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Curso de Farmácia - UFPA

Farmacologia Clínica II

FARMACOLOGIA
ENDÓCRINA:
PÂNCREAS
Tratamento da diabetes

Prof. Dr. Enéas A Fontes-Júnior


Profa. Dra. Diandra A. Luz

1
Somatostatina
Insulina

PÂNCREAS Glucagon

Composição das ilhotas


Células alfa 20%
Células beta 75%
Células delta 3-5%

(1-2% do volume pancreático)


2
Hormônio Principais ações Estímulo para secreção Efeito

↑ Captação de glicose
Insulina ↑ Síntese de glicogênio Elevação aguda da ↓
↓ Gliconeogênese glicemia Glicemia
↓ Glicogenólise

REGULAÇÃO Glucagon ↑ Glicogenólise


↑ Gliconeogênese

GLICÊMICA ↑ Glicogenólise
Adrenalina Hipoglicemia (< 3mmol/l)
↓Captação de glicose
• Exercício, ↑
• estresse,
• refeições ricas em proteínas, Glicemia
Glicocorticoides ↑ Gliconeogênese • etc.
↓ Captação e utilização

Hormônio do ↓ Captação de glicose


crescimento

3
METABOLISMO
DA GLICOSE
____________
Tolerância a glicose

GIP
GLP-1

4
INSULINA____
síntese

Marcador da secreção
endógena de insulina
5
INSULINA__
secreção

6
INSULINA____
mecanismos

7
Metabolismo Tecido hepático Tecido adiposo Músculo

↑↓ Gliconeogênese ↑ Captação de glicose ↑ Captação de glicose


↓ Glicogenólise ↑ Síntese de glicerol ↑ Glicólise
Carboidratos ↑ Glicólise ↑ Glicogênese
↑ Glicogênese

↑ Lipogênese ↑ Síntese de triglicerídeos _


INSULINA____ Lipídios ↓ Lipólise ↑ Síntese de ácidos graxos
↓ Lipólise
efeitos
↓ Degradação das - ↑ Captação de aminoácidos
Proteínas proteínas ↑ Síntese de proteínas

Segundos – minutos Horas Dias


- Transporte de glicose - Síntese de proteínas - Proliferação celular
- Fosforilação de enzimas - Regulação gênica - Diferenciação celular
- ↓ lipólise
- ↓ glicogenólise
8
(grego diabaino – dia = através / baino = passar.)

Diabetes

9
 Relevância clínica:
 ~8,8% da população mundial entre 20 e 79 anos.
 75% dos casos em países em desenvolvimento.
DIABETES  Hiperglicemia – 3° fator para morte precoce.
 5 milhões de óbitos em 2015.
____MELLITUS
“distúrbio metabólico
caracterizado por
hiperglicemia persistente,
decorrente de deficiência na
produção de insulina ou na
sua ação, ou em ambos os
mecanismos, ocasionando
complicações em longo
prazo.”
(Diretrizes SBD, 2017-18)

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Tipo 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune das
1 células β comprovada por exames laboratoriais.
(5-10%)
Tipo 1B: deficiência de insulina de natureza idiopática.

2 DM tipo 2: perda progressiva de secreção insulínica combinada


(90-95%) com resistência à insulina.
DIABETES 3 DM gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada
____MELLITUS (1-14%) durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévio.

Classificação Outros tipos de DM:


- Monogênicos (MODY);
- Diabetes neonatal;
4 - Secundário a endocrinopatias;
- Secundário a doenças do pâncreas exócrino;
- Secundário a infecções;
- Secundário a medicamentos.

