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Filosofia da Ciência – A racionalidade científico-tecnológica

Cardápio:

1 – Problema da demarcação – o que distingue as teorias científicas das


que não são científicas?

2- Problema do método científico – Em que consiste o método científico?

3 – Problema da evolução da ciência – Como progride a ciência?

4 – Problema da objetividade da ciência – Será a ciência objetiva?


Filosofia da Ciência – A racionalidade científico-tecnológica

Texto 1 Texto 2

Abordagem espontânea do mundo Abordagem sistemática do mundo


«O mundo em que vivemos tem cores, sons, «As teorias cientificas constroem-se sobre o
sabores, etc. A imagem científica do mundo fundo desta imagem[da perceção sensitiva] e
exclui todas essas características qualitativas poderão vir a pô-la em causa ou mesmo a
fundadas na estrutura subjetiva da nossa desconstruí-la; mas para esta conversão teórica da
sensibilidade. (…) A perceção é o nosso primeiro nossa “imagem do mundo”, do “mundo da vida
modo de acesso às coisas. (…) É de facto o ”será necessário um esforço intelectual que
sujeito que perceciona, como um modo de ação. ultrapasse as fortes resistências naturais e abdicar
(…) A atividade sensitiva é pensamento vivido, da nossa imagem. (…) A justificação de uma
“incorporação” do significado, é o alicerce e crença é um processo metodológico que tem o seu
fundamento de toda a ação prática». ponto de partida na própria crença e o seu termo
garante-nos uma certeza racional um fundamento
que garante à crença um novo estatuto: ela torna-
se objetiva, discursiva, fundada em razões (…)».
Filosofia da Ciência – A racionalidade científico-tecnológica

Abordagem espontânea do mundo Abordagem sistemática do mundo

• Cores, sons, sabores; • Teoria científica;


• características qualitativas; • Esforço intelectual;
• perceção; • Processo metodológico;
• Atividade sensitiva; • Justificação de uma crença;
• Pensamento vivido; • Certeza racional/ fundamento;
• ação prática . • Crença fundada em razões.

Senso Comum Conhecimento Cientifico


Subjetivo Objetivo
Filosofia da Ciência – A racionalidade científico-tecnológica
«Quem queira acompanhar a evolução histórica das relações existentes entre o pensamento
científico e o pensamento comum ou saber comum (…) terá de começar por assentar naquilo que é
característico destas duas formas de conhecimento humano. (…)
Conhecimento empírico é a determinação e sistematização dos fenómenos que nos são
comunicados por intermédio dos sentidos, tomando como termos de comparação padrões relativos
e variáveis. É exemplo de conhecimento empírico o ser alguém mais alto do que eu e mais baixo do
que outra pessoa. A expressão da grandeza comparada com o padrão varia, por ser determinada em
relação a alguma coisa que varia. O conhecimento comum corrente não conduz, pois, a nada mais
do que a um saber que só em cada caso se revela válido. A determinação empírica não permite
nenhum ponto de vista, ou, como os gregos diziam, nenhuma exposição explicativa (teoria). Só nos
dizem que qualquer coisa “é”, mas não nos esclarece sobre o porquê desse “ser assim”.
Só o nível científico alcança o conhecimento dos fenómenos de uma maneira válida e geral, isto é,
baseado numa teoria. Quando constatações particulares podem, todas elas, incluir-se numa
hipótese compreensiva, então tal multiplicidade liga-se numa unidade (logos). O conhecimento
científico do fenómeno que todos designamos pelo termo calor só se atingiu quando se reuniram
todas as observações que lhe referiam, numa hipótese geral, como seja: calor é uma forma de
movimento molecular. Esta hipótese adquire caráter universal, uma vez que determina, limita e dá
uma base comum aos diversos fenómenos caloríferos (…)
A experimentação deve, pois, tirar sempre a prova a uma teoria, quer dizer, dentro dela põe-se uma
pergunta à natureza, a resposta à qual confirma ou infirma a teoria em questão. (…)»

J.R. Oppenheimer, Ciência e Senso Comum, Lisboa, Livros do Brasil, pp.136-137.


