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Daniela Silva, Vitória Eibs

 A cirurgia é um procedimento traumático que


provoca o rompimento da barreira de defesa da
pele, tornando-se, assim, porta de entrada de
microrganismos. A infecção do sítio
cirúrgico manifesta-se entre 4 a 6 dias após a
realização da cirurgia, apresentando
localmente eritema, dor, edema e secreção.
Infecções relacionadas aos procedimentos
cirúrgicos

 Procedimentos cirúrgicos
 Pacientes internados ou admitidos para o procedimento
 Realizados dentro do Centro Cirúrgico
 Pelo menos 01 incisão
 Também cirurgias onde não há sutura
 Cirurgias videoscópicas são incluídas

 Não são cirúrgicos


 Procedimentos fora do Centro Cirúrgico (sutura no PS)
 Procedimentos sem incisão (punções, incisão prévia)
 Biópsias endoscópicas, episiotomias e circuncisões
 Tempo de observação:

 Início até 30 dias após o procedimento


 No caso de implante de prótese  início até 01 ano
após o implante, ou até a retirada da prótese, se
esta ocorrer em período inferior
ISC incisional superficial  envolve apenas a pele e
o tecido celular subcutâneo do local da incisão
ISC incisional profunda  pode envolver ou não os
mesmos tecidos da ISC superficial, mas envolve
obrigatoriamente tecidos moles profundos, como
fáscia e camadas musculares
ISC órgão ou espaço específica  envolve órgãos ou
espaços profundos manipulados durante a cirurgia,
mas não necessariamente a incisão
 Meningite após manipulação do SNC, peritonite após cirurgia
abdominal, endocardite após troca de válvula cardíaca
www.ipig.org
Um dos critérios deve estar presente

 Secreção purulenta no local da incisão (ISC


superficial), drenada de tecidos moles profundos
(ISC profunda) ou de órgão ou cavidade
manipulados na cirurgia (ISC específica)

 Organismo isolado com técnica asséptica de


material teoricamente estéril, de local
previamente fechado
 Abscesso ou evidência radiológica ou
histopatológica sugestiva de infecção
(tecidos profundos)

 Sinais inflamatórios na incisão e febre

 Diagnóstico de ISC pelo médico assistente


 necessário exame da ferida para
comprovação
 Patógenos provenientes de 03 fontes

 Microbiota do próprio paciente  importância da


topografia da cirurgia, da técnica, do tempo de duração
e das condições infecciosas prévias do paciente

 Equipe de saúde  anti-sepsia pré-operatória e


condições infecciosas

 Ambiente inanimado, incluindo material cirúrgico


(importância menor, porém não irrelevante)  falha no
processo de esterilização, ar do ambiente cirúrgico
(importante em algumas cirurgias; menor importância na
prática diária)
Staphylococcus aureus e Estafilococos Coagulase – Negativa

Colonizante de pele  erradicação pela anti-sepsia


impossível  aumento da concentração no decorrer do
procedimento  descamação da pele  atinge tecidos
lesados pela cirurgia
 Portador nasal de S. aureus (?)
Enterobactérias (Gram -)  E. coli, Klebsiella,
Enterobacter

 Presentes em grandes concentrações em


cavidades ocas  cirurgias do tubo digestivo,
vias biliares e urinárias
 Uso abusivo de cefalosporinas

Gram (–) não fermentadores  P. aeruginosa,


Acinetobacter

 Internação prolongada, uso prévio de


antimicrobianos, casos mais graves.
Anaeróbios

 Principalmente cirurgias do trato digestivo; em


geral, agem acompanhados de outros patógenos

Enterococos

 Freqüência elevada, predominando em cirurgias


do trato digestivo e ginecológicas
 Uso abusivo de cefalosporinas
Estreptococos

 Menos freqüentes, porém curto período de


incubação e maior gravidade
 Profissionais de saúde colonizados 
associados a surtos
Importante !

 Considerar as características específicas


da instituição
 População atendida
 Principais patologias cirúrgicas
 Normas para uso de antimicrobianos
 Disponibilidade de antimicrobianos
 Média de permanência antes do procedimento
 Outras
 Microrganismos atingem a ferida operatória em geral
durante o ato cirúrgico
 Quando não há fechamento primário, ou há dreno,
ocorreu manipulação excessiva da ferida ou deiscência
 contaminação pode ocorrer no pós-operatório
 Implante secundário de patógenos por via hematogênica

A ruptura de continuidade da pele é o principal fator para

ISC !

