em que alguns jovens recebem a
vocação. Atualmente, como resultado da educação deficiente e a influência
negativa do ambiente exercida sobre eles, esse período se transformou em

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uma etapa de tortura para alguns pais; e para alguns jovens — os mais
piedosos —, em um período de sofrimento, porque a sua fé é constante-
mente atacada pelo ambiente, pelos amigos, a escola, os meios de comu-
nicação… É, infelizmente, para muitos deles, a época em que se separam de
Deus, perdem a sua virtude, abandonam a prática da religião, não assumem
as suas responsabilidades, fazem-se rebeldes, e, por vezes, dão os primeiros
passos para o mal caminho.

É por isso que analisar as causas deste fenômeno, tentar reduzir o impacto de
todos esses fatores em nossos jovens, e tentar ajudar pais e filhos a concluir
de maneira feliz esta fase, é o objetivo deste artigo.

É relativamente comum observar que, embora os pais tenham feito esforços


para formar os seus filhos nos caminhos das virtudes humanas e cristãs, o
impacto que os jovens sofrem nesta etapa é tão forte que raro é aquele
que não tropeça e cai. No entanto, ainda que o filho caia, se a formação
anterior foi boa, é bastante comum que o homem jovem se recupere logo; e,
se não, quando ele amadurecer um pouco e tiver que lidar com a vida, se
possível, retorna com mais intensidade à sua fé e prática religiosa.

Os pais devem ser os primeiros a tomar consciên-


cia de que o seu filho não é mais uma criança
Em primeiro lugar, os pais devem perceber que seus filhos já não são crian-
ças; eles estão crescendo, e então eles têm que lhes dar um pouco mais de
espaço, mas sem abrir totalmente a mão, porque então escapariam. Saber
guardar um equilíbrio adequado será realmente difícil, pois haverá pais que
se excedem no controle, e outros pais que são demasiado frouxos e permis-
sivos. Ambas as posições extremas serão incorretas. É por isso que o pai e a
mãe devem falar entre si para elaborar uma “estratégia” comum e até

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mesmo procurar ajuda de terceiros que tenham alguma experiência, o
que será sempre muito necessário.

Do mesmo modo como o pai ou a mãe acompanham a criança durante os seus


primeiros passos para evitar que caia, os filhos precisam da companhia e
do conselho dos pais neste período difícil. Ao longo dos anos, o estudo, a
formação dada pela família e a Igreja… os filhos começarão a formar o seu
próprio critério sobre as coisas. Será de grande ajuda se houvesse entre pais
e filhos a suficiente confiança para falar (sem perder a calma), trocar pontos
de vista e corrigir pequenos desvios que possam aparecer. Se os pais
têm “habilidade e paciência “para lidar com eles, e os filhos, “humildade
e inteligência” para aceitar o conselho, teremos conseguido muito.

Todos os pais conhecem suficientemente seus filhos e sabem muito bem qual
o pé que coxeia em cada um deles. Nesta fase, estas virtudes e defeitos ten-
dem a tornar-se mais evidentes. É desejável que os pais saibam fazer uma
educação diferenciada segundo as “qualidades” de cada filho.

Muito importante é que os pais, os filhos deixando ou não ajudar, em ne-


nhum momento se desentendam e desistam, ou simplesmente não prestem
nenhuma atenção ou interesse. Ter muito trabalho não é uma desculpa. Se os
pais trabalham é principalmente para manter a família unida; por isso, não
faria sentido não levar a família adiante ignorando os problemas pelos quais
ela passa.

Por outro lado, o marido (ou esposa, porque às vezes ocorre) não podem des-
carregar esta responsabilidade no outro cônjuge. É uma obrigação a cum-
prir pelos dois em harmonia, se possível.

