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Doenças Exantemáticas

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

TANIA M.C. OLIVEIRA


PEDIATRIA PUC-CAMPINAS
DOENÇAS EXANTEMÁTICAS

DEFINIÇÃO: cursa com erupção na pele e/ou mucosas


CLASSIFICAÇÃO DOS EXANTEMAS
• MACULOPAPULAR
• MORBILIFORME
• ESCARLATINIFORME
• RUBEOLIFORME
• URTICARIFORME
• PAPULO VESICULAR
• PETEQUIAL OU PURPÚRICO
DOENÇAS QUE CLASSICAMENTE CURSAM COM
EXANTEMA

• MACULOPAPULARES
- SARAMPO
- ESCARLATINA (micro)
- RUBÉOLA
- EXANTEMA SÚBITO
- ERITEMA INFECCIOSO
• PAPULO VESICULARES
- VARICELA
- VARÍOLA
Diag. diferencial das exantemáticas maculopapulares
DOENÇA PERÍODO PERÍODO SINAIS CARACTERÍSTICOS
PRODRÔMICO EXANTEMÁTICO
SARAMPO 3 a 5 dias de febre alta, Exantema avermelhado, maculopapular, Manchas de Koplik
tosse rebelde e que se inicia atrás da orelha. Máxima
conjuntivite. intensidade no terceiro dia, desaparece
no sexto dia. Manchas pardas
residuais.Descamação leve, nunca de
palmas e plantas

Geralmente não há Exantema róseo, discreto,


RUBÉOLA linfadenomegalia cervical,
pródromos. excepcionalmente confluente. Máxima
retroauricular e occipital.
intensidade no segundo dia, desaparece
no quinto dia. Sem descamação. Mais
frequente na primavera.

ESCARLATINA Exantema eritematoso puntiforme.


12 a 24h de febre e mal- Hemograma: leucocitose,
estar.. Palidez peri-bucal (sinal de Filatov),
neutrofilia, eosinofilia.
linhas nas dobras de flexão (sinal de
Evidências laboratoriais de
Pastia).Descamação extensa, mãos e
estreptococcia.
pés, principalmente.
Diag. diferencial das exantemáticas maculopapulares
DOENÇA PERÍODO PERÍODO SINAIS CARACTERÍSTICOS
PRODRÔMICO EXANTEMÁTICO
ERITEMA Geralmente não há Exantema facial em forma de borboleta, Nenhum.
INFECCIOSO
pródromos com palidez peribucal; em seguida
membros e finalmente tronco. Aspecto
rendilhado. Reaparição por ação de
irritantes cutâneos. Sem descamação.

3 a 7 dias de febre alta e Exantema róseo, discreto, semelhante ao


EXANTEMA Nenhum.
SÚBITO irritabilidade. da rubéola. Pode durar apenas algumas
Convulsões não são horas. Inicia-se caracteristicamente no
raras. tronco, após o desaparecimento da febre.
Sem descamação.
Sarampo

RNA vírus
Morbilivurs Paramixovirus
P. incubação: 8 a 12 dias
Pródromo:Febre alta > 38,3 0C
Tosse,Coriza,Conjuntivite
(fácies catarral)
Enantema - Koplik
Exantema morbiliforme
Descamação
Caso autóctone de PE em 10/04
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Sarampo - Koplik
• Transmissão respiratória
• Contagiosidade > 90%,
desde 1 a 2 dias antes até
o 5º dia após o surgimento
do exantema
• Koplik – pequenas
máculas branco-
acinzentadas na mucosa
oposta ao segundo molar,
pode preceder o exantema
( 1 ou 2 dias antes até 2
dias após o aparecimento
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do exantema)
Características do Sarampo
• Exantema surge 2 a 4 dias após pródromos e
14 dias após exposição
• Maculopapular e torna-se confluente
• Início face e cabeça
• Espalha-se para tronco, braços e pernas
• Persiste por 5 a 6 dias (febre concomitante)
• Desaparece na ordem em que surgiu
• Descamação leve, furfurácea
Complicações do Sarampo
• Otite média aguda - 7% - 9%
• Pneumonia - 1% - 6%
• Diarréia – 8%
• Desnutrição
• Complicações oculares
• Encefalite aguda 1/1.000
• Panencefalite Esclerosante
Subaguda é tardia (10 anos)
• Na gestante - parto
prematuro e recém-nascido
de baixo peso OMS 2002
Letalidade do Sarampo

