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AS

 NAVIO NEGREIRO
Autores:
Gloria Moura
Lilia K. Moritz Schwarcz
Ernst W. Hamburger
texto parcial do livreto da Exposição "Em
torno de Zumbi"
Diagramação: Francisco Bryan

abril de 2003

Alunos:
Ana Cristina S. Gama
23107
Ana Lucia F. S. Santana
22257
Edimar de Paula Bispo
22378
Eldinete R. Silva 22763
Guilherme S. Carvalho
23536
 AGRADECIMENTOS

 Primeiramente gostaríamos de agradecer a
Deus por termos conseguido realizar tal projeto.
Também às nossas famílias que torceram desde o
primeiro momento e compreenderam as vezes em
que tivemos que abrir mão do aconchego familiar
para estudar e aos nossos professores pelo apoio
incondicional.
 SUMÁRIO
1. Contexto Histórico 4
2. Escravos Urbanos 8
3. Escravos Rurais 8
4. Escravos Domésticos 9
5. Escravos Mineradores 9
6. Alimentação 10
7. Casamento 11
8. Moradia 11
9. Roupas 12
10.Os Libertos 12
11.Marcas 13
12.Reinvenção da Identidade 13
13.A conquista da Liberdade:
 A Rebelião de Cada Um 14
14. Castigos 14
15. Fim da Viagem? 15
16. Referências 16

1.
2.

1.CONTEXTO HISTÓRICO
 O Brasil carrega uma triste marca: a
de ter sido a última nação do mundo a
abolir a escravidão. Presente já na
Antiguidade, o cativeiro humano é
recriado, junto com o capitalismo comercial
e o movimento de expansão colonial, e
tem em nosso país um local de
preferência. Entre a segunda metade do
século XVI e o ano de 1850, data da
abolição definitiva do tráfico negreiro, o
número de cativos africanos importados é
avaliado em 3,6 milhões de homens.
 Nosso país transforma-se em um
território negro e mestiço. Entendido como
 peça, como coisa, o escravo perde sua
origem e sua personalidade para se
transformar em um sujeito sem corpo,
antepassados, nome ou bens próprios.
 Esta exposição conta a história
desses homens que não só lutaram por
sua sobrevivência, como reinventaram sua
própria existência. Dar voz a essa fala
silenciada é um mistério, nem sempre fácil
de ser desvendado.

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Aprendemos a conhecer a África por meio dos marcos da
história européia. Na pré-história este continente aparece
como o local onde viveram nossos primeiros
antepassados; na Idade Antiga, surge como o berço da
civilização egípcia. Por fim, só reaparece a partir do século
XV, como um apêndice do mundo moderno europeu. A
África, porém, tem uma história para contar. É por meio da
tradição oral que os historiadores tentam hoje reconstruir
os fragmentos da memória desse continente tão
dilacerado pelo intenso tráfico de escravos e pela partilha
colonial.

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 Nunca saberemos ao certo quantos
africanos foram arrancados de sua terra natal.
Para o Brasil vieram negros de dois grandes
grupos étnicos: os bantos, predominantemente
originários do Sudoeste e Sudeste africanos, e
também os sudaneses, procedentes do Noroeste
do continente. Da Costa da Mina partiram
sobretudo os sudaneses, dentre os quais
destacam-se os iorubas ou nagôs, os jejes e os
fanti-achantis. Por sua vez, de São Paulo de
Luanda vieram os bantos, sendo as maiores
levas compostas pelos angolas, caçanjes e
bengalas.
 Com o acelerado despovoamento,
desorganizaram-se a política e a economia das
sociedades africanas. Antes da chegada dos
portugueses, escravos eram prisioneiros de
guerra que se incorporavam ao grupo que os
capturava. Bem diversa foi a escravidão imposta
pelos europeus, orientada pelo lucro. Abre-se
assim um importante setor do tráfico mercantil: o
comércio de seres humanos. As proas dos
navios negreiros voltam-se com toda força para o
novo continente.