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DIABETES
____MELLITUS
Classificação
Fatores de risco para DMG
• Idade materna avançada • Crescimento fetal excessivo, hipertensão ou
• Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de pré-eclâmpsia na gravidez atual
peso na gravidez atual • Antecedentes obstétricos de abortamentos
• Deposição central de gordura corporal de repetição, malformações, morte fetal ou
• História familiar de DM parentes de 1° grau neonatal
• Baixa estatura (inferior a 1,5 m) • Síndrome de ovários policísticos

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DM 4 – OUTROS TIPOS
MODY 1 (defeitos no gene HNF4A) Determinadas toxinas
MODY 2 (defeitos no gene GCK) Pentamidina
MODY 3 (defeitos no gene HNF1A) Ácido nicotínico
MODY 4 (defeitos no gene IPF1) Diabetes induzido Glicocorticoides
Defeitos genéticos na MODY 5 (defeitos no gene HNF1B) por medicamentos Hormônio tireoidiano
função da célula β MODY 6 (defeitos no gene NEUROD1) ou agentes Diazóxido
Diabetes neonatal transitório químicos Agonistas β adrenérgicos
Diabetes neonatal permanente Tiazídicos
DM mitocondrial Interferon α
Outras Outras
Resistência à insulina do tipo A
Leprechaunismo Rubéola congênita
Defeitos genéticos na
Síndrome de Rabson-Mendenhall Infecções Citomegalovírus
ação da insulina
DM lipoatrófco Outras
Outras
Pancreatite
Pancreatectomia ou trauma
Síndrome de Stiff-Man
Doenças do pâncreas Neoplasia Formas incomuns
Anticorpos antirreceptores de insulina
exócrino Fibrose cística de DM autoimune
Outras
Pancreatopatia fbrocalculosa
Outras
Síndrome de Down
Síndrome de Klinefelter
Acromegalia
Síndrome de Turner
Síndrome de Cushing
Síndrome de Wolfram
Glucagonoma Outras síndromes
Ataxia de Friedreich
Endocrinopatias Feocromocitoma genéticas por vezes
Coreia de Huntington
Somatostatinoma associadas ao DM
Síndrome de Laurence-Moon-Biedl
Aldosteronoma
Distrofa miotônica
Outras
Síndrome de Prader-Willi
Outras

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 Pré-diabetes
 Glicemia acima dos valores de referência, mas ainda
abaixo dos valores diagnósticos de DM.
 Paciente assintomático.
DIABETES
___MELLITUS  DM
 Exames alterados com sintomas inequívocos de
Diagnóstico hiperglicemia.
 Na ausência de sintomas inequívocos de hiperglicemia
os exames devem ser repetidos com nova amostra de
sangue.

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CRITÉRIOS LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO ADOTADOS PELA SBD.

Glicemia em Glicose 2h Glicemia ao


jejum após sobrecarga acaso
HbA1c (%) Observações
(mg/dL) (mg/dL)

Normoglicemia < 100 < 140 – < 5,7 - valor de corte da OMS - 110 mg/dL

Pré-diabetes - Positividade de qualquer dos


risco aumentado para ≥ 100 e < 126 ≥ 140 e < 200 – ≥ 5,7 e < 6,5 parâmetros confirma diagnóstico de pré-
DM diabetes.

- Positividade de qualquer dos


≥ 200 parâmetros confirma diagnóstico de DM.
Diabetes com sintomas
≥ 126 ≥ 200 ≥ 6,5 - Na ausência de sintomas de
estabelecido inequívocos de
hiperglicemia, é necessário confirmar o
hiperglicemia
diagnóstico pela repetição de testes.

DIABETES MELLITUS
Diagnóstico
DIABETES Emagrecimento Fadiga Polidipsia Polifagia Poliúria
___MELLITUS
Clínica

Formigamentos Perdas Dificuldade Urina atraindo


visuais de cicatrização formigas
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 Doença macrovascular – doença coronariana silenciosa.
 Doença renal do diabetes – DRD.
 Pé diabético:
 Polineuropatia diabética.
 Neuropatia autonômica – anidrose.
 Limitação de mobilidade articular e pressão plantar
DIABETES anormal.
___MELLITUS  Doença arterial periférica.
Complicações  Retinopatia diabética (RD) não proliferativa.
 RD proliferativa.

