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Proposta de Revisão Curricular

dos Ensinos Básico e Secundário

Maio de 2010

 Conselho das Escolas - Grupo de


trabalho:
Alcides Sarmento
Ana Pereira
Carlos Silva
Eduardo Relvas
Irene Louro
Lucinda Ferreira
Natália Cabral
Mandato
O Conselho das Escolas, como órgão consultivo do Ministério da Educação e
de acordo com a sua missão e atribuições definidas no artigo 2º do Decreto
Regulamentar nº 32/2007, de 29 de Março, contemplou, no seu Plano de
Actividades para 2010, a criação de diversos grupos de trabalho com o
objectivo de apresentar propostas em diversos campos da política
educativa, um dos quais é a organização curricular do ensino básico.

A criação do Grupo ou comissão da revisão curricular do Ensino Básico tem


por finalidade poder o Conselho das Escolas contribuir para uma das
reformas do nosso sistema educativo mais anunciadas, mais desejadas e
mais proteladas nos últimos anos.
Mandato

É essencialmente desta necessidade que emerge este


grupo de trabalho com a simples pretensão de
contribuir com o conhecimento e, principalmente, a
experiência vivida nas nossas escolas para uma reforma
curricular do ensino básico capaz de melhorar a
qualidade das aprendizagens e o trabalho das nossas
escolas.
Mandato

Sendo certo que o propósito do nosso


trabalho se centrava no Ensino Básico,
cedo se percebeu que, para se alcançar
uma proposta mais ou menos harmoniosa,
não poderíamos deixar de fora o ensino
secundário, como adiante melhor se
poderá compreender.
Proposta de trabalho
para a
revisão curricular dos

Ensinos Básico e Secundário


Pressupostos

a) – O aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos pode, e deve, constituir


razão principal para descomprimir o actual ensino básico cujo objectivo principal
deverá ser o de dotar os jovens de uma educação e formação, geral e abrangente,
mas também de preparação para outros tipos ofertas educativas sequenciais.

b) – A compartimentação do Ensino Básico em três ciclos de ensino deixou de fazer


qualquer sentido, quer pelo aumento da escolaridade para os doze anos, quer
pela actual tipologia de escolas/agrupamentos onde estes três ciclos coabitam,
muitas vezes, na mesma escola/edifício.
Pressupostos

c) – O actual 3º Ciclo do Ensino Básico apresenta um desenho


curricular denso e desestruturado, com demasiadas disciplinas,
originando uma carga horária/disciplina irrisória, nalguns casos, e
uma carga horária global demasiado elevada.

Por outro lado, atendendo a que, com o aumento da escolaridade


obrigatória, a generalidade dos jovens terá ainda de frequentar
mais alguns anos a escola, deve-se encarar o este ciclo como um
ciclo preparatório da etapa seguinte e não, como actualmente, uma
preparação, em termos de formação geral, para o ingresso na vida
activa daqueles que não prosseguiam estudos.

 
Pressupostos
d) – O Ensino Secundário necessita, por um lado, de ganhar
mais identidade, reforçando os seus planos de estudos, e,
por outro, de uma terceira via para os alunos com mais
dificuldades de aprendizagem ou que não se identifiquem
com percursos demasiado académicos.

De facto, verificam-se ainda elevadas taxas de abandono,


especialmente nos cursos profissionais, os quais precisam
de ser dignificados sob pena de não cumprirem o seu
objectivo.
Pressupostos
e) – A duração dos tempos lectivos (90 minutos), conduz a uma saturação dos
jovens que revelam elevados défices de falta de concentração o que,
inevitavelmente, gera mais conflitos e um acréscimo de situações de
indisciplina.

Por outro lado, com a duração dos tempos lectivos de 90 minutos, não é
possível uma gestão harmoniosa quer da carga horária semanal atribuída a
cada disciplina, quer da sua distribuição pelos dias da semana.

f) – O actual modelo de avaliação dos alunos, e seus efeitos, não potencia uma
cultura de responsabilização dos alunos e, indirectamente, dos pais e
encarregados de educação, para os deveres dos alunos e para a sua atitude
face ao processo ensino aprendizagem.
Proposta de estrutura dos