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 Mal alimentados e vitimados pelas epidemias que


grassavam a bordo dos navios, os negros morriam
com facilidade. Nos porões, aglomeravam-se de
trezentas a quinhentas pessoas para uma viagem
que leva de trinta a cinqüenta dias. Com
freqüência, 10% a 20% das peças não chegavam
a seu destino. O tráfico negreiro para o Brasil foi
intenso até 1850, quando acabou sendo suspenso
após uma longa polêmica com a Inglaterra.

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2.ESCRAVOS URBANOS
O universo do trabalho resumia-se ao mundo dos
escravos. Vendedores ambulantes, negras
quituteiras, negros de ganho oferecendo-se como
pedreiros, barbeiros, alfaiates, funileiros ou
carpinteiros eram figuras obrigatórias nas ruas
das cidades.

3.ESCRAVOS RURAIS
Os escravos rurais correspondiam à imensa
maioria dos cativos. Suas condições de trabalho
e a possibilidade de conseguir alforria eram
inferiores às de seus parceiros da cidade. No
campo, o poder e a autoridade do senhor não
possuíam limites.
Na zona rural, a jornada de trabalho era extensa:
as atividades começavam antes do nascer do sol
e, na época de colheita, estendiam-se até as
onze horas da noite. Existiam ainda os escravos
pastoris, numerosos nos campos do Sul do país,
que, em virtude da sua ocupação, ficavam menos
sujeitos à vigilância senhoral.

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4.ESCRAVOS DOMÉSTICOS

Diferente era a condição dos escravos domésticos.


Escolhidos segundo sua aparência, eram sempre os


mais bem vestidos e bem tratados. Esse é o universo
das mucamas, pajens, amas-de-leite, amas-secas,
cozinheiras, cocheiros, lavadeiras, copeiros e garotos
de recado. No entanto, esses cativos representavam
uma minoria e não raro distanciavam-se dos demais.
Uma velha ladainha dizia: "Negro no eito vira copeiro,
não óia mais para o seu parceiro.”

5.ESCRAVOS MINERADORES
No século XVIII, com a decadência da cana, muitos

cativos do Nordeste foram enviados para as zonas de


mineração. O trabalho do escravo minerador era
menos vigiado e por vezes a sorte de seu senhor
podia lhe valer uma carta de alforria. Este documento,
embora raro e com freqüência anulável, representou
um sonho de liberdade para esses cativos.

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6.ALIMENTAÇÃO

É sabido que no Brasil colonial todos passavam fome: no


caso dos cativos a situação era ainda pior. Comentam os
viajantes que boa parte dos escravos recebiam
unicamente feijão cozido, servido em cuias, uma vez ao
dia. É provável que a origem da feijoada esteja ligada à
triste sina desses homens que, a fim de engrossar o caldo
ralo, buscavam no lixo de seus senhores as partes
desprezadas do porco: língua, rabo, pés e orelhas.
Verdade ou não, até hoje a feijoada é considerada um
prato típico brasileiro. Estranho caminho esse que faz de
hábitos étnicos símbolos nacionais.

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7.CASAMENTO
A desproporção entre os sexos contribuía para dificultar os
casamentos entre escravos. Além disso, essas uniões
eram mal toleradas pelos senhores, que preferiam ignorá-
las. Só tardiamente a legislação preocupou-se em garantir
a família escrava: em 1869 proibiu-se que o marido fosse
separado da mulher, bem como dos filhos menores de
quinze anos. No entanto, ligações extraconjugais, filhos
naturais e cenas de ciúmes fizeram parte do cenário local
e criaram situações ambíguas e revoltantes. A
escravização de filhos pelos pais ou das próprias mães
pelos filhos não eram cenas estranhas a esse contexto.


 8.MORADIA
A casa-grande e a senzala representavam pólos opostos
desta sociedade. A resistência do senhor era o centro de
irradiação de toda atividade econômica e social. Vasta
mansão térrea, distinguia-se pelo estilo sóbrio e
imponente. As senzalas eram construções de pau a pique,
cobertas de sapé, sem janelas e com uma única porta.
Ficavam próximas da casa-grande para que as fugas,
bastante freqüentes, pudessem
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ser controladas.

9.ROUPAS
O escravo que labutava no campo recebia dois conjuntos

de roupas por ano. As baetas vinham do Rio de Janeiro,


enquanto os panos grossos e as chitas chegavam de
Londres. Os trajes eram trocados aos domingos e lavados
uma vez por semana. Expostos ao sol e às chuvas,
convertiam-se em andrajos, razão pela qual os relatos de
época descrevem com freqüência negros esfarrapados e
seminus.