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TRATAMENTO
Não-Farmacológico *
Farmacológico *

18
 Controle metabólico.
 Aliviar os sintomas relacionados com a hiperglicemia (fadiga,
poliúria, etc.);
 Prevenir ou reduzir as complicações agudas e crônicas de
diabetes;
TRATAMENTO
Objetivos

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• Dieta/Estilo de vida • Dislipidemia
• Atividade física • Hipertensão
• Medicação • Obesidade
• Doenças CV

Controle Comorbidades
glicêmico
TRATAMENTO
Objetivos TRATAMENTO
DO DIABETES Complicações

• Retinopatia
• Neuropatia
• Nefropatia

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Parâmetro Meta

A1C <7.0%

Glicemia capilar pré-prandial 3.9-7.2 mmol/L (70-130 mg/dL)

TRATAMENTO Glicemia capilar pós-prandial 10.0 mmol/L (<180 mg/dL)

Pressão arterial <130/80 mmHg


Metas
LDL <2.6 mmol/L (<100 mg/dL)

HDL >1.1 mmol/L (>40 mg/dL)

Triglicerideos <1.7 mmol/L (<150 mg/dL)

21
TRATAMENTO
Metas

22
TRATAMENTO
Não-farmacológico

23
Macronutrientes Ingestão diária recomendada
Carboidratos Carboidratos totais: 45 a 60%
Não inferior a 130 g/dia
Sacarose 5%
Frutose Não se recomenda sua adição aos alimentos
Fibra alimentar Mínimo de 14 g/1.000 kcal
DM2: 30 a 50 g/dia
Gordura total 20 a 35% do VET Composição
Ácidos graxos saturados
Ácidos graxos poli-insaturados
< 6% do VET
Completar de forma individualizada
nutricional do
Ácidos graxos 5 a 15% do VET plano alimentar
monoinsaturados
Colesterol < 300 mg/dia para indivíduos
Proteína 15 a 20% do VET com DM
Micronutrientes Ingestão diária recomendada
Sódio Até 2.000 mg
Vitaminas e minerais As mesmas recomendações da população sem
diabetes

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TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
Insulinoterapia
 Base do tratamento da DM-1 e muitos caso de DM-2.
 Múltiplas doses ou infusão contínua:
 Redução das complicações
 Retinopatia – 76%;
INSULINOTERAPIA  Neuropatia – 60%;
 Nefropatia – 39%.
Terapia individualizada*  Esquemas terapêuticos:
 Insulina basal – evitar lipólise e liberação hepática de GL.
 Bolus de refeição – regular o aproveitamento da glicose.
 Bolus de correção – ajustar glicemia pré-prandial ou
interalimentar.

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 Administração
 intravenosa, intramuscular ou subcutânea:
 seringa, caneta ou SICI.
INSULINOTERAPIA  Limitações:
 Cinética não reproduz o processo natural.
 Ordem de distribuição inversa.

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INSULINOTERAPIA
análogos de insulina

Curta duração
• Asparto,
• Glulisina
• Lispro

Longa duração
• Detemir
• Glargina

28
 Classificadas a partir da duração da ação.

INSULINOTERAPIA
tipos de insulina

29
INSULINOTERAPIA

30
ESQUEMAS TERAPÊUTICOS
INSULINOTERAPIA

31
fase do DM
estágio
Alimentação
puberal
INSULINOTERAPIA
posologia
peso HbA1c

Idade DOSE atividade


física

32
INSULINOTERAPIA
manifestações
agudas
INSULINOTERAPIA
manifestações
agudas
Redução do efeito Aumento do efeito

• Acetazolamida • Álcool
• Anticoncepcionais • Hipoglicemiantes
• Corticoides • B-bloqueadores
INSULINOTERAPIA • Diuréticos • Clonidina
interferentes • Adrenalina • IMAOs
• Fenitoína • Sulfonamidas
• T4 • Salicilatos
• Lítio • tetraciclinas
• morfina

