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Invalidade Do Casamento
Invalidade Do Casamento
Hironaka
“Os sentimentos que aproximam e vinculam homem e mulher por vezes se transformam
e até mesmo acabam, nem sempre havendo um justo motivo para explicar seu fim. A dor
da ruptura das relações pessoais, a mágoa, a sensação de perda e abandono, entre outros
sentimentos, são custos da seara do humano. Fazendo parte da existência pessoal não
constituem suporte fático a autorizar a incidência de normas que dispõem sobre a
reparação pecuniária. Possibilidade de indenização somente surgiria se restasse
caracterizado um ato ilícito de extrema gravidade, cuja indenizabilidade seria cabível
independentemente do contexto da relação afetiva entretida pelas partes. A simples dor
moral resultante da ruptura, entretanto, não é indenizável”. Desembargador Luiz Felipe
Brasil Santos (Apelação Cível nº 70008220634, 7º Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, j.
A tricotomia ponteana dos
negócios jurídicos em geral.
• Os 3 planos de perfeição do negócio jurídico em geral,
segundo a doutrina de Pontes de Miranda:
• planos da existência - pressupostos
• da validade - requisitos
• da eficácia – fatores
• O casamento é negócio jurídico especial de Direito de
Família. Desencaixa-se do modelo standard dos
negócios jurídicos em geral.
Fatores de
Eficácia
NJp
Art. 104 CC Produção de efeitos
Requisitos de
Validade
(in)
Nulo Anulável
Pressupostos de
Existência
Agente (s) capacidade
Consentimento liberdade
licitude
Objeto
possibilidade
Forma adequabilidade
Suporte fático suficiente
Os três planos da escada ponteana
• Pressupostos de existência: sem eles o negócio sequer existe.
• Neste plano pode-se observar os elementos essenciais do negócio
jurídico que são: (i) Agente (s), conforme o negócio seja unilateral ou
bilateral; (ii)Declaração de vontade ou consentimento; (ii) Objeto; e
(iii) Forma. A noção de essencialidade deve-se ao fato de que, caso
esses elementos não se encontrem presentes, o negócio jurídico nem
mesmo chegará a existir.
• Ao conjunto desses elementos essenciais dá-se o nome de suporte
fático.
Os três planos da escada ponteana
• Requisitos de validade: a ausência de idoneidade dos pressupostos de existência
(ou suporte fático) conduz à invalidade do negócio.
• São os verdadeiros qualificadores, tais quais adjetivos, dos elementos essenciais
do negócio jurídico. Não são numerus clausus, estritamente delimitados, visto
que a lei pode estatuir novos requisitos. São os requisitos gerais, insertos no art.
104 CC: (i) capacidade do agente (s); (ii) liberdade do consentimento; (iii)
possibilidade e licitude do objeto; e (iv) adequabilidade da forma.
• O negócio jurídico que padece de vícios no tocante aos seus requisitos de
validade pode ser reputado como nulo ou anulável.
Os três planos da escada ponteana
• Fatores de eficácia: A eficácia pode estar condicionada a fatores que nem sempre são
próprios do mundo jurídico. Por exemplo:
• (i) A subordinação de um pagamento à ocorrência de uma determinada condição
suspensiva, como a vitória de uma equipe esportiva numa determinada competição.
O negócio existe, é válido, mas sua eficácia está condicionada à vitória de uma das
equipes. Caso essa não ocorra, o negócio será permanentemente ineficaz;
• (ii) A dotação testamentária de certos bens opera a transmissão causa mortis apenas
após o advento da morte do testador. A morte é uma certeza, embora indeterminada
a época em que irá se processar. O negócio, apesar de existente e válido, permanece
na dependência do implemento desse termo (morte) para que produza efeitos.
• (iii) A doação de um imóvel, negócio jurídico existente e validamente constituído,
mas que não se processa em virtude de um deslizamento de terra (força maior) que
soterrou e destruiu o imóvel (perecimento do bem jurídico, sem culpa do devedor).
O Casamento como negócio jurídico
especial de Direito de Família.
• As regras do art. 104 CC são regras gerais que devem ser aplicadas, sim, ao casamento,
mas com temperamento, como recomenda Paulo Lôbo, dado que as relações
casamentárias são relações de natureza familiar e que têm perfil muito diferenciado dos
demais negócios jurídicos.
• “É imprudente, senão incorreto, estender ao campo do direito matrimonial os princípios e
critérios da teoria geral das nulidades. [...] O casamento é negócio jurídico que interessa
aos nubentes e à sociedade tão intimamente, que sua imperfeição não pode ser tratada
segundo as regras e princípios a que se subordinam as relações jurídicas obrigacionais,
patrimoniais e transitórias”. Orlando Gomes
• As nulidades matrimoniais são regidas por princípios próprios e peculiares a este instituto.
Casamento inexistente, nulo, anulável e
ineficaz.