You are on page 1of 33

Faculdade Estácio de Sá - FAL

Disciplina: Processo Civil III


Recursos e Procedimentos Especiais

Aula 1
Teoria Geral dos Recursos
Docente: Ana Ketsia B. M. Pinheiro
Introdução
INSTRUMENTOS DO SISTEMA DE
IMPUGNAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL
RECURSOS AÇÕES SUCEDÂNEOS
AUTÔNOMAS DE RECURSAIS
IMPUGNAÇÃO
Recurso é o meio voluntário pelo qual se busca,
dentro de um mesmo processo, invalidar,
reformar ou integrar uma decisão.

 O recurso prolonga o estado de


litispendência, não instaura processo novo.

É meio voluntário (ato da parte), o juiz não pode


recorrer.
É, ao mesmo tempo, um direito e um ônus. Por
que?
Há meios impugnativos que geram novos
processos. São as chamadas ações autônomas
de impugnação. São elas:

 Ação rescisória: é uma ação destinada à


desconstituição da sentença de mérito
transitada em julgado;
 Mandado de Segurança: disciplinado pela lei
12.016/09, que veda seu uso quando couber
recurso.
Sucedâneo recursal é todo meio de impugnação de
decisão judicial que nem é recurso nem é ação
autônoma de impugnação. Ex.:
• Pedido de reconsideração; pedido de suspensão de
segurança; remessa necessária.

Classificação dos recursos:


a) Quanto à extensão da matéria:
 Parcial: Não compreende a totalidade do conteúdo
impugnável da decisão;
 Total: Abrange todo o conteúdo impugnável.
b) Quanto à fundamentação:

Fundamentação livre – a causa de pedir recursal


não está prevista em lei. O recorrente está livre
para fazer qualquer crítica à decisão. É o tipo de
fundamentação dos recursos em geral.

Fundamentação vinculada – Aqui a lei limita o tipo


de crítica que pode ser feita contra a decisão
impugnada. Ex.: recurso especial e extraordinário.
Invalidar, Reformar ou Integrar a
decisão
 Invalidar é desconstituir, decretar a nulidade de
uma decisão. A invalidação do ato acarreta a
nulidade de todos os atos subsequentes naquilo em
que eles forem dependentes.
 Quando o órgão ad quem decreta a invalidade, deve
determinar o retorno dos autos ao Juízo a quo. Para
que?
 O órgão ad quem não pode prosseguir no
julgamento. Por que?
Reformar é inverter o resultado do julgamento. A
regra é que o acórdão, mesmo quando mantém a
sentença, a substitui.

Integrar é completar. Consiste em fazer com que a


decisão seja reeditada. O órgão esclarece o que havia
dito com obscuridade, omissão ou contradição.
Princípio do duplo grau de jurisdição

 O instituto do recurso vem sempre correlacionado


com o princípio do duplo grau de jurisdição, que
consiste na possibilidade de submeter-se a lide a
exames sucessivos, por juízes diferentes, como
garantia da boa solução.
 Este princípio está garantido na atual Constituição
Federal?
Atenção! Este princípio vem sofrendo críticas
mesmo dentre os doutrinadores que aceitam o seu
caráter constitucional.
Alguns pontos negativos do princípio do duplo grau
de jurisdição:

a) A dificuldade de acesso à justiça;


b) o desprestígio da primeira instância;
c) a quebra de unidade do poder jurisdicional;
d) a inutilidade do procedimento oral.
IMPORTANTE!

Há casos em que o próprio texto constitucional


compete e tribunais superiores o exercício do
primeiro grau de jurisdição, sem conferir a
possibilidade de um segundo grau. (grau único de
jurisdição).

Relembre: competência funcional. Ex.:


Competência originária do STF
Compete ao STF processar e julgar, originariamente:
 nas infrações penais comuns, o Presidente da
República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
Procurador-Geral da República;
 nas infrações penais comuns e nos crimes
de responsabilidade, os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal
de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;
O duplo grau de jurisdição não chega a ser uma
garantia, pois a CF a ele apenas se refere, não o
garantindo. A única Constituição que o tratou
como garantia absoluta foi a de 1824; as demais
deixaram de lhe conferir tal atributo. Qual a
consequência disso?

 É que, sendo o duplo grau de jurisdição um


princípio, ele pode entrar em rota de colisão
com outros princípios, principalmente com o
princípio da efetividade do processo. Nestes
casos, qual deve prevalecer?
Tipos de decisões judiciais
 Sentença: é o ato do juiz que implica tanto nas
situações previstas no art. 487 como no art. 489
do NCPC, ou seja, ato pelo qual o juiz extingue o
processo com ou sem o julgamento do mérito.
Pelo critério doutrinário, todavia, é o ato que põe
fim ao procedimento em 1.º grau da jurisdição.

IMPORTANTE! Hoje em dia, proferida a sentença,


o juiz não mais encerra sua atividade jurisdicional,
pois deverá continuar a atuar, agora na fase
executiva.
• Decisão Interlocutória: é aquela que resolve
questão incidente do processo, proferindo
julgamento, sem extingui-lo.

• Despacho: nele não há decisão propriamente


dita.