35
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO___
Hipoglicemiantes orais
Agentes secretagogos da insulina
HIPOGLICEMIANTES ORAIS
classificação
 De acordo com o mecanismo de • De acordo com os efeitos sobre a
ação: insulina:
 Moduladores do canais KATP; • Os que aumentam a secreção de insulina
 Ativadores da AMPK e do PPAR; (hipoglicemiantes);
• Os que não a aumentam (anti-
 Agentes baseados no GLP1;
hiperglicemiantes);
 Inibidores da alfa glicosidase; • Os que aumentam a secreção de insulina de
 Resinas de ligação de ácidos maneira dependente da glicose, além de
biliares. promover a supressão do glucagon;
• Os que promovem glicosúria (sem relação
com a secreção de insulina).
HIPOGLICEMIANTES
_____________ORAIS
moduladores de
canais de KATP
#sulfonilureias
Medicamento Posologia Observação
Gliclazida (Diamicron) 40-320 mg/dia Menor risco de hipoglicemia
Glibenclamida (Daonil) 2,5-20 mg/dia (1 a 2 doses) Maior risco de hipoglicemia
Glipizida (Minidiab) 2,5 a 20 mg/dia (1 a 2 doses) + segura em nefropatas

38
Características clínicas: Efeitos adversos:
 Hipoglicemia e ganho
 Cinética:

ponderal (Clorpropamida)
HIPOGLICEMIANTES T1/2 – 3 a 5h  idosos principalmente);
 Efeito – 12 a 24h;
_____________ORAI  90-99% ligação a PP;  Náusea, vômito;
S  Excreção renal;  Anemia hemolítica;
moduladores de  Atravessa facilmente a  Hipersensibilidade;
canais de KATP placenta.
 Efeito dissulfiram;
 Benefícios clínicos:
#sulfonilureias  Extensa experiência clínica;  Hiponatremia;
 Reduz riscos microvasculares;  Contraindicados da IR ou IHep.
  HbA1c (1,5 a 2%).
 Grande incidência de falha
  glicemia em 60-70mg/dL. secundária.

39
HIPOGLICEMIANTES
_____________ORAIS
moduladores de
canais de KATP
#não-sulfonilureias
#metiglinidas
Medicamento Posologia Observação
Repaglinida (Novonorm) 0,5-16 mg (3x/dia) Menor risco de hipoglicemia
Nateglinida (Starlix) 120 a 360 mg (3x/dia) Maior risco de hipoglicemia

40
Características clínicas: Efeitos adversos:
 Cinética:  Hipoglicemia;
HIPOGLICEMIANTES  T1/2 – 1h (uso pré-prandial)
 Ganho ponderal discreto;
 Metabolismo hepático (90%)
_____________ORAI e renal (10%);  Incidência de falha
S secundária.
moduladores de  Benefícios clínicos:
 Indução rápida de curta
canais de KATP duração;
 Reduz riscos microvasculares;
#não-sulfonilureias   HbA1c (1 a 1,5%);
  glicemia em 20 a 30 mg/dL;
#metiglinidas
 Não necessita de ajuste na IR.

41
 Mecanismo:
  atividade da AMPK;
 oxidação de ác. graxos, captação de glicose e metabolismo não
oxidativo;
  armazenamento de glicogênio no músculo;
HIPOGLICEMIANTES   produção hepática de glicose;
_____________ORAIS   sensibilidade a insulina.
ativadores da AMPK e  Indicação:
do PPAR  Primeira linha para DM2 – 1 a 2,5 g (2 a 3 doses/dia);
 *Pacientes obesos – redução do peso;
#biguanidas  *Síndrome do ovário policístico;
#metiformina  Desvantagens:
 Palatação metálica
 Risco de acidose lática (raro)
 Contraindicado em casos de acidose;
 Transtornos GI (diarreia, náuseas, desconforto, flatulência)
 Causa deficiência de vit. B12
42
HIPOGLICEMIANTES
_____________ORAIS
ativadores da AMPK e
do PPAR

