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Aula 2: Partidos políticos e fidelidade partidária

Prof. Luiz Magno P. Bastos Jr.


1. Partidos Políticos (conceito)
• Definição:
– Compreende-se por partido político a entidade formada
pela livre associação de pessoas, cujas finalidades são
assegurar, no interesse do regime democrático, a
autenticidade do sistema representativo, e defender os
direitos humanos fundamentais.
• Natureza jurídica:
– Pessoa jurídica de direito privado e seus atos constitutivos
registrados no Serviço de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas da Capital (LOPP, art. 8º)
2. Partidos Políticos (criação)
• Princípios constitucionais balizadores (CF, art. 17, caput)
• Liberdade de criação, de transformação e de extinção
• Observância da soberania nacional
– Resguardar, em seus atos constitutivos, como também na
execução de suas atividades políticas e parlamentares, o
compromisso com a defesa da soberania nacional
• Regime democrático
– Comprometimento com o funcionamento do regime
democrático e do sistema político.
– Responsabilidade de incorporar em suas organizações,
estruturas e funcionamento interno os princípios
democráticos.
2. Partidos Políticos (criação)
• Entrevista da Candidata ao Senado pelo PSTU no CE (Raquel Dias)
Lembrada sobre os atos violentos que marcaram parte das manifestações a
partir de junho de 2013 e perguntada se a luta armada não estaria “fora de
moda”, Raquel disse pensar o oposto: “Achamos que estamos na moda. A luta
armada está na moda”. A candidata defendeu esse método revolucionário.
“Achamos que não. Achamos que para que os trabalhadores tome o poder
em suas mãos, o controle sobre sua própria vida, é necessário uma revolução
armada”, afirmou. Perguntada se o PSTU está se preparando para essa
revolução, Raquel disse que sim, mas não revelou detalhes. “Estamos nos
preparando, sim, só não vou dizer como. Como a gente vive num Estado
opressor, mas que se apresenta como democrático, e o armamento é uma
ação contra o próprio Estado, não posso dizer como estamos nos
preparando”, afirmou. Raquel foi perguntada se o PSTU estaria formando
milícias, no que ela tangenciou: “Nós defendemos uma revolução e, na
história da humanidade, todas as revoluções foram armadas. (...)Nossas
milícias são organizadas em cursos de formação, leitura de livros,
desenvolvimento da consciência de classe”, disse.
2. Partidos Políticos (criação)
– Direitos fundamentais da pessoa humana
• Excluir de seus princípios programáticos orientações que afrontam o
Estado Democrático de Direito
• Compromisso em efetivá-los em suas próprias estruturas
– Pluripartidarismo
• Pluralismo político (CF, art. 1º, inc. V) e pluralismo partidário (CR, art.
17, caput)
• A proporcionalidade da representação política, materializada no
sistema pluripartidário, acabou produzindo valiosos resultados,
identificados por Kelsen como “a essência do Estado democrático de
partidos”. (MEZZAROBA, 2010, p. 23)
– Quantos partidos políticos temos registrados no TSE?
https://www.youtube.com/watch?v=Mn371Jw5ks4
2. Partidos Políticos (criação)
1 MDB 9 PSC 19 PRTB 28 Patriota
2 PTB 10 PMN 20 DC 29 PROS
3 PDT 11 Cidadania 21 PCO 30 Solidaried
4 PT 12 PV 22 Pode 31 Novo
5 PCdoB 13 Avante 23 Repub 32 Rede
6 PSB 15 PP 24 PSOL 33 PMB
7 PSDB 16 PSTU 25 PL 34 UP
8 PTC 17 PCB 26 PSD 35 União Brasil
2. Partidos Políticos (criação)
• Requisitos constitucionais para a criação de partidos:
– Caráter nacional (CF, art. 17, I)
• LOPP (art. 7º, § 1º) MR-2015
– Comprovação em 2 anos
– Apoio de 0,5% eleitores não-filiados
– 1/3 dos Estados (0,1% em cada)
– Prestação de contas à Justiça Eleitoral
– Funcionamento parlamentar
• O funcionamento parlamentar é o direito que possuem os
partidos políticos de se fazerem representar como tal nas casas
legislativas. Consiste no direito de seus membros se organizarem
em bancadas, sob a direção de um líder de sua livre escolha, e de
participarem das diversas instâncias da casa legislativa.
2. Partidos Políticos (criação)
• Etapas para criação de partidos
– Personalidade jurídica de direito privado que decorre de sua
regular constituição perante o Cartório de Registro Civil
– Registro dos Estatutos no Tribunal Superior Eleitoral
• Vedações constitucionais:
– Restrições no recebimento de recursos provenientes do
exterior;
– Vedação de organização paramilitar
2. Partidos Políticos (criação)
