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P.

Penal

1-Aplicação da lei processual no tempo, no


espaço e em relação às pessoas
1.1 Introdução ao Processo Penal
Conceito: Ramo do Direito Público que estabelece normas e princípios que instrumentalizam a correta aplicação da lei penal

Objeto de estudo: Direito Penal

Finalidade: Garantir os preceitos constitucionais e reestabelecer o sentimento de justiça e a paz social.

Fonte Material: Compete a União legislar sobre o DPP – O Estado pode legislar a respeito de questões específicas

Fonte Imediata: Própria Lei/Código de Processo Penal/CF/ Súmula Vinculante (STF).

Fonte Secundária: Jurisprudência Súmula – STJ, STN, TST, TRF

Doutrinadores Escritores que interpretam as leis

Costumes habitualidade de conduta(requisito objetivo)


Consciência de obrigatoriedade(requisito subjetivo)

Sistema Processual do Brasil: ACUSATÓRIO


Princípios Constitucionais aplicados ao
a) Imparcialidade Judicial: garante às Processo
f) Princípio da PresunçãoPenal
de Não h) Princípio da Ampla Defesa:
partes um julgamento imparcial, Culpabilidade (ou Inocência): Todo Consiste em se reconhecer ao
realizado por um juiz equidistante acusado é presumido inocente, até acusado o direito de saber que está
das partes, e sem nenhum interesse que seja declarado culpado por e por que está sendo processado;
no processo. sentença condenatória, com trânsito ter vista dos autos do processo; de
b) Juiz Natural: juiz previamente em julgado – art. 5º, LVII, CR/88. O apresentar sua defesa preliminar;
designado por lei e de acordo com as ônus da prova cabe à acusação, não à indicar e produzir provas e ter
normas constitucionais, tem como defesa. advogado que o assista.
finalidade, em último grau, assegurar g) Princípio da Igualdade Processual: as i) Princípio da Publicidade: Quer
a atuação de um juiz imparcial na partes devem ser igualmente dizer que os atos processuais
relação processual. oportunizadas em juízo de fazer valer devem ser realizados
c) Duplo Grau de Jurisdição: Nenhum suas indagações, e serem tratadas publicamente, a vista de quem
juiz em primeira instância decide em igualitariamente, na medida de suas queira acompanha-los, sem
definitivo, cabendo sempre recurso. igualdades, e desigualmente, na segredos e sem sigilo
d) Celeridade e Economia Processual : proporção de suas desigualdades. j) Princípio da Vedação das Provas:
procurar desenvolver todos os atos f) Princípio do Contraditório ou O processo penal deve formar-se
do processo no menor tempo Bilateralidade: Toda alegação fática em torno da produção de provas
possível, dando resposta imediata à ou apresentação de prova, feita no legais e legítimas, inadmitindo-se
ação criminosa e poupando tempo e processo por uma das partes, tem o qualquer prova obtida por meio
recursos das partes. Concretizando- adversário o direito de se manifestar, ilícito. As provas ilícitas não se
se a partir da criação de varas. (Vara havendo um perfeito equilíbrio na confundem com as provas ilegais e
da infância, entre outras) relação estabelecida entre a as ilegítimas
e) Princípio do Devido Processo Legal: pretensão punitiva e à manutenção
ninguém será privado da liberdade do estado de inocência do acusado.
ou de bens sem o devido
procedimento técnico que assegure
as prerrogativas constitucionais.
1.2-Aplicação da lei processual no
tempo
As leis processuais estão reguladas na Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei no
4.657/1942). Assim, em regra, começam a valer após o período de ”vacatio legis” (quarenta e cinco dias depois de publicada).
A lei processual terá validade imediata e geral “respeitando o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido” (LINDB Art.
6º).
Tratando especificamente do Código de Processo Penal, o artigo 2º(CPP) dispõe como regra a aplicação imediata das leis
processuais penais, sem prejuízo dos atos praticados sob a vigência da lei anterior – princípio do tempus “regit actum”. Isto significa
que, entrando em vigor, a lei se aplica, desde logo, aos processos em curso, sem prejuízo dos atos já praticados na vigência da lei
anterior. Assim, tem-se que a lei processual penal nova não retroage (EX-NUNCA)!

Obs.: Não é retroativa nem ultrativa;


Exceção para o prazo recursal em andamento, Normas Híbridas/Mistas (Se for norma mista, de caráter processual e penal material,
prevalece a regra do Direito Penal
Prisão preventiva + Finanças – Quando a lei versar sobre essas aplicar-se-á norma mais benéfica.

1.3-Aplicação da lei processual no


espaço
a) A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território brasileiro, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional. Vigora o princípio da absoluta territorialidade, que impõe a aplicação da lex fori ou
locus regit actum, segundo o qual, aos processos e julgamentos realizados no território brasileiro, aplica-se a lei processual
nacional.
b) Considera-se praticado em território brasileiro o crime cuja ação ou omissão, ou cujo resultado, no todo ou em parte, ocorreu em
território nacional. Foi adotado assim, a teoria da ubiquidade ou mista.
c) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penal, as embarcações e aeronaves públicas ou a serviço do
governo brasileiro, onde quer que se encontrem, e as embarcações e aeronaves particulares que se acharem em espaço aéreo ou
marítimo brasileiro.
d) Não existe extraterritorialidade de Lei Processual Penal, visto que não se tramitam processos brasileiros no exterior.
1.3-Aplicação da lei processual em
• relação às apessoas
Quem tem direito imunidade ? Embaixadores, secretários de embaixadas, pessoal técnico e administrativo das representações,
seus familiares, chefes de estado, representantes de governos estrangeiros e membros das forças armadas. Os prédios das
embaixadas e a residência das pessoas que possuem tais imunidades.
• Pode renunciar ? O Estado acreditante pode renunciar expressamente à imunidade dos seus agentes diplomáticos e das demais
pessoas referidas no art. 37 (art. 32, § 1º, da Convenção de Viena de 1961);
• Não são privilégios (pessoais), são prerrogativas do cargo/função, por isso os detentores da imunidade não podem renunciar a ela,
visto que o privilégio pertence ao cargo e não a pessoa.

2 – Ação Penal
Direito constitucional e abstrato de invocar o Estado-juiz a aplicação da lei penal no caso concreto. FINALIDADE – formar o
devido processo legal, que é meio indispensável para sustentar a condenação criminal de alguém, assegurados o contraditório e a
ampla defesa FUNDAMENTO – “ a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito.” (CF/88 – art. 5.o.
XXXV)

2.1 - Princípios da Ação Penal 2.2 – Prazos para representação e


Pública requisiçãoRepresentação
(Ap. Pública) Requisição
Quem? Vítima + Repres. Legal (CADI) Ministro da
Justiça

Prazo? 6 meses – A partir do momento Não possui


que sabe-se quem cometeu o
crime.

Retratação? Cabe até o oferecimento da Não possui


denúncia feita pelo MP ou Juiz.

Cabe retratação da retração, até 6 meses do conhecimento do


autor do crime.
2.3 - Ação Penal Privada
• Conceito: ação proposta pelo ofendido ou seu repres. legal. O Estado, titular exclusivo do direito de punir (artigo 129, inciso I, da
CF), por razões de política criminal, outorga ao ofendido o direito da ação. O ofendido, em nome próprio, defende o interesse do
Estado na repressão dos delitos.
• Titularidade: Mediante incapacidade de qualquer natureza, o direito de queixa, ou de dar prosseguimento à acusação passa a
ser do CADI (Cônjuge – Companheiro(a) conforme CF/88, Ascendente, Descendente ou Irmão. No caso de ação penal privada
PERSONALÍSSIMA, o direito de ação é intransferível.
• Fundamento: Sua petição inicial é a queixa-crime, regulada entre os arts. 24 a 62 CPP e no art. 100 CP.