Filosofia da Ciência – A racionalidade científico-tecnológica

1. Constrói um quadro e compara as noções de senso comum e


de conhecimento científico, utilizando os conceitos e
expressões do texto.
Filosofia da Ciência – A racionalidade científico-tecnológica
Caracterização do:

Senso comum Conhecimento científico

Resulta de uma organização espontânea da


racionalidade humana a partir da:
• Atividade sensitiva e da experiência pessoal • Resulta de esfoço intelectual para por em causa
acumulada ao longo da vida; ou desconstruir a imagem do mundo elaborada a
• Transmissão social da experiência coletiva da partir da perceção sensitiva;
comunidade; • pauta-se num processo metodológico que dá a
• É um modo elementar de conhecer o mundo; garantia da verdade;
• É um conhecimento subjetivo; •Torna uma crença (subjetividade) objetiva,
• Acrítico ou dogmático, sem justificação racional; discursiva e fundada em razões;
•É assistemático; • Exige justificação (demonstração e
• Permite-nos uma adaptação ao meio envolvente e fundamentação da crença);
a resolução de problemas imediatos, orientando-
nos para a vida.
Espontâneo Fáctico e analítico

ametódico Metódico

Crítico
Empírico

Linguagem clara
Prático

Objetivo
subjetivo

Superficial Racional

Linguagem natural Provisório


Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
Qual é o critério de cientificidade que nos permite distinguir uma teoria científica de
uma teoria não científica?

1. Problema da
demarcação

Problema relevante, pois o conhecimento científico é encarado por muitas pessoas


como algo que é legítimo depositar a nossa confiança, algo que possui
credibilidade, fomentando-se o seu desenvolvimento com financiamento público.
Por isso torna-se importante encontrar um critério seguro para distinguir o
conhecimento científico de outros tipos de atividades não científicas.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Verificabilidade Falsificabilidade

Uma teoria é científica só se consiste em


afirmações empiricamente verificáveis .

1- Esta barra de cobre dilatou quando a


aquecemos.
2- A realidade é espiritual.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Verificabilidade Falsificabilidade

Será o critério da verificabilidade um bom


critério de demarcação?
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Verificabilidade Falsificabilidade

Objeções

As leis da natureza exprimem-se em frases


universais: «Todo o cobre dilata quando é
aquecido». Mas não é possível estabelecer a
verdade das leis da natureza através da
observação. No caso da lei «da dilatação»,
implicaria observar como se comporta todo o
cobre do universo quando é aquecido. Mas não
conseguimos fazer todas as observações
necessárias para verificar uma lei da natureza.
Assim, o critério de verificabilidade, implica que as
leis da natureza não são científicas.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Verificabilidade Falsificabilidade

Uma teoria é científica só se for empiricamente


falsificável.

De acordo com Popper, uma teoria é


empiricamente falsificável se, e só se, for possível
conceber um teste experimental que seja capaz de
mostrar que a teoria é falsa. Caso não possamos
conceber uma observação para refutar uma dada
teoria, então essa teoria não é falsificável e,
portanto, não é científica.
Para que uma teoria seja científica tem de ser
falsificável, isto é, tem de ser refutada pela
observação.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Verificabilidade Falsificabilidade

1. Amanhã vai chover.


2. Amanha vai chover ou não vai chover.
3. Todo o cobre dilata quando é aquecido.
4. Há pedaços de cobre que dilatam quando
aquecidos.
5. Os nativos do signo gémeos têm tendência a adiar
decisões importantes.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Verificabilidade Falsificabilidade

Quais destas afirmações são falsificáveis e quais é que


não são?
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

Falsificável 1. Amanhã vai chover.

Não Falsificável 2. Amanha vai chover ou não vai chover.

Falsificável 3. Todo o cobre dilata quando é aquecido.

Não Falsificável 4. Há pedaços de cobre que dilatam quando aquecidos.