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Tomem também especial cuidado os pais de tratar todos os filhos com o
mesmo carinho e cuidado. É queixa bastante comum dos jovens dizer que
meu pai (mãe) “ama meu irmão mais do que eu”. Em muitas ocasiões, pode
haver alguma inveja desse jovem; mas também tenho visto que as queixas
são muitas vezes justificadas. É normal que os pais tenham “preferên-
cias” por um filho em particular, mas devem tentar fazer com que “eles não
notem” demais, pois poderia fazer mal aos outros, e a esse também. Por outro
lado, pai e mãe, devem tentar equilibrar as suas relações com os seus fi-
lhos, de modo que, se o pai tinha uma preferência por alguns e “faz diferença”
para com outros, a mãe teria de informar seu marido e, ao mesmo tempo,
deveria suprir com um “extra” de cuidados e carinhos para com aqueles que
foram menos preferidos.

É comum ver o surgimento de ciúme entre irmãos pela razão de que o pai (ou
mãe) presta mais atenção ao filho que se assemelha com ele próprio, que se-
gue as regras, é mais trabalhador, dócil, inteligente. Por outro lado, o filho
um pouco mais “rebelde” e que, talvez, precise de mais ajuda, seja rele-
gado para segundo plano.

Por outro lado, não confundam os pais a rebeldia com a personalidade.


Que um filho comece a ter os seus próprios critérios (sem ser maus), e que às
vezes não coincidam com os dos pais, pode ser um sinal de personalidade e
não de rebeldia. É desejável que os pais tenham olhar abrangente e perce-
bam que seu modo de vida não é o único, desde que seja virtuoso e tente
seguir os princípios cristãos.

A fronteira dos doze anos


Embora esta fronteira oscile em um ano ou dois, para cima ou para baixo, há
um momento muito específico em muitas ocasiões, em que, de repente, vê-

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se que o filho “deu uma guinada”. Embora essa mudança tenha sido prece-
dida por muitos sinais que indicassem a proximidade da tempestade, um dia
começam os raios. A mudança é tão abrupta que os pais precisam estar cons-
cientes de perceber e vir em seu auxílio o mais rapidamente possível. Pode-
ríamos dizer que é quando essa criança começa a tornar-se um homenzinho
(ou mulher pequena) e começa a se perguntar o porquê de muitas coi-
sas: quando não entendem porque têm de continuar a obedecer seus pais
quando vê que eles estão equivocados; quando não entendem por que eles
têm de ir à igreja todos os domingos se não “sentem” nada; quando, talvez
em um “descuido”, tenham tido sua primeira “experiência” e descoberto um
mundo que era bastante estranho e desconhecido.

É o momento em que os ensinamentos já não são aceitos pela “fé” pura


em seus pais, professores, sacerdotes, educadores; mas é o próprio jovem
quem irá aquilatar a verdade. O esquema de ideais que os pais tinham en-
sinado a seus filhos é questionado neste período. Eles vão querer construir
o seu próprio, por isso é muito frequente que desconfiem daqueles que antes
lhes forneciam critérios; e em vez disso, prestam mais atenção a pessoas que
nem sequer conhecem. É o tempo dos “ídolos”. Tudo o que eles aceitarão
será o sistema de valores construído ou aceito por eles pessoalmente. Mais
tarde, eles descobrirão o seu erro em muitos pontos e será, então, quando
farão um balanço entre o que pensam e o que os seus pais lhes ensinaram.
Se neste momento os pais não estavam conscientes da mudança que está se
realizando em seu filho, este poderia ser um importante ponto de infle-
xão na vida de seu filho, em que ele poderia começar a se separar de você e
dos valores que se lhe tentou incutir. E uma vez que o demônio se esconde e
conhece muito bem a situação, não perderá a menor oportunidade para causar
danos e tentar desorientar seu filho.

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Sendo um momento especialmente dedicado, cuidem os pais, tanto quanto
possível, das fontes de informação de onde os meninos agora estão ob-
tendo seus valores de referência. Todos esses meios sabem muito bem a
situação de debilidade em que se encontram e aproveitarão de todos os meios
para “tomar posse deles”. Lembro-me do caso dos moluscos quando mudam
de casca e ficam desprotegidos por algumas semanas até que fabriquem uma
nova. Este é o momento em que os predadores aproveitam para acabar com
eles.

