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Contextualização

histórico-literária

Contos

PROF-AP.15/1
Contextualização histórico-literária
Contos

Datas e acontecimentos

1926 • Início do período de Ditadura Militar, com o general


Gomes da Costa.
1932 • Salazar ascende a chefe de governo da Ditadura
Militar.
1936-1939
• Guerra Civil de Espanha.
1939 • Alemanha invade a Polónia: início da II Guerra
Mundial. Salazar declara a neutralidade portuguesa no
conflito europeu.
1940 • Já aliados, Itália e Alemanha assinam pacto com o
Japão.
• A Alemanha invade a URSS e Portugal divulga um
1941
comunicado congratulando-se de tal.
• Ataque japonês à base de Pearl Harbor dos EUA.

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Datas e acontecimentos

1942 • Domínio de quase toda a Europa pelos alemães e seus


aliados. Portugal mantém relações político-diplomáticas e
económicas com Itália e Alemanha.
1945 • Fim da II Guerra Mundial, com a rendição da Alemanha.
• Criação da ONU com 50 países fundadores, promovendo a
cooperação internacional para a paz mundial e a defesa dos
direitos humanos dos povos.
1945 • URSS recusa o pedido de Portugal para aderir à ONU por
reconhecer que o Estado Novo era um regime fascista.
1955 • Portugal entra para a ONU.

1955 • Guerra Colonial Portuguesa.


1961-74 • Revolução do 25 de Abril e fim de um regime de ditadura.

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Movimento literário desenvolvido entre finais


Neorrealismo dos anos 30 e finais dos anos 50 do século XX.

Nascidos em grande parte na segunda década


do século;
Escritores, críticos e
ensaístas Formados intelectualmente num tempo de
crise social e económica muito aguda,
seguindo um ideário cultural marxista.

Manifestam um certo distanciamento (que chega a ser oposição declarada) em


relação ao legado modernista.

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Neorrealismo
Projeção, no domínio da criação literária, de orientações culturais ideologicamente
fundadas no materialismo histórico e dialético.

Análise, através da literatura, da dialética das transformações sociais e em particular


da luta de classes, num quadro económico-social capitalista.
Denúncia das contradições que afetavam esse cenário económico-social: a
exploração do homem pelo homem, luta pela posse de terra, a sobrevivência de
mecanismo de exploração quase feudais, etc.
O Neorrealismo tentou também articular certos géneros literários dominantes, o
romance e o conto, e determinadas categorias literárias, a personagem e o espaço.

Procurava-se, desse modo, incutir vigor persuasivo a uma mensagem literária que se
pretendia fortemente interventiva.

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O termo Neorrealismo não foi um simples prolongamento do


Realismo literário do século XIX.

Realismo Neorrealismo

As afinidades entre o Neorrealismo e o Realismo oitocentista situam-se não no plano


ideológico, mas no plano ético.

Para ambos, trata-se de ligar a literatura à sociedade, fazendo dela um instrumento


de ativa intervenção social.

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PRINCIPAIS FIGURAS DO NEORREALISMO PORTUGUÊS

Carlos de Oliveira Alves Redol Mário Braga

Manuel da Fonseca Soeiro Pereira Gomes Afonso Ribeiro

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A ficção portuguesa do Neorrealismo ao Pós-Modernismo

A Revolução do 25 de Abril vem criar condições de produção literária distintas das


que até então vigoravam.

Maria Judite de Carvalho é uma das vozes mais


significativas da narrativa portuguesa subsequente ao
Neorrealismo; é dotada de um extraordinário talento de
contista, associado à singular representação do mundo
onde perpassam pequenas ambições e grandes
frustrações, solidões e desencantos, tudo projetado num
cenário marcadamente feminino.

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O Pós-Modernismo e a ficção portuguesa do fim do século

A evolução da ficção portuguesa no último quartel do século XX acha-se balizada


por dois marcos cronológicos:

Revolução de 25 de Abril de 1974 Fim do século

 Acontecimento histórico com  Consciência mais ou menos nítida de


profundas implicações no plano uma dupla passagem para outro
da criação literária em geral; tempo, ou seja, para o século
seguinte e para o novo milénio que
com ele veio.
Crescente abertura a temas, a valores e a estratégias discursivas pós-modernistas.

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O Pós-Modernismo e a ficção portuguesa do fim do século

«[N]ão podemos ignorar que algumas das mais interessantes tendências da


ficção portuguesa contemporânea devem muito a um diálogo ativo com o presente
histórico de fraturas, conflitos e desencantos a que o último quartel do século XX deu
lugar [...]. [A] marca de um tempo que projetou na linguagem, nos seus labirintos e
nas suas tensões internas o testemunho das ilusões e desilusões de uma geração que
viveu de forma não raro traumática a Revolução e os seus desafios.»

Carlos Reis, «O Post-Modernismo e a ficção portuguesa do fim do século», op. cit., pp. 287-299

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Definição e características do conto


Género do modo narrativo que convive com outras categorias históricas como o
romance, a novela ou a epopeia.

AÇÃO
Características

PERSONAGENS

TEMPO

ESPAÇO

DISCURSO: MODOS DE
EXPRESSÃO

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• Brevidade da ação.
• Concentração dos acontecimentos, sem inserção
AÇÃO
de intrigas secundárias.
• Unidade da ação ou sequência de microações.

«Mas o velho Rata matara-se. Na aldeia, ninguém ainda atina ao certo com a
razão que levou o mendigo a suicidar-se. Nos últimos tempos, o reumatismo
tolhera-lhe as pernas, amarrando-o à porta do casebre. De quando em quando, o
Batola matava-lhe a fome; mas nem trocavam uma palavra. Que
sabia agora o Rata? Nada. Encostado à parede de pernas estendidas, errava o olhar
enevoado pelos longes. Veio o Verão com os dias enormes, a miséria cresceu.»

Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas, Alfragide, Caminho, 2011, p. 152.

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• Número reduzido de personagens, por vezes,


próximas da categoria-tipo.
PERSONAGENS
• Centralidade de uma das personagens, que dá
unidade ao conto.
«António Barrasquinho, o Batola, é um tipo bem
achado. Não faz nada, levanta-se quando calha, e
ainda vem dormindo lá dos fundos da casa.
É a mulher quem abre a venda e avia aquela meia
dúzia de fregueses de todas as manhãzinhas. Feito isto,
volta à lida da casa. Muito alta, grave, um rosto ossudo
e um sossego de maneiras que se vê logo que é ela
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas, Alfragide, Caminho,
quem ali põe e dispõe.» 2011, p. 149.

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• Brevidade temporal: recurso ao sumário e à elipse.


TEMPO
• Desvalorização da pausa descritiva.

«Aos poucos o tempo apagou a lembrança do Rata, o


mendigo. Só o Batola o recorda lá de vez em quando.
Mas, agora, abandonou a recordação e o vinho, e vai
até ao almoço. Nunca bebe durante as refeições.»
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas,
Alfragide, Caminho, 2011, pp. 152.

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• Limitação espacial (raramente as personagens se


ESPAÇO
deslocam para outro espaço).

«Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola,
que acaba de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo
da parede. A seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul.
Por cima, cruzam os fios da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de
corrente cai dos fios e entra, junto das telhas, para dentro da venda.»
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas,
Alfragide, Caminho, 2011, p. 152.

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