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DISTÚRBIOS E SUCESSÃO

ECOLÓGICA

Eddie Lenza de Oliveira


CONTEXTO TEÓRICO

● DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO

● REGIMES DE DISTÚRBIO

● TIPOS DE RESPOSTA DAS COMUNIDADES AOS DISTÚRBIOS

● DEFINIÇÃO DE SUCESSÃO ECOLÓGICA

● FASES DA SUCESSÃO ECOLÓGICA

● TIPOS DE SUCESSÃO ECOLÓGICA

CONTEXTO PRÁTICO

● COMO ESTUDAR A SUCESSÃO ECOLÓGICA?


Porque uma espécie “existe” em uma
comunidade?
1. Evoluir (especiação autóctone)

2. Precisa “chegar” ao local (imigração)

3. Encontrar recursos e condições apropriadas para


estabelecimento

4. Resistir e tolerar a competidores, predadores e parasitas

5. Se associar com benefícios a outras espécies

6. Resistir aos distúrbios previsíveis ou estocásticos


O que é um distúrbio?

Quais são os regimes de distúrbios?


Qualquer evento discreto no tempo que provoca mudanças nas
populações e comunidades, bem como no meio físico e nas
condições e disponibilidade de recursos

Regimes dos Distúrbios


● Intensidade (forte ou fraca) – quantidade da mudança causada
● Tamanho (grande ou pequeno) – quantidade de área afetada
● Freqüência (alta ou baixa) – Intervalo de recorrência
Respostas aos
Distúrbios

● Resistência X Resiliência

● Estabilidade frágil e forte

Estabilidade é a capacidade
da comunidade manter sua
riqueza, estrutura e
funcionamento ao longo do
tempo e frente aos distúrbios
As mudanças das comunidades após
distúrbios são previsíveis
(determinísticas) ou imprevisíveis
(estocásticas)?
Respostas aos Distúrbios
1. Modelo Comunidades Controladas pelos Colonizadores
● Espécies com igual capacidade de colonização e competição
● Baixa probabilidade de exclusão competitiva
● Novos nichos ocupados ao acaso. Resposta imprevisível ao distúrbio
● O espaço é o principal fator limitante
● Ex: Peixes em recifes de coral
- Reprodução ao longo do ano
- Grande ninhada

A composição de espécies
na comunidade ao longo
do tempo não é previsível
(Modelo de Loteria)
Sale (1979)

● 75 espécies em uma área


de 3 metros de diâmetro com
dietas muito semelhante.
Portanto:

1. A partição de recursos não


explica a alta diversidade
(Teoria do Equilíbrio)

2. Os distúrbios frequentes
colonização imprevisível
poderiam explicar (Teoria do
não equilíbrio)
Respostas aos Distúrbios

2. Modelo de Comunidades Controladas por Dominância

● Espécies colonizadoras X espécie competidoras


● Resposta ao distúrbio é “mais ou menos previsível”
● Nesse modelo ocorre Sucessão Ecológica
Sucessão Ecológica

Mudanças temporais e direcionais na composição e diversidade


de espécies e na estrutura e funcionamento das comunidades
biológicas e dos ecossistemas
Fases da Sucessão Ecológica
● Comunidade Seral ou Estágio Seral - comunidade integrante da
sequência sucessional de espécies ou Sere

● Comunidade clímax - ponto final “hipotético” de uma sequência


sucessional de espécies

● Equilíbrio estático - a comunidade pode retornar ao climax após a


ocorrência de distúrbios e assim se manter até a ocorrência de um novo
distúrbio (Cowles 1899, 1911; Clements 1916)
Uma Comunidade em equilíbrio dinâmico
● Equilíbrio dinâmico - Uma comunidade é composta por mosaicos
dinâmicos de manchas inter-relacionadas, com diferentes regimes de
distúrbio e estágios de sucessão (Watt 1947)

Estrada

Curso d'agua
O TEATRO DA SUCESSÃO ECOLÓGICA
O TEATRO DA SUCESSÃO
O PRIMEIRO ATO: “A COLONIZAÇÃO”

● Processo de chegada ou recrutamento de novos indivíduos


após um distúrbio

1. Entrada de propágulos (ex. sementes, esporos)


2. Recomposição via banco de sementes
3. Ovos
4. Propágulos vegetativos (rebrota)
5. Entrada de organismos jovens adultos
O TEATRO DA SUCESSÃO
“Ser ou não ser? Eis a colonização ou a competição!”

O ELENCO: espécies pioneiras, intermediárias e tardias

Estratégias de Vida: Atributos biológicos vitais das espécies


moldados pelo processo evolutivo
a) Estrategistas r : melhores colonizadoras
b) Estrategistas K: melhores competidoras
Em qual momento do processo
de sucessão espera-se
encontrar maior riqueza de
espécies?
O TEATRO DA SUCESSÃO
O ROTEIRO
O TEATRO DA SUCESSÃO
O ROTEIRO DEPENDE DO PAPEL DOS ATORES DO ELENCO

Mecanismos ou modelos conceituais


de sucessão (Connel & Slatyer 1977)

● Facilitação: Espécies iniciais modificam o ambiente positivamente


- Liquens na sucessão primária (adição de nutrientes e matéria orgânica,
retenção de umidade, estruturação do solo)

● Tolerância: Modificação do ambiente de maneira neutra

● Inibição: Modificação negativa


- Competição por água luz e nutrientes (competição, alelopatia, predação
e herbivoria)
O TEATRO DA SUCESSÃO
DUAS VERSÕES COM INÍCIOS DISTINTOS
Sucessão primária ou Sucessão secundária
O TEATRO DA SUCESSÃO
DUAS VERSÕES COM INÍCIOS DISTINTOS

● Sucessão Primária

- Ambiente previamente não habitado: habitat recém formado sem influência da


comunidade pré-existente
- Ausência de subtrato adequado (ex. solo) matéria orgânica e nutrientes
- Chegada de propágulos de áreas adjacentes (vento e água)
- Espécies pioneiras com crescimento lento (liquens, musgos)
- Maior variação ambiental (vento, luz, amplitude térmica)
- Ausência de banco de sementes e de propágulos vegetativos
- Sem interação com populações residentes
- Processo mais lento de “desenvolvimento” da comunidade
Sucessão Primária

Ex. Área de rejeito de


mineradoras, áreas
erodidas, lava
vulcânica
Sucessão Primária
Na sucessão primária quem
chega primeiro?