Até os dezoito anos


Até que os jovens cheguem aos 18 anos, os pais devem estar em contínua
vigilância dia e noite e ir removendo água para trazer seu filho à tona quantas
vezes forem necessárias. Os pais deverão estar cientes de que seus filhos es-
tão levantando suas próprias bases e não tenderão a ouvir o que os pais dizem,
pelo simples fato de serem seus pais. Cada conselho que lhe dão terá de ser
acompanhado por raciocínios simples e nunca impositores. O comando e o
controle já não servirão mais, a menos que a criança veja nele o amor de
seus pais; mas não pelo mero fato de que venha de seus pais eles o aceitarão,
como faziam quando eram pequenos. Tentarão de tudo para passar por seu
próprio filtro; é por isso que deverão tomar um cuidado especial com qual-
quer coisa que possa prejudicá-los.

Embora neste período as crianças tendam a se fechar, sempre se poderá en-


contrar uma “porta aberta” pela qual serão relativamente acessíveis. É o
papel dos pais encontrar essas “frentes abertas” para que possam usá-las no
momento oportuno.

Até a década de 70 do século passado, as fontes de informação às quais os


jovens podiam acessar estavam limitadas à casa, colégio, igreja, amigos e

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livros. Estas fontes de informação que antes eram puras, estão atual-
mente carregadas de ideologias que são frequentemente contrárias à
nossa fé. E a elas é preciso acrescentar outras que são novas, e embora em si
mesmas possam ser benéficas, a carga ideológica e, às vezes, demoníaca
que transportam pode causar grandes danos. Refiro-me a tudo o que tenha
a ver com as novas tecnologias: TV, internet, dispositivos móveis, compu-
tadores. Por outro lado, se as crianças estão sob a influência destas tecnolo-
gias, elas nunca adquirirão o hábito da leitura, perderão a concentração facil-
mente para o estudo e facilmente evitarão tudo aquilo que possa constituir
esforço para aprender.

Os pais deverão monitorar de maneira muito especial todos esses fatores ad-
versos. Alguns deles já discutimos em artigos anteriores, de modo a evitar a
repetição remeto-lhes a eles. Sim, eu gostaria de salientar a importância de
remover todos estes meios tecnológicos do quarto das crianças, pois seria
como lhes colocar a tentação nas mãos e, em seguida, desejar que eles não
caiam.

Outros conselhos práticos para os pais durante


esta idade difícil
a.- Não permita que seus filhos façam a sua santíssima vontade. Acos-
tume-os a respeitar os costumes familiares: ir à Missa juntos, comer todos na
mesa, férias para toda a família. A casa não é uma “democracia” onde todo
mundo vota e depois segue-se a opinião mais votada. O chefe da casa é o pai,
que, juntamente com a mãe, tem de exercer de forma responsável e amoro-
samente a sua autoridade.

b.- Lembre-se o pai que deve exercer a autoridade seguindo o princípio


cristão estabelecido pelo próprio Jesus Cristo: “quem quer ser o primeiro

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de todos, que se faça o último de todos e o servidor de todos”. A auto-
ridade deve ser exercida com responsabilidade e determinação; mas também
com humildade e atitude de serviço aos demais.

c.- Ouçam os pais as opiniões dos filhos; mas sejam logo os pais que deci-
dam o que deve ser feito. Se as crianças se queixam, e isso será normal, diga-
lhes que quando eles forem pais poderão fazer em suas casas o que eles con-
siderem mais adequado; mas enquanto estiverem sob o telhado desse lar, te-
rão de cumprir as normas estabelecidas.

d.- Cuidem os pais de não minar a autoridade um do outro, nem discutir


na frente de seus filhos. Isso causaria a perda de respeito e de confiança dos
filhos. Se entre pais houver qualquer diferença de opinião sobre um determi-
nado assunto — o que é normal — discuta-se em privado, mas nunca na
frente dos filhos.

e.- Os pais nunca devem ceder quando os princípios cristãos estão em


jogo. Agora, eles devem ter a flexibilidade suficiente para “tolerar” coisas
que talvez não gostem, mas que em nenhum momento atentem contra os va-
lores da nossa fé. Se o menino já tiver 16 anos, haverá certas áreas em que se
lhe dará um pouco mais de liberdade (por exemplo, a Missa de domingo);
agora, se o garoto decidiu parar de ir à igreja, os pais devem fazê-lo saber
que o que ele está fazendo é errado.

