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V A escassez de água

A posse da água no Oriente Médio é definidora no


permanente conflito entre árabes e judeus, situação que
vem desde antes da Segunda Guerra Mundial (1939Ȃ1945)
e que se tornou mais intensa depois da divisão da Palestina
pela ONU em dois estados e a criação de Israel em 1947.
O problema da água permanece atual com o conflito na
Faixa de Gaza entre Israel e os palestinos do grupo Hamas.
E o fato da mídia pouco ou nada falar sobre isso em seu
noticiário ou na parte analítica é uma das falhas mais
graves da cobertura desta guerra.
V Ká não é novidade que a Guerra dos Seis Dias,
que envolveu Egito, Síria e Kordânia contra
Israel, com o primeiro bloco apoiado pela
antiga URSS e os judeus com os EUA, teve o
controle da água como uma causa
importante. Em seus jornais, boletins e
palestras, o Movimento Água da Nossa Gente
cita isso com freqüência para exemplificar a
importância da água no momento atual e
alertar sobre riscos geopolíticos que podem
afetar os recursos hídricos inclusive do Brasil.
V No caso da Faixa de Gaza, uma das poucas
vozes que lembrou a importância da água por
detrás das ações militares de Israel e do
Hamas foi a advogada ambientalista Ana
Echevenguá em um artigo publicado
originalmente no site Eco e Ação e
republicado em vários sites e blogs da
internet.
V Em seu artigo, Echevenguá situa o caráter
histórico dos conflitos no Oriente Médio com
um ótimo resumo sobre o que acontece por lá
desde que franceses e britânicos definiam
fronteiras, com seus mapas sempre atentos
às águas da bacia do rio Kordão e aos lençóis
de água da região.
V Em novembro de 2001, o cientista britânico
Raymond Dwek lembrava em artigo publicado
no The Guardian e republicado no Kornal do
Brasil que Dzgrande parte da atual disputa de
terras na Cisjordânia envolve o controle final dos
aqüíferos naturais subterrâneosdz. Dwek fala de
sua colaboração junto à Universidade Ben
Gurion, localizada em Beersheva, no coração do
Deserto do Neguev, em Israel, onde teve
conhecimento de importantes projetos relativos
à água naquela região onde o recurso, além de
bastante limitado, sofre com o uso excessivo e a
poluição.
V Na época da publicação do texto de Dwek, um
tratado de paz entre Israel e a Kordânia, países
com as fronteiras definidas pelo Rio Kordão,
trazia projetos que visavam compartilhar os
recursos hídricos e também cooperação mútua
para preservar e melhorar a qualidade da água
no Kordão e seus afluentes.
V Este tipo de esforço científico, ressaltava o
cientista britânico, era de um simbolismo muito
especial, já que em sua opinião construía pontes
para a paz, o único meio de proteger a qualidade
da água que, em última análise, viria a beneficiar
todos os habitantes da região.
V De fato, mais que em qualquer lugar do mundo, ali
no Oriente Médio a paz e a cooperação são
instrumentos que podem evitar desastres estão
além das conhecidas desgraças da guerra. Em março
de 2007 o Banco Mundial (Bird) divulgou um
relatório bastante preocupante sobre os recursos
hídricos da região.
V O Oriente Médio é a região do planeta com menos
disponibilidade de água por habitante. Com 5% da
população mundial, a região conta com apenas 1%
da água fresca existente no planeta. E a previsão do
relatório é que a disponibilidade de água per capita
vai cair pela metade até 2050.
V A região sente também os efeitos do
aquecimento global. Não há mais chuvas, em
lugares onde chovia todos os anos. O estudo cita
a história de um beduíno de apenas 23 anos que,
quando era garoto, pegava água junto com as
pessoas da região onde mora, no Egito, em um
imenso oásis. Hoje o oásis não existe mais.
V Agora a opção para beber e cozinhar é comprar
água coletada em oásis mais distantes. Sessenta
litros de água custam cerca de R$ 6.
V uanto à solução do problema da água no
Oriente Médio, a co-autora do estudo do
Banco Mundial, Kúlia Bucknall, tem a mesma
opinião Raymond Dwek: paz e cooperação
entre os países. Bucknall tem até a esperança
de que a gravidade da questão, que pode
fazer o problema da falta de água se tornar
insolúvel se não for resolvido logo, possa até
Dzlevar os governos a começarem a cooperar
muitos mais uns com os outrosdz.

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