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Interações Microbianas no Processo de

Tratamento de Efluentes

Processo Aerobio

 Lodos Ativados
Microrganismos Heterotróficos
o

Utilizam matéria orgânica como fonte de carbono para crescimento


celular (bactérias degradadoras de matéria orgânica)

Microorganismos Autotróficos
o

Utilizam CO2 como fonte de carbono para crescimento celular


(bactérias nitrificantes)
Microrganismos participantes do processo aeróbio

Tipo de microrganismo Exemplos

Bacteria
Heterotroficas Pseudomonas sp, Zooglea ramigera, Achromobacter sp,
Flavobacterium sp, Bdellovíbrio sp, Mycobacterium, Alcaligenes
sp e Citromonas sp.
Filamentosas Sphaerotillus natans, Beggiatoa sp, Thiothrix, Leucothrix sp,
Microthrix parvicella, Nocardia sp, Nostocoida limicola,
Haliscomenobacter hydrosis, Flexibacter sp.
Nitrificantes Nitrosomonas sp E Nitrobacter sp.
Protozoarios
Classe Sarcodina Amebas – Arcella discoides e Amoeba sp.
Classe Ciliados Ciliados livres-nadantes e sésseis – Aspidisca costata,
Trachelophyllum sp, Paramecium sp, Didinium sp e
Chilodenella sp.
Classe Mastigophora Flagelados – Spiromonas sp, Bodo sp, Euglena sp, Monas sp e
Cercobodo sp.
Microrganismos participantes do processo aeróbio
Flocos microbianos

flocos

Formação de cápsulas
biofilmes
Flocos microbianos
Poucos Pin flock
Muitos
filamentos filamentos
Relação entre a concentração de bactérias
filamentosas, o diâmetro médio dos flocos e
as características do lodo
Filamentos (bactérias/mL) Diâmetro médio dos flocos Características do lodo

Pequeno diâmetro Lodo disperso (pin-point)


101 a 102 (<50µm)

Pequeno diâmetro Provável intumescimento do


102 a 106 (<50µm) lodo

Pequeno a médio diâmetro Muito provável


106 a 108 (<100µm) intumescimento do lodo

Grande diâmetro Provável intumescimento do


lodo
(>150µm)

>108 _ Intumescimento do lodo


Biofilmes

(a) (b)

líquido líquido

suporte suporte

colônias microbianas

Ilustração esquemática da arquitetura de biofilmes: a) modelo tradicional e b) modelo concebido a


partir de observações feitas com microscopia confocal de varredura a laser (“CLSM”)
Microbiologia e Bioquímica da Digestão Anaeróbia

POLÍMEROS
(proteinas, lipídos, polisacarídeos)

I - Hidrólise e
MONOMEROS Y OLIGOMEROS fermentação

1 1
4 ÁC. GRAXOS 4
ALCOOiS
LACTATO, etc.
II – Acetogênese y
desidrogenacão
HH22 ++COCO
2
2 5
FORMIATO
Formiato, etc. ACETATO

6 III – Metanogênese
2 3

CH4 + CO2
Variação da energia livre de Gibbs em cond. padrão

Reações Go (Kcal/reaction) Go (Kcal/reaction)

1- Glicose para metano e dióxido de carbono - 96,5 -95,3


C6H12O6 + 3H2O  3CH4 + 3HCO3- + 3H+
2- Glicose para acetato e hidrogênio - 49,3 -76,1
C6H12O6 + 4 H2O  2CH3COO- + 2 HCO3- + 4H+ + 4H2
3- Metanogênese do acetato - 7,4 -5,9
CH3CH2COO- + 2H2O  CH4 + HCO3-
4- Metanogênese do hidrogênio e do dióxido de carbono - 32,4 -7,6
4H2+ HCO3- + H+  CH4 + 3H2O
5- Acetogênese do hidrogênio e do dióxido de carbono - 25,0 - 1,7
4H2+ 2HCO3- + H+  CH3COO- + 4H2O
6- Propionato para acetato (acidogênese) + 18,2 -1,3
CH3CH2COO- + 3H2O  CH3COO- + HCO3- + H+ + 3H2
7-Butirato para acetato (acidogênese) + 11,5 -4,2
CH3CH2CH2COO- + 2H2O  2CH3COO- + H+ + 2H2
Variação da energia livre de Gibbs em função
da pressão parcial de H2 a 25oC

-50

-40 1. Etanol
´ (kJ/reacción)

3. Hidrógeno
-30

-20 2. Butirato
-10 Etanol a CH4
ΔG

0 Butirato a CH4

10
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

Log (presión parcial H2)


