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Criar a partir da Palavra

Trabalhado elaborado por: Tomás Ornelas Nº9 12ºD


Ao produzir arte com o propósito de servir as
comunidades cristãs, seja com um objetivo evocativo ou
cultual, os artistas buscam as fontes de informação
primordiais para criar de acordo com a narrativa mais
segura. As fontes para a criação artística cristã são, em
primeiro lugar, as escrituras consideradas sagradas pelos
crentes, a Bíblia. Além da literatura bíblica, há múltiplas
exegeses dos escritores que interpretam os textos para
compreender sua relevância e importância em cada
época. Os escritos dos Padres da Igreja são considerados
a época de ouro desse tipo de interpretação e são fontes
importantes para o estudo das narrativas descritas na
Bíblia, fornecendo imagens plásticas para os artistas.
No entanto, é importante destacar que a
forma de ler as escrituras influenciou
profundamente a representação das histórias
sagradas nos quadros, tornando a arte
frequentemente um reflexo da pregação de
cada momento. Embora mais visível em
alguns contextos do que em outros, a forma
tradicional de interpretar as escrituras baseia-
se na leitura cristológica, que é diretamente
aplicada às páginas da Bíblia, incluindo as
passagens do Antigo Testamento. Assim, a
leitura tipológica que prevalecia nos sermões
é a mesma que se percebe na pintura e
escultura, ou seja, o Antigo Testamento é lido
em relação ao Novo Testamento, pois Cristo é
o novo Adão, o novo Moisés, o novo Davi, o
novo Jonas, etc.
Além das referências aos quadros do Antigo
Testamento, a arte cristã enfatiza, obviamente, os
temas neotestamentários relacionados ao mistério da
encarnação, à vida pública de Cristo, ao ciclo da Paixão,
morte e ressurreição, e aos momentos pós-pascais.
Além dessas passagens, os artistas também se
dedicaram à representação da vida da Virgem Maria,
estabelecendo paralelos constantes entre a narrativa
cristológica e a narrativa mariana. A figura de Maria,
com diversos títulos, foi representada em diferentes
cores e atributos, de acordo com as características que
se desejava enfatizar. Depois dessa figura, vêm os
santos, especialmente os mártires, apóstolos,
evangelistas e evangelizadores, fundadores religiosos,
cavaleiros, educadores e outros, que ocupam grande
parte das representações artísticas colocadas diante
dos fiéis como exemplo a ser contemplado, uma vez
que deixaram uma marca na comunidade baseada no
evangelho de Cristo.
Além dessas fontes, a arte cristã também se baseou nos
escritos que registraram as vidas dos santos e
interpretaram seu testemunho como exemplo a ser
contemplado pelos fiéis. As "vitae", consideradas até
mesmo um gênero literário inaugurado por Atanásio de
Alexandria (c. 296-373), ao escrever sobre a vida de Santo
Antão, são importantes compilações dos episódios mais
significativos dos homens e mulheres que a Igreja
considera expoentes da história cristã. Um dos pontos
mais interessantes nesse tipo de narrativa, não tanto por
ser um repositório de fatos históricos, mas por ser uma
compilação que obteve grande sucesso, muitas vezes
baseada em explicações alegóricas a partir de intuições
despertadas pela etimologia dos conceitos, é a "Legenda
Aurea" ou "Lenda Dourada", que popularizou milagres e
tradições associadas aos santos durante a Idade Média. O
estudo rigoroso da vida dos santos caminha junto com o
desenvolvimento das próprias ciências históricas, e
muitos trechos das vidas dos santos foram registrados por
tradições, algumas delas baseadas nos registros de
martírios escritos por Jacobus de Voragine (c. 1230-1298).

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