f.- Respeitem sempre os pais a privacidade de seus filhos. Por exemplo,


não estará bem ler as suas cartas ou e-mails privados. Se os pais suspeitarem
de algo, deverão procurar outros meios para descobrir o que acontece, mas
nunca atacando a privacidade de seus filhos. Mas, por outro lado, não permi-
tam que os filhos transformem o seu quarto em um “sancta sanctorum” onde
os pais nem possam entrar. Respeitem o quarto, mas sintam-se livres para

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entrar ou sair conforme necessário. Sim, sempre respeitando a privacidade
de seus filhos. Se por alguma razão viram coisas inconvenientes nele, avise-
os sobre o erro que estão cometendo, mas, em seguida, dê-lhes a liberdade
para que sejam eles mesmos os que acabem com aquilo. No entanto, sejam
firmes quanto a coisas que possam ser gravemente imorais: pornografia pe-
sada, vídeos pornográficos, drogas, álcool…

g.- É comum nessa época que os filhos percam o desejo de estudar. Além
disso, poderia acontecer até que queiram abandonar o estudo. É por isso que
é conveniente fazer-lhes ver a importância do estudo; aconselhá-los a pros-
seguir, pelo menos até concluírem o período escolar. Neste aspecto, sejam os
pais firmes e ao mesmo tempo flexíveis. Sejam pacientes também e ajam
adequadamente segundo as qualidades de cada filho. Nem todos os filhos têm
de ser advogados ou médicos; a sociedade também precisa de trabalhadores
de escritório, agricultores, motoristas de ônibus e milhares de outros serviços.
h.- Cuidem os pais de modo especial que o lar seja um lugar onde os filhos
recebam bom exemplo de seus pais e dos outros irmãos. Em muitos casos,
o lar é o primeiro lugar onde eles aprendem a perder o respeito pela mãe,
porque o pai a ridiculariza na frente de seus filhos; ou vice-versa. Ou quando
se protegem para agir mal, porque os pais antes permitiram que o filho mais
velho fizesse o que queria.

i.- Uma vez que a família esteja tentando firmar-se como uma família cató-
lica, cuidem os pais de modo especial sobre tudo ao que se refere às práticas
de piedade: abençoem a mesa, procurem ir à Missa juntos, rezem o terço em
família e outros costumes que cada família possa ter. Neste momento parti-
cular, os pais devem ser firmes e exigentes.

Lembro-me de quando eu tinha apenas 11 anos de idade, meu pai nos “obri-
gava” toda a família a rezar o Santo Rosário todos os dias depois de comer.

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Milhares de vezes eu apresentei centenas de desculpas para escapar e meu
pai nunca cedeu. Quando lhe dizia que meus amigos estavam à porta espe-
rando por mim para irmos jogar uma partida de futebol, ele sempre me res-
pondeu: “Bem, diga aos seus amigos que entrem para rezar também com a
gente”. Eu já tinha o cuidado de que meus amigos não soubessem de que em
casa rezávamos o Rosário todos os dias. Agora, muitos anos mais tarde, agra-
deço imensamente a firmeza e a sabedoria de meu pai ao não me deixar es-
capar.

Chegada certa idade, que pode ser de 15 ou 16 anos, os pais devem tentar ser
um pouco mais flexíveis a esse respeito e não “forçar” seus filhos para nem
a ir à Missa nem para que se confessarem; mas eles têm obrigação de fazê-
los ver que estão fazendo errado e cometem um pecado se não o fazem.

j.- Cuidem também os pais do modo de vestir de seus filhos; especialmente


as meninas. Evitem que aos 14 anos já se pareçam “vamps” usando roupas
inadequadas e em muitas ocasiões provocadoras e indecentes. Diga-se algo
semelhante da maquiagem. As meninas se vistam com modéstia e delicadeza.
Mas evite-se também que se vistam como meninas “ranço” da metade do
século passado. Um cuidado especial deverá haver nos verões com as roupas
de rua e os trajes de banho.

