You are on page 1of 51

Situações Especiais e

Atendimento de
Emergência
Intoxicações Exógenas

Venenos ou tóxicos são substâncias


químicas que podem causar danos
ao organismo. As intoxicações
podem ser classificadas em três
categorias: acidentais,
ocupacionais e intencionais.
Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos
Não existem muitos antídotos (antagonistas
específicos dos venenos) eficazes, sendo muito
importante tentar identificar a substância
responsável pelo envenenamento o mais breve
possível. Caso isso não seja conseguido de
imediato, posteriormente devem ser feitas
tentativas de obter informações (e/ou amostras)
da substância e das circunstâncias
em que ocorreu o envenenamento.
Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos
Uma substância tóxica pode penetrar no organismo por
diversos meios ou vias de administração.
• Ingerida: medicamentos, derivados de petróleo,
agrotóxicos, raticidas, plantas, alimentos contaminados etc.
• Inalada: gases tóxicos. Ex: monóxido de carbono, amônia,
agrotóxicos, cola à base de tolueno (cola de
sapateiro),acetona, benzina, éter, gás de cozinha, fluido de
isqueiro e outras substâncias voláteis, gases liberados
durante a queima de diversos materiais (plásticos, tintas)
etc.
Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos

• Absorvida: inseticidas, agrotóxicos e outras


substâncias químicas que penetrem no
organismo pela pele ou mucosas.
• Injetada: toxinas de diversas fontes, como
cobras, aranhas, escorpiões ou drogas injetadas
com seringa e agulha.
Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos
Sinais e sintomas mais comuns de intoxicação são
variados, dependendo da substância)
• Sudorese
• Sialorreia e lacrimejamento
• Alterações pupilares: midríase ou miose
• Queimação nos olhos e mucosas
• Cefaleia
• Alterações da consciência
• Convulsões
Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos
• Queimaduras ou manchas ao redor da boca
• Dificuldade para deglutir
• Náuseas e vômitos
• Distensão e dor abdominal
• Alterações na pele: palidez, hiperemia ou cianose
• Odores característicos: na respiração, roupa, ambiente
• Alterações na frequência cardíaca (taquicardia,
bradicardia e arritmias)
• Respiração anormal (taquipneia, bradipneia ou dispneia)
• Choque e óbito
Intoxicações Exógenas e
Acidentes com Animais Peçonhentos
• Abordagem e primeiro atendimento à vítima de
envenenamento
Verifique se o local está seguro, procure identificar a via
de administração e o veneno em questão identifique-se
e faça o exame primário; esteja preparado para intervir
com manobras para liberação das vias aéreas e de RCP,
caso seja necessário. Proceda ao exame secundário e
remova a vítima do local. Há situações em que a vítima
deve ser removida imediatamente para diminuir a
exposição ao veneno e preservar a segurança da equipe.
Intoxicação exógena
ABORDAGEM ATENDIMENTO INICIAL
De acordo com as últimas diretrizes para o
tratamento de intoxicações e envenenamento,
propostas pela American Heart Association e a Cruz
Vermelha Americana, a vítima intoxicada não deve
beber nada (nem mesmo água ou leite).
Os socorristas não devem oferecer carvão ativado ou
xarope de ipeca para a vítima, a não ser que seja
recomendado pelo Centro de Controle de Intoxicação.
Intoxicação exógena
• ABORDAGEM ATENDIMENTO INICIAL

• Não induzir o vômito se a vítima ingeriu derivados de


petróleo (como querosene e gasolina) ou substâncias
corrosivas e cáusticas (ácido ou base). Também não provocar
o vômito se a vítima estiver com alterações de consciência.
• Guarde as embalagens de produtos, restos de substâncias ou
conteúdos vomitados, para facilitar a identificação do veneno
e tratamento adequado.
• Em caso de contato com a pele e/ou olhos, lave a região
atingida com bastante água corrente e limpa.
Intoxicação exógena
• ABORDAGEM ATENDIMENTO INICIAL
• O melhor a ser feito é remover a vítima para o
hospital o mais rápido possível. O envenenamento
é um dos casos em que o socorrista poderá
remover a vítima rapidamente para o hospital
sem aguardar o Suporte Avançado de Vida (SAV).
• Ligue para o Centro de Informações Toxicológicas
(CIT) e obtenha maiores informações sobre a
substância em questão.
Intoxicação exógena
ATENDIMENTO SECUNDÁRIO
No Pronto socorro proceda a avaliação primária,
direcionando os cuidados conforme as alteraçõe
sapresentadas pelo cliente. Se necessário,
monitorize, administre oxigenoterapia, realize a
venopunção, a coleta de sangue para análise
laboratorial e inicie a infusão de fluidos.
Intoxicação exógena
ATENDIMENTO SECUNDÁRIO