#biguanidas
#metiformina

43
 Mecanismo:
 Ativação do PPAR (Receptor de ativação de proliferação de
peroxissomos).
HIPOGLICEMIANTES  Receptores nucleares – regulação do metabolismo lipídico.
_____________ORAI  Melhora a sensibilidade à insulina.
S  Fármacos
ativadores da AMPK e  Rosiglitazona
do PPAR  Pioglitazona

#glitazonas

44
HIPOGLICEMIANTES
_____________ORAI
S
ativadores da AMPK e
do PPAR

#glitazonas

45
 Agonistas de receptores de GLP-1:
 GLP-1:
 Induz secreção de insulina;
 Inibe a libertação de glucagon;
 Retarda o esvaziamento gástrico;
 Reduz a ingestão de alimentos;
Hipoglicemian  Normaliza a secreção de insulina em jejum e pós-prandial.
tes orais  Exedina-4:
 Proteína (39 aa) reptil;
 Redução da Hb glicosilada;
 Perda de peso (2,5-4kg).

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 Inibidores da DPP-4 (Dipepitidil pepitidase IV):
 Sitagliptina, Saxaglipitina e Vidagliptina.

 Outros hipoglicemiantes:
Hipoglicemian  Arcabose
tes orais 

Inibidor da Alfa-glicosidase intestinal;
Retarda a absorção de glicose;
 Estimula a liberação de GLP-1;
 RA – Flatulência.
 Útil em pacientes obesos.

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 Pramlintida
 Análogo da amilina;  Resinas
 Reduz a liberação de  Sequestro de ácidos
glucagon; biliares;
Tratamento  Retarda o esvaziamento
gástrico;
 Mecanismo
hipoglicemiante
 Gera sensação de desconhecido.
saciedade prolongada.

48
Algoritmos
DM2

49
Algoritmo
DM2

50
Fármacos anti-obesidade
 Obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de
gordura corporal, que causa prejuízos à saúde do indivíduo.

Conceito  A obesidade coincide com um aumento de peso, mas nem todo


aumento de peso está relacionado à obesidade, a exemplo de
muitos atletas, que são “pesados” devido à massa muscular e não
adiposa.
 No Brasil, estima-se que 20% das crianças sejam obesas e que
cerca de 32% da população adulta apresentem algum grau de
excesso de peso, sendo 25% casos mais graves.

 A obesidade é um problema sério em todas as regiões do país,


Epidemiologia mas a situação é ainda mais crítica no Sul.

 De acordo com dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e


Nutrição (PNSN) de 1989, a prevalência de obesidade em
brasileiros com mais de 18 anos de idade é de 28%, no caso dos
homens, e de 38% no caso das mulheres.
 O número de obesos é maior nas áreas urbanas e também está
relacionado ao poder aquisitivo familiar.

 Quanto maior a renda, maior a prevalência de obesidade, mas


esta é cada vez mais alta em mulheres de baixa renda e tende a se
estabilizar ou até mesmo diminuir nas classes de renda mais
Epidemiologia
elevada.

 A presença do excesso de peso na população menos favorecida


pode ser explicada pela falta de orientação alimentar adequada,
atividade física reduzida e pelo consumo de alimentos muito
calóricos, como cereais, óleo e açúcar.
 Tais alimentos são mais baratos e fazem parte de hábitos
alimentares tradicionalmente incorporados.
Epidemiologia  As pessoas engordam por quatro motivos: comem muito, têm
gasto calórico diminuído, acumulam gorduras mais facilmente ou
têm mais dificuldade de queimá-las.
Classificação

ABESO, 2020
Classes farmacológicas
 No Brasil, atualmente, há cinco medicamentos
registrados para o tratamento da obesidade:

 Derivados anfetamínicos (Ex: anfepramona,


Classes femproporex, sibutramina), mazindol e orlistate.
farmacológicas  Não fazem parte deste posicionamento as medicações
que eventualmente são utilizadas para a perda de peso,
mas que não são oficialmente aprovadas para o
tratamento da obesidade.
 O uso de medicamentos no tratamento da obesidade e
sobrepeso está indicado em casos de:
 Falha do tratamento não farmacológico, em pacientes com