BACTERIAS METANOGÊNICAS

• Pertencem ao domínio Archaea (arquebacterias)


• Anaeróbias estritas (pot redox inferior a -400 mV)
Consome poucos substratos (acetato. H2 y formiato, metanol,

metilaminas)
HIDROGENOTROFICAS
4H2 + HCO3- + H+ → CH4 + 3H2O

ACETICLASTICAS
CH3COO- + H2O → CH4 + HCO3-

• Sensíveis a tóxicos
• Existem metanogênicas termófilas (T optima superior a 55 °C)
FORMAÇÃO DE GRANULO METANOGÊNICO

Estrutura compacta boa sedimentação e resistência


Camada externa: fermentadoras primárias
Camada interna: metanogênicas y acetogênicas
Centro: minerais, restos celulares.

COESÃO DO GRANULO
Bactérias filamentosas: Methanosaeta sp.
Polímeros extracelulares
Ca+2 influi na estabilidade do granulo

PROTEÇÃO DAS METANOGÊNICAS


Alterações bruscas de pH, tóxicos, carga, O2
Efeito de Fatores Ambientais

1,2
• pH 1
Relative Activity

0,8
0,6
0,4
0,2
0
5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9
pH
Efeito de Fatores Ambientais

• Temperatura

1,2
1
Relative Activity

0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Temperature
Efeito de Fatores Ambientais

• Toxicidade

Substrato Antagonismo e Sinergismo


6 1
Substrate Removal Velocity

5
(mg COD gSV -1d-1)

4 0,5

Relative Velocity
3
0
2
1
-0,5
0
0 200 400 600 800 1000 0 50 100 150
Substrate (mg COD/L)
B compound concetration
Parâmetros de Controle de Processos

Processos Aeróbios Processos Anaeróbios


 Sedimentabilidade  Ácidos Orgânicos
 Índice Volumétrico de Lodo
 Alcalinidade
 Produção de Gás
 pH
 Concentração de biomassa
 Carga orgânica volumétrica e espacífica
 Tempo de retenção hidráulica e celular
 Atividade microbiana
Evolução dos Processos de
Tratamento Biológicos

Antes da aeróbio aeróbio anaeróbio


década de 80
aeróbio eventual

Aeróbio: aumento do consumo de energia para geração (kw/L)


Anaeróbio: aumento da produção de energia - biogás (kw/L)

Depois da aeróbio anaeróbio anaeróbio


década de 80
ou anaeróbio anaeróbio eventual

0 1.000 10.000 mgDBO/L


Sistemas de Tratamento Aeróbio

Classificação dos sistemas de Tratamento Aaeróbio

Biomassa fixa Biomassa em suspensão

Suporte móvel Suporte fixo


Tanque agitado
(lagoa aerada agitada)
Tanque agitado com reciclo
Leito expandido Leito de percolação de biomassa – “lodos ativados”
“Moving bed”
Leito submerso “MBR” com módulo interno
Leito fluidizado ou externo
“MABR”
“RBC”
Poços profundos
“Air-lift”
“Air-lift”
Esquema geral simplificado de um Sistema
de Lodos Ativados
Sistemas de Aeração

Aeradores Superficiais

Aeradores Submersos
Variações do Lodos Ativados

Reatores de fluxo pistonado Reatores de mistura completa


Lodos Ativados –Poço profundo e air-ift

afluente
gases
efluente

efluente

ar afluente

ar

ar

a b
Reatores com Membranas (MBR)
Lodos Ativados?

permeado

bomba
efluente
concentrado
permeado

efluente

bomba

ar
lodo lodo
a) ar b)

Membrana Submersa Membrana externa


MBR

Princípio de Funcionamento
Membranas de Fibra Oca

100x
b)
a)
Reatores Aeróbios com Biofilmes

Reator de Leito Fixo: Biofiltro


Reator de Leito Móvel – Moving bed (MBBR)

Caldness
Biodisco
Batelada seqüencial

a) Enchimento
b) Aeração
c) Decantação
d) Esvaziamento

a b ar

c d
Sistemas de Tratamento Anaeróbio

Classificação dos sistemas de Tratamento Anaeróbio

Biomassa em Suspensão Biomassa Fixa

Anaeróbio de leito fixo


Lagoas anaeróbias Vertical
Anaeróbio de contato Horizontal
Batelada seqüencial Anaeróbio de leito expandido
Chicanas Anaeróbio de leito fluidificado
Membranas Anaeróbio de leito rotatório
Fluxo ascendente com manta de lodo
Recirculação interna
Manta de lodo granular expandida
Biodigestores Rurais