ciclos de

ensino não superior


Escolarid
Anos

ade
Ciclos de Ensino

de
Ensino Pré-escolar

1
2 Ensino Primário
3
4

5
6 Ensino Secundário
7 Geral
8

Cursos de
9 Ensino Secundário Educação
10 Superior Formação
Cursos de
Cursos Educação
11 Científico
Cursos Formação
Profission Cursos de
12 s
ais Educação
Humanísti Formação
cos
Ensino pré-escolar
• Tratando-se do primeiro contacto das crianças com a Escola, a Educação
Pré-escolar deve constituir-se como um espaço de socialização
indispensável ao seu desenvolvimento, bem como um elemento
essencial e obrigatório da sua inserção no primeiro ciclo de estudos;
• Prevendo a L.B.S.E., no seu artigo 5º, que a educação pré-escolar se
destina às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a
idade de ingresso no ensino básico;
• Propõe-se:
• O alargamento progressivo do período dos 3 aos 5 anos;
• A garantia da cobertura da Educação pré-escolar a 100%,
tornando-a universal, gratuita e obrigatória pelo menos
dos 5 aos 6 anos;
• A antecipação para os 5 anos do início das aprendizagens
formais;
• Uma maior articulação entre a Educação Pré-Escolar e o
Ensino Primário no que diz respeito às
aprendizagens/competências dos dois níveis de educação.
Ensino Primário
A L.B.S.E, no seu artigo 8º, apresenta como objectivos para o 1º ciclo “…o
desenvolvimento da linguagem oral e a iniciação e progressivo domínio da
leitura e da escrita, das noções essenciais da aritmética e do cálculo, do
meio físico e social e das expressões plástica, dramática, musical e motora”.

Propostas:
• Mudança de designação de 1º Ciclo para Ensino Primário;
• Maior articulação curricular com os níveis de educação anterior e posterior;
• Introdução do conceito de equipa pedagógica, com a atribuição da função
de coordenador de equipa ao professor titular de turma;
• Manutenção da duração de 4 anos;
• Manutenção do Desenho Curricular;
• Manutenção da carga curricular dos alunos;
• Avaliação qualitativa;
• Em regra não deve existir retenção dos alunos. Contudo, a requerimento do
encarregado de educação, poderá ser permitido a repetição do último ano
deste nível de ensino, desde que se verifique um atraso significativo nos
domínios considerados essenciais.
Ensino Secundário Geral

• Organizar as aprendizagens pós-ensino primário num ciclo


de 4 anos, designado Ensino Secundário Unificado (ou
Ensino Secundário Geral). Este novo ciclo de estudos seria
dotado de um desenho curricular organizado em torno de 4
áreas do saber:

- Ciências Exactas e Experimentais;

- Línguas e Humanidades;

- Expressões;

- Educação Sexual e Cidadania.


Ensino Secundário Geral
Componentes do currículo Carga Horária Semanal
x 60 minutos
Áreas de Formação Disciplinas / anos 5º 6º 7º 8º
Línguas Língua Portuguesa 3 3 3 3

e Humanidades Língua Estrangeira I 3 3 2 2


Língua Estrangeira II - - 3 3
História e Geografia a) 3 3 2 2
Matemática 3 3 3 3
Ciências Exactas e Ciências Naturais b) 3 3 - -
Experimentais Biologia e Geologia c) - - 2 3
Física e Química c) - - 2 3
Expressões TIC / Educação Tecnológica / 6 6 5 3
Música / Educação Visual
d)
Educação Física 3 3 2 2
Educação Sexual e Educação Sexual e Cidadania 1 1 1 1
Cidadania
Formação Religiosa Educação Moral e Religiosa 1 1 1 1
Total 25 25 25 25(26)
(26) (26) (26)
a) A gerir pelas escolas. A História deve corresponder, no mínimo, a dois anos de
escolaridade.
b) Poderá ser feito o desdobramento das turmas de acordo com os recursos (laboratórios)
da escola.
c) Desdobramento de um tempo por semana no ano em que a disciplina tem três tempos
semanais.
d)A gerir pela escola. Os alunos devem frequentar todas as áreas ao longo do ciclo.
Carga horária

• A gestão da carga horária/disciplina deverá assentar


em tempos de 60 minutos. Nas aulas de carácter
prático ou experimental os tempos lectivos teriam a
duração de 120 minutos sem intervalo.

• A carga horária Global de cada ano não deverá


ultrapassar os 25 tempos de 60 minutos cada (26
tempos com a oferta de uma disciplina optativa de
Educação Moral e Religiosa).
Avaliação dos alunos, condições de
aprovação e prosseguimento de estudos

• A avaliação dos alunos assumirá um papel essencialmente formativo, mas


também sumativo no final de cada ano e do ciclo.

• Propõe-se uma escala de avaliação de 0 a 20 valores, em todo o ensino


secundário.

• O aluno apenas poderá ser retido no 6º e ou no 8º ano, caso se verifique


um atraso significativo no domínio das aprendizagens essenciais. Em
qualquer dos casos, tal retenção deverá merecer a concordância do
Encarregado de Educação.

• Contudo, os alunos que não obtenham aproveitamento escolar a um


determinado conjunto de disciplinas, englobando sempre a Língua
Portuguesa e Matemática, apenas poderão prosseguir estudos nos Cursos
de Educação Formação (ver ponto 7.2).

