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Resenha do Livro:
As Firmes Resoluções de Jonathan Edwards

Por:

David Cecilio

Título | As Firmes Resoluções de Jonathan Edwards.


Série | Um Perfil de Homens Piedosos.
Autor | Steven J. Lawson.
Número de Páginas | 172.
Editora | Editora Fiel da Missão Evangélica Literária.
1º Edição em Português | 2010.
Este livro é o segundo da série Um Perfil de Homens Piedosos, que tem como objetivo
examinar a vida de várias personalidades da história da Igreja com uma perspectiva
especifi cada em um ponto principal do ministério deste homens de Deus. O que
podemos ver, por exemplo, no primeiro volume que tem Jo ão Calvino como foco, onde
a arte expositiva usada pelo reformador na exposição da Escritura é ponto considerado
principalmente. N es te volume, no qual J onathan E dwards ( ✭ 1703 - ✝ 1758) é o
homem piedos o a s er es tudado, as s uas " Resoluções" es critas entre os anos de
1722 e 1723 es tarão em foco.

Steven Lawson declara que o objetivo deste livro é chamar a " nova geração de cristão
a buscar a santidade em seu cotidiano", isto é, para que "fixemos nossa atenção na
forma como devemos nos disciplinar nesta busca" 1 . Este chamado é para a nossa
época onde o evangelho flácido de muitos critãos professos apenas os faz mimarem-
s e "até a morte", de forma a que s eus " músculos espirituais estão destreinados e
inadequados" 2 . E m suma, são almas irresolutas. C o m vista nesta situação, Lawson
enfatizará neste livro " a apaixonada busca de Edwards por santidade pessoal, por
meio de suas 'Resoluções'" 3 .

O primeiro capítulo do livro - " A Vida e o Legado de Edwards" - é uma pequena


biografia do teológo onde, após um levantamento das muitas testumunhas
da relevância cristã de Edwards, o autor começa nos questionando: " Por que
Jonathan Edwards?". Que Edwards foi muito relevante não há dúvidas, sendo
assim o que realmente esta questão nos aponta é a questionarmos o porquê e o
como Jonathan Edwards viveu sua vida cristã da forma que viveu. O que s e deve
dizer é que Deus através de sua graça soberana concedeu a Edwards uma vida em
busca da verdadeira piedade - uma prática da santidade baseada em uma mente
apaixonada por Cristo. O u como o autor coloca, " Edwards combinou [...] a piedade
espiritual com um gênio intelectual" 4 .

D e sua história pode-s e ver que Deus soberamente em todos os momentos na vida de
Edwards mostrou a sua sabedoria em guiar absolutamente tudo para que em Edwards
fosse forjado um cristão completo. Desde a sua infância e adolescência, onde recebeu
educação centrada na Bíblia e exemplos de uma vida dedicada ao ministério cristão
por seu pai, até a sua inesperada morte, Deus mostrou-s e gracioso.

N o s eg undo ca pítulo - " Uma Bússola Espiritual para a Alma" -, S teven L aws on
aponta e examina alg umas caracterís ticas das " Resoluções", para que s e
pos s a ter uma vis ão delas como um todo. E le examina o contexto his tórico,
precedência cultural, propós ito es piritual e raíz es teológ icas das " Resoluções".
A s principais categ orias das "Resoluções", as quais s erã o os temas centrais de
cada capítulo, s ão também des critas nes te capítulo.

O capítulo três - " O Pré-Requisito da Fé" - trata da cons ciência plena que
E dwards tivera como a única pos s ibilidade de s uces s o nas s uas determinações ,
" somente Deus é o agente da santificação" 5 . L aws on, analis ando o preâmbulo das
" Resoluções" que, ao invés de tratar s obre o que s e fa z er, trata de como s e
faz er, nos mos tra que
a incapacidade humana e o poder divino estiveram presente como fundamentais na
teologia por trás das " Resoluções".

O capítulo quatro - " A Glória de Deus Como Prioridade" - é onde o autor mostra
a proeminência da Glória de Deus como o que absolutamente regula a vida do
cristão e, neste caso, todas as " Resoluções" de Edwards em seu conteúdo e
abrangência. O centro das convicções de Edwards, desde a sua conversão, era a
crença de que a Escritura nos revela a Glória de Deus como o mais alto valor e
tesouro de toda a realidade e portanto também da vida do crente.