• EUA - 1 a 3 por 1.000


• > 25% nos países em
desenvolvimento
• Fatores de risco :
– Menores de 1 ano
– Desnutridos
– Deficiência de
Vitamina A
– Imunodeprimidos:
leucemia, HIV

OMS 2002
Diagnóstico do Sarampo
• Clínico
• Dados epidemiológicos
• Anamnese
• Exame físico (fácies catarral, exantema, Koplik)
• Situação vacinal
• Laboratorial
• Sorologia com IgM reagente (ELISA) na fase
aguda ou incremento de títulos de IgG em
sorologias de amostras pareadas (fase aguda e
após 2 a 3 semanas)
Prevenção e Tratamento
• Tratamento
• Não há tratamento específico
• Sintomáticos
• Higiene nasal e ocular
• Tratamento das complicações
• Prevenção
• Vacina é a única forma de prevenção – Tríplice
viral (SCR)
Primeira dose (doze meses) confere imunidade
de 95%
Segunda dose(cinco anos) confere imunidade
de 99%
Diagnóstico Diferencial do Sarampo
• Sarampo modificado
• Febre baixa,
• Exantema leve
• Ausência de Koplik
• Lactentes
• Uso de Imunoglobulina
• Vacinados (1963)
• Finlândia: 685 crianças vacinadas – 0,8% positivo
• Sarampo atípico
• Indivíduos vacinados com vacina de vírus mortos
• Ausência de anticorpos contra proteína F,
responsável pela penetração do vírus nas células
• Outras doenças exantemáticas
Rubéola
• RNA vírus Rubinivirus
• Predomínio primavera
• P. Incubação 14 a 23 dias
• > Transmissão 7 dias antes
até 5 0 dia do exantema
Crianças:
• Febre baixa ou ausente
• Exantema: leve, com início
retroauricular e distribuição
cranio-caudal
• Maculopapular róseo e não
coalescente
• Linfadenomegalia:
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cervical e retroauricular
Síndrome da Rubéola Congênita
> 50% no primeiro mês
gestação
• Surdez
• Catarata
• Retinopatia
• Glaucoma
• Doenças cardíacas
• Problemas neurológicos
• Baixo Peso
• Hepatoesplenomegalia
• Trombocitopenia

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Diagnóstico e Prevenção da Rubéola
• Clínico
• Dados epidemiológicos
• Anamnese
• Exame físico (adenomegalia, exantema)
• Situação vacinal
• Laboratorial
• Sorologia com IgM reagente (ELISA) na fase
aguda ou incremento de títulos de IgG em
sorologias de amostras pareadas (fase aguda e
após 2 a 3 semanas)
• Prevenção: vacina tríplice viral (SCR)
Escarlatina

Etiologia e Transmissão:
S.pyogenes, bactéria B hemolítica
do grupo A, produtor de toxina
eritrogênica
• Grupo etário: 2 a 10 anos
• P. I.: 2 a 5 dias
• Pródromo: concomitante ou após
faringoamidalite membranosa, surge
febre alta e mal-estar, precedendo
em 12 a 24h o exantema
Escarlatina

Exantema maculopapular,
puntiforme (pele áspera) e amidalite
• Predomínio dobras (S. Pastia)
• Sinal Filatov – palidez perioral
• Língua em framboesa
• Petéquias no pálato
• Descamação (em luva)
• S. pyogenes – complicações
supurativas e não supurativas
Escarlatina

DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E
PROFILAXIA
• Diagnóstico laboratorial: teste
rápido (aglutinação de Látex) em
seceção de orofaringe
• Tratamento: específico com
antibiótico ( penicilina benzatina)
• Prevenção: não há vacina. Tratar
contactantes portadores.
Eritema Infectioso - Megaloeritema

