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Implantes Cocleares

Adriane Lima Mortari Moret


dri.m@fob.usp.br
CPA-HRAC/USP FOB/USP
Critérios, algoritmo e avaliação

na indicação do implante
coclear

Aspectos Fonoaudiológicos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Portaria nº 1.278/GM em 20 de outubro de 1999
Critérios de indicação em adultos

a) pessoas com surdez neurossensorial profunda bilateral


com código lingüístico estabelecido (casos de surdez
pós-lingual ou de surdez pré-lingual, adequadamente
reabilitados);

b) ausência de benefício com prótese auditiva (menos de


30% de discriminação vocal em teste com sentenças);

c) adequação psicológica e motivação para o uso de


implante coclear.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação em adultos

• pessoas acima de 18 anos com deficiência auditiva


neurossensorial pós-lingual bilateral;

• pessoas que não se beneficiam do uso do AASI, apresentando


limiares auditivos com AASI piores que 60 dB nas
freqüências da fala e/ou escore de percepção da fala
inferior a 50% para sentenças apresentadas em conjunto
aberto no melhor ouvido;

• não há limite de idade nas perdas auditivas progressivas;


Critérios de indicação do
implante coclear em crianças
Aspectos Fonoaudiológicos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Portaria nº 1.278/GM em 20 de outubro de 1999
Critérios de indicação em crianças

O Implante Coclear em crianças, menores de 18 anos com


surdez pré e pós-lingual, deverá seguir os seguintes
critérios de indicação:
a) experiência com prótese auditiva durante pelo menos
três meses;
b) incapacidade de reconhecimento de palavras em
conjunto fechado;
c) família adequada e motivada para o uso do implante
coclear;
d) condições adequadas de reabilitação na cidade de
origem.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação - crianças

DEFICIÊNCIA AUDITIVA DEFICIÊNCIA AUDITIVA


NEUROSSENSORIAL NEUROSSENSORIAL
PRÉ-LINGUAL PÓS-LINGUAL

Profunda: de 6 meses a 1 ano e 11 Não há limite de idade, mas o


meses de idade. tempo de surdez não deve
ultrapassar 6 anos.
Severa: de 1 ano e 6 meses a 1 ano
e 11 meses de idade.
Preferencialmente para inscrição as
crianças deverão ser agendadas
até a idade de 11 meses.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação crianças

LIMIARES AUDITIVOS COM AASI:


• Igual ou maior que 60 dB nas freqüências da fala, após
terapia fonoaudiológica aurioral intensa e efetiva com
AASI potente ajustado e adaptado às características da
perda auditiva.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação crianças

PERCEPÇÃO DA FALA:
• Pouca ou nenhuma detecção dos sons da fala;
• baixo índice de reconhecimento auditivo em testes de
percepção de fala;
• baixo escore obtido na Escala de Integração Auditiva
Significativa para Crianças Pequenas: IT - MAIS.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação crianças

ESTILO COGNITIVO
• Ausência de comprometimentos de natureza
intelectual ou emocional, que, associados à deficiência
auditiva, impeçam o desenvolvimento pleno da criança.

• A criança deve ser avaliada quanto ao estilo cognitivo,


envolvendo os aspectos de aprendizagem, atitude de
comunicação, forma de interação social, motivação para
a comunicação, entre outros.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação crianças

FAMÍLIA
• expectativas reais quanto aos benefícios que o implante
coclear pode oferecer à criança;

• permeável ao processo terapêutico;

• organizada para o tratamento e o acompanhamento;

• motivada para a habilitação com o uso do implante


coclear.
CPA – HRAC/USP
Critérios de indicação crianças

REABILITAÇÃO AUDITIVA

• terapia fonoaudiológica aurioral: voltada ao


aproveitamento máximo da capacidade auditiva e à
aquisição e desenvolvimento da linguagem oral, com
fonoaudiólogo na cidade de origem da criança;

• deve-se priorizar o trabalho específico com ênfase no


desenvolvimento das habilidades auditivas da
criança.
Avaliação pré-cirúrgica de
candidatos ao implante coclear
Aspectos Fonoaudiológicos
Pré-triagem telefônica