k.- Cuidem também das festas a que assistem. Evitando que durmam em
casa de outra pessoa ou que a festa se prolongue até a madrugada. É muito
frequente que cumpridos os 14 anos já façam suas tentativas com o álcool. E
se o álcool está presente, outros convidados chegarão em breve: a droga e o
sexo. Nestes casos, se houver qualquer suspeita, mais vale se passar por ri-
goroso do que se arrepender quando eles retornam bêbados, drogados ou sem
virtude. No caso de que isso aconteça, os pais deverão tomar uma atitude

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firme e dizer aos jovens que eles já não foram capazes de agir com prudên-
cia…, deverão ser punidos sem esse tipo de festas durante um período de
tempo razoável.

l.- Em discussões com os filhos, tentem não perder a calma. Falem com
firmeza, mas, ao mesmo tempo, tentem argumentar com eles. Nunca se po-
derá aceitar ceder nos princípios; mas tampouco se deve ser excessivamente
rigoroso e fechado em coisas que sejam secundárias. É comum ver ambos os
extremos presentes: pais que são excessivamente severos e outros que são
demasiado permissivos e não são se inquietam por nada. É também muito
frequente que um progenitor faça de bom, flexível e negligente, e o outro
duro, exigente e fechado. Evite-se cair neste erro, porque os filhos perderão
o respeito por ambos.

E, finalmente, confiem os pais os seus filhos a Deus e à nossa Mãe Santíssima


todos os dias. Eles são os primeiros a saber o quão difícil é cumprir essa
missão nos dias de hoje. Porque se assim o pedem, Deus lhes dará sabedoria,
amor, prudência, flexibilidade e qualquer outra virtude de que necessitem
para que seus filhos cresçam seguindo o bom caminho. Se apesar de tanto
esforço, os filhos se foram de suas mãos e tomaram um caminho errado, con-
tinuem rezando, tenham paciência e nunca percam a autoridade nem a sere-
nidade.

Mas sobre essas coisas falaremos no próximo capítulo. Capítulo que será
destinado mais especialmente àqueles que já passam dos 18 anos.

Pe. Lucas Prados

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Publicado originalmente: Adelante la Fe. La educación cristiana de los hijos
(V) – La edad difícil.
http://adelantelafe.com/la-educacion-cristiana-los-hijos-v-la-edad-dificil/

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A educação cristã dos filhos (VI): Quando os
filhos alçam voo de casa

A primeira saída geralmente é consequência do início dos estudos uni-


versitários. Esta é uma idade difícil, tanto para os pais quanto para os fi-
lhos. Eles agora já são maiores de idade, e os pais têm que lhes dar mais
liberdades e responsabilidades; mas, por outro lado, os pais devem estar
atentos para ajudá-los, caso precisem. Saber qual deve ser a atitude dos
pais nesse período será o objetivo deste artigo

Pe. Lucas Prados — Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: Assim como os


pássaros em suas primeiras agitações antes de definitivamente abandona-
rem o ninho, os filhos, chegados aos 18 anos, muitas vezes fazem os primei-
ros voos curtos. A primeira saída geralmente deve-se ao início dos estudos
universitários. Se estudam perto de casa, muitas vezes saem no domingo pela
tarde e voltam na sexta-feira. Será alguns anos mais tarde, quando tiverem

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concluído sua carreira e tenham encontrado o primeiro emprego, é quando se
decidem sair definitivamente do ninho para formar seu próprio lar.
Esta é uma idade difícil, tanto para os pais quanto para os filhos. Eles agora
já são maiores de idade, e os pais devem lhes dar mais liberdades e respon-
sabilidades; mas, por outro lado, os pais devem estar atentos para ajudá-los,
caso precisem.

Saber qual deve ser a atitude dos pais nesse período será o objetivo deste
artigo.