Não Falsificável 5. Os nativos do signo gémeos têm tendência a adiar


decisões importantes.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

De acordo com Popper há três aspetos que nos


indicam que estamos perante uma frase não
falsificável e, por isso, não científica; esses aspetos
são os seguintes:

1. Tautologia.
2. Afirmações particulares ou existências.
3. Afirmações vagas ou imprecisas.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

Popper defendeu a falsificabilidade como critério de


demarcação – porque uma teoria que não seja
falsificável nada nos diz sobre o mundo.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

Quanto às afirmações falsificáveis, segundo Popper


existem graus de falsificabilidade e, portanto, uma
afirmação pode ser mais falsificável do que outra.

Não Falsificável 1. Amanhã vai chover ou não vai chover.

Falsificável 2. Amanhã vai chover.

Falsificável 3. Amanha vai chover à tarde.

Falsificável 4. Amanhã vai chover entre as três e as cinco da tarde.


Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

Segundo Popper, uma teoria é científica se, e só se, for


empiricamente falsificável e for muito informativa.

Condição necessária e suficiente.


Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

Mas será o critério da falsificabilidade um bom critério de


demarcação?
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Critérios

Falsificabilidade

Objeções: Nem todas as teorias científicas são falsificáveis, ou


seja, a falsificabilidade não constitui uma condição necessária
para que uma teoria seja científica. Isto porque algumas teorias
científicas referem-se a objetos que não são diretamente
observáveis, como, por exemplo, neutrões e protões.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

2. Problema do
método científico.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Problema do método
científico.

1- Em que consiste o método científico?


2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento
científico?
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

1- Em que consiste o método científico?

O método científico pode ser definido como: o conjunto dos


procedimentos que as diversas ciências seguem para investigar
o seu objeto de estudo.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos duas respostas principais:

indutivista falsificacionaismo

1. A observação é o ponto de partida da


investigação científica.
2. As teorias científicas são elaboradas mediante
um processo de generalização indutiva.
3. Depois de a teoria ter sido elaborada, faz-se o
seguinte:
• Tenta encontra confirmações adicionais para a
teoria.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Indutivismo

A observação precede a teoria. Antes de


1. A observação é o ponto de partida da conceber qualquer teoria, o cientista observa o
investigação científica. mundo e regista uma grande quantidade de
factos observacionais.

2. As teorias científicas são elaboradas Dá-se a passagem da observação para a teoria


mediante um processo de mediante inferência indutivas. Portanto, os
generalização indutiva. cientistas partem de enunciados singulares, para
enunciados gerais (teorias e leis).

3. Depois de a teoria ter sido elaborada, Visa-se encontrar mais factos que confirmem a
faz-se o seguinte: teoria.
• Tenta encontra confirmações adicionais
para a teoria.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Objeções ao método
indutivo

Pode advogar-se que não existe observação pura. Os


cientistas são influenciados de diversas formas por
teorias, ou seja, têm certas espectativas teóricas,
aceitam certos pressupostos teóricos, confiam em
certas teorias.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

Hipotético-dedutivo/falsificacionismo

Uma teoria científica parte sempre de um problema, de uma


inquietação, de algo que se quer resolver. 1. Formulação de um problema.

Avançar com uma tentativa de solução, isto é, com uma hipótese, ou


conjetura, sendo que essa hipótese ou conjetura é uma mera suposição
ou palpite. Neste momento as conjeturas devem ser ousadas (ou seja
que envolvam risco de se revelarem falsas), pois estas têm um grau 2. Apresentação da teoria como
elevado de falsificabilidade, o que significa que são muito informativas hipótese ou conjetura.
e expõem um grande risco de serem refutadas.