Modelo
Modelo Chinês
Indiano
Reatores Anaeróbios

Sistema de
Tratamento de
esgotos residencial
Reatores Anaeróbios com Alta Concentração de
Sólidos em Suspensão

Reator de lodo Co-digestão


Reatores Anaeróbios com Baixa Concentração de
Sólidos em Suspensão

Reator Anaeróbio de Contato


Filtro Anaeróbio

Leito Fixo
Leito Móvel
Reatores Anaeróbios
Tanque de Imhoff

Reator UASB

Prof. Gatze Lettinga


Reator UASB
Detalhe das dimensoes dos
separadores trifasicos
MP Meio Ambiente, ES
Total: 3 a 6 m, mas podem ter alturas maiores
Altura/profundidade do reator Compartimento de Decantação: 1,5 a 2,0 m
Compartimento de Digestão: 2,5 a 3,5 m
Tempo de retenção hidráulica no decantador (TRH) 1,0 a 2,0 horas
Velocidade superficial do líquido no decantador [VD (m/h)] VDmed = 0,6 –0,8: 1,5 < TRH < 2,0 h
VDmax < 1,2: TRH > 1,0 h
VDpico < 1,6: TRH > 0,6 h

Velocidade superficial do líquido nas aberturas para o decantador [Va (m/h)] Va med : vp < 2,0 a 2,3;
Va max : vp < 4,0 a 4,2
Va pico : vp < 5,6 a 6,0

Velocidade ascendente do fluxo para esgotos industriais [VA (m/h)] Lodo floculento e qv <6,0 kgCOD/m3 d
Vazão média:0,6 a 0,7; Picos (2 a 4h) <2,0
Velocidade ascendente do fluxo para esgotos sanitários [VA (m/h)] Vazão média:0,5 a 0,7; Vazão máx.: 0,9 a 1,1 Picos (2 a 4h) <1,5

Área de influência do distribuidores 0,50 a 5,0 m2; 2,0 a 3,0 m2 para esgoto sanitário
Tempo de retenção hidráulica (TRH) esgotos sanitários e T> 20 oC Adotar: TRH de 6 a 10 horas (vazão média)
TRH> 4 (para Q max menor que 6 horas de duração)

Tempo de retenção hidráulica >4,8 horas; 6 h < TRH < 16 h para T > 20 oC
Carga hidráulica vol.(m3/m3 d) Esgotos sanitários: < 5, (TRH (min) >4,8 horas )
Carga orgânica volumétrica (qv) Esgotos industriais: até 45 kgDQO/m3d (escala piloto) mas < 15
kgDQO/m3d, na prática.
Esgotos sanitários: 2,5 a 3,5 kgDQO/m3d
Tempo de retenção celular (TRC) > 30 dias
Eficiência (esgotos sanitários) (%) DBO: 40 a 75; DQO: 45 a 85
Eficiência (DBO e DQO) Esgotos industriais: 65 a 95 %
Carga orgânica específica (qe) Na partida: 0,3 a 0,4 kgDQO/kgSVT d
Regime permanente até 2,0 kgDQO/kgSVT d
Produção de sólidos no sistema, YX/S (em DQO) 0,11 a 0,23 kg DQOlodo / kg DQOaplicado
e 0,10 a 0,20 kg SST / kg DQOaplicado

Densidade do lodo 1020 a 1040 kg SST/m3


Fonte: Adaptado
Concentração dode Florêncio
lodo (1999).
de descarte 2 a 5%
Reatores Anaeróbios com Biofilmes
Evolução dos Reatores UASB

Reator Anaeróbio de Leito Reator Anaeróbio de


Expandido Granular - EGSB Recirculação Interna - IC

PAQUES
Vantagens e Desvantagens dos Processos
Anaeróbios Comparados com os Aeróbios

Vantagens
 Saldo energético positivo pela produção de CH4 e não necessidade de aeração
 Menor quantidade de lodo produzido diminuindo custos de disposição final
 Menor quantidade de nutrientes requerida reduzindo os custos operacionais
 Reator de menor volume reduzindo área de implantação e custos fixos de instalação
 Processos de operação mais estável
 Possibilidade manter o reator sem alimentação por longos períodos sem perda
significativa da atividade.
 Redução dos compostos organoclorados com alto nível de substituição