A partir dos 18 anos até que terminem os estudos


a.- Confiar neles se fazem por merecer

Uma vez que os filhos completem os 18 e atinjam a idade adulta, a atitude


dos pais em relação a eles mudará um pouco, pelo menos quanto à forma de
proceder. Primeiramente, os pais tornaram-se conscientes de que o seu filho
já atingiu a maioridade legal, de modo que não pode tratá-lo como um jo-
vem adolescente, mas como um adulto (embora, talvez, ainda falte muito
para que o seja). Se os filhos respondem positivamente às “novas liberdades”
que os pais lhes estão proporcionando, os pais deverão confiar mais neles,
pedir-lhes opinião antes de tomar decisões em casa, não os obrigar a escolher
a carreira que os pais sonharam para o seu filho… Todas estas coisas e muitas
outras, irão ajudá-los a adquirir o seu próprio julgamento e a tomar decisões
responsáveis.

b.- Na área religiosa

No campo religioso, deve-se dar-lhes mais liberdade. Já não é a mesma coisa


quando a criança tinha 10 ou 12 anos e se poderia “pressioná-la” para assistir
à Missa. Agora temos que deixá-los livres para que façam o que acham que
devem fazer. Se a educação foi boa, e os jovens cresceram e amadureceram
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nas virtudes cristãs, não haverá qualquer mudança essencial. Além disso, às
vezes, serão eles quem tomarão a iniciativa. Também não devemos obrigá-
los a assistir à Missa com toda a família; se desejam fazê-lo por conta própria
ou com seus amigos, não há problema algum. Os pais terão que aprender a
“abrir mão” para permitir que o filho faça os seus primeiros voos.

c.- Respeitar o lar e seus costumes

Agora, enquanto esse filho aproveitar dos benefícios que os pais lhe propor-
cionam, eles deverão respeitar o lar e as regras de convivência que os pais
fixaram. Embora o filho agora seja um adulto, não pode fazer na casa de
seus pais (que também é dele) o que lhe agrada. O pai continua a ser o chefe
da família, e ele como filho, tem de continuar a cumprir o quarto mandamento
(“Honra teu pai e tua mãe”).

É por isso que os pais poderão exigir que o filho cumpra com as diretrizes
dadas na casa: horário para voltar para casa se fica fora com os amigos, regras
comuns sobre o uso de álcool, tabaco e drogas. Ao mesmo tempo, o filho em
nenhum momento deverá se sentir liberado de suas próprias obrigações,
como um filho, que tem de cumprir na casa: ajudar seu pai no negócio, a mãe
a varrer a casa, ou no que for necessário. Os filhos, embora adultos, estão
desfrutando do benefício da casa, por isso, é justo que cumpram com as obri-
gações que os pais lhes peçam respeitosamente.

Não cometam os pais o erro de dar “facilidades” a tudo quanto os filhos pe-
çam. Se desejam ou precisam de algo, eles devem fazer por merecer. Se um
filho não cumprir a sua “parte no trato”, os pais não teriam a obrigação moral
de lhe dar certas coisas que não sejam essenciais.

Lembro-me muito bem do que aconteceu na minha casa com uma das minhas
irmãs. Ela era (é) muito inteligente. Nos estudos sempre foi muito bem; mas
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antes de terminar seus estudos envolveu-se com um grupo de amigos e com
eles passava longas e intermináveis horas de conversa. A princípio, ela co-
meçou a voltar para casa por volta da meia-noite. Meus pais não disseram
nada. Mas, pouco a pouco, ela continuou esticando o elástico, e alguns meses
mais tarde já voltava depois das três da madrugada. Já podem imaginar os
nervos dos meus pais. Um dia, quando já não aguentavam mais; porque não
podiam dormir tranquilos até saber que minha irmã estava de volta em casa,
disseram-lhe: Mesmo você sendo maior de idade, nesta casa a porta se fecha
à meia-noite; por isso, se você chegar mais tarde deverá dormir em outro
lugar. Minha irmã não acreditou, e na próxima noite chegou por volta de 1
hora. Tocou a campainha. Minha mãe que já estava na cama, fez de se levan-
tar para abrir a porta. Meu pai, que não conseguia dormir lhe disse: “Não se
levante! Ela sabia que a porta estaria fechada àquela hora, se veio mais tarde
que vá dormir em outro lugar”. Minha mãe, segundo depois me contou, res-
mungou um pouco, mas em obediência a meu pai não se levantou. Posso
assegurar-lhes que aquele foi o último dia que minha irmã chegou tarde. A
lição lhe serviu para aprender que, embora fosse maior de idade, deveria res-
peitar a casa dos meus pais.

