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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

RIO GRANDE DO NORTE

CONSTITUIÇÃO, DEMOCRACIA E
POLÍTICA

Prof. Msc. Arlley Andrade de Sousa


ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
RIO GRANDE DO NORTE

AULA 07
A JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
NO MARCO DO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Prof. Msc. Arlley Andrade de Sousa


“Não tem interesse em combater a corrupção
àquele que corrompe a legitimidade de direito... pelo
contrário, associa-se a ela.”

Júlio Ramos da Cruz Neto


1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

1.1. Introdução

O Estado Constitucional de Direito se consolida, na


Europa continental, a partir do final da II Guerra Mundial. Até
então, vigorava um modelo identificado, por vezes, como
Estado Legislativo de Direito.

Nele, a Constituição era compreendida,


essencialmente, como um documento político, cujas
normas não eram aplicáveis diretamente, ficando na
dependência de desenvolvimento pelo legislador ou pelo
administrador.

No Estado Constitucional de Direito, a Constituição


passa a valer como norma jurídica!
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

A expressão Jurisdição Constitucional designa a


interpretação e aplicação da Constituição por órgãos judiciais.
No caso brasileiro, essa competência é exercida por todos
os juízes e tribunais, situando-se o Supremo Tribunal
Federal no topo do sistema.

A Jurisdição Constitucional compreende o poder


exercido por juízes e tribunais na aplicação direta da
Constituição, no desempenho do controle de
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público em
geral e na interpretação do ordenamento infraconstitucional
conforme a Constituição.
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

1.2. Judicialização da Política e das Relações Sociais

Judicialização significa que questões relevantes do


ponto de vista político, social ou moral estão sendo
decididas, em caráter final, pelo Poder Judiciário.

Trata-se, como intuitivo, de uma transferência de


poder para as instituições judiciais, em detrimento
das instâncias políticas tradicionais, que são o
Legislativo e o Executivo.
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

1.2. Judicialização da Política e das Relações Sociais

Exemplos numerosos e inequívocos de


Judicialização ilustram a fluidez da fronteira entre
política e justiça no mundo contemporâneo,
documentando que nem sempre é nítida a linha que
divide a criação e a interpretação do Direito.

Os precedentes podem ser encontrados em


países diversos e distantes entre si, como Canadá,
Estados Unidos, Israel, Turquia, Hungria e Coreia do
Sul, dentre muitos outros.
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

Causas para a Judicialização da Política e das Relações Sociais:

01. Reconhecimento da Força Normativa da


Constituição;
02. Reconhecimento da importância de um Judiciário
forte e independente, como elemento essencial para as
democracias modernas;
03. Desilusão com a política majoritária, em razão da
crise de representatividade e de funcionalidade dos parlamentos
em geral;
04. Atores políticos, muitas vezes, preferem que o
Judiciário seja a instância decisória de certas questões
polêmicas, em relação às quais exista desacordo moral razoável
na sociedade. Com isso, evitam o próprio desgaste na deliberação
de temas divisivos, como uniões homoafotetivas, interrupção de
gestação ou demarcação de terras indígenas.
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

No Brasil, em especial, além das quatro causas acima elencadas


tem-se ainda como razões para Judicialização da Política:

a) o modelo de constitucionalização abrangente e


analítica adotado;

b) sistema de controle de constitucionalidade vigente


entre nós, que combina a matriz americana – em que todo juiz e
tribunal pode pronunciar a invalidade de uma norma no caso
concreto – e a matriz européia, que admite ações diretas ajuizáveis
perante a corte constitucional
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

Nesse contexto, a Judicialização constitui um


fato inelutável, uma circunstância decorrente do
desenho institucional vigente, e não uma opção
política do Judiciário. Juízes e tribunais, uma vez
provocados pela via processual adequada, não têm a
alternativa de se pronunciarem ou não sobre a questão.

Todavia, o modo como venham a exercer essa


competência é que vai determinar a existência ou não
de ativismo judicial.
2. A CONCRETIZAÇÃO DO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
2.1. Ativismo Judicial

A ideia de ativismo judicial está associada a uma


participação mais ampla e intensa do Judiciário na
concretização dos valores e fins constitucionais, com
maior interferência no espaço de atuação dos outros dois
Poderes.

Em muitas situações, sequer há confronto, mas


mera ocupação de espaços vazios.
2. A CONCRETIZAÇÃO DO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
A Judicialização, como demonstrado acima, é
um fato, uma circunstância do desenho institucional
brasileiro.

Já o Ativismo é uma atitude, a escolha de um


modo específico e proativo de interpretar a
Constituição, expandindo o seu sentido e alcance.

Normalmente, ele se instala – e este é o caso do


Brasil – em situações de retração do Poder Legislativo,
de um certo descolamento entre a classe política e a
sociedade civil, impedindo que determinadas demandas
sociais sejam atendidas de maneira efetiva.
2. A CONCRETIZAÇÃO DO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO

O oposto do Ativismo é a Auto-contenção judicial, conduta pela qual


o Judiciário procura reduzir sua interferência nas ações dos outros
Poderes .

A principal diferença metodológica entre as duas posições está em


que, em princípio, o ativismo judicial legitimamente exercido procura
extrair o máximo das potencialidades do texto constitucional, inclusive
e especialmente, construindo regras específicas de conduta a partir de
enunciados vagos (princípios, conceitos jurídicos indeterminados).

Por sua vez, a autocontenção se caracteriza justamente por abrir mais


espaço à atuação dos Poderes políticos, tendo por nota fundamental a forte
deferência em relação às ações e omissões desses últimos.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

FIM

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