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Ideologia e ciência segundo Marx

• A Ideologia Alemã: ideologia é uma especulação metafísica idealista.

• 18 Brumário de Luis Bonaparte (1851): conceito de superestrutura ideológica: Visões de


mundo, superestruturas (conceito) "uma maneira de pensar" da pequena burguesia.
• quem cria as ideologias são as classes sociais;
• não se faz ao nível dos indivíduos;
• quem as sistematiza, desenvolve, dá-lhes forma de teoria, de doutrina, de
pensamento elaborado, são os representantes políticos ou literários da classe: os
escritores, os líderes políticos etc.; são eles que formulam sistematicamente essa
visão de mundo, ou ideologia, em função dos interesses da classe.
• não configuram ideias isoladas mas um conjunto orgânico;
• Não é apenas a ideia sobre a propriedade privada, sobre o Estado ou sobre Deus, mas
uma certa problemática (perguntas). "certos limites do cérebro" horizonte intelectual
que os representantes políticos e literários da pequena burguesia não conseguem
superar;
A Miséria da Filosofia, de 1847: representantes científicos de classe

• "Os economistas são os representantes científicos da classe burguesa” (Sociologia,


História, Ciência política).
• ciência e representação científica de classe não são contraditórios.
• É possível fazer ciência a partir de uma relação dialética entre ciência e representação de
classe.
• Representação (ponto de vista) de classe & produção científica;

O Capital e A Teoria da Mais- Valia: teoria do conhecimento científico social.

• “economistas clássicos”: Quesnay e outros; continua com Adam Smith e chega ao seu
apogeu com Ricardo (teoria do valor-trabalho). Vão às raízes dos problemas econômicos,
percebem as contradições que existem na realidade. Portanto tem valor científico.
• "economistas vulgares”: McCulloch, Malthus, J. B. Say, Senior, etc. Se encarregam de
dogmatizar, pedantizar e proclamar como verdades absolutas aquelas ideias banais e
superficiais que os próprios capitalistas têm sobre a economia; apologia superficial do
capitalismo e das classes dominantes: "a terra dá a renda da terra", "o capital dá o
lucro", "o trabalho dá o salário“.
Análise psicológica e moral

"economistas vulgares”:

• procuram satisfazer a demanda dos patrões, seu interesse é publicitário e propagandístico;


• vendidos e "sicofantas" (salafrários);
• gritavam em defesa da propriedade privada, servidores, agentes servis da classe dominante;

“economistas clássicos”:

• autores científicos de boa fé, desinteresse, amor à verdade;


O Capital, de 1873:

"A economia política burguesa pôde se manter como ciência, pôde ter um caráter científico,
enquanto a luta de classes permaneceu Iatente ou não se manifestou senão em episódios
isolados. Por exemplo, na Inglaterra, no período em que a luta de classes moderna ainda
não se desenvolvera, é também o período clássico da economia política inglesa. Agora, a
partir de 1830, tanto na França, como na Inglaterra, a burguesia tomou o poder político,
através da revolução de 1830 na França e da mudança na relação de forças políticas na
Inglaterra. A partir daí, tanto na teoria quanto na prática, a luta de classes toma forma cada
vez mais ameaçadora. Aí soa o dobre de finados da economia clássica burguesa, da economia
burguesa científica. A partir desse momento, não se trata mais de saber se tal teoria é
verdadeira, mas se ela é agradável ou não à polícia, útil ou inútil, confortável
ou inconfortável ao capital. A pesquisa desinteressada foi substituída pela luta dos lacaios, a
investigação conscienciosa foi substituída pela má fé e pelos miseráveis subterfúgios da
apologética".
Análise sociológica em termos de luta de classes.

Enquanto não existia ainda o movimento operário ameaçando os interesses da burguesia, era
possível o desenvolvimento científico objetivo, imparcial, da ciência econômica, dos clássicos dos
fins do século XVIII e início do século XIX... necessita agora de uma apologética... Legitimação, uma
ideologia a serviço de sua posição de classe.