2.4 Espécies de A. Penal Privada


• Privada Exclusivamente Privada: Proposta pelo ofendido ou seu representante legal ou (CADI)
• Privada Personalíssima: pode ser promovida única e exclusivamente pelo ofendido. De tal modo, falecendo o ofendido, nada há
que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente.
• Privada Subsidiária Da Pública: proposta pelo ofendido ou por seu representante legal na hipótese de inércia do Ministério
Público em oferecer a denúncia. Caso o querelante abandone o caso, o Ministério Público, poderá, a qualquer tempo retomar a ação
principal.
2.5 Princípios da Ação Penal Privada
2.1 – Prazos (Ap. Privada)
Oferecimento da queixa: 6 meses, a contar do conhecimento
da autoria.
Caso de A. P privada subsidiária: o prazo será de seis meses a
contar do momento em que a vítima ou representante legal
toma conhecimento do encerramento do prazo para o
Ministério Público.
Prazo para o MP oferecer a denúncia: 5 dias, se e réu estiver
preso, e 15 dias, se o réu estiver solto.

Querelante – Vítima / Querelado - Acusado


Delegado implementa
o inquérito ou MP
oferece a denúncia.

Condicionada a representação e a requisição do Ministro da justiça. Com


Natureza de condição de procedibilidade (ñ entra com processo sem isso)
P. Penal
4 Competência

A competência é a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão judicial poderá dizer o direito. É a delimitação do
poder jurisdicional (fixa os limites dentro dos quais o juiz pode prestar jurisdição). Aponta quais os casos que podem ser julgados
pelo órgão do Poder Judiciário. É, portanto, uma verdadeira medida da extensão do poder de julgar.

4.1 Espécies de competência


A doutrina tradicionalmente distribui a competência considerando três aspectos diferentes:

a) ratione materiae: estabelecida em razão da natureza do crime praticado;


b) ratione personae: de acordo com a qualidade das pessoas incriminadas;
c) ratione loci: de acordo com o local em que foi praticado ou consumou-se o crime, ou o local da residência do seu autor.

Como saber qual o juízo competente?

Em primeiro lugar, cumpre determinar qual o juízo competente em razão da matéria, isto é, em razão da natureza da infração
penal. Para a fixação dessa competência ratione materiae importa verificar se o julgamento compete à jurisdição comum ou especial
(subdividida em eleitoral, militar e política).

Ao lado dessas jurisdições especiais (típicas ou não), a Constituição prevê a jurisdição comum estadual ou federal:

a) justiça federal (art. 109, IV) compete processar e julgar os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções penais de
qualquer natureza (que sempre serão da competência da justiça estadual, nos exatos termos da Súmula 38 do STJ:

“compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades”);
b) À justiça comum estadual compete tudo o que não for de competência das jurisdições especiais e federal
(competência residual).

Finalmente, no que diz respeito aos crimes dolosos contra a vida, e outros a que o legislador infraconstitucional
posteriormente vier a fazer expressa referência, a competência para o julgamento será do tribunal do Júri, da
jurisdição comum estadual ou federal, dependendo do caso (art. 5º, XXXVIII, d).

Fixada a competência em razão da matéria, cumpre verificar o grau do órgão jurisdicional competente, ou seja, se o
órgão incumbido do julgamento é juiz, tribunal ou tribunal superior.

Essa delimitação de competência é feita pela Constituição Federal, de acordo com a prerrogativa de função, que é a
chamada competência ratione personae.

A competência ratione personae está assim distribuída:

Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, b e c);

Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, a);

Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, a);

Tribunal de Justiça
• Competência absoluta e relativa
Nos casos de competência ratione materiae e personae e competência funcional, cumpre
observar que é o interesse público que dita a distribuição de competência. Assim, por exemplo,
no caso da jurisdição comum e especial, dos juízes superiores e inferiores (competência originária
e competência recursal) e segundo a natureza da infração penal, a competência é fixada muito
mais por imposição de ordem pública do que no interesse de uma das partes. Trata-se, aí, de
competência absoluta, que não pode ser prorrogada nem modificada pelas partes, sob pena de
implicar nulidade absoluta.
No caso de competência de foro (territorial), porém, o legislador pensa preponderantemente
no interesse de uma das partes. Costuma-se falar, nesses casos, em competência relativa,
prorrogável, capaz de gerar, no máximo, se comprovado prejuízo, nulidade relativa. A
prorrogação de competência consiste na possibilidade de substituição da competência de um
juízo por outro, sem gerar vício processual. Como já se disse, a competência inderrogável é
chamada de absoluta. Ao contrário, quando a lei possibilitar às partes que se submetam a juiz
originariamente incompetente, a competência é tida como relativa.
A competência territorial é relativa; não alegada no momento oportuno, ocorre a preclusão.
Por conseguinte, é prorrogável (STF, Tribunal Pleno, HC-AgR 88.759/ES, rel. Min. Ellen Gracie, j.
31-3-2008).

• Prorrogação de competência necessária e voluntária

A necessária ocorre nas hipóteses de conexão e continência (arts. 76 e 77).


A voluntária ocorre nos casos de competência territorial, quando não alegada no momento processual
oportuno (art. 108), ou no caso de ação penal exclusivamente privada, onde o
querelante pode optar pelo foro do domicílio do réu, em vez do foro do local da infração (art. 73).
Competência “ratione materiae” na Constituição Federal
a) Jurisdições especiais: justiça do trabalho (arts. 111 a 116), justiça eleitoral (arts. 118 a 121), justiça
militar (arts. 122 a 124) e a chamada jurisdição política, no caso de Crimes de responsabilidade
praticados por certas autoridades (julgamento pelo Poder Legislativo).
Obs.: A proibição da existência de tribunais de exceção não abrange a justiça especializada, na medida em
que esta representa divisão da atividade jurisdicional do Estado. Este é o entendimento de Celso Bastos e
Ives Gandra (Comentários à Constituição do Brasil, Saraiva,
p. 204-5).
b) Jurisdição comum ou ordinária: justiça dos Estados (arts. 125 e 126), Justiça Federal (arts. 106 a
110).
c) Competência por distribuição

b) Havendo mais de um juiz competente no foro do processo, a competência será determinada pelo
critério da distribuição. Nesse caso, existem dois ou mais juízes igualmente competentes, por
qualquer dos critérios, para o julgamento da causa. A distribuição de inquérito policial e a
decretação de prisão preventiva, a concessão de fiança ou a determinação de qualquer diligência
(p. ex.: busca e apreensão), antes mesmo da distribuição do inquérito, tornam o juízo competente
para a futura ação penal.

Competência por conexão

Conexão é o vínculo, o liame, o nexo que se estabelece entre dois ou mais fatos, que os torna entrelaçados por
algum motivo, sugerindo a sua reunião no mesmo processo, a fim de que sejam julgados pelo mesmo juiz, diante
do mesmo compêndio probatório e com isso se evitem decisões contraditórias. São efeitos da conexão: a reunião
de ações penais em um mesmo processo e a prorrogação de competência.
Espécies de conexão
Intersubjetiva, que se subdivide em:
a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade (CPP, art. 76, I, primeira parte): quando duas ou mais
infrações são praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, sem que exista liame subjetivo
entre elas, ou seja, sem que estejam atuando em concurso de agentes. É o caso da autoria colateral. Por
exemplo: ao final do jogo entre Corinthians e Portuguesa, em setembro de 1980, após o árbitro ter apitado
um pênalti contra o Corinthians, seus torcedores, impulsivamente, sem ajuste prévio e de inopino,
começaram a destruir todo o estádio do Pacaembu. O ideal é que o mesmo juiz julgue todos os infratores.
– Conexão intersubjetiva concursal ou por concurso (CPP, art. 76, I, segunda parte): quando duas ou mais infrações
são praticadas por várias pessoas em concurso, embora diversos o tempo e o lugar. Nesse caso, os agentes estão
unidos pela identidade de propósitos, resultando os Crimes de um acerto de vontades visando ao mesmo fim. Ao
contrário da primeira hipótese, não há reunião ocasional, mas um vínculo subjetivo unindo todos os agentes. É o
caso, por exemplo, das grandes quadrilhas de sequestradores, em que um executa o sequestro, outro vigia o local,
um terceiro planeja a ação, outro negocia o resgate e assim por diante. Todos devem ser julgados pelo mesmo juiz.