Parvovírus B 19 (DNA)
• P. Incubação 4 a 14 dias
• Predomina em crianças – 5 a 15 anos
• Transmissão direta – respiratória ou
vertical (placenta infectada)
• Período de contágio: uma semana
antes do exantema. Não há
necessidade de isolamento
•Ausência de pródromos
• Raramente com febre
Eritema Infectioso - Megaloeritema

• Exantema: inicia-se na face


• Bordas elevadas e quentes, palidez perioral
(borboleta ou face esbofeteada)
• Após 1 a 4 dias acomete face extensora de
membros, a seguir flexora e tronco
• Lesão inicial: máculo-pápula que aumenta de
tamanho, deixando região central pálida –
aspecto rendilhado
•Duração 10 dias
• Exacerbação com calor, frio, sol
• Complicação
• Crises de anemia aplástica
• Morte fetal
•Não há vacina
Roséola Infantum – Exantema Súbito

Herpes Vírus Humanos tipo 6 e Herpes Vírus Humanos tipo 7


Família Herpesviridae
- P.I.: 9 a 10 dias HVH 6 e desconhecido para o HVH 7
- 90% das infecções em crianças menores de 2 anos
- maior incidência em lactentes com 7 a 13 meses
- Pródromo: Febre alta ( > 39 0 C), contínua por 3 a 7 dias
antes do exantema. Febre cede em lise
- Exantema maculopapular rosado, em tronco depois cabeça e
membros, de curta duração
- 10 a 15% apresentam convulsão febril. Não há vacina.
Doenças que podem apresentar Exantema Maculopapular na sua evolução

• Dengue
• Mononucleose: 10 a 15% dos casos
• Adenovírus: 5% dos casos .Mais evidente
em epidemias.Febre faringo-conjuntival.
• Micopasmose: 10%
• Febre Tifóide: 10 a 15% - Roséola Tifoídica
• Toxoplasmose
• Kawasaki
Enantemas e Exantemas Papulo-Vesiculares

HVH1 - Herpes virus simplex tipo 1


• Gengivoestomatite, cutâneo, genital,
encefalite
• Recorrência: labial, cutâneo, encefalite
HVH2- Herpes virus simplex tipo 2
• Genital, cutâneo, neonatal,
meningoencefalite
• Recorrência: genital e cutâneo
HVH3- Varicela – zoster
Herpes Simplex Humanos

Public Health Image Library


Herpes Simplex Humanos
Período neonatal
• 25% doença disseminada
– Figado e pulmões
• 35% doença SNC
• 40% pele, olhos e boca
Após Período Neonatal
• Assintomática
• Gengivoestomatite
• Herpes labial
• Herpes genital
• Eczema herpetico
• Encefalite, meningite Public Health Image Library
Varicela-zoster

Varicela Zoster
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Varicela

• P. I.: 10 a 21 dias
• Pródromo pobre: febre baixa
• Muito contagiosa - 87%
• Transmissão - contato direto e
respiratório de 2 dias antes até
5 dias após o surgimento do
exantema (fase de crostas)
• Vesículas ricas em vírus
• Pico incidência na primavera
• Média - 250 - 500 lesões
Varicela

• Exantema pode ser a primeira


manifestação
• Muito pruriginoso
• Distribuição centrípeta
• Lesões pleomórficas,
concomitantes
• Pápulas=> vesículas de
conteúdo claro=>vesículas
turvas=> crostas (24 a 48hs)
• Acomete mucosas
Varicela

Mortalidade
• População - 6,7 / 100.000

Letalidade
• Crianças normais - 1 / 10.000
• Adultos 30 - 40 anos - 25 / 10.000
• Imunodeprimidos - 7 % - 28 %