d.- Exigentes no estudo

Também é bom que os pais sejam exigentes com seus filhos nos estudos
que eles estejam fazendo, dentro da capacidade de cada um. Não é bom que
os pais se desentendam ou caiam no erro de pensar que “meu filho se mata
de estudar, o que acontece é que os estudos são muito intensos e, portanto,
sempre ele falha.” Também não caiam no erro oposto. Os pais devem estar
cientes das possibilidades de cada filho e exigir de acordo com elas.
O que não é bom é os pais permitirem que seus filhos, com qualidades para
o estudo ou não, desperdicem sete ou oito anos de sua vida na universidade
se não aproveitam e, além disso, envolvam-se com bebida, baladas, sair
com os amigos, e um largo etecetera que vocês conhecem muito bem.
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Terminados os estudos e enquanto o emprego não
aparece
É relativamente comum na atualidade um filho concluir os estudos e tenha
que permanecer em casa durante alguns anos porque não consegue encontrar
trabalho. Se esse for o caso, o tratamento a ser dado deve ser particular.

A este respeito, deparei-me com uma ampla gama que cobre todo o espectro;
desde filhos que se esforçam para encontrar trabalho onde quer que seja, até
outros que se apoltronam em seu quarto, levantam tarde e vivem como reis
às custas de seus seus pais por muitos anos.

a.- Se o filho for respeitoso com os pais

Se o filho for respeitoso com a família, faz todo o possível para encontrar
trabalho, e, entretanto, tanto ajuda o seu pai e a sua mãe nas tarefas domésti-
cas ou nos negócios de seu pai … deve ser bem-vindo e atendido enquanto
não tiver sorte de encontrar um trabalho digno. No entanto, o filho deverá
cumprir as orientações próprias que permitem aos pais em casa e ajudar na
medida de suas possibilidades.
b.- Se o filho for um esbanjador e um parasita

Se o filho for um esbanjador, e depois de terminar os estudos se aproveitar


da bondade de seus pais e viver às suas custas, sem fazer nenhum esforço
para encontrar trabalho. Mais ainda, se fosse um obstáculo para a felicidade
da família e um mau exemplo para os seus irmãos. E ainda mais, se ele faz
suas travessuras, e aproveita a ausência de casa de seus pais para trazer a
amiguinha em casa, ou envolvido com bebidas ou drogas…, os pais têm o
dever e o direito de dar um severo aviso; e depois de um tempo razoável, se
não ocorrer nenhuma mudança, então, este filho deve ser posto na rua. A casa
não é um hotel onde se tem todos os direitos e nenhuma obrigação a cumprir.
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Quando saem para formar um novo lar
Se o seu filho sai do lar para formar um outro e recorrer ao sacerdote para se
casar e receber todas as bênçãos, parabéns! Vocês fizeram bem e seu filho
aproveitou os seus ensinamentos. Mas, infelizmente, esta situação, que até
há poucos anos era o costume, tornou-se agora muito comum.

Um problema muito frequente com que os pais católicos têm de enfrentar


hoje em dia é quando os filhos saem de casa e se “juntam” com sua namo-
rada sem o sacramento do matrimônio.

É cada vez mais frequente os filhos, que de pequenos fizeram a primeira co-
munhão e alguns também a confirmação, chegado o momento de se casar,
não queiram dar o passo e preferem viver em uma situação de pecado. As
razões mais comuns que geralmente reivindicam são: falta de dinheiro para
a festa ou querer se conhecer mais antes de dar o grande passo. Mas a verda-
deira razão é que não querem “se amarrar definitivamente” pelo sacramento.