– Conexão intersubjetiva por reciprocidade (CPP, art. 76, I, parte final): quando duas ou mais infrações são praticadas
por várias pessoas, umas contra as outras. É o caso das lesões corporais recíprocas, em que dois grupos rivais bem
identificados se agridem. Os fatos são conexos e devem ser reunidos em um mesmo processo.

b) Conexão objetiva, lógica ou material: quando uma infração é praticada para facilitar a execução de outra (conexão
objetiva teleológica) ou para ocultar, garantir vantagem ou impunidade a outra (conexão objetiva consequencial). No
primeiro caso, tomemos como exemplo o traficante que mata policial para garantir a venda de entorpecentes a seus
clientes. Outro exemplo é o do agente que falsifica cartão de crédito e com ele pratica inúmeros estelionatos (não há
absorção porque o Crime-meio não se exauriu no Crime-fim, já que o documento falsificado continuou sendo usado
após o primeiro golpe). Na hipótese da conexão consequencial, o sujeito, após matar a esposa, incinera o cadáver,
ocultando as cinzas, ou mata a empregada, testemunha ocular do homicídio (garantindo sua impunidade).
c) Instrumental ou probatória: quando a prova de uma infração influir na outra. A questão, aqui,
é de exclusiva conveniência da apuração da verdade real.
• Competência por continência

Na continência não é possível a cisão em processos diferentes, porque uma causa está contida na outra.

• Hipóteses de continência:

a) Quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (CPP, art. 77, I): nesse caso, existe um único
Crime (e não vários), cometido por dois ou mais agentes em concurso, isto é, em coautoria ou em participação,
nos termos do art. 29, caput, do CP. Aqui o vínculo se estabelece entre os agentes e não entre as infrações. É o
caso da rixa (Crime plurissubjetivo de condutas contrapostas), em que se torna conveniente o simultaneus
processus entre todos os acusados. Há um só Crime praticado, necessariamente, por três ou mais agentes em
concurso.
b) No caso de concurso formal (CP, art. 70), aberratio ictus (CP, art. 73) e aberratio delicti (CP, art. 74): aqui, existe
pluralidade de infrações, mas unidade de conduta. No concurso formal, o sujeito pratica uma única conduta,
dando causa a dois ou mais resultados. Por exemplo: motorista imprudente, dirigindo perigosamente (única
conduta), perde o controle e atropela nove pedestres, matando-os (nove homicídios culposos). Na aberratio
ictus, o sujeito erra na execução e atinge pessoa diversa da pretendida ou, ainda, atinge quem pretendia e, além
dele, terceiro inocente. Na aberratio delicti, o sujeito quer praticar um Crime, mas, por erro na execução, realiza
outro, ou, ainda, realiza o Crime pretendido e o não querido. Exemplo: irritado com o preço elevado de um terno,
o sujeito joga uma pedra na vitrine, para produzir um dano na loja; quebra o vidro e, por erro, fere a vendedora
(dano e lesão corporal culposa). Em todos esses casos, as causas são continentes e devem ser julgadas pelo
mesmo juiz.
Competência por prevenção
Prevenção significa prevenir, antecipar.
Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que houver dois ou mais juízes
igualmente competentes, em todos os critérios, para o julgamento da causa. Neste caso, a
prevenção surge como uma solução para determinar qual o juízo competente.
Trata-se de uma prefixação da competência, que ocorre quando o juiz toma conhecimento da
prática de uma infração penal antes de qualquer outro igualmente competente, sendo
necessário que determine alguma medida ou pratique algum ato no processo ou inquérito.
Exemplos de prevenção: decretação da prisão preventiva, concessão da fiança, pedido de
explicações em juízo, diligência de busca e apreensão no processo dos Crimes contra a
propriedade imaterial, distribuição de inquérito policial para concessão ou denegação de
pedido de liberdade provisória etc.
Casos em que não ocorre a prevenção: pedido de habeas corpus, remessa de cópia de auto
de prisão em flagrante, decisão do tribunal que anula processo etc.
A nulidade decorrente da não observância da regra da prevenção é relativa, considerando-se sanada,
quando não alegada no momento oportuno, uma vez que não se vislumbra, aqui, ofensa direta a
princípio constitucional do processo. Esse entendimento, inclusive, é objeto da Súmula 706 do STF: “É
relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção”.
Súmulas STJ

Súmula 6 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito
envolvendo viatura de polícia militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de
atividade. (Súmula 6, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 07/06/1990, DJ 15/06/1990)

Súmula 47 - Compete a Justiça Militar processar e julgar Crime cometido por militar contra civil, com
emprego de arma pertencente a corporação, mesmo não estando em serviço. (Súmula 47, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 20/08/1992, DJ 25/08/1992)

Súmula 48 - Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar Crime de
estelionato cometido mediante falsificação de cheque. (Súmula 48, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
20/08/1992, DJ 25/08/1992)

Súmula 53 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de Crime contra
instituições militares estaduais. (Súmula 53, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 17/09/1992, DJ 24/09/1992)

Súmula 59 - Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos
juízos conflitantes. (Súmula 59, CORTE ESPECIAL, julgado em 08/10/1992, DJ 14/10/1992 p. 17850)

Súmula 62 - Compete a Justiça Estadual processar e julgar o Crime de falsa anotação na carteira de trabalho e
previdência social, atribuído a empresa privada. (Súmula 62, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 19/11/1992, DJ
26/11/1992 p. 22212)

Súmula 75 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por Crime de promover ou
facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. (Súmula 75, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 15/04/1993, DJ
20/04/1993 p. 6769)
Súmula 78 - Compete a Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o
delito tenha sido praticado em outra unidade federativa. (Súmula 78, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
08/06/1993, DJ 16/06/1993)

Súmula 90 - Compete a Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do Crime
militar, e a comum pela prática do Crime comum simultâneo aquele. (Súmula 90, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 21/10/1993, DJ 26/10/1993)

Súmula 91 - Compete a Justiça Federal processar e julgar os Crimes praticados contra a fauna.(*)
Na sessão de 08/11/2000, a Terceira Seção deliberou pelo CANCELAMENTO da Súmula n. 91. (Súmula
91, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 21/10/1993, DJ 23/11/2000)

Súmula 104 - Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos Crimes de falsificação e uso de
documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. (Súmula 104, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 19/05/1994, DJ 26/05/1994 p. 13088)

Súmula 107 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar Crime de estelionato praticado
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não
ocorrente lesão à autarquia federal. (Súmula 107, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 16/06/1994, DJ
22/06/1994 p. 16427)

Súmula 122 - Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos Crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo
Penal. (Súmula 122, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 01/12/1994, DJ 07/12/1994 p. 33970)
Súmula 140 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar Crime em que o
indígena figure como autor ou vítima. (Súmula 140, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
18/05/1995, DJ 24/05/1995 p. 14853)

Súmula 147 - Compete a Justiça Federal processar e julgar os Crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função. (Súmula 147, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 07/12/1995, DJ 18/12/1995 p. 44864)

Súmula 151 - A competência para o processo e julgamento por Crime de contrabando ou descaminho
define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. (Súmula 151, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 14/02/1996, DJ 26/02/1996 p. 4192)
Súmula 165 - Compete à justiça federal processar e julgar Crime de falso testemunho cometido no
processo trabalhista. (Súmula 165, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/08/1996, DJ 23/08/1996 p. 29382)

Súmula 172 - Compete a Justiça Comum processar e julgar militar por Crime de abuso de autoridade,
ainda que praticado em serviço. (Súmula 172, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/1996, DJ 31/10/1996)

Súmula 200 - O juízo federal competente para processar e julgar acusado de Crime de uso de passaporte
falso é o do lugar onde o delito se consumou. (Súmula 200, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/10/1997, DJ
29/10/1997)

Súmula 208 - Compete a Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita
a prestação de contas perante órgão federal. (Súmula 208, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/1998, DJ
03/06/1998)
Súmula 209 - Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba
transferida e incorporada ao patrimônio municipal. (Súmula 209, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 27/05/1998, DJ 03/06/1998)

Súmula 244 - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o Crime de estelionato mediante
cheque sem provisão de fundos. (Súmula 244, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/12/2000, DJ
01/02/2001 p. 302)
I - TEORIA GERAL DA PROVA
1. Conceitos
Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua
finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador.
Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz (Tourinho). Ex.
depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento.
Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no
processo (Magalhães). Ex. testemunha, documento, perícia.
Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova (Magalhães). Ex. denúncia.
Meio de investigação da prova: procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais. Ex.
busca e apreensão; interceptação telefônica.
Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma
comprovação (Tourinho).