Na análise das "Resoluções" relacionadas a este ponto, Steven Lawson nos mostra
como na vida de Edwards a glória de Deus direcionava todas as diversas áreas da
vida humana, como a alegria do homem, o bem da humanidade e os sofrimentos e
provações da nossa vida. A atitude de Edwards para com a proeminência da Glóra de
Deus em todas as partes do que somos era de total entrega apaixonada e confiante, o
que pode ser visto em sua quarta resolução - " Resolvi nunca fazer qualquer coisa,
[...] nada mais, nada menos, que não glorifique a Deus [...]" 6.

O autor também afirma: " Todo grande líder cristão tem um paixão principal,
uma aspiração dominante que governa sua vida e dirige sua alma. É em tal
paixão que ele mais acredita é ela que prende mais a sua mente e estimula seu
coração. Esse objetivo superior controla-o e define a sua própria razão de existir
[...]. Para Jonathan Edwards, essa paixão era [...] a glória de Deus." 7 .

Esta descrição da vida cristã mostra-se confusa e ambígua. E isto é devido ao fato
que Lawson parece estar falando de uma característica particular e de certa forma
sob a escolha preferencial de cada "líder cristão", quando na verdade a característica
expressa como a de Edwards deve ser a de todos os cristãos, visto ser esta a razão
destes existirem - a glória de Deus revelada em Cristo - 2 Co 4:7.

Cremos que a "paixão principal, [e] aspiração dominante que governa" e dirige a vida
cristã pode tomar expressões diferentes em cada cristão. Temos este exemplo na
distinção entre homens e mulheres na expressão de sua devoção a Deus. Contudo,
antes de falar sobre este assunto, Paulo ao se dirigir a igreja com estas diferenças, os
exorta para que cresçam em Cristo - cujo corpo "bem ajustado, e ligado pelo
auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento
do corpo, para sua edificação em amor." - Ef 4:15, 16. Portanto, mesmo que cada
membro tenha a sua caraterística peculiar, a razão de existir e o norte que os dirige é " a
edificação em amor".

A busca pela glória de Deus era certamente uma característica de Edwards, mas isto
em algum grau é desta forma em todos os cristãos - não algo que Edwards manteve
para sua vida, mas já que cada líder cristão tem a sua, todos nós comos cristãos
podemos arrangar novos propósitos e razões de existir. Contudo, fica claro na própria
conclusão deste capítulo que Lawson preza pela glória de Deus como o prumo e alvo
de todo cristão verdadeiro 8.
Outra ocorência de uma falta de clareza está em uma citação do diário de Edwards
neste mesmo capítulo.

"Quanto mais Edwards procurava a glória de Deus, mais ele encontrava sua profunda
alegria. Quando ele perguntava a si mesmo "se alguma alegria ou satisfação deveria
ser permitida... além das alegrias e satisfações religiosas" 9, sua resposta era afirmativa
[...]:

"Sábado, 12 de janeiro... Respondo, sim porque se nunca nos permitíssemos ficar


alegres, exceto para alcançar um objetivo religioso, nunca nos alegraríamos por ver
os amigos [...]. Mas a questão deve ser respondida deste modo: Nunca devemos nos
permitir qualquer prazer ou tristeza que não contribua para a religião "10 "11.

A conclusão que Edwards dá é oposta a primeira frase de sua citação. Não há


nenhuma diferença entre algo que é feito " para alcançar um objetivo religioso" e algo
que é feito para "[contribuir] para a religião" - portanto a última resposta de que tudo o
que fazemos deve contribuir para religião contradiz a sua primeira asserção de que se
fizéssemos tudo para se alcançar um objetivo religioso teríamos uma vida infeliz.

Nas citações seguintes deste capítulo é claramente perceptível que a visão de Edwards
era que a busca pela glória de Deus era a suprema alegria do cristão. Portanto, aqui o
erro encontrado é falta de clareza.

No capítulo cinco - " O Abandono do Pecado" -, o reconhecimento que Edwards teve


de que toda caminhada para santidade é uma luta contra o pecado, uma vez que o
pecado é o oposto da natureza divina, é visto em algumas de suas " Resoluções".
Nisto a teologia reformada e puritana influenciaram grandemente a visão de Edwards,
através de sua ênfase no fato de que o desejo de santidade na vida do crente sempre
encara a intensa luta contra a pecaminosidade e fraqueza do homem.