OBS.: A decisão do juízo de 2º grau chama-se


acórdão (NCPC, art. 204)

OBS.2: Conforme o art. 1.001 do NCPC, os


despachos são irrecorríveis!
Pressupostos de Admissibilidade dos
Recursos
Os recursos, como a própria ação, estão sujeitos a um
duplo Juízo:
Juízo de Juízo de mérito
admissibilidade
No Juízo de admissibilidade estão situados os
pressupostos recursais (similares às condições da ação e
aos pressupostos processuais).
Juízo de Admissibilidade
POSITIVO NEGATIVO
- conduz ao - não conduz ao
conhecimento do
recurso, por estarem conhecimento do recurso,
presentes os por ausência dos
pressupostos pressupostos processuais.
processuais.
Recursos podem ser:
 Conhecidos: PROVIDOS ou IMPROVIDOS

 Não conhecidos
Os pressupostos processuais dos recursos dividem-
se em:

 Pressupostos Objetivos: cabimento,


tempestividade, regularidade formal,
inexistência de fato impeditivo ou extintivo;

 Pressupostos Subjetivos: interesse processual e


legitimidade.
Pressupostos Objetivos

1 – Cabimento

 É preciso que o ato impugnado seja suscetível,


em tese, de ataque.
 No exame de cabimento devem ser respondidas
duas perguntas: a) a decisão é, em tese,
recorrível? b) qual o recurso cabível contra essa
decisão?
Princípios do sistema recursal brasileiro correlatos ao
estudo do cabimento:
 Fungibilidade;
 unirrecorribilidade (singularidade);
 taxatividade.
 Regra da Taxatividade ou Tipicidade dos
Recursos - a enumeração dos recursos deve ser
taxativamente prevista em lei. O rol legal dos
recursos é numerus clausus (NCPC, art. 994).
Além de previsão legal, há a necessidade de se usar o
recurso adequado. A adequação do recurso se dá pela
natureza do ato recorrido.
Novo CPC, art. 994. São cabíveis os seguintes
recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou
extraordinário;
IX - embargos de divergência.
 Princípio da Fungibilidade Recursal consiste
na possibilidade de que um recurso seja conhecido
como outro recurso.

Tem apoio na instrumentalidade das formas - o recurso


é aproveitado se puder atingir seu objetivo.

Segundo Daniel Amorim Neves: “O Novo CPC


adotou a técnica do CPC/1973 de não prever como
regra ou princípio a fungibilidade recursal, ainda
que contenha duas previsões específicas nesse
sentido: embargos de declaração e agravo interno e
recurso especial e extraordinário.”
Novo CPC, art. 1.024, § 3º O órgão julgador
conhecerá dos embargos de declaração como
agravo interno se entender ser este o recurso
cabível, desde que determine previamente a
intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco)
dias, complementar as razões recursais, de modo a
ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o.
São requisitos para que a fungibilidade possa
ocorrer:

 Inocorrência de erro grosseiro (inescusável).


Fala-se em erro grosseiro quando nada
justificaria a troca de um recurso pelo outro,
pois não há qualquer controvérsia sobre o
tema. Exemplo: a lei dispõe expressamente
que o recurso cabível é a apelação e o
recorrente interpõe um agravo.
 Dúvida objetiva acerca do cabimento do recurso.
É necessário existir uma dúvida razoavelmente
aceita, como a equivocidade do texto da lei ou as
divergências doutrinárias. Ex.: indeferimento
liminar da reconvenção.

 Ausência de má-fé por parte do recorrente.


Aquele que atua com dolo processual,
objetivando um fim ilícito, para tumultuar o
processo, não terá em seu favor o
reconhecimento do princípio da fungibilidade
recursal.
IMPORTANTE! Na fungibilidade, deve-se interpor o
recurso no prazo menor, dentre os dois recursos
que originaram a dúvida (esse problema foi
minimizado pelo Novo CPC – a maioria dos
recursos possui prazo de 15 dias).
Regra da unicidade, singularidade ou
unirrecorribilidade dos recursos - o recurso cabível
é um só, excluindo-se outras formas de recurso.
Não é possível, portanto, a utilização simultânea de
dois recursos contra a mesma decisão.
CONCLUSÃO: A interposição de mais de um
recurso contra uma decisão implica
inadmissibilidade do recurso interposto por último.
2 – Tempestividade

Novo CPC, art. 139. O juiz dirigirá o processo


conforme as disposições deste Código, incumbindo-
lhe:
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem
de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade à tutela do direito;
Novo CPC, art. 1.003. O prazo para interposição de
recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a
Defensoria Pública ou o Ministério Público são
intimados da decisão.
§ 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão
intimados em audiência quando nesta for proferida
a decisão.
§ 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI,
ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
decisão proferida anteriormente à citação.
§ 3o No prazo para interposição de recurso, a
petição será protocolada em cartório ou conforme
as normas de organização judiciária, ressalvado o
disposto em regra especial.
§ 4o Para aferição da tempestividade do recurso
remetido pelo correio, será considerada como data
de interposição a data de postagem.
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo
para interpor os recursos e para responder-lhes é de
15 (quinze) dias.
§ 6o O recorrente comprovará a ocorrência de
feriado local no ato de interposição do recurso.
Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição
do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de
seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que
suspenda o curso do processo, será tal prazo
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
sucessor, contra quem começará a correr novamente
depois da intimação.
Art. 1.005. O recurso interposto por um dos
litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos
ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o
recurso interposto por um devedor aproveitará aos
outros quando as defesas opostas ao credor lhes
forem comuns.
REGRAS IMPORTANTES SOBRE PRAZO
RECURSAL:

Art. 219. Na contagem de prazo em dias,


estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por


obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313,
devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao
que faltava para sua complementação.
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a
execução de programa instituído pelo Poder
Judiciário para promover a autocomposição,
incumbindo aos tribunais especificar, com
antecedência, a duração dos trabalhos.
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária
onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar
os prazos por até 2 (dois) meses.
§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios
sem anuência das partes.
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite
previsto no caput para prorrogação de prazos
poderá ser excedido.
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito
de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando
assegurado, porém, à parte provar que não o
realizou por justa causa.
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à
vontade da parte e que a impediu de praticar o ato
por si ou por mandatário.

§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte


a prática do ato no prazo que lhe assinar.

You might also like