Embora a cada dia seja mais frequente a mentalidade divorcista nos novos
casais que se casam sacramentalmente; mentalidade culposamente causada
pela mesma Igreja como consequência de conceder a anulação do casamento,
sem haver justificação legal, a realidade é que eles preferem não se amarrar
pelo sacramento. E uma vez que a vida espiritual da maioria deles está total-
mente ausente, não se importam em viver em pecado durante muitos anos.
Dos que procedem assim, e eu sei por experiência, menos de 30% virão a se
casar mais tarde na Igreja. Na verdade, o mais frequente é que, dada a pouca
vida espiritual e o materialismo em que vivem, essas uniões pecaminosas
acabem em ruptura antes dos dez anos.

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O problema que se coloca para os pais católicos se seus filhos vivem com seu
parceiro sem a bênção sacramental é realmente sério. Por um lado, eles per-
manecem seus pais, então, devem rezar por eles, aconselhá-los se estes dei-
xam, atender aos netos…; mas eles nunca poderão fazer “vista grossa” e acei-
tar este casal como se nada tivesse acontecido. Os pais devem agir com cari-
dade e ao mesmo tempo fazer seus filhos verem que estão vivendo em situa-
ção de pecado. Poderá recebe-los em casa para comer, ajudá-los financeira-
mente se precisam… mas o que nunca podem fazer é dar-lhes abrigo como
marido e mulher e dar-lhes um quarto como se nada tivesse acontecido. Os
pais deverão ser firmes neste ponto e terão que dizer aos filhos que os rece-
berão em casa e poderão dormir lá somente quando se casarem como Deus
manda.

A este respeito, recordo o que aconteceu há alguns anos atrás com um fami-
liar meu. Um de seus filhos, muito inteligente e preparado, casou-se na Igreja,
teve dois filhos, e depois de vinte anos de casamento o casal decidiu se sepa-
rar. A razão que argumentaram perante o tribunal foi: incompatibilidade. Em
pouco tempos eles tiveram seu decreto de nulidade.

Não havia passado um ano e este familiar se casou de novo; agora só civil-
mente. Os pais do não tão jovem noivo fizeram vista grossa e organizaram
uma grande festa de casamento, sem se importarem que, o que realmente
estavam fazendo, era aprovar o adultério/concubinato. Depois de três ou qua-
tro anos, com a segunda, e entediado dela, juntou-se com a terceira; mas
agora, nem com casamento civil. Os pais, que se diziam muito católicos, re-
ceberam a nova noiva em casa, como se nada tivesse acontecido. Mas isso
não é a coisa, porque aos seus cerca de sessenta e cinco anos, no ano passado,
ele deixou a última mulher e foi viver com outra pessoa.

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Os pais do “noivo” continuaram recebendo e abençoando os ultrajes desse
filho (já avô) como se nada estivesse errado. Esse filho, que poderia ter se
arrependido, se seus pais tivessem sido firmes, afastou-se completamente de
Deus, vive completamente desiludido, não acredita em nada e nem em nin-
guém. E o que é pior, o filho, a menos que tenha uma iluminação especial de
Deus se condenará; e os pais, por não haver cumprido a sua função, prova-
velmente também.

……

Com isso, terminamos esta série sobre artigos dedicados à ” Educação cristã
dos filhos”. Nunca se esqueçam das ideias centrais: dar exemplo, ser pacien-
tes, ser firmes e, ao mesmo tempo, flexíveis, e acima de tudo, rezar muito.

Pode chegar um momento em que os pais se desanimem porque eles tentaram


“tudo” e tenham a tentação de desistir; que isso nunca aconteça. Ainda que
sucedesse o pior e o filho abandonasse a fé, a família… continuem rezando,
porque Deus tudo pode. E se em algum momento a sua fé vacila, lembrem-
se do exemplo que nos deixaram Santa Monica e Santo Agostinho.

Padre Lucas Prados

Publicação original: Adelante la Fe — La educación cristiana de los hijos


(VI): Cuando los hijos vuelan de la casa.
http://adelantelafe.com/la-educacion-cristiana-los-hijos-vi-cuando-los-hi-
jos-vuelan-la-casa/

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A Educação Cristã dos Filhos

Pe. Lucas Prados

Adelante la Fe
www.adelantelafe.com

Traduções:
Sensus fidei
www.sensusfidei.com.br

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