Triagem com
aplicação de questionário

Avaliação médica
otorrinolaringológica

Avaliação Avaliação Avaliação Estudo por Avaliações


fonoaudiológica psicológica social imagem dos complementares
temporais

Reunião clínica com a equipe


interdisciplinar e definição de conduta

Cirurgia

Ativação (45 dias após cirurgia)

Mapeamentos:
1º ano de uso: de 2 em 2 meses
2º ano de uso: de 3 em 3 meses
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica
Aspectos Fonoaudiológicos

 Audiometria Tonal Limiar ou Audiometria de Reforço


Visual;
 Imitanciometria;
 Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico;
 Emissões Otoacústicas Evocadas;
 Avaliação vestibular;
 Audiometria em campo livre com AASI (ouvidos
separados);
 Testes de percepção de fala compatíveis com a faixa
etária;
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica
Aspectos Fonoaudiológicos

 Testes de percepção de fala:


 Observação do comportamento auditivo, incluindo

detecção e discriminação e reconhecimento auditivo


dos 6 sons de Ling;
 Teste de Avaliação da Capacidade Auditiva Mínima

– TACAM, para crianças menores de 5 anos de


idade;
 Provas de avaliação da percepção da fala para

crianças portadoras de deficiência auditiva


neurossensorial profunda a partir de 5 anos de idade
(GASP);
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica
Aspectos Fonoaudiológicos

 Testes de percepção de fala:

 Índice de reconhecimento de fala, utilizando-se lista


de palavras com estrutura silábica CVCV (consoante –
vogal – consoante – vogal), extraídas do vocabulário
da própria criança;
 Lista de 20 palavras dissílabas, com estrutura silábica
CVCV (consoante – vogal – consoante – vogal), para
crianças maiores de 5 anos de idade;
 Aplicação do Meaningful Auditory Integration Scale –
MAIS ou IT-MAIS, para crianças muito pequenas.
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica
Aspectos Fonoaudiológicos

 Testes de percepção de fala:


 Lista de sentenças em conjunto aberto;

 Lista de sílabas sem sentido.

Obs.: mesmo protocolo de avaliação da etapa pós-


cirúrgica.
Percepção auditiva da fala
Implante Coclear
DETECÇÃO

DISCRIMINAÇÃO

RECONHECIMENTO INTRODUTÓRIO

RECONHECIMENTO AVANÇADO

COMPREENSÃO

AASI
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica
Aspectos Fonoaudiológicos

Avaliação de linguagem:

 aplicação de questionários e escalas:


 Meaningful Use of Speech Scales - MUSS;
 em adaptação: Reynell Developmental Language
Scales [RDLS];
 em adaptação: escala PRISE;
 aplicação dos questionários de expectativas;

Avaliação do “estilo cognitivo”:


CRITÉRIOS DE REFERÊNCIA QUANTO AO
ESTILO COGNITIVO DA CRIANÇA

Ocorrência Nunca Raramente Ocasionalmente Freqüentemente Sempre


0 1 2 3 4
Comportamentos
1. Contato ocular na interação.

2. Uso de expressões faciais ricas e


gestos adequados para se comunicar.
3. Uso de brinquedos e objetos com
funcionalidade.
4. Iniciativa de turno verbal.

5. Iniciativa de turno gestual.

6. Concentração em atividades.

7. Resolução de problemas em situação


lúdica e na interação.
8. Comunica-se satisfatoriamente na
ausência da oralidade.
9. Interação social com adultos.
Ocorrência Nunca Raramente Ocasionalmente Freqüentemente Sempre
Comportamentos 0 1 2 3 4

10. Interação social com crianças.

11. Imitação de brincadeiras.

12. Memorização de fatos, lugares,


objetos, pessoas, e outros.
13. Organização de espaços.

14. Agrupa objetos.

15. Empilha objetos.

16. Apresenta bom humor.

17. Consegue conter comportamentos


agressivos em situações adversas.
18. Apresenta iniciativa de turno.