A ajuda de Deus para lutar contra o pecado era única esperança de Edwards para
reconhecer o pecado, se entristecer por ele e andar em direção contrária aos seus
erros, mesmo depois de muitos fracassos. E por isso Edwards clamou: " Oh, que Deus
[...] me conceda tamanha medida do cristianismo vital, de modo que a base de todas
aquelas irregularidades desagradáveis sejam destruídas" 12.

Steven Lawson afirma "que todas as vezes em que [Edwards] se conscientizava de


qualquer pecado, procurava abandoná-lo. Com sua mente, ele concordava com Deus
no que dizia respeito à malignidade desse pecado em sua vida. Então, com o seu
coração, ele se angustiava por seu pecado e, finalmente, com a sua vontade, escolhia
removê-lo de sua vida" 13.

Porém, esta divisão feita pelo autor entre a mente como responsável pelo intelecto e
o coração responsável pelos sentimentos (razão - emoção) é anti-bíblica. Podemos
constatar isto no exemplo de Faraó, quando Deus endureceu seu coração. Este ato
de Deus foi oposto ao que seria o compadecer-s e do Faraó - v. Rm 9:18 1 4 - e
levá- lo ao arrependimento, pois Deus o confinou a uma condição obstinada diante
do apelo de Moisés - Ex 10:3. Co mo pode-s e ver claramente em Romanos, é a
ação de Deus que difere os endurecidos " vasos de ira, preparados para a perdição"
- Rm 9:22 - dos "vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou" - Rm
9:23. Esta é a ação, como já fora dito, de gerar o arrependimento nestes que são
alvo do amor de D eus - Ap 3:19. Vemos então que endurecimento de coração é o
oposto ao arrependimento.

No Novo Testamento, arrependimento tem o sentido literal de " mudança de mente" -


Mt 3:2 - logo, endurecimento é não-mudança. Podemos expressar isto de outra forma:
Não-mudança de coração é não-mudança de mente (não-arrependimento). Co mo é
óbvio que não-mudança é não-mudança, concluímos que: coração é mente. Logo este
tipo de divisão esquizofrênica deve ser rejeitada. Devemos afirmar a verdade bíblica
que tanto a emoção quanto vontade são funções do intelecto - a imagem de D eus no
homem.

No sexto capítulo - " O Precipício da Eternidade" - Lawson analiza a s


"Resoluções" onde questões como tempo, morte e eternidade foram tratadas. Através
de algumas destas "Resoluções", Edwards criou estratégias para salvar o tempo,
visto que em sua visão este era um presente precioso mas que s e disperdiçado não
poderia ser recuperado. Não apenas o tempo foi objeto de reflexões de Edwards, m as
também a hora de sua morte. George Marsden nos diz que " Edwards passou sua vida
inteira se preparando para morrer" 1 5 , sendo a eternidade o seu alvo. " A
contemplação de sua morte certamente ajudou Edwards a preparar-se para ela" 1 6 ,
diz Lawson.

Steven Lawson destaca que apesar de que na época em que Edwards escreveu
s u as "Resoluções" sua escatologia não estava totalmente desenvolvida, este assunto
s e tornou objeto do amor e atenção de Edwards, que usou o conhecimento que tinha
sobre escatologia para crescer em santidade. John Gerstner nos diz que o retorno de
Cristo era um "conceito controlador no pensamento de Edwards" 17 .

O capítulo sete - " A Paixão da Disciplina" - analiza como Jonathan Edwards organizou
a s ua vida de forma a exigir de si mesmo um comportamento cristão diante dos
padrões divinos de santidade. O autor mostra que Edwards, que já tinha declarado
que não havia em si nada seu, concretizou esta atitude de entrega quando tornou-
s e resoluto sobre viver sempre com todas a s forças para Glóra de D eus 1 8 . Isso não
apenas por que esta tarefa tinha proporções gigantescas que requeririam todas as
s u as forças, mas principalmente porque Edwards era cônscio de que Deus merecia
todas a s forças de s ua existência.