2. PRINCÍPIOS
Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das
partes;
Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar
(identidade física do juiz);
Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência;
Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as partes; não há
“dono” da prova.
3. Fatos que independem de prova:

Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Exemplo: em um desastre de avião, encontra-se o corpo de
uma das vítimas completamente carbonizado. Desnecessário provar que estava morta;
Fatos notórios: são os de conhecimento geral em determinado meio. Exemplo: não é necessário provar que o Brasil
foi um Império;
Presunções legais: verdades que a lei estabelece. Podem ser absolutas (juris et de iure), que não admitem prova em
contrário, ou relativas (juris tantum), que admite prova em contrário. Exemplo: menor de 18 anos é inimputável.
* o fato incontroverso não dispensa a prova – busca da verdade real
* não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, principalmente do juiz, aplicador
da Lei.
Como exceção à regra, será necessário provar:
a) leis estaduais e municipais;
b) leis estrangeiras;
c) normas administrativas;
d) costumes.

4. Ônus da prova

É o encargo que as partes têm de provar os fatos que alegam. Nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal,
o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação.
De acordo com a doutrina tradicional: cabe à acusação provar a existência do fato criminoso e de causas que
implicar aumento de pena, a autoria e também a prova dos elementos subjetivos do crime (dolo ou culpa). Ao réu,
por sua vez, cabe provar excludentes de ilicitude, de culpabilidade e circunstâncias que diminuam a pena.
Os poderes instrutório do juiz também estão no art. 156 do CPP. O juiz pode, de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida
sobre ponto relevante.

5. Sistemas de apreciação da prova

Prova legal ou tarifado: as provas têm valor preestabelecido. Aparece em nosso ordenamento como exceção, no art.
158 do CPP.
Convicção íntima do juiz ou certeza moral: juiz é livre para apreciar a prova e não precisa fundamentar sua decisão.
Vigora em nosso ordenamento, como exceção, no julgamento pelo Tribunal do Júri.
Livre convencimento motivado do juiz ou persuasão racional: é o sistema adotado como regra pelo nosso Direito,
conforme art. 155, caput, do Código de Processo Penal, conjugado com o art. 93, IX, da Constituição da República.
Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação
Art. 155, caput, do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

6. Prova emprestada

A maior parte da doutrina aponta para a necessidade de essa prova, quando encartada nos autos, passar pelo crivo do
contraditório, sob pena de perder sua validade. Aponta-se ainda que ela não deve ser admitida em processo cujas
partes não tenham figurado no processo do qual ela é oriunda.
7. Liberdade de prova
No processo penal, somente no que diz respeito ao estado de pessoa é que se observará a restrição à prova, imposta
pela lei civil (art. 155, parágrafo único, do CPP); isso quer dizer que um casamento se prova, também na esfera penal,
pela certidão de casamento extraída dos assentos do Registro Civil das Pessoas Naturais.
No mais, o processo penal brasileiro admite todo e qualquer meio de prova, ainda que não expressamente previsto em
nosso Código.

8. Prova proibida
a) prova ilegítima: obtida com violação de regras de ordem processual. Exemplo: utilização de prova nova no plenário
do júri, sem ter sido juntada aos autos com antecedência mínima de três dias, violando a regra contida no art. 479 do
Código de Processo Penal.
b) prova ilícita: obtida com violação a regras de direito material ou normas constitucionais. Notadamente, as garantias
da pessoa, elencadas na Constituição da República, se violadas, gerarão prova ilícita, conforme preceitua o art. 5º, LVI,
da própria Constituição. Exemplos: provas obtidas com violação do domicílio, mediante tortura, por meio de
interceptação ilegal de comunicação.
* Boa parte da doutrina admite a prova ilícita se for o único meio de provar a inocência do acusado no processo, pois
estar-se-ia privilegiando bem maior do que o protegido pela norma, qual seja, a liberdade de um inocente.
* Princípio da proporcionalidade, oriundo do Direito alemão, que busca estabelecer o equilíbrio entre garantias em
conflito por meio da verificação de como um deles pode ser limitado no caso concreto, tendo em vista, basicamente, a
menor lesividade.
* Prova ilícita por derivação: aquela que é lícita se tida isoladamente, mas que por se originar de uma prova ilícita,
contamina-se também de ilicitude (art. 157, § 1º, do CPP). É a aplicação da teoria fruits of poisonous tree, do Direito
norte-americano, ou, “frutos da árvore envenenada”, cuja imagem traduz com bastante propriedade a idéia da prova
ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão contaminados.
Exceções: se não evidenciado o nexo de causalidade entre ela e a tida como ilícita, bem como se ela puder ser obtida
por fonte independente da ilícita (art. 157, § 1º, do CPP). Considera-se fonte independente aquela que por si só,
segundos os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou da instrução criminal, seria capaz de conduzir ao
fato objeto de prova (art. 157, § 2º, do CPP).