Por exemplo:

• Malthus é contemporâneo dos economistas clássicos, mas representa o setor mais atrasado, mais
reacionário favorável a uma aliança com a monarquia, com o clero, com os proprietários da terra,
etc
• Ricardo é mais progressista, mais avançado, da burguesia industrial. Contudo, apesar de sua boa
fé, de sua imparcialidade, do seu amor à verdade, é um burguês, isto é, a ideologia burguesa, a
visão de mundo burguesa impõe certos limites à sua ciência e ao grau de conhecimento que ele
pode chegar; a visão que orienta o seu trabalho científico é a visão social da burguesia.

Pertencem ambos a posições distintas de frações de classe o que explica o maior ou o menor
valor científico de uma obra.
A maneira de pensar de Ricardo depende do ponto de vista social burguês. É a sua
problemática, as perguntas que ele faz à realidade, é o seu horizonte intelectual, seu grilhão.

A problemática (perguntas que Ricardo levanta) não supera o ponto de vista burguês, horizonte
intelectual (capitalista). Pg 110.

* é impossível para ele ir além dos limites estruturais da visão burguesa.

• Pode-se depreender disso que, quanto mais uma classe é progressista, mais ela é científica,
mais o seu conhecimento tem valor científico. E quanto mais uma classe ou uma posição de
classe for antiprogresso, reacionária, retrógrada, menos ela entenderá a realidade.

Mas não é a concepção de Marx que é mais dialética.


Sismondi séc. XIX.

• quase o único, que critica os fundamentos mesmo do capitalismo que demonstra que o
progresso da capitalismo produz necessariamente pobreza, desemprego, desigualdade social,
exploração, crise etc.
• sempre traz crises, que as crises produzem desemprego, que o desemprego agrava a miséria
do povo, leva à expropriação dos camponeses e dos artesãos, que são condenados à miséria. É
inimigo do progresso, acha que quanto mais o progresso avança, mais a situação do povo
piora. O ideal para ele é voltar para trás. Marx chama-o de "um elogiador dos tempos
passados”. ...quer voltar ao artesanato, à pequena produção familiar, ao pequeno camponês.
Esse é o seu ideal econômico.

• Marx rejeita isso, não acredita na volta ao passado. acredita no progresso, no


desenvolvimento das forças produtivas, mas ao mesmo tempo Marx reconhece a
importância da análise crítica de Sismondi.
Marx compara Ricardo com Sismondi e diz:

"o que um viu, o outro ignorou, o que o outro enxerga, o primeiro não vê“

Ricardo vê todas as vantagens do progresso capitalista e Sismondi só vê as desvantagens,


cada um vê só um elemento da realidade mas, em uma visão dialética, tem-se que observar
esses dois aspectos. Pg 112 e 113.
A Miséria da Filosofia:

"Da mesma maneira que os economistas são os representantes científicos da classe burguesa,
os socialistas e os comunistas são os teóricos da classe proletária".

“Na medida em que a luta do proletariado vai se desenhando mais diretamente, o teórico
socialista e comunista deve ser a expressão do processo que está se dando nesse momento. A
ciência produzida pelo momento histórico, associando-se a esse movimento com consciência
de causa, já não é doutrinária mas é uma ciência revolucionária"

...ciência revolucionária aquela que exprime, que manifesta no terreno do


conhecimento, o ponto de vista de uma nova classe, que inicia sua luta, o proletariado.
Marx não pretende que sua crítica da economia política seja neutra, pura, objetiva,
imparcial, desvincula-a de qualquer ponto de vista de classe.
O Capital, de 1873:

"na medida em que a minha crítica da economia política representa uma classe, não pode ser
senão a classe cuja missão histórica é a destruição do modo de produção capitalista e a abolição
final das classes, isto é, o proletariado".

Marx tirou sua própria máscara, e mostrou sua verdadeira face, se apresentou
claramente, explicitamente, como representante de um ponto de vista de classe determinado
que é o ponto de vista do proletariado.

Althusser:

Corte epistemológico entre ciência (social) e ideologia como entre química e alquimia
(Bachelard) pg 115

Erro do tipo “Positivista”. Autonomiza da luta de classes a ciência.

A análise dialética evita erros mecânicos, reducionistas ou positivistas.


Visão social de mundo, do ponto de vista de uma classe (ideológico) utópico.

Não existe a ciência pura de um lado, e a ideologia de outro. Existem diferentes pontos
de vista científicos que estão vinculados a diferentes pontos de vista de classe

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