Geralmente, a administração de fluidos por via EV mantém


o nível de hidratação e colabora na manutenção da função
renal, assegurando débito urinário adequado. A essas
soluções, podem ser adicionadas bases ou ácidos fracos
para facilitar a excreção do produto tóxico pela urina.
Substâncias químicas, como os quelantes, se ligam a
determinados produtos tóxicos, sobretudo metais pesados
como o chumbo, mercúrio, alumínio; podem ser
administrados por diferentes vias para ajudar a neutralizar
e a eliminá-los.
Intoxicação exógena
tratamento
No serviço de saúde, a equipe multiprofissional utiliza
diversas técnicas na assistência para minimizar os danos
causados. O suporte ventilatório pode ser necessário na
parada respiratória após uma dose excessiva de morfina,
heroína ou barbitúricos. Para reduzir o edema cerebral após
intoxicação causada por sedativos, monóxido de carbono ou
chumbo, as drogas administradas incluem os corticosteróides
e o manitol. Em consequência de insuficiência renal, pode
ser necessário o uso de terapias de substituição renal.
Pode ainda ser realizado lavagem gastrica conforme
orientação medica.
atenção

Lembrando que toda


intoxicação exogena deve ser
notificada-SINAN
Acidentes com animais peçonhentos

• Animal peçonhento é aquele que possui


glândula produtora de veneno que se comunica
com dentes ocos, ferrões ou aguilhões por
onde a peçonha passa ativamente. Ex: cascavel,
aranha marrom, escorpiões, abelhas etc.
Acidentes com animais peçonhentos

• Sempre que estivermos diante de um possível


caso de envenenamento causado por animal
peçonhento, devemos tentar capturá-lo para
identificação, sem correr maiores riscos ou
perder tempo com esse procedimento. A
identificação correta permitirá a
administração do soro antiofidio específico.
Acidentes com animais peçonhentos

• É importante ressaltar que os sinais e


sintomas do envenenamento variam de
acordo com a espécie que causou o
acidente, a quantidade de veneno
inoculado, peso e idade da vítima, as
condições de nutrição e o atendimento
recebido.
• AÇÕES DO VENENO

 NEUROTÓXICA: AÇÕES PRODUZIDAS POR TOXINAS


QUE AFETAM O SNC
 COAGULANTES: OCORRE AUMENTO DE TEMPO DE
COAGULAÇÃO SANGUINEA OU INCOAGUBILIDADE.
 MIOTÓXICAS: PRODUZ LESÕES DE FIBRAS
MUSCULARES ESQUELETICAS (RABDOMIOLISES)
 PROTEOLÍTICAS : AS ENZIMAS DO VENENO
DESTROEM AS PROTEINAS DOS TECIDOS,
PRODUZEM EDEMA LOCAL, BOLHAS,
NECROSES E ABSCESSOS.
 COAGULANTE: LESOES NOS VASOS
SANGUINEOS
 HEMORRAGICAS: HEMORRAGIA INTERNA E
EXTERNAS, DESTRUIÇÃO DA PAREDE INTERNA.
Acidentes com animais peçonhentos
• Acidente ofídico
Mordidas de cobras não peçonhentas não são
consideradas sérias e geralmente são tratadas
como ferimentos leves; apenas as mordidas de
cobras peçonhentas são consideradas urgências
médicas. Os sinais e sintomas aparecem de forma
imediata em somente um terço dos casos de
mordidas de cobras peçonhentas e a maioria das
pessoas não apresenta sintomas, normalmente
porque o veneno não foi injetado.
Acidentes com animais peçonhentos