II - MEIOS DE PROVA
1. Perícia (arts. 158 a 184 do CPP)
É o exame realizado por profissional com conhecimentos técnicos, a fim de auxiliar o julgador na formação de sua
convicção. O laudo pericial é o documento elaborado pelos peritos, resultante do que foi examinado na perícia.
A perícia pode ser realizada na fase de inquérito policial ou do processo, a qualquer dia e horário (art. 161 do CPP),
observando os peritos o prazo de dez dias para a elaboração do laudo, prorrogável em casos excepcionais (art. 160,
parágrafo único, do CPP). A autoridade que determinar a perícia e as partes poderão oferecer quesitos até o ato.
Deve ser realizada a perícia por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Poderão ser designados dois
peritos, contudo, se a perícia for complexa, abrangendo mais de uma área de conhecimento especializado, nos termos
do art. 159, § 7º, do CPP. Nota-se que tal designação é excepcional; a regra é a realização do exame por apenas um
perito.
Se não houver perito oficial, será elaborada a perícia por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior e, de preferência, com habilitação na área em que for realizado o exame (art. 159, § 1º, do CPP), as quais
deverão prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo (art. 159, § 2º, do CPP).
É facultado ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado de indicar
assistente técnico, bem como oferecer quesitos (art. 159, § 4º, do CPP). Este deve ser admitido pelo juiz e atuará após a
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, sendo as partes intimadas desta decisão (art. 159, § 4º,
do CPP).
Prevê ainda o Código, quanto às perícias, que as partes podem, durante o curso do processo judicial, conforme art. 159,
§ 5º, I. do CPP, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o
mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima
de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar.
Se houver requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no
ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, § 6º, do CPP).
Em caso de divergência entre dois peritos, o juiz nomeará um terceiro. Se este divergir também de ambos, determinará
a realização de nova perícia (art. 180 do CPP). Se houver omissão ou falha, o juiz poderá determinar a realização de
exame complementar (art. 181 do CPP). Se for necessária a realização de perícia por carta precatória, quem nomeia os
peritos é o Juízo deprecado. Se for crime de ação penal privada e houver acordo entre as partes, a nomeação pode ser
feita pelo Juízo deprecante (art. 177 do CPP).
O juiz não está vinculado ao laudo elaborado pelos peritos, podendo julgar contrariamente às suas conclusões, desde
que o faça fundamentadamente (art. 182 do CPP). Nosso Direito adotou, portanto, o sistema liberatório quanto à
apreciação do laudo, em oposição ao sistema vinculatório, existente em outras legislações.
Exame de corpo de delito. Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pelo crime.
O exame de corpo de delito, direto ou indireto, é indispensável nas infrações que deixam vestígios, não podendo supri-
lo nem mesmo a confissão do acusado, nos termos do art. 158 do Código de Processo Penal. Se não for possível o
exame direto, isto é, no próprio corpo do delito, admite-se a realização pela via indireta, por meio de elementos
periféricos, como a análise de ficha clínica de paciente que foi atendido em hospital.
Exceção: nos termos do art. 167 do Código de Processo Penal, se não for possível a realização do exame, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
2. Interrogatório (arts. 185 a 196 do CPP)
Ato em que o acusado é ouvido sobre a imputação a ele dirigida. Tem dupla natureza jurídica ao interrogatório: é meio
de prova, pois assim inserido no Código de Processo Penal e porque leva elemento de convicção ao julgador; é também
meio de defesa, pois o interrogatório é o momento primordial para que o acusado possa exercer sua autodefesa,
dizendo o que quiser e o que entender que lhe seja favorável, em relação à imputação que lhe pesa.
O interrogatório é ato não preclusivo, isto é, pode ser realizado a qualquer tempo. É permitida também a renovação do
ato a todo tempo, de ofício pelo juiz ou a pedido das partes (art. 196 do CPP).
O acusado será interrogado sempre na presença de seu defensor. Se não tiver um, deve ser-lhe nomeado um defensor
público ou um defensor dativo, nem que seja apenas para acompanhar o ato (ad hoc). Antes do interrogatório, o juiz
deve assegurar o direito de entrevista reservada com seu defensor. Antes ainda de se iniciar o ato, o acusado deve ser
alertado do seu direito ao silêncio, podendo se recusar a responder às perguntas que lhe forem formuladas, sem que
isso seja utilizado em seu prejuízo (art. 5º, LXIII, da CF e art. 186 do CPP).
A regra para o interrogatório do réu preso é ser ele realizado no estabelecimento prisional onde o acusado estiver
recolhido, em sala própria, desde que seja garantida a segurança para os profissionais que ali estarão presentes e a
publicidade do ato.
Excepcionalmente, poderá o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou por requerimento das partes, realizar o
interrogatório do réu preso por videoconferência ou sistema similar, desde que seja necessário para atender a uma das
seguintes finalidades: a) prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; b) viabilizar a participação do
réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade
ou outra circunstância pessoal; c) impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não
seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do mesmo CPP; d) responder à
gravíssima questão de ordem pública.
As partes devem ser intimadas da decisão que determina a realização do ato por videoconferência com antecedência
de 10 dias. O acusado poderá assistir a todos os atos da audiência que antecedem seu interrogatório, devendo o juiz
assegurar a comunicação entre ele e seu defensor através de canais telefônicos reservados. É prevista a participação de
defensor dentro do presídio, ao lado do acusado, para zelar por seus interesses, estando assegurada, também, a
comunicação entre este e o defensor do acusado que esteja na sala de audiências.
Se não for possível a realização do interrogatório nas hipóteses anteriores, o réu preso será requisitado para ser
interrogado em juízo.
A participação do réu preso em outros atos processuais, como acareações, reconhecimento de pessoas e coisas,
inquirição de testemunhas e oitiva da vítima dar-se-á com a observância das mesmas regras expostas para a realização
do interrogatório por videoconferência.
O interrogatório será dividido em duas partes. Na primeira, o juiz deverá inquirir o acusado a respeito de sua vida
pessoal. Na segunda parte, o acusado será indagado sobre:
a) ser verdadeira a acusação;
b) não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a
quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se esteve com elas antes da prática da infração ou depois
dela;
c) onde estava quando foi cometida a infração e se teve notícia desta;
d) as provas já apuradas;
e) se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas, ou por inquirir, desde quando e se tem o que alegar contra elas;
f) se conhece o instrumento com que a infração foi praticada ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha
sido apreendido;
g) todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;
h) se tem algo mais a alegar em sua defesa.
Se o acusado negar a acusação, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas (art. 188 do CPP). Se, por outro lado,
confessar a prática do crime, será indagado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram
para a infração e quem são elas (art. 189 do CPP).
As partes poderão, após a inquirição do juiz, pedir esclarecimentos. Se houver mais de um acusado, eles serão
interrogados separadamente.
Quanto ao interrogatório dos surdos-mudos, deve-se observar a seguinte forma (art. 192 do CPP):
a) ao surdo serão apresentadas perguntas por escrito e as respostas serão orais;
b) ao mudo, serão feitas perguntas orais e as respostas serão oferecidas por escrito;
c) ao surdo-mudo as perguntas e respostas serão por escrito.
Se o interrogando não souber ler ou escrever, bem como se não falar a língua portuguesa, o interrogatório contará com
a presença de intérprete.