No momento da observação, a teoria é sujeita a testes experimentais


numa tentativa de refutação.
3. Tentativas de refutação da teoria
através de testes experimentais.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

Falsificacionismo
No momento da observação, a teoria é sujeita a testes
experimentais numa tentativa de refutação. Para isso é preciso
deduzir previsões empíricas da teoria.
Ex:. Vamos supor que temos uma teoria bastante simples que
nos diz que «a osteoporose é causada por falta da ingestão de
cálcio e de vitamina D». Com base nesta teoria, pode fazer-se ,
por exemplo, a seguinte previsão: «Caso haja uma boa ingestão
de cálcio e de vitamina D, existirão muitos menos casos de 3. Tentativas de refutação da teoria
osteoporose do que o normal». De acordo com Popper, os através de testes experimentais.
cientistas devem procurar fazer observações minuciosas cujo os
resultados sejam incompatíveis com aquilo que a teoria prevê ,
os cientistas devem procurar encontrar situações em que a
previsão fracassa ( deve ver-se se existem situações em que há
um aumento significativo de boa ingestão de cálcio e de
vitamina D, mas ainda assim os casos de osteoporose não
diminuem). Se as previsões da teoria se revelarem incorretas, a
teoria será refutada.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

Hipotético-dedutivo
Estrutura lógica
3. Tentativas de refutação da teoria
através de testes experimentais.

(1) (T ------ P) As previsões são uma consequência da teoria

(2) ~P Encontraram-se contraexemplos que negam a previsão

(3) ~T Conclui-se validamente, por modos tollens que a teoria


é falsa
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

falsificacionismo

A ciência para Popper é dedutiva e não indutiva.

(1) A indução é injustificável (segundo D. Hume)


(2) Se a indução é injustificável, a ciência não é uma
atividade racional.
(3) Logo, a ciência não é uma atividade racional
Resposta de
Popper ao
problema da Popper aceita a 1ª premissa, contudo nega a segunda
indução premissa ao afirmar que a indução é injustificável e a
ciência é uma atividade racional.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

falsificacionismo

A ciência não precisa de qualquer tipo de indução, mas


apenas de dedução, nomeadamente das tentativas de
falsificação.

Popper E se as previsões forem corretas? Se não conseguirmos


refutar a teoria? Sobre isto Popper diz que terá de se
continuar a tentar refutar a teoria com testes cada vez mais
severos, continuando ativamente a encontrar
contraexemplos.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

falsificacionismo

Popper Se as previsões ocorrerem e não encontrarmos


contraexemplos:

Não podemos dizer que a


teoria é verdadeira
É sempre possível que amanhã
surja um contraexemplo que
desconhecíamos. O que A teoria é corroborada ou
podemos afirmar é que até ao fortalecida.
momento a teoria não foi
refutada.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
2- De que forma se caracteriza o caráter metódico do conhecimento científico?

Como resposta a este problema foram desenvolvidos dois métodos:

falsificacionismo

Tentativa de
Perplexidade Conjetura refutação Resiste Corroborada
aos Os testes
continuam
testes
Observação
Hipótese
Problema testes
Teoria
experimentais Não
resiste Refutada
Nova hipótese
aos
testes
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Não é razoável abandonar uma hipótese ou teoria


apenas porque foi refutada por um teste
experimental. Em ciência além de hipóteses ou
teorias, existem outros fatores envolvidos – como
instrumentos utilizados, fatores pessoais e sociais.

Objeções à
resposta
falsificacionista
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

3.Problema da
evolução da
ciência

De que forma a ciência evolui? Será que podemos dizer que a história
da ciência é linear rumo à verdade ou está repleta de ruturas de tal
forma que não há teorias melhores do que outras?
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

3.Problema da
evolução da
ciência

Como progride a ciência?


Como evolui o conhecimento científico?
As teorias científicas atuais são melhores do que as anteriores?
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Popper Kuhn

A ciência progride, ainda que de A ciência progride por ruturas


forma irregular, por aproximação à drásticas e sem um fim definido.
verdade.