No Brasil existem duas famílias de serpentes


consideradas peçonhentas e de interesse médico:
• Família Viperidae (Viperídeos): destaca-se a
subfamília Crotalinae, a que pertencem os
gêneros Crotalus(cascavel), Bothrops (jararaca) e
Lachesis (surucucu).
• Família Elapidae (Elapídeos): engloba o gênero
Micrurus (corais verdadeiras).
Acidentes com animais peçonhentos
As serpentes peçonhentas em nosso país geralmente apresentam as
seguintes características:
• 1. cabeça triangular e destacada do corpo, escamas pequenas e
ásperas, pupila em fenda vertical (elíptica), cauda
• bem destacada do corpo, presença de guizo ou chocalho no final da
cauda (cascavel);
• 2. presença de fosseta loreal (com exceção da coral verdadeira):
órgão termossensorial situado entre o olho e a
• narina, que permite à serpente detectar variações mínimas de
temperatura no ambiente, ou seja, perceber a
• presença de animais de sangue quente (homeotérmicos);
• 3. presença de presas inoculadoras de veneno;
• 4. hábito noturno, movimentos lentos e vagarosos.
Acidentes com animais peçonenhentos

Figura 1. Bothrops
Acidentes com animais peçonhentos

• Observação – existem exceções e nem todas


as serpentes peçonhentas se enquadram nas
características descritas acima. Ex.: a coral
verdadeira não possui cabeça triangular nem
fosseta loreal mas é peçonhenta. Já a jibóia
possui cabeça triangular e cauda afinando
bruscamente, mas não é peçonhenta.
Acidentes com animais peçonenhentos
Acidentes com animais peçonhentos

• Sinais e sintomas
A mordida provoca muita dor imediata,
vermelhidão, sangramento no local, edema,
bolhas e necrose. As manifestações sistêmicas
incluem náuseas, vômitos, sudorese,
hipotermia, hipotensão arterial, choque,
hemorragias à distância (epistaxe,
gengivorragia, sangramento digestivo,
hematúria etc.) e insuficiência renal aguda.
Acidentes com animais peçonhentos
• Tratamento:
• APH: manter vitima em repouso absoluto, remover aneis e
pulseiras ou outros adornos, lavar o local da picada com agua e
sabao, proteger o local com curativo gase esteril, transporte para o
hospital.
• soro antibotrópico, via endovenosa, de acordo com a
sintomatologia apresentada e classificação do acidente em leve,
moderado ou grave.
• Manter membro elevado acima do coração, curativo se
necessario.
• Realizado exames laboratoriais para acompanhamento
coagulação, urina, entre outros.
Crotalus durissus (casc
Fonte: Instituto Vital B
Acidentes com animais peçonhentos
• Gênero Crotalus (Grupo das cascavéis)
Menos agressivas que as jararacas, são responsáveis por
cerca de 8 a 11% dos acidentes ofídicos; no entanto
oofidismo (envenenamento causado por mordida de
cobra) costuma ser de maior gravidade devido à
frequência com que evolui para insuficiência renal aguda
(IRA).
A característica mais importante para identificar a
serpente desse gênero é a presença de guizo ou chocalho
na pontada cauda. As cascavéis atingem na idade adulta
1,6 m de comprimento, vivem em lugares secos, regiões
pedregosas e pastos, raramente sendo encontradas nas
Acidentes com animais peçonhentos

Sintomas
• O veneno possui ação neurotóxica, miotóxica
(lesa a musculatura esquelética –
rabdomiólise) e coagulante, causando
manifestações locais geralmente pouco
intensas: edema, pouca dor e sensação de
formigamento e adormecimento da área
(parestesias discretas).
Acidentes com animais peçonhentos
Sintomas
• As manifestações sistêmicas e neurológicas são as
mais importantes e perigosas: náusea, prostração,
sonolência, cefaleia, diplopia e visão turva, midríase,
ptose palpebral (“fácies miastênica” – fácies
neurotóxica de Rosenfeld), dificuldade para deglutir,
mialgia generalizada e de aparecimento precoce,
fraqueza muscular, urina escura (avermelhada e
posteriormente marrom, devido à mioglobinúria) e
insuficiência renal.
Acidentes com animais peçonhentos

