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VÍRUS DA

IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA (HIV)

PROF. DR. BRUNO JAEGGER LARANJEIRA


Histórico
 COMO, QUANDO e ONDE o HIV
começou a infectar seres Humanos?
COMO ?
- que tipo de vírus é o HIV?
 HIV é um Lentivirus e como todos os outros
vírus deste tipo, ataca o sistema imune;

 Lentivirus pertencem a um grande grupo


denominado retrovirus;

 São encontrados em diferentes animais,


incluindo gatos, carneiros, cavalos, vacas e
macacos (SIV).

Em 1999 um grupo de pesquisadores da Universidade do


Alabama publica na Nature a identificação de um tipo de SIVcpz
que era quase idêntico ao HIV-1.
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?

A teoria da Caça  

SIVcpz → transferido aos humanos quando os chipanzés eram


caçados e sua carne ingerida, ou através de ferimentos com facas
sujas de sangue.
Artigo publicado The Lancet em 2004→ vírus símios são ainda
hoje transferidos a humanos.
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?

A teoria da Caça  
Principal crítica:
Por que as epidemias de AIDS são todas descritas no século
XX e nunca anteriormente?
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?
A teoria da Vacina contra Poliomielite – Transmissão via iatrogênica
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?
A teoria da Vacina contra Poliomielite – Transmissão via iatrogênica

 The River - A journey back to the source of HIV and AIDS


Edward Hooper
SBN 0-713-99335-9, USA, 1999.

• propõe que o HIV-1 quebrou a barreira inter-espécies graças a vacinação de quase um


milhão de “voluntários” no Congo belga e Ruanda-Urundi, nos anos 50, com uma vacina
preparada em células de chimpanzé, chamada CHAT.

• Os cientistas envolvidos (Hilary Koprowski, Stanley Plotkin e Paul Osterrieth) negam


que utilizaram células destes animais.

• Todos participaram de pesquisas no campo de Lindi, onde 600 animais estavam presos,
dos quais 400 foram usados durante o período de pesquisa com a vacina polio.
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?

A teoria da Vacina contra Poliomielite – Transmissão via iatrogênica

Principais críticas:
- Só explica o aparecimento de um grupo de HIV: a transferência
pode ter acontecido de outras maneiras!

- Existem casos confirmados de infecção anteriores aos


experimentos na África!
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?

Teoria da agulha contaminada


Nos anos 50 as seringas descartáveis não eram disponíveis na
África.
O uso de uma mesma seringa em muitos indivíduos pode ter
transmitido rapidamente sangue contaminado (de um
caçador, por exemplo) para muitas pessoas.
Gera alto potencial para mutações, podendo mesmo
transmitir o SIV, antes de ter se tornado HIV.
Como o HIV poderia ter quebrado a barreira
entre as espécies?
Teoria da Conspiração
 HIV teria sido “feito” em laboratório para exterminar negros e homossexuais!

 Teria sido feito sob os auspícios do US federal 'Special Cancer Virus Program' (SCVP),
com ajuda da CIA!

 Teria sido espalhado através de campanhas de vacinação contra varíola e nos


experimentos com vacinação contra hepatite B em homossexuais!

 Embora não possa ser definitivamente descartada, ignora a ligação evidente entre SIV e
HIV e que o vírus foi identificado em 1959, época em que a tecnologia de engenharia
genética para “criar” o vírus não existia.
QUANDO ?

As 3 mais antigas infecções com HIV comprovadas são:

De uma amostra de plasma coletado em 1959 de um homem adulto da


atual República Democrática do Congo.

De uma amostra de tecido de um adolescente americano que morreu


em St. Louis, EUA, em 1969.

De uma amostra de tecido de um marinheiro norueguês, morto em


1976.
ONDE ?

É importante saber isso?

 Muito possivelmente na África: Macacos asiáticos e sul-americanos


não têm SIV.
Como se transformou numa pandemia ?

 Viagens internacionais: paciente Zero

 Revolução sexual dos anos 60 e 70!

Revolução Gay dos anos70!

Indústria do sangue: doações pagas!

Drogas injetáveis!
Histórico

 1981: pneumonia por Pneumocystis carinii


 Outros sintomas: infecção do SNC, infecção
disseminada por Candida albicans, perda de
peso, febre;

 1983: isolamento do HIV-1;

 1986: isolamento do HIV-2 (1986, Clavel e


cols.: HIV-2 (África Ocidental).
 