1902- 1994 1922-1996


Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Popper

Nunca podemos garantir que uma teoria científica é


Seguindo o
verdadeira.
falsificacionismo, uma
Será possível pensarmos em progresso se não tivermos teoria é melhor do que a
garantia que as teoria atuais são verdadeiras? anterior se resistir aos
Não precisamos de saber que as teorias são verdadeiras
testes de falsificabilidade
a que a anterior não
para haver progresso, basta que as teorias atuais sejam resistiu.
melhores do que as anteriores.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Popper

A perspetiva de Popper é
diferente da perspetiva do
A ciência avança por um progresso racional de indutivistas, estes pensavam que
a ciência evolui de forma
eliminação de erros, que consiste na substituição de más
estritamente linear, sempre no
teorias por teorias cada vez melhores. mesmo sentido, sem desvios, nem
A evolução científica é caracterizada como um processo ruturas , em direção a um
conhecimento cada vez mais
de contínua aproximação à verdade, embora a verdade
alargado e completo (cumulativo)
última seja inalcançável. da realidade em direção à
verdade.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Popper

Uma conjetura ou teoria científica é mais verosímil do que outra quando implica um
menor número de falsidades e permite explicar um maior número de fenómenos do
que a sua concorrente.

O facto de uma conjetura ou teoria Para Popper, embora nunca possamos dizer
implicar um menor número de que alcançámos a verdade, podemos saber
falsidades e permitir explicar um que certas conjeturas ou teorias científicas
maior número de fenómenos são falsas, o que significa que as teorias
naturais permite-nos concluir que científicas atuais possuem um grau de
se trata de uma teoria com maior verosimilhança maior do que aquelas que
grau de verosimilhança. já foram empiricamente refutadas.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Rejeita a ideia de que a ciência progride em direção à


verdade.
Considera que o desenvolvimento científico consiste É uma estrutura teórica que
numa sucessão de períodos de relativa estabilidade e de oferece uma visão do
consenso alargado que são interrompidos por processos mundo.
Exemplos de paradigmas:
de trabalho revolucionário. Geocentrismo,
A história da ciência é uma sucessão de paradigmas. heliocentrismo.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

A ciência é um sucessão de paradigmas.


Como se dá a mudança de paradigma?

Ausência Emergência Divisão da Mudança


Acumulação de Novo
de de comunidade
de anomalias paradigma paradigma
paradigma paradigma científica

Ciência Crise Ciência Revolução Ciência


Pré-ciência
normal científica extraordinária científica Normal
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

A ciência é um sucessão de paradigmas.


Como se dá a mudança de paradigma?

Se as anomalias forem resolvidas à luz


do paradigma, este paradigma é Ciência
Acumulação de anomalias reforçado e assim regressa-se ao normal
período da ciência normal.

Se as anomalias permanecerem sem uma


Crise científica
solução satisfatória, começa a perder-se Crise
confiança no paradigma vigente.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

A ciência é um sucessão de paradigmas.


Como se dá a mudança de paradigma?

Conservadores – defensores do
Divisão da comunidade
científica
velho paradigma

Revolucionários – defensores do
Ciência extraordinária novo paradigma
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

A ciência é um sucessão de paradigmas.


Como se dá a mudança de paradigma?

Estabelecido o
Entenda-se que para Kuhn, quando acontece uma consenso em torno
revolução científica , isto é, quando ocorre a mudança do novo paradigma,
de paradigma, não significa desenvolvimento inicia-se um novo
cumulativo entre paradigmas, ou seja, não representa período de ciência
uma evolução no sentido cumulativo, em direção a uma normal.
compreensão mais profunda da realidade tal como ela é
de forma objetiva.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Em que momento faz sentido falar de progresso


científico?

Para Kuhn só faz sentido falar de progresso dentro


de um paradigma no período de ciência normal
(dado que é neste período que se vai alargando o
âmbito de explicação do paradigma).
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Existem paradigmas melhores do que outros?

Não, pois dado que avaliamos sempre a partir de


um dado paradigma – ou de uma mundividência- Esta ideia é
em que estamos inseridos, então não existe um designada como: A
ponto de vista neutro, ou seja, uma posição sem tese da
qualquer paradigma mundividência, que permita incomensurabilidade
comparar objetivamente dois paradigmas entre si e
com a realidade no sentido de detetar qual deles é o
melhor.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Tese da incomensurabilidade - impossibilidade de comparação de


paradigmas, em virtude de não haver entre eles pontos em comum.

