You are on page 1of 23

Faculdade Estácio de Sá - FAL

Disciplina: Processo Civil III


Recursos e Procedimentos Especiais
Docente: Ana Ketsia B. M. Pinheiro

Aula 6
Recursos em Espécie:
Embargos de Declaração
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Destinam-se a pedir ao juiz ou tribunal prolator da
decisão que afaste obscuridade, supra omissão ou
elimine contradição existente no julgado.

Qualquer decisão judicial comporta embargos


declaratórios, porque, como destaca Barbosa
Moreira, “é inconcebível que fiquem sem
remédio a obscuridade, a contradição ou a
omissão existente no pronunciamento
jurisdicional.”
Pressupostos dos Embargos de Declaração

 O pressuposto de admissibilidade dessa espécie de


recurso é a existência de obscuridade ou contradição
na sentença ou no acórdão, ou omissão de algum
ponto sobre que devesse pronunciar-se o juiz ou
tribunal (art. 1.022, n. I e II).

Atenção! Os Embargos de Declaração, conforme


esclarecido pelo novo CPC, também servirão para
corrigir erro material. (NCPC, art. 1.022, III)
Art. 1.022, Parágrafo único. Considera-se omissa a
decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em incidente de
assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art.
489, § 1o.
Art. 1.022, Parágrafo único. Considera-se omissa a
decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em incidente de
assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art.
489, § 1o.
Julgamento monocrático no Tribunal:

Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.


§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em
mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não
havendo julgamento nessa sessão, será o recurso
incluído em pauta automaticamente.

§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos


contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão
embargada decidi-los-á monocraticamente.
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de
declaração como agravo interno se entender ser este o
recurso cabível, desde que determine previamente a
intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias,
complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las
às exigências do art. 1.021, § 1o.
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração
implique modificação da decisão embargada, o
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a
decisão originária tem o direito de complementar ou
alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no
prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da
decisão dos embargos de declaração.
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou
não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o
recurso interposto pela outra parte antes da publicação
do julgamento dos embargos de declaração será
processado e julgado independentemente de ratificação.
Efeitos dos Embargos de Declaração:

a. Devolutivo: Os embargos de declaração


possuem natureza recursal, e, portanto,
possuem efeito devolutivo. Alguns
doutrinadores como Barbosa Moreira, Cândido
Dinamarco, Nelson Nery Jr e Teresa Wambier
defendem que não há efeito devolutivo nos
embargos de declaração, pelo fato deles serem
dirigidos ao mesmo juízo que proferiu a
decisão. Essa orientação é minoritária.
b. Suspensivo: Em regra, não há suspensividade
nos EDcl.

Novo CPC, Art. 1.026. Os embargos de declaração não


possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a
interposição de recurso.
§ 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada
poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso
ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de
dano grave ou de difícil reparação.
c. Interruptivo: Após o julgamento dos Edcl,
recomeça-se a contagem por inteiro do prazo para
interposição do outro recurso cabível na espécie
contra a decisão embargada (NCPC, art. 1.026).

IMPORTANTE!
 A reabertura do prazo deve beneficiar todos que
tenham legitimidade para recorrer, e não apenas
o embargante.

 Interrompe-se o prazo do recurso principal na


data do ajuizamento dos embargos e permanece
sem fluir até a intimação do aresto que o decidir.
QUESTÃO
O que ocorre se uma parte já havia interposto o
recurso principal, quando a outra lançou mão dos
embargos de declaração?
 Duas são as situações a considerar:

a) O objeto dos embargos não interfere no recurso


principal, de maneira que o julgamento daqueles
nada alterou quanto à matéria impugnada no último;
b) O objeto dos embargos incide sobre questões
enfocadas no recurso principal.
No primeiro caso, não haverá necessidade de
ser renovado ou ratificado o recurso
anteriormente interposto;
no segundo caso, todavia, a reiteração se faz
necessária, porque, uma vez julgados e
acolhidos os embargos, a decisão recorrida já
não será a mesma que o recurso principal
havia atacado.
c. Efeito modificativo ou infringente: costuma-se
dizer que os EDcl não podem ter como
consequência a alteração da decisão. A doutrina e
a jurisprudência, todavia, haviam percebido que
tal conclusão não é de todo correta.
Vejamos a lição de José Carlos Barbosa Moreira:
“Na hipótese de obscuridade, realmente, o que
faz o novo pronunciamento é só esclarecer o teor
do primeiro, dando-lhe interpretação autêntica.
Havendo contradição, ao adaptar ou eliminar
algumas das proposições constantes da parte
decisória, já a nova decisão altera, em certo
aspecto, a anterior. E, quando se tratar de suprir a
omissão, não pode sofrer dúvida de que a decisão
que acolheu os embargos inova abertamente: é
claro, claríssimo, que ela diz aí mais que a outra.
(...)
Assim, por exemplo, se o órgão julgador saltara
sobre alguma preliminar relativa à admissibilidade
do recurso, concernente a qualquer circunstância
que impedira o ingresso no mérito e, ao apreciar o
EDcl vem a acolhê-la, necessariamente cai a
decisão sobre a matéria restante, a cujo exame
obstaria o acolhimento da preliminar.
A Jurisprudência acolheu essa tese e, atualmente,
há vários julgados nesse sentido no STJ.
Vejamos um julgado do STJ

"É admitido o uso de embargos de declaração com


efeitos infringentes, em caráter excepcional, para a
correção de premissa equivocada, com base em
erro de fato, sobre a qual tenha se fundado o
acórdão embargado, quando tal for decisivo para o
resultado do julgamento" (EDcl no REsp 599653/SP,
3ª Turma, Min. Nancy Andrighi, DJ de 22.08.2005).
Da observância do contraditório
Ordinariamente, no procedimento dos embargos
de declaração, não se abre vista à parte contrária
para manifestação, pois com esse recurso não se
busca uma nova decisão sobre a causa, mas sim o
aperfeiçoamento da decisão já proferida.
Todavia, em observância ao princípio do
contraditório, sempre que presente a possibilidade
de modificação da decisão pelo manejo dos
embargos, será necessária a abertura de prazo à
parte contrária para reposta.
Assentou, por isso, o STF que “visando os
embargos declaratórios à modificação do
provimento embargado, impõe-se,
considerado o devido processo legal, a
ciência da parte contrária para, querendo,
apresentar contrarrazões” (HC 74735/PR,
DJ 16.05.1997, p. 19951). Do mesmo
entendimento compartilha o Superior
Tribunal de Justiça (REsp 491311/MG, DJ.
09.06.2003, p. 189).
O CPC/2015 corrigiu esse problema e passou a
prever, expressamente, a possibilidade de
contrarrazões quando os Embargos de Declaração
tiverem efeitos infringentes (art. 1.023, § 2º)

Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5


(cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do
erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se
sujeitam a preparo.
§ 2o O juiz intimará o embargado para, querendo,
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os
embargos opostos, caso seu eventual acolhimento
implique a modificação da decisão embargada.
Embargos manifestamente protelatórios
Quando o embargante utilizar o recurso como
medida manifestante protelatória, o tribunal,
reconhecendo a ilicitude da conduta, condenará o
embargante a pagar ao embargado multa, que não
poderá exceder de 2% sobre o valor ATUALIZADO da
causa (NCPC, art. 1.026, § 2º).
 No caso de reiteração dos embargos
protelatórios, a multa será elevada a até 10% e,
além disso, o embargante temerário, para
interpor qualquer outro recurso, ficará sujeito ao
depósito do valor da multa (NCPC, art. 1.026, §
3º).
Art. 1.026, § 2o Quando manifestamente protelatórios os
embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão
fundamentada, condenará o embargante a pagar ao
embargado multa não excedente a dois por cento sobre o
valor atualizado da causa.

Art. 1.026, § 3o Na reiteração de embargos de declaração


manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até
dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a
interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao
depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda
Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a
recolherão ao final.
Importante!

Art. 1.026, § 4o Não serão admitidos novos embargos de


declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido
considerados protelatórios.

You might also like