A ruptura de continuidade da pele é o principal fator para ISC !


 Relacionados ao paciente

 Estado clínico  doenças agudas ou crônicas


descompensadas e infecção em sítio distante 
avaliação clínica criteriosa é imprescindível !

 Tempo de internação pré-operatório (por desorganização


da unidade hospitalar ou estado clínico do paciente) 
relacionado à colonização da pele pela microbiota
hospitalar

 Estado nutricional  desnutrição ou obesidade

 Imunodepressão e uso de corticosteróide  menor


inoculo e retardamento do processo de cicatrização
 Relacionados ao procedimento cirúrgico

 Imunossupressão  provável contrapeso à liberação de


proteínas que poderiam desencadear reação auto-imune

 Rompimento da barreira epitelial  interrupção do


aporte de nutrientes
 Alterações no campo operatório  hipóxia + acidose +
deposição de fibrina

HIPÓXIA + ACIDOSE  DIFICULTAM A AÇÃO DOS NEUTRÓFILOS


DEPOSIÇÃO DE FIBRINA  SEQÜESTRO DE BACTÉRIAS E ALTERAÇÃO DOS
MECANISMOS LOCAIS DE DEFESA
 Relacionados ao procedimento cirúrgico

 Classificação da cirurgia de acordo com o potencial


de contaminação  fator clássico de risco !

LIMPA

POTENCIALMENTE CONTAMINADA

CONTAMINADA

INFECTADA
 Cirurgias limpas

 Eletivas, primariamente fechadas e sem drenos

 Feridas não traumáticas e não infectadas, sem sinais


inflamatórios

 Não há quebra de técnica

 Não há abordagem de vísceras ocas

Herniorrafia / Safenectomia
 Cirurgias potencialmente contaminadas

 Há abordagem dos tratos digestivo, respiratório,


geniturinário e orofaringe sob situações controladas,
sem sinais de processo inflamatório

 Pequena quebra de técnica ou implantação de dreno

Gastrectomia / nefrectomia
 Cirurgias contaminadas

 Feridas traumáticas recentes (menos de 04 horas),


abertas

 Contaminação grosseira durante cirurgia do trato


digestivo

 Manipulação de via biliar ou genitourinária na presença


de bile ou urina infectadas

 Quebras maiores de técnica

 Inflamação, mas não secreção purulenta

Colecistectomia com inflamação / fratura exposta recente


 Cirurgias infectadas

 Presença de secreção purulenta

 Tecidos desvitalizados

 Corpos estranhos

 Contaminação fecal

 Trauma penetrante há mais de 04 horas

Ceco perfurado / fratura exposta há mais de 04 horas


 Relacionados ao procedimento cirúrgico  duração
do procedimento cirúrgico

 Maior exposição ao ambiente externo

 Maior complexidade

 Pior estado clínico

 Menor experiência da equipe

 Desorganização da sala cirúrgica


 Cirurgias de urgência

 Preparo inadequado do paciente

 Pior estado clínico

 Técnica menos rigorosa


 Redução do tempo de internação pré-cirúrgico

 Avaliação pré-operatória em ambulatório


 Internação somente com avaliação pré-operatória
 Organização do agendamento de internação e cirurgia

 Lavagem das mãos na enfermaria (equipe de saúde)


 evitar a colonização do paciente com a flora
hospitalar !

 Estabilização do quadro clínico do paciente 


principalmente o tratamento de infecção prévia
 Banho pré-operatório  noite anterior e
manhã da cirurgia, com água e sabão

 Tricotomia  se imprescindível e
imediatamente antes do ato cirúrgico
 ISC relacionada ao centro cirúrgico

 Área física

 Afastado da circulação do público, porém fácil


acesso para pacientes e profissionais
 Pisos e paredes de materiais lisos, não porosos
 Portas anti-turbulência

 Ventilação

 Ar condicionado central, com controle de


temperatura, umidade, pressão e filtração do ar 
controle individual da temperatura
 Insuflação pelo teto e exaustão próximo ao piso
 Circulação interna no Centro Cirúrgico

 Áreas irrestritas  roupas comuns e circulação sem


limitações  vestiários e salas administrativas externas

 Áreas semi-restritas  roupa privativa e gorro 


processamento e estocagem de artigos, corredores e
salas internas

 Áreas restritas  roupa privativa, gorro e máscara +


controle do número de pessoas  salas cirúrgicas com
materiais expostos
 Limpeza

 Limpeza adequada com água e detergente (piso,


mobiliário e equipamentos) após cada procedimento

 Não há necessidade de limpeza especial em salas onde


foram realizadas cirurgias infectadas  os
procedimentos de limpeza devem ser rigorosos
sempre