*Peterson et al, 1996


COMPLICAÇÕES DA VARICELA

• Gestação < 20 semanas - 1% - 2%


• Menores de um ano
– Celulite, abscesso
• Adolescentes e adultos
– Pneumonia - 5 - 10 x maior
– Encefalite - 7 x maior
– Letalidade - 25 x maior
Imunidade
– Idosos, HIV, transplantes, câncer
Complicações da Varicela-Zoster

Infecção cutânea Síndrome da pele escaldada

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Complicações da Varicela em crianças

5% a 10% dos casos, em crianças


• Mais frequentes: infecções pele e tecidos moles
– Agentes: S. aureus e Streptococcus BHGA
– > frequência em crianças de creches, onde há maior
risco de infecção por SBHGA
• Otite média - 5%
• Trombocitopenia - 5 a 16%, geralmente leve
• Hepatite leve - 20% a 50% (transaminases)
• Ataxia - 1: 4.000
• Síndrome de Reye (uso de aspirina)
• Encefalite - 1: 5.000 Canadá, 1999
Varicela-Tratamento e Prevenção

Tratamento: medidas gerais


– Antitérmicos (exceto salicilatos)

– Anti-histamínicos para reduzir o prurido

– Soluções anti-sépticas tópicas

– Tratamento específico de complicações

Prevenção
– Vacina com vírus vivo atenuado a partir de 1 ano de idade (não
consta do calendário oficial)

– Contactantes não imunes: vacinar até 72/96hs após exposição


Varíola

• DNA vírus
• Doença muito contagiosa
• Altas taxas de letalidade
• Complicações graves
• Cicatrizes
• Erradicada por vacina
• Último caso na Somália, em
1977

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Enterovírus - Cox A e B e Echovirus
Enantemas e Exantemas mistos
RNA vírus
Transmissão fecal-oral
Verão e outono
P. Incubação: 3 a 6 dias
• Doença febril inespecífica
• IVAS herpangina,
estomatite, pneumonia
• Exantema
• Meningite asséptica,
encefalite, paralisia
• Alt. Gastrointestinais
• Manif. Oculares
• Pericardite, miocardite
Public Health Image Library
Doença Mão Pé Boca

• Enterovírus – Coxsackie A 16
• Fecal-oral
• Predomina verão e outono
• P. Incubação: 3 a 6 dias
• Lesões ulceradas na boca
• Vesículas mãos e pés
Echovirus tipo 9
• Meningite asseptica, Exantema inespecífico, Encefalite

Public Health Image Library


Outros diagnósticos
• Outras doenças infecciosas
• - meningococcemia, hanseníase...
• Púrpuras
– Trombocitopênica, Henoch Schoenlëin
• Reações a medicamentos
• Vasculites
• Doenças dermatológicas
– Eczema atópico, dermatite seborréica
• Doenças reumatológicas
– Febre reumática, lupus, artrite reumatóide
• Doenças de etiologia desconhecida - Kawasaki
Exantemas purpúricos

Evolução desfavorável

Púrpura da www.vaccineinformation.org
meningococcemia
Reações dermatológicas a medicamentos

Exantema Urticária Erupção fixa

Penicilinas Salicilatos/AINH Salicilatos/AINH


Sulfonamidas Penicilinas Barbitúricos
Cefalosporinas Sulfonamidas Sulfonamidas
Tetraciclina Griseofulvina Anticoncepcionais
Griseofulvia Fenobarbital Fenolftaleína
Anticonvulsivantes Insulina Tetraciclina
Insulina Tetraciclina

Paller, 1995
Ferramentas para o Diagnóstico Diferencial

Anamnese
• Identificação: procedência, idade
• HMA: características da febre, latência até
início do exantema, ordem cronológica do
surgimento das lesões, sintomas associados
(prurido, edema, dor,etc.)
• Dados epidemiológicos
• Calendário vacinal
Ferramentas para o Diagnóstico Diferencial

Exame Físico
• Examinar sem roupa
• Observar: distribuição das lesões, simetria,
intensidade, delimitação e configuração
• Palpar gânglios
• Mucosas
• Exames laboratoriais: hemograma, sorologias
específicas (geralmente desnecessários)
FIM

MUITO OBRIGADA !

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