1983

LAV X HTLV-III
(Lymphadenopaty
  -associated virus)

Luc Montagnier Robert Gallo


Institut Pasteur CDC
França EUA
Classificação e Morfologia

 Família: Retroviridae;
 Sub-família: Lentivirinae;
 2 cópias idênticas de RNA,
(+);
 Envelopado, esférico;
 Capsídio em forma de cone;
 Transcriptase reversa;
 Integrase;
 Protease.
Estrutura

 Genes que codificam a proteínas


estruturais e enzimáticas:
 Gag: proteínas do capsídio;
 Pol: polimerase, protease e integrase;
 Env: envelope e glicoproteínas;

 Glicoproteínas virais:
 Gp 41
 Gp 120
Tipos e subtipos do HIV

 HIV-1:
 25X mais afinidade ao CD4;
 Distribuição mundial

 HIV-2:
 Ocorrência maior na África Ocidental;
 Guiné Bissau, Costa do Marfim e Senegal;
 Alguns casos nas Américas e Europa Ocidental.
Patogênese

 Tropismo por células que expressam o CD4 →


depleção de linfócitos TCD4+;
 Outras células atingidas:
 Macrófagos alveolares, células da micróglia;
 Precursores mielomonocíticos na medula e células
dendríticas.
 Ligação do gp 120 ao receptor CD4 e aos co-
receptores de quimiocina;
 CCR5 (macrófagos) e CXCR4 (T auxiliares).
Patogênese

 Características:
 Afinidade pelos receptores CD4:
 Linfócitos T auxiliares e Macrófagos

Interação do vírus HIV com os linfócitos TCD4


Efeitos Citopatológicos

 Podem levar à morte das células T


infectadas:
 Acúmulo de cópias de DNA circular não-
integrado ao genoma;
 Aumento da permeabilidade da
membrana plasmática;
 Formação de sincícios;
 Indução de apoptose.
FORMAÇÃO DE SINCÍCIOS DE LINFÓCITOS T CD4
Epidemiologia

2018
Globally
37.9 million
People living with HIV +20%
Relative to 2010

Source: UNAIDS/WHO estimates


Epidemiologia
Global ART coverage over time

Source: UNAIDS/WHO estimates


HIV: CENÁRIO NACIONAL
Epidemiologia
Transmissão
 HIV presente em todos líquidos corporais
(sangue, sêmen, secreções genitais, leite
materno, saliva, urina, lágrimas);
 Formas de transmissão: contato sexual, via
parenteral, materno-fetal, ocupacional;
 Fatores que aumentam risco de transmissão
em relação heterossexual sem preservativo:
 alta viremia, imunodeficiência avançada, relação
anal receptiva, relação sexual durante a
menstruação, presença de outras DST,
principalmente as ulcerativas
 Transmissão materno-fetal:
 Não associada a má-formação fetal;
 Risco reduzido de transmissão com uso de AZT
pela mãe durante a gravidez e parto e pelo
recém-nascido (até 6 semanas de vida)
 Transmissão ocupacional:
 Risco após exposição percutânea a sangue
contaminado: 0,3%
 Profissões com maior ocorrências:
 Enfermeiros
 Técnicos de Laboratório
FASES CLÍNICAS DA INFECÇÃO
PELO HIV
 Infecção aguda (síndrome da infecção
retroviral aguda, infecção primária):
 Ocorre em 50-90% dos pacientes;

 Viremia elevada, resposta imune intensa;

 Inversão da relação CD4/CD8;

 Manifestações clínicas: desde semelhantes a


quadro gripal até uma síndrome mononucleose-
like
Principais sinais e sintomas associados
à infecção aguda pelo HIV
(%)

Febre 80-90

Fadiga 70-90

Exantema 40-80

Cefaléia 32-70

Linfadenopatia 40-70

Faringite 50-70

Mialgia e/ou Atralgia 50-70

Adaptado de Kahn et
al, 1998
Principais sinais e sintomas associados
a infecção aguda pelo HIV
(%)
Náusea, Vômito e/ou Diarréia 30-60

Suores Noturnos 50

Meningite Asséptica 24

Úlceras Orais 10-20

Úlceras Genitais 5-15

Trombocitopenia 45

Linfopenia 40

Elevação dos níveis séricos de enzimas hepáticas 21

Adaptado de Kahn et
al, 1998
Fase sintomática inicial

resolução da fase aguda → estabilização da viremia (set point);


set point → fator prognóstico de evolução da doença
Fase assintomática
(latência clínica)
 Estado clínico mínimo ou inexistente
 Presença de linfoadenopatia generalizada
persistente em alguns pacientes;
 Acompanhamento laboratorial:
 Hemograma;
 Níveis bioquímicos;
 Sorologia para doenças infecciosas
 Radiografia do tórax;
 Papanicolau
 Perfil imunológico
 Carga viral.
Fase sintomática inicial
 Sudorese noturna
• Fadiga
• Emagrecimento
• Diarréia (Salmonella sp, Shigella sp, Campylobacter sp, G.lamblia, Entamoeba histolytica,
adenovírus, rotavírus)