Recomendaçõe IMC igual ou superior a 30 kg/m²;

s  IMC igual ou superior a 25 kg/m² associado a outros fatores de


risco, como a hipertensão arterial, DM tipo 2, hiperlipidemia,
apneia do sono, osteoartrose, gota, entre outras;
 Pacientes com circunferência abdominal maior ou igual a
102cm (homens) e 88cm (mulheres).
Derivados
anfetamínicos
 Recomendação: A sibutramina é uma medicação bem
tolerada, indicada para o tratamento da obesidade e do
sobrepeso quando associado a comorbidades da obesidade
Sibutramina ou aumento da circunferência abdominal.

 Em pacientes hipertensos, sua administração deve ser


acompanhada com controles constantes dos níveis
pressóricos e da frequência cardíaca.
 Recomendação: A sibutramina é contraindicada em pacientes
com história de doença cardiovascular, incluindo doença
arterial coronariana, acidente vascular cerebral ou ataque
isquêmico transitório, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca
congestiva, doença arterial periférica ou hipertensão não
Sibutramina controlada (acima de 145/90 mmHg).

 Não há evidências de contraindicação da sibutramina para


diabéticos tipo 2 sem quadro clínico de doença coronariana.

 A sibutramina é desprovida de potencial de abuso e


dependência.
Sibutramina
 Recomendação: A sibutramina pode ser usada em doses de
10 ou 15mg por dia, pela manhã.
 E, na dose máxima de 20mg por dia, em casos
selecionados.
 Não existem evidências científicas que comprovem a
segurança do uso de doses diárias acima de 20mg de
sibutramina.
 Recomendação: A sibutramina está indicada para
adultos até 69 anos de idade.

 A sibutramina pode ser uma opção terapêutica nos


Sibutramina casos de obesidade resistente ao tratamento não
farmacológico, a partir dos 12 anos de idade, na
ausência de hipertensão não controlada ou distúrbios
psiquiátricos.
A anfepramona é eficaz no tratamento da obesidade em
conjunto com o aconselhamento nutricional e o incentivo
à prática de atividade física.
Melhora dos fatores de risco cardiometabólicos.

Anfepramona
Os principais efeitos colaterais da anfepramona estão
relacionados à ação noradrenérgica.

Os mais frequentes são: secura na boca, insônia, cefaleia


e obstipação intestinal; mais raramente, irritabilidade e
euforia.
Esses efeitos adversos geralmente são bem tolerados e
se atenuam com a continuidade do tratamento.

Existem relatos de psicoses, alucinações e agitação,


entretanto tais eventos são pouco frequentes e ocorrem
Anfepramona principalmente em pacientes com alterações psíquicas
pré-existentes.

Da mesma forma, dependências físicas e psicológicas


podem ocorrer com o uso de anfepramona, porém
também são raras.
Anfepramona

O DESENVOLVIMENTO DE O RISCO DE PODE SER INDICADO EM CONTRAINDICAÇÕES: PACIENTES COM


DEPENDÊNCIA QUÍMICA DEPENDÊNCIA É MAIOR ADULTOS SEM DOENÇAS HIPERTENSÃO ARTERIAL NÃO CONTROLADA E
PARECE ESTAR EM PACIENTES COM CARDIOVASCULARES OU NÃO DEVE SER RECOMENDADA A PACIENTES COM
ASSOCIADO COM O GRAU ANTECEDENTES DE PSIQUIÁTRICAS HISTÓRIA DE DOENÇA CARDIOVASCULAR
DE EUFORIA E ADIÇÃO, ABUSO DE ASSOCIADAS. (DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, ACIDENTE
ESTIMULAÇÃO DO SNC. ÁLCOOL OU VASCULAR CEREBRAL, INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
PORTADORES DE CONGESTIVA E ARRITMIAS CARDÍACAS);
DEPRESSÃO GRAVE OU DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS E ANTECEDENTES
DISTÚRBIOS DE ADIÇÃO, PODENDO NESTES CASOS LEVAR À
PSIQUIÁTRICOS. DEPENDÊNCIA QUÍMICO; NÃO EXISTEM ESTUDOS
EM GESTANTES OU LACTANTES.
 Existem dois tipos de preparações do fármaco: comprimidos com
25mg de cloridrato de anfepramona (com meia vida de 4 a 6 hs),
comprimidos de 50mg e de 75mg de liberação prolongada (também há
cápsula com 75mg).