 Limpeza terminal diária após a última cirurgia, com


água e detergente  todas as superfícies e
acessórios da sala
 Paramentação cirúrgica

 Aventais  milhares de células epiteliais são


desprendidas por minuto, junto com bactérias,
dispersando-se no ambiente  o uso de avental de
algodão reduz em aproximadamente 30% a taxa de
dispersão

 Máscaras  utilizadas com dupla finalidade 


prevenção da ISC e proteção dos membros da equipe
cirúrgica contra respingos de sangue e secreções
durante o procedimento  Há controvérsias sobre o
papel na prevenção das ISC, mas nenhuma quanto à
proteção ocupacional

 Propés  estudos concluíram não haver diferença


significativa de contaminação no piso entre calçados
limpos, calçados de uso habitual e propés.
 Paramentação cirúrgica

 Gorros  devem cobrir totalmente o cabelo na


cabeça e face

 Luvas  devem ser usadas após a escovação das


mãos e depois de vestido o avental estéril  é
recomendado o duplo enluvamento (para minimizar os
efeitos de pequenos furos ou rupturas) ou a troca a
cada 02 horas de procedimento
 Anti-sepsia das mãos dos membros da equipe
cirúrgica

 Retirada de sujeira e detritos, redução substancial ou


eliminação da flora transitória e redução parcial da flora
residente

 Solução degermante de iodóforo (PVPI) ou de gluconato


de clorhexidina, ou álcool a 70% com emoliente

 Escovação necessária nos leitos sub-ungueais e espaços


interdigitais

 05 minutos para a primeira cirurgia e 03 para os demais


procedimentos

 Enxágüe em água corrente, das mãos para os cotovelos


(mãos sempre acima do nível dos cotovelos)
 Antibioticoprofilaxia cirúrgica

 Indicação apropriada  cirurgias potencialmente


contaminadas e contaminadas

 Antimicrobiano adequado à flora esperada, em razão


do tipo de cirurgia  flora residente do local
abordado  considerar, também, menor toxicidade
e custo

 Dose adequada e momento certo  01 a 02 horas


antes do início do procedimento

 Uso por curto período  cobertura durante o ato


cirúrgico
 Pré-operatório
• Preparar o paciente para a cirurgia verificando seu estado de
saúde e doenças como o diabetes, que quando descompensada
acaba por dificultar o processo de cicatrização;

• Realizar antissepsia pré-operatória adequadamente;

• Antissepsia correta das mãos e braços de toda equipe de


cirurgiões e demais auxiliares;

• Administrar, conforme prescrição médica, antimicrobianos


profiláticos quando indicado. O método de escolha deve ser
baseado na eficácia contra os patógenos mais comuns para os
tipos específicos de cirurgias.
 Transoperatório
• Manutenção de ambiente limpo e adequado;

• Evitar circulação de pessoas desnecessárias ao procedimento na sala;

• Utilizar a paramentação adequada tais como gorros, luvas estéreis,


máscaras e avental;

• Abrir as bandejas estéreis e demais invólucros tomando cuidado para não


contaminar;

• Controlar correntes de ar na sala cirúrgica;

• Realizar divisão das salas de cirurgia de acordo com cirurgias limpas,


contaminadas, potencialmente contaminadas e infectadas;

• Evitar cruzar materiais infectados com os limpos e/ou estéreis;

• Realizar a guarda de materiais estéreis ou limpos em local próprio livre de


umidade e com invólucros fechados;

• Instalar cateteres periféricos bem como centrais obedecendo às técnicas


assépticas, dentre outras medidas.
 Pós-operatório
• Proteger com curativo estéril por 24 a 48 horas pós-operatória as
incisões cirúrgicas;

• Lavar as mãos antes e depois de trocar os curativos;

• Trocar o curativo utilizando técnica asséptica;

• Realizar observação das características da incisão cirúrgica bem


como sintomas como febre, calafrios, vermelhidão local, edema e
dor;

• Educar o paciente cuidadores sobre manutenção da incisão:


sinais de infecção além da realização correta do curativo.
 https://www.portaleducacao.com.br/conteud
o/artigos/direito/infeccao-do-sitio-
cirurgico/23184
 http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/por
t/cirur.htm
 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar
ttext&pid=S0104-42302001000100019

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