3. Confissão (arts. 197 a 200 do CPP)

“Em termos genéricos, no campo do direito processual, a confissão é o reconhecimento realizado em Juízo, por uma
das partes, a respeito da veracidade dos fatos que lhe são atribuídos e capazes de ocasionar-lhe consequências
jurídicas desfavoráveis. No processo penal, pode ser conceituada, sinteticamente, como a expressão designativa da
aceitação, pelo autor da prática criminosa, da realidade da imputação que lhe é feita” (MIRABETE).
A confissão não é tida como prova de valor absoluto, de acordo com o art. 197 do Código de Processo Penal, a
confissão deve ser avaliada em conjunto com os demais elementos de prova do processo, verificando-se sua
compatibilidade ou concordância com eles.
A confissão ocorre costumeiramente no ato do interrogatório, mas nada impede que seja realizada em outro momento
no curso do processo. Neste caso, deverá ser tomada por termo nos autos, conforme dispõe o art. 198 do Código de
Processo Penal. Não existe confissão ficta no processo penal, ou seja, mesmo que o acusado não exerça a sua
autodefesa, não se presumem verdadeiros os fatos a ele imputados.
Estipula ainda o Código que a confissão será divisível, ou seja, o juiz pode aceitá-la apenas em parte, e será também
retratável, isto é, o acusado pode voltar atrás na sua admissão de culpa.
Costuma-se apontar duas espécies de confissão:
a) simples, na qual o réu apenas reconhece a prática delituosa, sem qualquer elemento novo;
b) qualificada, em que o réu reconhece que praticou o crime, mas alega algo em seu favor, como alguma causa
excludente de ilicitude ou de culpabilidade.
4. Declarações do ofendido (art. 201 do CPP)
Sempre que possível o juiz deverá proceder à oitiva do ofendido, por ser ele pessoa apta, em muitos casos, a fornecer
informações essenciais em relação ao fato criminoso. Regularmente intimado, se não comparecer poderá ser
conduzido coercitivamente.
Será ele indagado sobre as circunstâncias da infração, se sabe quem é o autor e quais as provas que pode indicar.
Nos termos do Código, o ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da
prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem (art.
201, § 2º, do CPP). Referida comunicação será feita no endereço por ele indicado, ou, se for sua opção, por meio
eletrônico (art. 201, § 3º, do CPP).
Cuida também o Código da proteção do ofendido, dispondo que antes do início da audiência e durante a sua realização,
será reservado espaço separado para ele (art. 201, § 4º, do CPP), determinando, ainda, que o juiz tome as providências
necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o
segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para
evitar sua exposição aos meios de comunicação (art. 201, § 6º, do CPP).
Caso o juiz entenda necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas
áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, às custas do ofensor ou do Estado (art. 201, § 5º, do CPP).
5. Testemunhas (arts. 202 a 225 do CPP)
São as pessoas estranhas à relação jurídica processual, que narram fatos de que tenham conhecimento, acerca do
objeto da causa.
São características da prova testemunhal:
a) oralidade: o depoimento é oral, não pode ser trazido por escrito, muito embora a lei permita a consulta a
apontamentos, conforme o art. 204 do CPP;
b) objetividade: a testemunha deve responder o que sabe a respeito dos fatos, sendo-lhe vedado emitir sua opinião a
respeito da causa;
c) retrospectividade: a testemunha depõe sobre fatos já ocorridos e não faz previsões.
Estabelece o art. 202 do Código de Processo Penal que toda pessoa poderá ser testemunha. A essa regra geral, porém,
correspondem algumas exceções.
Estão dispensados de depor, o cônjuge, o ascendente, o descendente e os afins em linha reta do réu. Eles só serão
obrigados a depor caso não seja possível, por outro modo, obter-se a prova (art. 206 do CPP). Neste caso, não se
tomará deles o compromisso de dizer a verdade; eles serão ouvidos como informantes do Juízo. Também não se
tomará o compromisso dos doentes mentais e das pessoas menores de 14 anos, conforme disposto no art. 208 do
Código de Processo Penal.
Estão proibidas de depor as pessoas que devam guardar sigilo em razão de função, ministério, ofício ou profissão, salvo
se, desobrigadas pelo interessado, quiserem dar seu depoimento (art. 207 do CPP).
Tecnicamente, testemunha é aquela pessoa que faz a promessa, sob o comando do juiz, de dizer a verdade sobre
aquilo que lhe for perguntado, ou seja, a que assume o compromisso de dizer a verdade, sob pena de ser processada
pelo crime de falso testemunho. As demais pessoas que venham a depor, sem prestar referido compromisso, conforme
já adiantado anteriormente, são denominadas informantes do Juízo ou ainda declarantes.
Na audiência, As testemunhas deverão ser ouvidas de per si, de modo que uma não ouça o depoimento da outra, para
que não exista a possibilidade de influência. Fará ela a promessa de dizer a verdade sobre o que lhe for perguntado, sob
pena de ser processada por crime de falso testemunho. Se o juiz verificar que a presença do réu
poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a
verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente se não for possível, determinará a retirada
do réu da sala de audiências, permanecendo seu defensor. Tudo deverá constar do termo.
A testemunha suspeita de parcialidade ou indigna de fé poderá ser contraditada, devendo o juiz, se for o caso,
dispensar a testemunha ou ouvi-la como informante. As testemunhas que por doença ou idade não puderem
locomover-se serão ouvidas onde estiverem (art. 220, do CPP).
É permitida a oitiva de testemunha por carta precatória, de cuja expedição devem as partes ser intimadas. Tal
expedição não suspende o andamento do processo, mesmo que ela seja devolvida depois do julgamento será juntada
aos autos (art. 222 do CPP).
Admite-se a inquirição de testemunhas que residam fora da área do juízo processante por videoconferência ou sistema
similar, permitida a presença de defensor, podendo ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento.
O sistema anteriormente adotado pela lei processual para inquirição de testemunhas era o denominado
presidencialista, onde a parte não pergunta diretamente à testemunha, mas formula a indagação ao magistrado, que
repete a quem estiver depondo. Com a alteração promovida pela Lei n. 11.690/2008, a inquirição passou a ser feita de
forma direta pelas partes, devendo o juiz interferir e não admitir as indagações que puderem induzir a resposta, não
tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. O juiz poderá complementar a
inquirição se verificar que existem pontos não esclarecidos (art. 212 do CPP).
6. Reconhecimento de pessoas e coisas (arts. 226 a 228)
“É o ato pelo qual uma pessoa admite e afirma como certa a identidade de outra ou a qualidade de uma coisa”
(NUCCI).
Procedimento: primeiro, a pessoa que vai fazer o reconhecimento deve descrever a pessoa que será reconhecida. Esta
será, então, se possível, colocada ao lado de outras que, com ela, tenham semelhança, para que o reconhecedor possa
apontá-la, tomando-se cuidado, se houver receio, para que uma não veja a outra. Entende-se que a semelhança deve
ser física, não exatamente de fisionomia, o que poderia tornar impossível a realização do ato. Se forem várias as
pessoas que irão fazer o reconhecimento, cada uma o fará em separado. Dispõe ainda a lei processual que, em
Juízo ou em plenário de julgamento, não se aplica a providência de impedir que uma pessoa veja a outra no ato do
reconhecimento.
De tudo o que se passou, lavrar-se-á termo, assinado pela autoridade, pela pessoa chamada para efetuar o
reconhecimento e por duas testemunhas. O mesmo procedimento deve ser observado no que diz respeito e no que
couber ao reconhecimento de coisas que tiverem relação com o delito.
7. Acareação (arts. 229 e 230 do CPP)
É o ato processual em que se colocam frente a frente duas ou mais pessoas que fizeram declarações divergentes sobre
o mesmo fato. Pode ser realizada entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou
testemunha e vítima, ou entre vítimas.
É pressuposto essencial que as declarações já tenham sido prestadas, caso contrário não haveria possibilidade de se
verificar ponto conflitante entre elas. O art. 230 do Código de Processo Penal dispõe sobre a acareação por carta
precatória, na hipótese de um dos acareados residir fora da Comarca processante.
8. Documentos (arts. 231 a 238 do CPP)
Nos termos do Código de Processo Penal, consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,
públicos ou particulares (art. 232). Instrumento é o documento constituído especificamente para servir de prova para o
ato ali representado, por exemplo, a procuração, que tem a finalidade de demonstrar a outorga de poderes.
O Código adotou o conceito de documento em sentido estrito. No sentido amplo, podemos dizer que “é toda base
materialmente disposta a concentrar e expressar um pensamento, uma ideia ou qualquer manifestação de vontade do
ser humano, que sirva para demonstrar e provar um fato ou acontecimento juridicamente relevante” (NUCCI). De
acordo com essa interpretação, então, são considerados documentos: vídeos, fotos, CDs etc.
Os documentos podem ser:
a) públicos: aqueles formados por agente público no exercício da função. Possuem presunção juris tantum (relativa) de
autenticidade e veracidade;
b) particulares: aqueles formados por particular.
Em regra, os documentos podem ser juntados em qualquer fase do processo (art. 231 do CPP). Dispõe a lei
processual, contudo, que não será permitida a juntada de documentos no Plenário do Júri, sem comunicar à outra
parte com antecedência mínima de três dias (art. 479 do CPP). Se o juiz tiver notícia da existência de documento
referente a ponto relevante do processo, providenciará a sua juntada aos autos, independentemente de
requerimento das partes. Os documentos em língua estrangeira deverão ser traduzidos por tradutor público.
A cópia autenticada de documento terá o mesmo valor que o documento original (art. 232, parágrafo único, do
CPP). Os documentos juntados aos autos poderão ser desentranhados a pedido da parte, se não houver motivo
que justifique sua permanência nos autos (art. 238 do CPP).

9. Indícios (art. 239 do CPP)

Indício, na definição legal, é toda circunstância conhecida e provada, a partir da qual, mediante raciocínio lógico,
chega-se à conclusão da existência de outro fato.
Em nosso Direito, a prova indiciária tem o mesmo valor que qualquer outra. Há quem sustente que um conjunto de
fortes indícios pode levar à condenação do acusado, tendo em vista o sistema do livre convencimento motivado do
juiz.
Ler o foca no resumo de interceptação
6 Juiz, Ministério Público, acusado, defensor, assistentes e auxiliares da justiça, atos de
terceiros.

Lembrando: nos termos do art. 252, o juiz está impedido de atuar


(exercer jurisdição) no processo em que:

 Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em


linha reta ou colateral até o 3º grau inclusive, como defensor ou
advogado, órgão do MP, autoridade policial, auxiliar da Justiça ou
perito. Ex: Juiz é impedido de atuar no processo em que seu filho é
advogado.
 Ele próprio tiver desempenhado qualquer dessas funções ou servido
como testemunha. Ex: Juiz é impedido de atuar em processo no qual
era advogado, antes de passar noconcurso.
 Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de
fato ou direito, sobre a questão. Ex: Desembargador não pode atuar
em processo do qual foi juiz.
 Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral até 3º grau inclusive, for parte diretamente
interessada no feito. Ex: Juiz é impedido de atuar em processo no qual
seu irmão é réu ou ofendido.

