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da família
Philippe Ariès
Visão geral do livro
• Prefácio
• 1 As Idades da Vida
• 2 A Descoberta da Infância
• 5 Do Despudor à Inocência
• Os textos da Idade Média sobre esse tema são abundantes. “Le grand propriétaire de totes choses”
(enciclopédia, compilação latina, datada do século XVII, que retomava todos os dados dos escritores
do Império Bizantino) trata das idades em seu livro Vl. Aí, as idades correspondem aos planetas, em
número de 7. (Ver página 12).
• A popularidade das "idades da vida" tornou este tema um dos mais frequentes da iconografia
profana. [...] foi sobretudo no século XIV que essa iconografia fixou seus traços essenciais, que
permaneceram quase inalterados ate o século XVIII; reconhecemo-los tanto nos capitéis do palácio
dos Doges como num afresco dos Eremitani de Pádua. (Ver página 39).
• Com um ano e cinco meses o menino toca violino e canta ao mesmo tempo,
lembrando que este instrumento não era nobre, também brincava com cavalo de
pau, o catavento e o pião. A dança e o canto tinham uma grande importância
naquela época e ainda com a mesma idade o menino já jogava malha, isso
equivaleria hoje a uma criança praticando golfe.
• Com dois anos e sete meses recebe uma “pequena carruagem cheia de bonecas”,
era normal que meninos e meninas (e até mesmo os adultos) partilhassem deste
brinquedo.
• Na noite de Natal, com três anos e já falando corretamente, o Delfim ganhou uma
bola e algumas quinquilharias italianas, como uma pomba mecânica (eram
brinquedos destinados tanto a ele quanto a Rainha).
• Com quatro a cinco anos já praticava arco, jogava xadrez, jogos de raquetes, rimas,
ofícios, mímicas e inúmeros outros jogos de salão. Luís XIII dançava balé e danças de
meninos de quinze anos.
• Essa evolução foi comandada pela preocupação com a moral, a saúde e o bem comum.
Uma evolução paralela especializou segundo a idade ou a condição os jogos que
originariamente eram comuns a toda a sociedade.
• É notável que a antiga comunidade dos jogos se tenha rompido ao mesmo tempo
entre as crianças e os adultos e entre o povo e a burguesia. Essa coincidência nos
permite entrever desde já uma relação entre o sentimento da infância e o sentimento
de classe.
5 Do Despudor à Inocência
• Século XVI inicio XVII: A infância era ignorada. As crianças eram tratadas com liberdades
grosseiras e brincadeiras indecentes. Não havia sentimento de respeito e nem se acreditava na
inocência delas. Nos dias de hoje isso nos choca, diferente daquela época, pois era
perfeitamente natural.
• A pedofilia fazia parte dos costumes daquele período, brincadeiras sexuais entre crianças e
adultos. Elas ouviam e viam tudo que se passava no mundo dos adultos. Acreditavam que se as
crianças fossem muito pequenas, esses gestos não teriam consequências e neutralizariam a
“maldade” ou “malícia”, e se fossem maiores esses jogos não seriam feitas com segundas
intenções, uma vez que eram apenas brincadeiras.
• Surge na França e na Inglaterra, entre Católicos e Protestantes no fim do século XVI, uma
preocupação sobre o respeito da infância. Certos educadores começaram a se preocupar com
as linguagens utilizadas em livros; preocupação também com o pudor e cuidados com a
castidade.
• A grande mudança nos costumes se daria durante o século XVI. Um grande movimento moral
refletia com uma vasta literatura pedagógica. A criança adquire dentro da família importância
e torna-se brinquedinho do adulto. Começa a se falar sobre a sua fragilidade, comparando-as
com os anjos. A concepção moral da infância associava a fraqueza com a inocência, pois refletia
a pureza divina da criança.
Conclusão
Os Dois Sentimentos da Infância
• Na sociedade medieval: o “Sentimento da infância” não existia - o que não quer
dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O
sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças,
corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que
distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem.
• Havia também uma grande preocupação com sua saúde e até mesmo sua
higiene. Tudo o que se referia às crianças e à família tornara-se um assunto sério
e digno de atenção. Não apenas o futuro da criança, mas também sua simples
presença e existência eram dignas de preocupação - a criança havia assumido
um lugar central dentro da familia.
Referência
ARIÈS,
Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2015.