Lawson demonstra, com a divisão que faz das " Resoluções" relacionadas
com disciplina, que tudo que Edwards fazia, desde a preparação para um sermão até o
tipo de comida que comia, teve de ser feito submisso ao glorioso objetivo de glorificar
a Deus. Jonathan Edwards nunca permitiria alguma reserva em s ua devoção a Deus,
ele s e "empenharia inteiramente em tudo o que empreendesse para Cristo" 19 .
O oitavo capítulo - " A Prática do Amor" - é concentrado na relação que Edwards
em suas " Resoluções" traçou entre o amar a Deus a o amar os outros. Edwards sabia
que mesmo que seu temperamento " tímido e anti-social" 20 era geralmente não
maleável a isto, esta relação era puramente bíblica. Lawson nos mostra como
Edwards enfrentou a suas próprias más disposições com resoluções diretas contra
certos pecados, como vingança.

No capítulo nove - " A Postura do Auto-Exame" - Lawson analisa aquelas


resoluções que se aplicaram às áreas mais profundas da vida de Edwards. Ele
nos mostra que Edwards expunha todas as suas certezas, incertezas, vergonhas e
sentimentos diante da Palavra para que esta o revelesse a verdade. Através de um
exame profundo diante do prumo da Palavra, Edwards provava a si mesmo.
Através deste exame, Edwards teve sua conversão examinada, o seu pecado
exposto, a sua
seus deveres vida inspecionada,
provados os
e seus sentimentos monitorados 21.
Conclusão
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Mesmo em meio aos abundantes trabalhos sobre Jonathan Edwards que geralmente
são publicados, a forma com a qual Steven Lawson neste livro aborda este aspecto
da vida de Edwards se destaca. E, apesar de que Lawson cometeu alguns erros por
falta de clareza e que até mesmo asseverou um conceito anti-bíblico, podemos usufruir
deste proveitoso assunto que o livro aborda de forma clara e direta. Por ser ao mesmo
tempo simples e muito edificante, o livro é de grande utilidade ao leitor cristão.
Notas
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1.L A W S O N , Steven. A s Firmes Res oluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão
Evangélica Literária, 2010. p. 12.

2. Ibid. p. 10.

3. Ibid. p. 12.

4. Ibid. p. 18.

5. Ibid. p. 49.

6. Ibid. p.71.

7.L A W S O N , Steven. A s Firmes Res oluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão
Evangélica, 2010. p, 63, 64.

8."Viver para a honra de D e u s deve ser o objetivo principal na vida de cada pessoa. [...] Que
você busque o que é M E L H O R - a glória de D e u s e m todas a s coisas." Ibid. p, 74, 75.

9.E D W A R D S , Jonathan. "Diary" in T h e Works of Jonathan Edwards. V. 16. Lett ers and
Personal Writings apud Lawson, Steven. A s Firmes Resoluções de Jonathan Edwards. Editora
Fiel da Missão Evangélica Literária, 2010. p. 67.

10. Ibid.

11.L A W S O N , Steven. A s Firmes Resoluçõe s de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão


Evangélica, 2010. p, 67.

12.E D W A R D S , Jonathan. "Diary" in T h e Works of Jonathan Edwards. V. 16. Lett ers and
Personal Writings apud Lawson, Steven. A s Firmes Resoluções de Jonathan Edwards. Editora
Fiel da Missão Evangélica Literária, 2010. p. 80.

13.L A W S O N , Steven. A s Firmes Resoluçõe s de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão


Evangélica, 2010. p, 80.

15.M A R S D E N , George. Jonathan Edwards: A Life apud Lawson, Steven. A s Firmes


Re soluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, 2010. p. 91.

16.L A W S O N , Steven. A s Firmes Resoluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão


Evangélica Literária, 2010. p. 96.
17.G E R S T N E R , J ohn H.. T h e Rati onal Biblical Theology of Jonathan Edwards. V 1 apud
Lawson, Steven. A s Firmes Res oluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão
Evangélica Literária, 2010. p. 98.

18.L AW S O N , Steven. A s Firmes Resoluçõe s de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão


Evangélica Literária, 2010. p. 104.

19. Ibid. p. 105.

20.M A R S D E N , George. Jonathan Edwards: A Life apud Lawson, Steven. A s Firmes


Resoluçõe s de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, 2010. p. 120.

21.L AW S O N , Steven. A s Firmes Re soluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão


Evangélica Literária, 2010. p. 134, 138, 139, 141, 142, 143.
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