Acesso Fundo Partidário e Tempo de Televisão (novos partidos)
“Por todas essas razões, reputo constitucional a interpretação que
reconhece o direito à devida proporcionalidade, na divisão do
tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, prevista no
inciso II do § 2º do art. 47 da Lei nº 9.504/97, aos partidos criados
após a realização de eleições para a Câmara dos Deputados,
devendo-se considerar, para tanto, a representação dos deputados
federais que, embora eleitos por outros partidos, migrarem direta e
legitimamente para a novel legenda na sua criação. Essa
interpretação prestigia, por um lado, a liberdade constitucional de
criação de partidos (art. 17, caput, CF/88) e, por outro, a
representatividade do partido que já nasce com representantes
parlamentares, tudo em consonância com o sistema de
representação proporcional brasileiro.”
(STF, ADI 4430 e 4795, Voto Relator, Min. Dias Toffoli)
3. Partidos Políticos (garantias)
• Autonomia partidária
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana” (CF, art. 17, § 1º)
– Autonomia partidária vs. controle judicial
• Reconhecimento da autonomia constitucional exige uma redução
da interferência da Justiça eleitoral nos partidos
• Controle do observância das regras definidas pelo próprio partido
político
3. Partidos Políticos (garantias)
– Dissolução dos diretórios locais
Art. 14. Observadas as disposições constitucionais e as desta Lei,
o partido é livre para fixar, em seu programa, seus objetivos
políticos e para estabelecer, em seu estatuto, a sua estrutura
interna, organização e funcionamento.
– Anulação da deliberação pela diretiva nacional
Art. 7º (…)
§ 2o  Se a convenção partidária de nível inferior se opuser, na
deliberação sobre coligações, às diretrizes legitimamente
estabelecidas pelo órgão de direção nacional, nos termos do
respectivo estatuto, poderá esse órgão anular a deliberação e os
atos dela decorrentes.
3. Partidos Políticos (garantias)
• Garantias decorrentes do registro perante o TSE
§ 2º Só o partido que tenha registrado seu estatuto no Tribunal
Superior Eleitoral pode participar do processo eleitoral, receber
recursos do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à
televisão, nos termos fixados nesta Lei.
• Fundo Partidário
– Fundo especial de assistência aos partidos políticos, constituído pelas
multas e penalidades eleitorais, recursos financeiros legais, doações
espontâneas privadas, dotações orçamentárias públicas.
• 5% distribuído em cotas iguais (art. 41-A, inc. I)
• 95% distribuídos entre partidos com representação na CD (art. 41-
A,inc. II)
– Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II, serão
desconsideradas as mudanças de filiação partidária em quaisquer
hipóteses. 
3. Partidos Políticos (garantias)
• Funcionamento parlamentar (cláusula de barreira)
– Art. 13. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas
Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que,
em cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de,
no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os
brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos
Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um
deles. 
– Declaração de Inconstiucionalidade (STF, ADI 1351 e 1354)
3. Partidos Políticos (garantias)
• Cláusula de barreira (EC n. 97/2017)
– Acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de antena
• Regra definitiva (art. 17, § 3o)
– 3% dos votos válidos + 2% em cada Estado (9 Estados)
– 15 deputados federais eleitos (9 Estados)
• Regra de Transição (art. 3o, inc. II da EC n. 97/17 - 2022)
–2% dos votos válidos + 1/3 das UFs + 1% em cada Estado (9
Estados)
– 11 deputados federais (9 Estados)
– Funcionamento parlamentar assegurado
– Possibilidade de migração sem fidelidade
4. Fidelidade partidária
• Conceito
– “A obrigação dos representantes políticos de ‘não deixarem o
partido pelo qual foram eleitos, ou de não se oporem às
diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos [da
organização partidária] sob pena de perda de mandato”
(BASTOS; MARTINS, 1988-1989, p. 613)
– Previsões infraconstitucionais
• Infidelidade branda (LPP, art. 25)
• Perda de cargo por infidelidade (Lei 13.165/15)
4. Fidelidade partidária
• Inovação jurisprudencial (1º passo)
– Consulta n. 1.398/2007, Res. TSE n. 22.526
CONSULTA. ELEIÇÕES PROPORCIONAIS. CANDIDATO ELEITO.