 Recomendação: No tratamento da obesidade e do sobrepeso, as doses

Anfepramona recomendadas de anfepramona são de 50 a 100mg diárias.

 Os comprimidos de 25mg devem ser ingeridos uma hora antes das


refeições e as preparações prolongadas, pela manhã. Não existem
evidências científicas que comprovem a eficácia e a segurança do uso
da medicação em doses superiores a 100mg diários.

 Faixa etária 18-60


 O femproporex é um inibidor do apetite de ação catecolaminérgica, que

atua no SNC, sendo utilizado na terapêutica da obesidade desde a

década de 70.
Femproporex
 Existem poucos estudos controlados publicados sobre o seu uso, com

variações das doses utilizadas e dos critérios de avaliação da perda de

peso.

 O femproporex tem efeitos colaterais que podem ser tolerados,

podendo ser indicado em adultos sem doença cardiovascular ou

doenças psiquiátricas associadas.


Femproporex

É CONTRAINDICADO PARA
É CONTRAINDICADO EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS PACIENTES COM HIPERTENSÃO NÃO EXISTEM ESTUDOS EM
PSIQUIÁTRICOS E ANTECEDENTES DE ADIÇÃO, PODENDO ARTERIAL NÃO CONTROLADA, GESTANTES OU LACTANTES
NESTES CASOS LEVAR À DEPENDÊNCIA QUÍMICA. HISTÓRIA DE DOENÇA
CARDIOVASCULAR, INCLUINDO
DOENÇA ARTERIAL
CORONARIANA, ACIDENTE
VASCULAR CEREBRAL,
ARRITMIAS CARDÍACAS E
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
CONGESTIVA.
 A maioria dos estudos mostra que a razão benefício/ risco é positiva
nas doses entre 25mg e 50mg.

 A preparação existente é de ação prolongada, em cápsulas com


25mg de femproporex.

 Recomendação: A dose recomendada é de 25mg, administrada


Femproporex durante a manhã.

 Se houver necessidade do aumento da dosagem, recomenda-se que


a segunda cápsula não seja administrada após as 16hs.

 Não existem evidências científicas que comprovem a eficácia e a


segurança do uso da medicação em doses superiores a 50mg por
dia.
Mazindazol
Mazindazol
Orlistate
O orlistate tem ação intestinal, age inibindo lípases pancreáticas, reduzindo em
30% a absorção das gorduras ingeridas, que são eliminadas com a excreção fecal.

Menos do que 1% do medicamento é absorvido e não há ação em SNC.

O orlistate é um medicamento seguro para o tratamento da obesidade,


sobrepeso e SM.

Quais as doses recomendadas e dose.


Orlistate
Orlistate
O orlistate deve ser utilizado 3 vezes ao dia, antes ou até uma hora após as
principais refeições, em cápsulas de 120mg e de 60mg.

Indivíduos que ingerem pouca gordura no café da manhã podem utilizar o


orlistate apenas no almoço e no jantar.

O orlistate pode ser utilizado a partir dos 12 anos.

Também é recomendado que, durante o tratamento em adolescentes, o


monitoramento da vit. D seja feito.
Orlistate Orlistate

Qualquer associação entre


O orlistate pode ser utilizado
medicações antiobesidade
em associação com a
com ação central está
sibutramina e possivelmente
contraindicada, sendo esta
também pode ser associado
prática vedada pelo
ao femproporex e à
Conselho Federal de
anfepramona.
Medicina.

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