Desvantagens
 Longos períodos de posta em marcha dos sistemas para desenvolver uma biomassa
ativa
 Necessidade de manter alta a alcalinidade, aumentando os custos operacionais
 Menor porcentual de remoção da matéria orgânica resultando em um efluente de pior
qualidade
 Menores taxas de conversão a temperaturas mais baixas
 Produção de compostos que causam mau cheiro como ácidos orgânicos e H2S
 Bactéria metanogênicas são mais sensíveis a compostos tóxicos
 Alta concentração de NH4 requerida para manter a biomassa ativa podendo
comprometer a qualidade do efluente final
Processos Integrados

Processos em reatores separados: seqüência lógica –


anaeróbio seguido de aeróbio
Reator de batelada seqüenciada

Processos em um único reator


Sistema de Lagoas – Lagoas de estabilização
Lagoa anaeróbia

H=4a5m
Lagoa Facultativa

O2 DBO solúvel
CO2
Decomposição Aeróbia
bactérias algas

O2 zona aeróbia

zona facultativa
H=2a3m
zona anaeróbia

DBO particulada Decomposição


Anaeróbica
Lagoa aerada
Partida e Operação de Reatores Anaeróbios

Parâmetros de Controle de Processo


 Rapidez: para que um eventual problema seja detectado a tempo de proceder
a intervenção no processo antes do estabelecimento de uma condição de falha
no sistema. Na medida do possível, é desejável a aquisição de dados em tempo
real, através de um sistema de monitoramento on-line.
 Significado bioquímico: a medida deve refletir uma conseqüência do
metabolismo do sistema biológico.
 Confiabilidade: a precisão e exatidão das medidas obtidas são características
importantes dos métodos usados.

Os principais parâmetros operacionais que devem ser controlados durante a


operação dos reatores anaeróbios são: vazão volumétrica, quantidade de
biomassa, tempo de retenção hidráulica, tempo de retenção celular, carga
orgânica volumétrica e a carga orgânica específica.
PRINCIPAIS RESPOSTAS DO SISTEMA

 Potencial de Oxiredução (POR)


 pH
 AOV (ácidos orgânicos voláteis)
 Alcalinidade
 Relação AOV / alcalinidade
 Volume total de gás e porcentagem de metano no biogás
 Outros gases de interesse
 Atividade metanogênica específica:
 Remoção de matéria orgânica
Inoculação e Partida

 Inóculo
 Preenchimento do Reator
 Progressão de Carga Orgânica

qv (gDQO/L.d) = AME (gDQO-CH4/gSSV.h) . X (gSSV/L) . F. (24 h/d)

 Equilíbrio do Sistema
 Manutenção da Alcalinidade
 Controle dos sólidos
 Aclimatação à substâncias tóxicas
Controle dos sólidos

Perfis de sólidos no interior de um reator tipo UASB durante a fase de partida

Fonte: adaptado de Soares, 1990


Comportamento da massa celular no interior de um reator tipo
UASB durante o período inicial da posta em marcha

Fonte: adaptado de Hulshoff Pol, 1983


Produção de Biogás

CcHhOoNnSs + yH2O  xCH4 +(c - x)CO2 + nNH3 + sH2S

CcHhOo  (c/2 + h/8 - o/4)CH4

C + O2  CO2 2C + 2H2O  CH4 + CO2


12 g C – 32 g O2 24 g C – 22,4 L CH4
64 g DQO – 22,4 L CH4
1 g C = 2,6667 g DQO
1 g DQO = 0,35 L CH4
(0 °C e 0,987 atm)
Estimativa de produção de biogás em função da
composição centesimal do substrato.
Fonte: VDI 4630.

Biogás Composição aproximada


Substrato
(LN/kg SV) CH4 (%) CO2 (%)
Carboidratos 750 50 50

Gorduras 1390 72 28

Proteínas 800 60 40
Potencial metanogênico para diferentes substratos.
Fonte: KTBL (2013)
Potencial de Produção de Metano
ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS

Quanto de biogás é gerado em um biodigestor recebendo os esgotos


sanitários de 1 residência com 4 pessoas?

Considerando:
-DQO do esgoto bruto 700 mg/L

- 100 L/d.hab
- 60% remoção de DQO

- f
CH4 = 0,35 L/gDQO
- 1 m3 CH = 1 L Diesel
4

Temos:
100 L/d.hab X 700 mgDQO/L = 70.000 mgDQO/d
70.0000 mgDQO/d X 0,6 = 42 gDQO degradada/d
42 gDQO degradada/d X 0,35 L CH4 /gDQO = 14,7 L CH4/d

0,0147 L CH4/d = 0,0147 L diesel/d

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