19. Aceita regras e limites.

20. Realiza tarefas de vida diária


compatíveis a sua idade.
Linguagem
PRoduction Infant Scale Evaluation
PRISE

• Avaliação de bebês: grande desafio

• Kishon-Rabin L; Taitelbaum-Swead R; Ezrati-


Vinacour R; Hildesheimer M. Prelexical vocalization
in normal hearing and hearing-impaired infants before
and after cochlear implantation and its relation to early
auditory skills. Ear Hearing 2005; 26(4): 17S-29S.
PRoduction Infant Scale Evaluation
PRISE
TEL-AVIV University
Department of Communication Disorders
Sackler Faculty of Medicine

Escala de Avaliação da Produção (de fala) em Crianças


0 – 24 meses de idade

 
OBS.: O questionário é apresentado aos pais pela fonoaudióloga.
O profissional deverá marcar cada questão de acordo com as
respostas dos pais. Para cada questão, os exemplos mencionados
pelos pais devem ser anotados com o objetivo de documentação.
PRoduction Infant Scale Evaluation
PRISE
1-      Qualidade de voz
A voz da criança parece ser agradável?
 
0 – Qualidade de voz nunca agradável
1 – Qualidade de voz raramente agradável (menos de 50% do tempo)
2 – Qualidade de voz às vezes agradável (no mínimo 50% do tempo)
3 – Qualidade de voz freqüentemente agradável (no mínimo 75% do
tempo)
4 – Qualidade de voz sempre agradável (100 % do tempo)
PRoduction Infant Scale Evaluation
PRISE

2 – Produção de Fala – Vocalização


A criança é capaz de produzir sons além do choro?
 
0 – A criança nunca produz sons
1 – A criança raramente produz sons (menos de 50% do tempo)
2 – A criança às vezes produz sons (no mínimo 50% do tempo)
3 – A criança freqüentemente produz sons (no mínimo 75% do tempo)
4 – A criança sempre produz sons (100 % do tempo)
PRoduction Infant Scale Evaluation
PRISE

3- Produção de sons em resposta ao estímulo auditivo.


A criança produz sons em resposta ao estímulo auditivo (não
necessariamente fala)?

4- Entonação
A criança produz sons de entonação variada?

5- Vogais como produção.


A criança é capaz de produzir vogais, como /a/, /e/, /i/?

6- Produção de sílabas (combinação de consoante/vogal) – Estágio de


Vocalização
A criança produz diferentes combinações de consoante/vogal?
PRoduction Infant Scale Evaluation
PRISE
7- Produção de silabas (combinação de consoante/vogal)
Com que freqüência a criança produz diferentes combinações de consoante/vogal?
 
8- Balbucio
A criança é capaz de multiplicar silabas?

9- Ecolalia
A criança tenta repetir a palavra ou parte da palavra que ela ouviu?

10 – Estágio de uma palavra


A criança utiliza uma seqüência permanente de sons relacionada a um determinado objeto?

11 – Estágio de uma palavra


A criança utiliza um numero de seqüências permanente de sons em relação a certos objetos?
Linguagem
Meaningful Use of Speech Scales (MUSS)

• Nascimento L T. Uma proposta de avaliação da


linguagem oral [monografia]. Bauru: Hospital de
Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais,
1997.

• Adaptado de: Robins A M; Osberger M J.


Meaningful use of speech scales. Indianápolis:
University of Indiana School of Medicine, 1990.
MUSS
1. A criança usa vocalizações para atrair a atenção dos outros?

2. Vocaliza durante interações comunicativas?

3. As vocalizações variam com o contexto e a mensagem?

4. É um desejo espontâneo da criança usar apenas linguagem oral para se comunicar com seus pais e/ou
irmãos quando o tópico da conversa é conhecido ou familiar?

5. É um desejo da criança usar apenas a linguagem oral para se comunicar com os pais e/ou irmãos
quando o assunto da conversa não é conhecido?

6. É um desejo da criança usar a linguagem oral espontaneamente durante contatos sociais com
pessoas ouvintes?

7. É desejo da criança usar apenas a linguagem oral ao se comunicar com pessoas com quem não tem
familiaridade para obter alguma coisa que ela deseja?

8. A linguagem oral da criança é compreendida pelos outros que não estão familiarizados com ela?

9. A criança usa espontaneamente estratégias orais apropriadas de reparação e esclarecimento quando a


linguagem oral não é entendida pelas pessoas familiarizadas com ela?