 A imparcialidade é estendida aos juízos coletivos, como Tribunais, já


que não podem servir no mesmo processo juízes que forem entre si
parentes até o3º grau.

Além das causas de impedimento, existem hipóteses de suspeição,


que estão sujeitas à preclusão temporal, estando previstas no art. 254,
de modo que o juiz dar-se-á por suspeito e, se não o fizer, poderá ser
recusado por qualquer das partes, quando:
 For amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
 Tiver aconselhado qualquer daspartes;
 For credor, devedor, tutor ou curador de qualquer das partes, bem
como sócio ou administrador de sociedade interessada no processo;
 Ele, seu cônjuge, ou parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral até o 3º grau inclusive, sustentar demanda ou responder a
processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
 Ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia. Isso para não formar jurisprudência viciada acerca do
tema.
 Lembrando: Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem
reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo
paracriá-la.
 Obs: Percebe-se que se for o advogado amigo ou inimigo do juiz, não
há qualquer efeito. Ex: Juiz e advogado discutem e brigam em uma
audiência. Após, na continuação do processo, não há qualquer
suspeição, pois esta só ocorre em relação às partes e o juiz.
MINISTÉRIOPÚBLICO
 O MP é o titular da ação penal pública, mas tal atribuição não exclui a sua
função também de fiscal da lei. Por isso, no âmbito da ação penal
condenatória, não está o MP obrigado a oferecer a denúncia ou pedir a
condenação do acusado quando não existam elementos paratanto.
Art. 257. Ao Ministério Públicocabe:
 I - promover, privativamente, pública, na formadeste Código; e
 II - fiscalizar a execução dalei.
 Da mesma forma como ocorre com o juiz, o CPP se preocupa com uma
atuação descomprometida do Parquet, de modo que o art. 258 prevê que
as disposições acerca de suspeição e impedimento lhes são aplicáveis, no
que for cabível.
 Art. 258. Os órgãos do MP não funcionarão nos processos em que o juiz ou
qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o 3º grau inclusive, e a eles se estendem, no
que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos
impedimentos dos juízes.
 O MP não deve ser visto como órgão de acusação, mas sim como órgão
legitimado para a acusação nas ações penais públicas.
 Neste sentido, chega-se à conclusão de que o MP deve buscar a Justiça,
de modo que não está obrigado a oferecer a denúncia ou pugnar pela
condenação do réu nas situações em que não entender como plausível.

FUNCIONÁRIOSDOPODER JUDICIÁRIO
 Os servidores da justiça são funcionários públicos pagos pelo Estado
e a serviço do Poder Judiciário, como os escrivães, oficiais de justiça,
auxiliares e escreventes. As regras de suspeição do juiz estendem-se
aos funcionários.
 Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos
serventuários e funcionários da justiça, no que lhes foraplicável.
 Guilherme de Souza Nucci critica o artigo acima, dizendo que os
funcionários da justiça não exercem qualquer ato decisório de
repercussão para a parte no bojo do processo, de modo que não
haveria sentido no art. 274.
 Já o Professor Távora pensa de forma diversa, haja vista que, a
depender do posto ocupado pelo funcionário, há sim como ele
interferir no andamento do processo.

AUXILIARESDOJUÍZO
 Auxiliares do juízo são aqueles que, não sendo servidores, colaboram
com o juiz nos pontos em que este precisa de esclarecimentos
especializados, sendo assim os peritos e os interprets. sendo o perito
escolhido obrigado a aceitar o encargo, salvo escusa, e a partir daí
passando a estar sujeito à disciplina judiciária.
 Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária.
 Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
 Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa,
a autoridade poderá determinar a sua condução.
 Por fim, vale dizer que aos peritos e intérpretes são aplicáveis as
hipóteses de suspeição previstas para os juízes, de modo que a perícia
seja realiza com lisura e sem desvios deconduta.
 Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto
sobre suspeição dos juízes.
 Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos
peritos.
ACUSADOEDEFENSOR
 Primeiramente, ao analisarmos os art. 259-267 do CPP, devemos
atentar para o fato de que estão tacitamente revogadas as normas
que preconizam a necessidade de nomeação de curador para o
menor de 21 anos, haja vista a mudança da menoridade trazida pelo
Código Civil de 2002.
 Pois bem. O acusado é o sujeito passivo da relação processual penal,
não obstante ser o sujeito ativo na relação material penal, ou seja, no
Direito Penal, está no polo ativo, pois é em tese o autor de uma
infração penal.
 Para que alguém seja sujeito passivo de uma relação processual penal,
é necessário o preenchimento de certos requisitos, tais como
capacidade de ser parte (sujeito de direitos e obrigações),
capacidade processual (18 anos) e legitimidade passiva ad causam
(pertinência causal).
 Ao acusado é garantido o direito à ampla, sendo este um direito
indisponível, assim, mesmo que não queira defensor, ao réu será
nomeado um, a menos que ele esteja se defendendo em causa
própria, na qualidade deadvogado.
 Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo
juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua
confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
 Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar
os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
 Portanto, no processo penal o defensor é uma garantia impostergável
do acusado, de modo que a defesa técnica é obrigatória, não obstante
ser facultativa a figura da autodefesa, que juntas compõem a ampla
defesa do acusado.
 Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será
processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público
ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.
 Há na doutrina divergências quanto as figuras do defensor, procurador
e curador. Isso, pois defensor seria somente aquele nomeado pelo juiz
em virtude da não indicação pelo acusado, enquanto quando indicado
por procuração ou no interrogatório, seria correto falarmos em
procurador. A seu turno, a figura do curador é para acusados maiores
de 18anos com problemas mentais.
 Ocorrendo a ausência do advogado, dispõe o CPP que a audiência
poderá ser adiada, se o defensor não puder comparecer por motivo
justificado, cabendo a este provar o impedimento até a abertura da
audiência. Logicamente, essa justificação pode ser feita de forma
simples, até mesmo por telefone, já que ocorrerá normalmente em
situação de imprevisto.
 No Júri, a falta injustificada do advogado implica adiamento da
sessão, o que ocorrerá somente uma vez, sendo que, não sendo
outro constituído pelo réu, o fato será comunicado à OAB,
indicando-se data para nova sessão, no mínimo 10 dias depois, para
que o Defensor Público possa sepreparar.
 Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores
os parentes do juiz.
ASSISTENTE DO MP
 Não são todos os crimes que admitem a figura do
assistente de acusação, já que, para tanto, o crime
deve ter um sujeito passivo determinado, um
ofendido.
 Dessa forma, o CPP prevê que, em todos os termos da ação penal
pública, poderá intervir como assistente do MP o ofendido ou seu
representante legal, ou na falta deste o cônjuge, ascedente,
descendente ou irmão (CADI), não sendo admitida a intervenção do
corréu como assistente do MP no mesmo processo.
 Ademais, a intervenção do assistente será possível enquanto não
transitar em julgado a sentença, recebendo ele a causa no estado em
que se achar.
 No que tange ao pedido de habilitação do assistente nos autos, sempre
será ouvido o MP acerca do mesmo, não cabendo recurso contra a
decisão que o admitir ou não no processo, obviamente devendo
constar nos autos o pedido e a decisão.
 Art. 272. O Ministério Público será ouvido
previamente sobre a admissão do assistente.
 Art. 273. Contra o despacho que admitir ou não o assistente não
caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a
decisão.
 Alguns doutrinadores entendem pela possibilidade de mandado de
segurança contra a decisão sobre o pedido de assistência, mesmo
havendo a previsão de sua irrecorribilidade.
 Cabe agora trazer uma compilação das situações em que será possível a
atuação do assistente do MP, de modo que fique bem claro quais são
as funções por ele exercidas no curso do processo penal. O assistente
poderá interpor recursos:
 Contra a sentença absolutória, inclusive de impronúncia ou absolvição
sumária;
 Contra a sentença que julgar extinta a
punibilidade, como aquela que reconhece a
prescrição;
 Contra a sentença proferida no Tribunal do Júri, desde que não
interposta apelação pelo MP (aqui, o assistente só pode apelar
supletivamente, ainda que não esteja habilitado nosautos);
 Recurso extraordinário ou especial, salvo em caso de decisão
concessiva de habeas corpus;
ASSISTENTEDEDEFESA
 A análise da Lei 9099/95 permite afirmar que a efetiva atuação do
responsável civil, conduzindo a composição dos danos, tendo
repercussão direta na situação jurídica do infrator penal, configura-o
como verdadeiro assistente da defesa, que poderá acarretar na
extinção da punibilidade, caso aceita a composição.
7 Prisão e liberdade provisória. Das medidas cautelares diversas da prisão.
8 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários
públicos.
9 Habeas corpus e seu processo.
Organizações Criminosas (Lei nº12.850/2013)