10.OS LIBERTOS

Não era fácil ser liberto em um mundo onde as distâncias


sociais não eram sequer discutidas. Os libertos não
podiam votar nem ter cargos públicos; eram também
facilmente reconduzidos à sua antiga condição, por
infidelidade aos seus senhores ou por suspeita de
escravo.

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 11.MARCAS
Os instrumentos de ferro eram variados. Enquanto

correntes e libambos impediam a movimentação do


escravo, gargalheiras, golilhas e golinhas, colares
colocados no pescoço, evitavam fugas e expunham o
cativo à humilhação. As calcetas eram argolas de ferro que
se prendiam ao tornozelo dificultando o passo, e o vira-
mundo cumpria função semelhante à do tronco. Outra
prática comum era marcar os negros com ferro em brasa
nas coxas, nos braços, no ventre, no peito ou até na face.
Esses sinais serviam como marca de propriedade.

12.A REINVENÇÃO DA IDENTIDADE


Sentimos a força da presença africana nos quatro cantos


do brasil. O samba, a capoeira e o candomblé são
atualmente admitidos como registradas do país. A
existência até hoje desta manifestações é o fruto de uma
longa batalha por autonomia e reconhecimento cultural
travada pelos escravos. A mesma estratégia de
dissimulação foi utilizada na adoração dos deuses
africanos em "terra de branco". Nos calundus e nas casas
de candomblé os negros, para poder cultuar seus orixás
em paz, os relacionavam aos santos cristãos. Existiam
ainda os batuques. Nas festas religiosas das irmandades
católicas negras, como as de São Benedito e de Nossa
Senhora do Rosário, os atabaques batiam para os homens
e para os deuses.

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 13.A CONQUISTA DA LIBERDADE: A
REBELIÃO DE CADA UM
 Durante muito tempo acreditou-se no caráter
pacífico e cordial da escravidão brasileira. No entanto,
não só os castigos fizeram parte desse sistema, como
também as fugas, os abortos e os suicídios. O banzo é
um dos mais conhecidos de atos de suicídio: escravos,
com saudades da África, ingeriam terra diariamente, o
que lhes causava uma morte lenta. Contra essa prática
adotavam-se as terríveis máscaras de Flandres, que
impediam ainda o vício da bebida. A escrava Anastácia
permanece na memória popular como uma mulher que,
ao reagir ao cativeiro, foi obrigada a usar
permanentemente uma dessas máscaras.

 14.CASTIGOS
 O tronco é talvez o mais antigo dos instrumentos
de punição. Formado por duas peças de madeira ou de
ferro, o condenado era preso aos aparelhos pelos
pulsos, tornozelos e às vezes pelo pescoço. Além de
ficar em uma posição incômoda, o suplicado
permanecia à mercê do ataque de insetos.

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15.FIM DA VIAGEM?

No Brasil convivem duas imagens opostas: de um lado o


mito da democracia racial; de outro a representação de um


país com larga experiência escravocrata. O resultado é
uma forma específica de convivência racial: "um
preconceito de ter preconceito", como dizia Florestan
Fernandes. Em nosso país, apesar de todos se dizerem
avessos ao racismo, não há quem não conheça cenas de
discriminação ou não saiba uma boa piada sobre o tema.
Ainda hoje o trabalho manual é considerado aviltante e a
hierarquia social reproduz uma divisão que data da época
do cativeiro. Com naturalidade absorvemos a idéia de um
elevador de serviço ou de lugares que se transformam em
verdadeiros guetos raciais. É por isso que não basta
condenar a história, ou encontrar heróis delimitados.
Zumbi existe em cada um de nós. É passado e é presente.

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 Referência Bibliográfica:

 MOURA, Gloria; SCHWARCZ, Lilia K. Moritz;


HAMBURGER, Ernst W.. Navio Negreiro.
Disponível em:
<http://www.eciencia.usp.br/arquivoEC/exp_anti
gas/zumbi.html>. Acesso em: 18 set. 2010.

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