CANCELAMENTO DE FILIAÇÃO. TRANSFERÊNCIA DE PARTIDO.
VAGA. AGREMIAÇÃO. RESPOSTA AFIRMATIVA.
– Consulta n. 1.407/2007, Res. TSE n. 22.600
CONSULTA. MANDATO. CARGO MAJORITÁRIO. PARTIDO.
RESPOSTA AFIRMATIVA.
4. Fidelidade partidária
• Inovação jurisprudencial (2º. Passo)
– STF, MS 26.602-DF, MS 26.603-DF, MS 26.604-DF
• “Mudança da agremiação sem uma razão legítima viola o
sistema proporcional das eleições, determinado no art. 45 da
Constituição Federal, desfalcando a representação dos
partidos e fraudando a vontade do eleitor.”
• Inovação regulamentar TSE (3º. Passo)
– Perda de cargo eletivo e justificação da desfiliação partidária
(TSE, Res. 22.610, de 25.10.2007)
• Inovação jurisprudencial – STF (majoritária) (4º. Passo)
– ADI n. 5081/DF declara inconstitucional dispositivo da Res. TSE
que reconhece a infidelidade partidária em relação aos cargos
majoritários (27/05/2015)
4. Fidelidade Partidária
– Previsão legal (Minirreforma 2015)
“Art. 22-A.  Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se
desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito.
Parágrafo único.  Consideram-se justa causa para a desfiliação
partidária somente as seguintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa
partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias
que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à
eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato
vigente.”
4. Fidelidade partidária
• Previsão legal (Minirreforma 2015)
– Janelinha (infraconstitucional)
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias
que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à
eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato
vigente.” Prazo: 02/04/2016
– Janelona (Emenda Constitucional n. 91/2016)
Art. 1º É facultado ao detentor de mandato eletivo desligar-se do
partido pelo qual foi eleito nos trinta dias seguintes à promulgação
desta Emenda Constitucional, sem prejuízo do mandato, não sendo
essa desfiliação considerada para fins de distribuição dos recursos do
Fundo Partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e televisão.
Prazo: 18/03/2016
4. Fidelidade partidária
• Regulamentação do TSE (Res. 22.610, de 25.10.2007)
– Razões para configuração de “justa causa”:
• Incorporação ou fusão do partido (não previstos na Lei)
• Criação de novo partido (não previstos na Lei)
• Mudança substancial ou desvio reiterado do programa
partidário;
• Grave discriminação pessoal.
4. Fidelidade partidária
• Regulamentação do TSE (Res. 22.610, de 25.10.2007)
– Direito de ação pelo partido (em 30 dias) e demais
colegitimados (em 30 dias). TSE (mandatos federais) e TRE
(mandatos estaduais)
– Pedido de declaração de justa causa (proposto pelo
mandatário)
– Pressupostos:
• demonstração de desfiliação e
• ausência de justa causa.
4. Fidelidade partidária
• Regulamentação do TSE (Res. 22.610, de 25.10.2007)
– Alargamento da competência da Justiça Eleitoral.
– Criação de prazos decadenciais.
– Silêncio em relação às questões pertinentes aos interessados
na propositura da ação.
– Irrecorribilidade da decisão (salvo o pedido de reconsideração)
– Prazo máximo de 60 dias para o julgamento.
5. Coligações Partidárias e Federação
• Coligações partidárias
– Aliança entre partidos com duração exclusiva para o
pleito eleitoral
– Independência entre as coligações em planos federais
e estaduais
– Efeito das coligações
• Soma de tempo de televisão
• Inscrição conjunta para a formação de uma mesma chapa
• Eleições majoritárias (presidente, senador, governador e
prefeito)
5. Coligações Partidárias e Federação
• Federação partidária (Lei n. 14.208/21)
– Aliança de partidos com duração mínima de 4 anos
• A desfiliação de um partido importa na perda do mandato de seus
integrantes e do direito de funcionamento parlamentar
– Abrangência nacional dos partidos políticos e vinculação de
todos os órgãos de direção partidária
– Registro junto ao TSE com constituição de programa partidário
e estatuto comum
• As regras para a definição das listas proporcionais será fixada no
estatuto da federação
– A federação deve ser constituída até o dia 31/5 (ADI 7021/MC)
6. Temas a serem tratados na aula do dia 14/
• Candidatura avulsa (independente)
– https://www.youtube.com/watch?v=eB9kFI3UU6M

• Mandato coletivo (representações)


– https://www.youtube.com/watch?v=Ut0WT7RX-rU

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