 Art. 1o Esta Lei define organização


criminosa e dispõe sobre:
 a investigação criminal;
 os meios de obtenção da prova;
 as infrações penais correlatas; e
 o procedimento criminal a ser aplicado.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

ALei 12.850/13 mudou o Código Penal (art. 288):


Associação Criminosa
ORGANIZAÇÃOCRIMINOSA
OBJETODALEI

 Esta lei se aplicatambém:


CRIME
ORGANIZADO
(Tipos e Implicações)
CRIME ORGANIZADO - TIPOS

 Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de


qualquer forma, embaraça a investigação de
infração penal que envolva organização criminosa.
CRIME ORGANIZADO - TIPOS
CRIME ORGANIZADO - TIPOS
CRIME ORGANIZADO - IMPLICAÇÕES

No caso de funcionário público, se houver indícios


suficientes de que este integra organização criminosa,
PODERÁo juiz determinar seuafastamento cautelar
do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à
investigação ou instrução processual.
CRIME ORGANIZADO - IMPLICAÇÕES
CRIME ORGANIZADO - IMPLICAÇÕES
MEIOS
DE
OBTENÇÃO DE PROVA
A COLABORAÇÃO
PREMIADA
COLABORAÇÃOPREMIADA
COLABORAÇÃOPREMIADA
COLABORAÇÃOPREMIADA

Em qualquer caso, a concessão desse benefício


levará em :
a personalidade do colaborador;
a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a
repercussão social do fato criminoso e;
a eficácia da colaboração.
COLABORAÇÃOPREMIADA

O juiz NÃO PARTICIPARÁDASNEGOCIAÇÕESREALIZADASENTREAS


PARTESpara a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá:

entre o DELEGADODEPOLÍCIA, o INVESTIGADO e o DEFENSOR,


com a manifestação do Ministério Público (durante o IP)

ou, conforme o caso:

 entre o MINISTÉRIO PÚBLICO, o INVESTIGADO e seu DEFENSOR (durante o IP); ou


 entre o MINISTÉRIO PÚBLICO, ACUSADOe seu DEFENSOR(durante o processo ou
após a sentença).
COLABORAÇÃOPREMIADA
COLABORAÇÃOPREMIADA
COLABORAÇÃOPREMIADA

O TERMO DEACORDOdeve conter os seguintes elementos, nos termos da


própria lei:
o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de
polícia;
a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado
de polícia, do colaborador e de seudefensor;
a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à
sua família, quando necessário.
COLABORAÇÃOPREMIADA

As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas


diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no
prazo de 48 horas.
COLABORAÇÃOPREMIADA

O ACESSO AOS AUTOS, como forma de garantir o êxito das


investigações, será restrito ao:
 ao juiz;
 ao Ministério Público; e
 ao delegado de polícia,

assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo


acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do
direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial,
ressalvadososreferentes àsdiligências emandamento.
AÇÃO
CONTROLADA
AÇÃO CONTROLADA

 Consiste a ação controlada em retardar a


intervenção policial ou administrativa relativa à
ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se
concretize no momento mais eficaz à formação de
provas e obtenção de informações.
AÇÃO CONTROLADA

 Significa o adiamento da ação policial contra a


organização criminosa, com o objetivo de aguardar um
momento que produza melhor efeito e,
consequentemente, alcance um maior número de
criminosos, visando à desestruturação de toda a
organização.

FLAGRANTERETARDADO
AÇÃOCONTROLADA

 O retardamento deve ser comunicado com


antecedência ao Juiz, e este, se for o caso,
estabelecerá seus limites e comunicará ao
Ministério Público.
AÇÃO CONTROLADA

 Se a ação controlada envolver a travessia de


fronteiras, somente pode haver o retardamento com a
cooperação das autoridades dos países que sejam
considerados como provável itinerário ou destino do
investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio
do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.
AÇÃO CONTROLADA
INFILTRAÇÃO
DE
AGENTES
INFILTRAÇÃO DEAGENTES

 A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação,


representada pelo delegado de polícia OU requerida pelo
• Ministério Público,
após manifestação técnica do
delegado de polícia quando solicitada no
curso de inquérito policial, será precedida de
CIRCUNSTANCIADA, MOTIVADA e SIGILOSA autorização
judicial, que estabelecerá seus limites.

Na hipótese de representação do delegado de polícia, O


JUIZ COMPETENTE, antes de decidir, OUVIRÁ O MINISTÉRIO
PÚBLICO.
INFILTRAÇÃO DEAGENTES

 Será admitida a infiltração se houver


indícios de infração penal relacionada à
organização criminosa e se a prova não puder
ser produzida por outros meios disponíveis.
INFILTRAÇÃODEAGENTES

O requerimento do Ministério Público ou a


representação do delegado de polícia para a
infiltração de agentes conterão:
a demonstração da necessidade da medida;
o alcance das tarefas dos agentes;e
quando possível, os nomes ou apelidos
das pessoas investigadas e o local da infiltração.
INFILTRAÇÃO DEAGENTES
INFILTRAÇÃO DEAGENTES
INFILTRAÇÃO DEAGENTES

 Asinformações quanto à necessidade da operação de infiltração


serão dirigidas diretamente ao JUIZ COMPETENTE, quedecidirá
no prazo de 24 horas, devendo-se adotar as medidas
necessárias para o êxito das investigações e a segurança do
agente infiltrado.

 na hipótese de representação do DELEGADO DE POLÍCIA, deverá


haver MANIFESTAÇÃO PRÉVIA do Ministério Público, para que o juiz
tome a providência acima.
INFILTRAÇÃO DEAGENTES

 São DIREITOS do agente:


 recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
 ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto
no art. 9º da Lei no 9.807/99, bem como usufruir das medidas de
proteção a testemunhas;
 ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais
informações pessoais preservadas durante a investigação e o
processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
 não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado
pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização POR
ESCRITO.
INFILTRAÇÃO DEAGENTES
ACESSOA REGISTROS,DADOS
CADASTRAIS,DOCUMENTOS E
INFORMAÇÕES
ACESSOAREGISTROS,DADOS EOUTROSDOCUMENTOS

 O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,


INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, apenas aos dados
cadastrais do investigado que informem exclusivamente:
 a qualificação pessoal;
 a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral;
 empresas telefônicas;
 instituições financeiras;
 provedores de internet e;
 administradoras de cartão de crédito.
CRIMESOCORRIDOS
NA
INVESTIGAÇÃO
ENA
OBTENÇÃODAPROVA
CRIMESNA INVESTIGAÇÃO ENA OBTENÇÃODAPROVA
CRIMESNA INVESTIGAÇÃO ENA OBTENÇÃODAPROVA
10 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal.
 INDENIZAÇÃO AO CONDENADO POR ERRO E AO QUE CUMPRIR
PENA ALÉM DO PRAZO (inciso LXXV) – Com relação a este inciso,
apenas uma observação: O preso provisório não tem direito à
indenização caso, posteriormente, seja considerado inocente. Isto
porque a prisão provisória tem natureza cautelar, e não se fundamenta na
culpa do indiciado/acusado. Assim, a posterior sentença absolutória não
representa assunção, pelo Estado, de um “erro” anterior.

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