10. A criança usa espontaneamente estratégias orais apropriadas de reparação e esclarecimento quando
a linguagem oral não é entendida pelas pessoas não familiarizadas com ela?
Linguagem
Meaningful Use of Speech Scales (MUSS)

( ) 0 = Nunca
( ) 1= Raramente
( ) 2= Ocasionalmente
( ) 3= Freqüentemente
( ) 4= Sempre
Linguagem
Meaningful Use of Speech Scales (MUSS)
1. 2.5 % 11. 27.5 % 21. 52.5 % 31. 77.5 %
2. 5 % 12. 30 % 22. 55 % 32. 80 %
3. 7.5 % 13. 32.5 % 23. 57.5 % 33. 82.5 %
4. 10 % 14. 35 % 24. 60 % 34. 85 %
5. 12.5 % 15. 37.5 % 25. 62.5 % 35. 87.5 %
6. 15 % 16. 40 % 26. 65 % 36. 90 %
7. 17.5 % 17. 42.5 % 27. 67.5 % 37. 92.5 %
8. 20 % 18. 45 % 28. 70 % 38. 95 %
9. 22.5 % 19. 47.5 % 29. 72.5 % 39. 97.5 %
10. 25 % 20. 50 % 30. 75 % 40. 100 %
Linguagem
Inventário MacArthur de Desenvolvimento
Comunicativo - CDI

• Fornece medidas evolutivas sobre a utilização de gestos


significativos; a compreensão de vocabulário; a produção de
vocabulário; e a complexidade frasal de crianças falantes do
Português na faixa etária de 8 a 16 meses e de 16 a 30 meses.

• Fenson L, Dale P. MacArthur Commuicative Development


Inventories: User’s Guide and Technical Manual. San Diego,
California: Singular Publishing Group, 1993.

• Adaptado por Elizabeth Reis Teixeira (1997).


Aplicação
entrevista aos pais,
buscando relato dos
mesmos quanto ao
comportamento
comunicativo da criança.
Linguagem
Reynell Developmental Language Scales [RDLS]
Linguagem
Reynell Developmental Language Scales [RDLS]

 Esta escala tem sido internacionalmente usada para


avaliar a linguagem e surgiu por volta de 1965, proposta
por J.K.Reynell, no Centro Wolfoson de Londres,
especializado na reabilitação de crianças com diversas
necessidades educacionais especiais.
 Propõe a avaliação de crianças de 1 ano a 6 anos e 11
meses de idade.
 Os resultados são pontuados e convertidos em idades de
“desenvolvimento da linguagem”.
 A Escala não é padronizada para a população de crianças
surdas, embora existam instruções para sua aplicação.
Linguagem
Reynell Developmental Language Scales [RDLS]

Avalia:

Compreensão Verbal
(Processo de
Recepção)

Compreensão Verbal B
(para crianças com
prejuízos motores)
Linguagem
Reynell Developmental Language Scales [RDLS]

Linguagem Expressiva :

 Estrutura
De vocalizações até orações
complexas subordinadas.

 Vocabulário
Objetos,figuras e palavras.

 Conteúdo
Avalia o uso criativo da
linguagem.
CATEGORIAS DE LINGUAGEM
Categoria 1
A criança não fala e pode apresentar vocalizações indiferenciadas

Categoria 2
A criança fala apenas palavras isoladas

Categoria 3
A criança constrói frases simples , de duas ou três palavras

Categoria 4
A criança constrói frases de quatro ou cinco palavras, e inicia o uso de
elementos conectivos (pronomes, artigos, preposições)

Categoria 5
A criança constrói frases de mais de cinco palavras, conjuga verbos, usa
plural, etc
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica

 Avaliação psicológica:

 avaliação da criança e da família quanto aos


aspectos gerais, sobretudo os emocionais,
auxiliando na identificação de comprometimentos
graves ou dificuldades que possam impossibilitar o
tratamento com implante coclear.
Protocolo de Avaliação Pré-Cirúrgica

 Avaliação social:

 avaliação da infra-estrutura do paciente e da


família para o tratamento (recursos para retornos,
manutenção do dispositivo, etc.);

 auxiliar a família a buscar os recursos disponíveis


em sua região para o tratamento com implante
coclear.

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