• Após a frequência de oito anos de escolaridade os alunos que não reúnam


condições para conclusão do Ensino Secundário Geral deverão ser
integrados em cursos de Educação Formação.
Ensino Secundário Superior
e Cursos de Educação Formação

• Após o Ensino Secundário Unificado


propõem-se duas vias:

- Ensino Secundário Superior;

- Cursos de Educação
Formação.
Ensino Secundário Superior

• O Ensino Secundário Superior passaria por uma via comum


aos cursos orientados para o prosseguimento de estudos e
aos cursos profissionais com a duração de dois anos.

9
Ensino Secundário
10 Superior
11 Cursos
Cursos
Científico
12 Profission
s
ais
Humaníst
icos
Cursos científico - humanísticos:
Estrutura do Currículo
Áreas de Formação Disciplinas Carga Horária Semanal
x 60 minutos
9º 10º 11º 12º

Formação Geral Língua Portuguesa 3 3 3 3


Língua Estrangeira I, II ou III a) 3 3 3 -
Filosofia - - 3 3
Educação Física 3 3 3 3
Formação Científica Uma Disciplina Obrigatória 4 4 4 4
b) 3 Disciplinas de opção 4 4 - -
4 4 - -
4 4 - -
2 Disciplinas de opção - - 4 4
- - 4 4
Formação Técnica Uma disciplina de carácter - - - 3
técnico
/ Trabalho de Projecto c)
Formação Religiosa Religião e Moral d) 1 1 1 1
Total 25 25 24 24(25)
(26) (26) (25)
a) A escolher de entre as disciplinas estudadas no ensino secundário Unificado ou Geral;
b) O aluno escolhe três disciplinas nos 9º e 10º ano e duas nos anos seguintes de entre um
conjunto determinado pelo ME e dependente das possibilidades de cada escola.
c) O Trabalho de projecto assenta num conjunto de conteúdos programáticos constituídos
em áreas de estudo afins do curso frequentado. O aluno opta, de entre as ofertas da
escola, por uma área onde pretende desenvolver o seu trabalho de projecto.
d) Disciplina facultativa.
Cursos profissionais:
estrutura do currículo
Áreas de Formação Disciplinas Carga Horária Semanal
x 60 minutos
9º 10º 11º 12º
Formação Geral Língua Portuguesa 3 3 2 2
Língua Estrangeira I, II ou III a) 3 3 2 -
Educação Física 3 3 1 1
Formação Científica b) Uma Disciplina Obrigatória 4 4 - -
3 Disciplinas de opção 4 4 - -
4 4 - -
4 4 - -
- - 2 2
4 -
Formação Técnica c) Conjunto variável de disciplinas - - 15 9
consoante o tipo de curso.

Formação em Contexto de - - - 12
trabalho d)
Total 25 25 26 26

a) A escolher de entre as disciplinas estudadas no ensino secundário Unificado ou Geral;


b) O aluno escolhe três disciplinas nos 9º e 10º ano e duas nos anos seguintes de entre um
conjunto determinado pelo ME e dependente das possibilidades de cada escola.
c) Corresponde sensivelmente à actual carga horária deste tipo de cursos.
d) A formação em contexto de trabalho teria uma duração de 420 horas (como nos actuais
cursos) a realizar num só ano.
Condições de aprovação e
prosseguimento de estudos:

Científico-humanísticos:
A continuidade de estudos nos cursos de prosseguimento de
estudos, nos 11º e 12º anos dos Cursos Científico - Humanísticos, é
condicionada pelo aproveitamento escolar, bem como pelas
disciplinas frequentadas, admitindo-se alguma flexibilidade. Assim, a
matrícula nestes cursos fica dependente de uma classificação igual
ou superior a 10 valores em Língua Portuguesa e nas disciplinas
estruturantes de cada curso (três disciplinas) dos 9º/10º ano.

Cursos profissionais:
A matrícula nos cursos profissionais também é condicionada pelo
aproveitamento escolar do aluno no 9º/10º ano. Neste caso a
matrícula nos cursos profissionais implica a obtenção de uma
classificação igual ou superior a 10 valores em todas as disciplinas,
ou em todas menos duas, desde que não inferior a 8 valores.
Condições de aprovação
e prosseguimento de estudos:

Os alunos que não consigam obter os mínimos


anteriormente definidos para o ingresso nos Cursos
Científico-Humanísticos ou nos Cursos Profissionais são
obrigatoriamente encaminhados para os Cursos de
Educação Formação (módulos anuais ou bienais) até
perfazerem 12 anos de escolaridade.
Cursos de Educação Formação

Este tipo de oferta educativa, seria organizada em cursos de


dois anos e de um ano.

O acesso aos CEF poderá ser conseguido em cinco momentos:


- Após a frequência de oito anos de escolaridade;
- No final do ensino Secundário Geral;
- No final do 9º ano;
- No final do 10º ano;
- no final do 11º ano.

Em qualquer dos casos, o aluno frequentará cursos de dois


anos ou de um ano consoante o nº de anos de escolaridade
em falta para concluir o ciclo e/ou a escolaridade obrigatória.

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