Quando ocorre uma revolução científica o novo paradigma não é melhor


nem pior do que o antigo. Eles são incomensuráveis .
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Tese da incomensurabilidade - impossibilidade de comparação


de paradigmas, em virtude de não haver entre eles pontos em
comum.
Argumentos a
favor da tese
da
O primeiro argumento é baseado na impossibilidade de
incomensurab
comparação entre paradigmas e pode ser formalizado tal como
ilidade
se segue:
(1) Se os paradigmas são comensuráveis, então não são
demasiado diferentes entre si para poderem ser comparados
objetivamente.
(2) Mas os paradigmas são demasiado diferentes entre si para
poderem ser comparados objetivamente,
(3) Logo, os paradigmas são incomensuráveis.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Tese da incomensurabilidade - impossibilidade de comparação


de paradigmas, em virtude de não haver entre eles pontos em
comum.
Argumentos a
favor da tese
da
O segundo argumento baseia-se na insuficiência de critérios incomensurab
objetivos, pode ser apresentado da seguinte forma: ilidade
(1) Se os paradigmas são comensuráveis, então é possível
justificar a preferência por um paradigma através de critérios
puramente objetivos.
(2) Mas não é possível justificar a preferência por um paradigma
através de critérios puramente objetivos.
(3) Logo, os paradigmas são incomensuráveis.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Como resposta ao problema foram desenvolvidas duas perspetivas fundamentais

Kuhn

Tese da incomensurabilidade - impossibilidade de comparação de paradigmas, em


virtude de não haver entre eles pontos em comum.

Com base na tese da incomensurabilidade pode argumentar-se que não há uma


aproximação à verdade nas mudanças de paradigmas

(1) Os paradigmas são incomensuráveis(Conclusão dos argumentos anteriores)


(2) Se os paradigmas são incomensuráveis, então não podemos saber se as teorias
científicas atuais estão mais próximas da verdade do que as suas antecessoras.
(3) Logo, não podemos saber se as teorias científicas atuais estão mais próximas da
verdade do que as suas antecessoras.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

Problema da
objetividade da ciência

Consiste em saber se a atividade científica nos fornece uma imagem cada


vez mais aproximada e mais completa da realidade tal como ela é em si
mesma.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

A ciência
é
objetiva?

Duas respostas principais:

Popper – a Ciência é Kuhn – a ciência não é


objetiva totalmente objetiva
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

A ciência é
objetiva?
Duas respostas principais:

Popper – a Ciência é Kuhn – a ciência não é


objetiva totalmente objetiva

Defende uma perspetiva racionalista


da ciência, considerando que a ciência
proporciona conhecimento objetivo.
 Discorda de Popper, defende a tese de
-Mas , se para Popper as teorias
que se a escolha entre teorias propostas
científicas são sempre provisórias , como
por paradigmas que competem entre si
pode a ciência se objetiva?
dependem em grande parte de critérios
 Segundo Popper a ciência é objetiva
subjetivos.
porque cada teoria científica é avaliada
A ciência não é totalmente objetiva.
por meio de testes cada vez mais severos
de falsificação, ou seja, existe uma
procura ativa de contraexemplos
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses

A ciência é
objetiva?
Duas respostas principais:

Kuhn – a ciência não é


totalmente objetiva

Critérios objetivos mas insuficientes para a escolha das teorias:

1. Fecundidade: quanto maior for a capacidade para conduzir a novas descobertas


científicas, melhor é a teoria,
2. Alcance: quanto mais coisas uma teoria conseguir explicar, melhor é.
3. Consistência: quanto mais uma teoria estiver de acordo com outras amplamente
aceites, melhor é.
4. Exatidão: quanto mais exatas forem as previsões, melhor é a teoria.
5. Simplicidade: quanto mais simples for uma teoria melhor é.
Ciência e construção – Validade e Verificabilidade das hipóteses
Critério da verificabilidade
Problema da Demarcação
Critério da falsificabilidade

Resposta indutivista
Problema do método científico

Resposta Falsificacionista

Popper : Eliminação de erros


Problema da evolução da ciência
Kuhn: Sucessão de paradigmas

Popper: A ciência é inteiramente


Problema da objetividade da objetiva
ciência Kuhn: A ciência não é inteiramente
objetiva

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