• Tratamento
• Soro anticrotálico, via endovenosa, de acordo
com a sintomatologia apresentada e
classificação do acidente em leve, moderado
ou grave.
Acidentes com animais peçonhentos
• Gênero Micrurus (Grupo das corais verdadeiras)
• A coral é a serpente do Brasil que tem o veneno
mais potente, porém, como já vimos, não é a
maior responsável pelos acidentes ofídicos. Essas
serpentes peçonhentas não possuem fosseta
loreal (isto é uma exceção), cabeça triangular, nem
um aparelho inoculador de veneno tão eficiente
quanto o das jararacas e cascavéis. O veneno é
inoculado por meio de presas pequenas e fixas.
Acidentes com animais peçonhentos
Sintomas
• Os acidentes elapídicos geralmente não causam
manifestações locais significativas, porém as
sistêmicas são graves: vômitos, sialorreia, ptose
palpebral, dilatação das pupilas (midríase),
sonolência, perda de equilíbrio, fraqueza muscular,
paralisia flácida que pode evoluir comprometendo a
musculatura respiratória, causando insuficiência
respiratória aguda e parada respiratória. Todos os
casos devem ser considerados potencialmente graves.
Acidentes com animais peçonhentos

Tratamento
• Atendimento APH
O tratamento específico consiste na
administração do soro antielapídico, via
endovenosa.
Gênero Lachesis
(Surucuru)
Acidentes com animais peçonhentos
• Gênero Lachesis (Surucuru)
Os sinais e sintomas do envenenamento são semelhantes ao
acidente botrópico, porém acrescidos de tontura,
escurecimentovisual, hipotensão arterial, bradicardia, cólicas
abdominais e diarreia (síndrome vagal). Os acidentes por
mordida de surucurusão considerados moderados e graves
devido ao grande porte do animal e quantidade de peçonha
injetada.Se a serpente puder ser identificada, o tratamento é
a administração do soro específico (antilaquético), via
endovenosa.Caso contrário, poderá ser administrado soro
antibotrópico-laquético.
Acidentes com animais peçonhentos

• Atenção: o que nunca fazer!


 Tentar sugar o veneno
 Fazer cortes no local da picada
 Aplicar substancias no local da picada
 Fazer torniquetes
 Dar alcool, ou outras substencias para ingerir;

(animais peçonhentos no Brasil, 2° ed. Savier , 2009)


Acidentes com animais peçonhentos
Acidentes com animais peçonhentos
• Caso clinico

J. P. S., 25 anos, trabalhador rural na região do triângulo


mineiro, foi encaminhado ao centro de saúde referindo ter sido
picado na perna por uma cobra enquanto cortava cana. O
acidente ocorreu há 12 horas. Ele relata intensa dor local,
cefaleia e dois episódios
de vômito. O membro encontra-se significativamente
edemaciado, com presença de equimoses, hematomas e bolhas.
Baseando-se na descrição do caso e os links disponibilizados
para pesquisa, identifique o gênero da serpente que causou o
acidente e elabore um plano de atendimento à vítima, com
orientações do que deve e não deve ser feito.
Acidentes com animais peçonhentos
Pesquisar:
Animais peçonhentos, suas características, distribuição
geográfica, manifestações clínicas de envenenamento e
produção: de soros (antiveneno).
Instituto Butantan <http://www.butantan.gov.br>.
Instituto Vital Brazil <http://www.ivb.rj.gov.br>.
CEVAP – Centro de Estudos de Venenos e Animais
Peçonhentos –
Centro Virtual de Toxinologia (Unesp)
<http://www.cevap.org.br>.
Acidentes com animais peçonhentos

• Acidentes aracnídeos
Acidentes com animais peçonhentos
Acidente aracnídico
Normalmente, a picada será tratada como qualquer
ferimento. O auxílio médico só é necessário se o prurido
ou dor durarem mais de 2 dias, houver sinais de infecção
no local, desenvolvimento de reação alérgica ou se o
aracnídeopertencer a um dos três gêneros de aranhas
peçonhentas e de importância médica que existem no
Brasil: Phoneutria spp(aranha armadeira, várias
espécies), Loxosceles (aranha marrom, várias espécies) e
Latrodectus (viúva-negra, 3 espéciesocorrendo no Brasil,
sendo a Latrodectus curacaviensis a mais comum).

You might also like