Organismos autotróficos ou
heterotróficos?
Hodkinson et al. (2002). Primary community assembly on land -
the missing stages: why are there heterotrophic organisms always
there first? Journal of Ecology 90: 569-577.

● Estabelecimento de organismos autotróficos na sucessão primária


pode ser precedida por fase heterotrófica. Processo amplamente
ignorado no passado

● Heterótrofos criam condições para o estabelecimento dos autótrofos,


especialmente micro-hábitats com umidade e nutrientes

● Conceito de facilitação necessita ser expandido para animais

● Fontes de matéria orgânica: organismos vivos e resíduos orgânicos


carregados pelo vento
Hodkinson et al.
(2002)

- 25 estudos

- 18 grupos de
colonizadores
heterótrofos
Hodkinson et al. (2002)

- 12 estudos

- Sete fontes alóctones de matéria orgânica disponível aos organismos heterótrofos


O TEATRO DA SUCESSÃO
DUAS VERSÕES COM INÍCIOS DISTINTOS?
● Sucessão secundária
- Ambiente previamente habitado
- Remoção apenas parcial da comunidade pré-existente
- Presença de solo, matéria orgânica e nutrientes
- Presença de banco de sementes (dormentes) e de propágulos
vegetativos
- Chegada de propágulos de áreas adjacentes (vetores bióticos e
abióticos)
- Espécies com crescimento rápido
- Menor variação ambiental (vento, luz, amplitude térmica)
- Interação com populações residentes
- Processo mais rápido de “desenvolvimento” da comunidade
Sucessão secundária

A comunidade tende a
retorna ao clímax após um
distúrbio

Ex. Fogo, pastagens


abandonadas, queda de
árvores, patógenos
● Nem sempre uma comunidade
climax terrestre é uma floresta
Ex: Campo de murundus, deserto

● Policlimax (Tansley) - Climax é


determinado por diferentes
fatores
- Clima, solo, topografia, fogo,
herbívoros
Pássaros na Georgia

O Papel dos Animais


na susessão
secundária

1. Herbívoros
2. Predadores de sementes
3. Polinizadores
4. Dispersores
5. Patógenos

Fungos em Minnesota

Fonte: Begon et al. 2006


O Teatro da Sucessão

Como termina a peça?


O Teatro da Sucessão

Como termina
a peça?

Estados alternativos
estáveis (Sutherland
1974)
O Teatro da Sucessão
Como termina
a peça?

Estados alternativos
(Beisner et al. 2003)

A histerese é a tendência que uma


comunidade possui de conservar suas
novas propriedades na ausência de
um de um distúrbio que as gerou
Como estudar a sucessão?
I. Acompanhamento de uma comunidade recém afetada por um
distúrbio
- Demanda longo tempo

II. Comparações entre comunidades que sofreram o mesmo tipo de


distúrbio em diferentes tempos (cronossequência) (Cowles 1899)
-O processo de sucessão é previsível
-Conhecimento da história de cada comunidade
-Inferências a respeito dos processos e mecanismos envolvidos
-Clima e “pool” de espécies não se alteram ao longo da cronossequência

III. Substituição do tempo pelo espaço (Cowles 1899, Picket 1989)


Como estudar a sucessão?
I. Acompanhamento da comunidade no tempo

Hipótese da Proporção de Recursos (Tilman 1988)

- Mudanças na capacidade competitiva de espécies de plantas em respostas


às mudanças graduais na disponibilidade de dois ou mais recursos
- As espécies coexistem por usar recursos em diferentes proporções
ervas anuais → ervas bienais → ervas perenes → arbustos → árvores
Como estudar
a sucessão?

II. Comparação entre


comunidades

22 Campos abandonados
em diferentes estágios de
sucessão, devido a
diferentes tempos de
abandono (1927 a 1982)
(Inouye et al. 1987)
Como estudar a sucessão?
II. Comparação entre comunidades
Similaridade florística entre três campos abandonados com adição de
Nitrogênio entre 1982 e 1992. (Ynouye & Tilman 1995)
Adição de 17 g N m-2 ano (1982)

Adição de 1 g N m-2 ano (1982)

Campo A (1968); Campo B (1957); Campo C (1934)


Como estudar a sucessão?
II. Comparação entre comunidades
Cerradão em regeneração (CR) X cerradão preservado (CP)

Matias 2013

● O CR apresentou maior riqueza, equabilidade, densidade de indivíduos,


incremento periódico anual entre 2008 e 2012 e taxa de mortalidade mais
elevada em relação ao CP
● Alta similaridade florística entre CR e CP (Morisita = 0,62)
Como estudar a sucessão?
III. Substituição do tempo pelo espaço (Cowles 1899, Picket 1989)
O Teatro da Sucessão
Como termina a peça?
Quão previsível e sucessão? Determinismo X acaso

- Interação entre
organismos e
ambientes

- Importância dos
animais: predação,
dispersão

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