• Sinusopatias (Streptococus pneumoniae, Moraxella catarrhalis e H. influenzae)


Candidíase Oral e Vaginal (Candida albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis)
• Leucoplasia Pilosa Oral
• Gengivite
• Úlceras Aftosas
• Herpes Simples Recorrente
• Herpes Zoster
• Trombocitopenia (número de plaquetas < 100.000/mm3).
Curso clínico da infecção pelo
HIV
AIDS

• Infecções oportunistas
bactérias, fungos, vírus, protozoários
• Neoplasias pouco comuns
Sarcoma de Kaposi, câncer cervical
• Alterações neurológicas
encefalopatias, demência
• Infecções oportunistas

Candidíase oral
Fase sintomática ou AIDS
• Infecções oportunistas

Tuberculose
(Mycobacterium tuberculosis)
Fase sintomática ou AIDS
• Infecções oportunistas

Herpes Zoster
Fase sintomática ou AIDS
Neoplasias pouco comuns

Sarcoma de Kaposi
Diagnóstico Laboratorial

Teste de ELISA

IF indireta

Teste de Western Blot

Teste Rápido

RT-PCR

Carga Viral
Uni-Gold Recombigen

• Screens for HIV-1

• Resultados em 10 minutos

Acidentes Ocupacionais
Add 4 drops of wash solution
Read results in 10 -12 minutes
Diagnóstico Laboratorial

 Janela Imunológica:
 Período de eclipse + detecção de IgM:
 anticorpos IgM por ensaio imunoenzimático = 22
dias;
 Antígeno p24 ~ 17 dias;
 RNA HIV = 12 dias;
Diagnóstico Laboratorial
 Etapa I - Triagem Sorológica
 Desenvolvido para detectar todos os indivíduos
infectados;
 ↑ Sensibilidade.

 Etapa II - Confirmação Sorológica:


 Detectar indivíduos não infectados positivos na triagem;
 Segundo imunoensaio;
 Teste de Imunofluorescência Indireta para o HIV-1.

 Etapa III - Confirmação Sorológica


 teste de Western blot para HIV-1 (WB/HIV-1).
Triagem

Elisa 1ª geração

Detectam apenas IgG

6 a 8 semanas.

• Se não reagente = negativo


• Se reagentes ou inconclusivas = repetir +IF indireta ou;
• Diretamente ao teste de Western blot
Triagem

Elisa 2ª geração

28 a 30 dias.

Contém uma maior


concentração de proteínas

• Se não reagente = negativo


• Se reagentes ou inconclusivas = repetir +IF indireta ou;
• Diretamente ao teste de Western blot
Triagem

Elisa 3ª geração

“sanduíche”;

Detecção de IgM e IgG

22 a 25 dias

• Se não reagente = negativo


• Se reagentes ou inconclusivas = repetir +IF indireta ou;
• Diretamente ao teste de Western blot
Triagem

Elisa 4ª geração

detecta o antígeno p24 e


anticorpos anti-HIV

15 dias

• Se não reagente = negativo


• Se reagentes ou inconclusivas =
repetir +IF indireta ou;
• Diretamente ao teste de Western
blot
Confirmação Sorológica
Novo ensaio + IF indireta
Não Reagente Reagente

• Amostras Não-reagentes no segundo imunoensaio e negativas na


Imunofluorescência Indireta = "Amostra Negativa para HIV "
• Reagentes no segundo imunoensaio e negativas na
Imunofluorescência Indireta = "Amostra Negativa para HIV “
• Amostras não-reagentes ou inconclusivas no segundo imunoensaio e
positivas ou indeterminadas nos testes de Imunofluorescência Indireta
→ Western blot
Western blot (WB)
 Amostra não-reagente:
ausência de bandas
 Amostra reagente: presença
de, no mínimo, 2 (duas)
bandas dentre as:
 gp160/120; gp 41; p24.
 Amostra indeterminada:
padrão de bandas diferente
das descritas
Prevenção

 Uso de preservativos: redução do risco de


aquisição do HIV e outras DST em até 95%
 Prevenção em usuários de drogas injetáveis
(UDI)
 Controle da exposição ocupacional
 Controle de sangue e derivados

https://www.youtube.com/watch?v
=V7bKeHoSCIU&has_verified=1
Tratamento

“COQUETEL: Os antiretrovirais agem em três


pontos diferentes na Replicação:
Inibidores da transcriptase
Inibidores das ligases
Inibidores de proteases
HAART (higly active anti-
retroviral Therapy):

 Esquema inicial
 2 análogos nucleosídicos da TR e 1 análogos não-
nucleosídicos da TR;
 2 análogos nucleosídicos da TR e 1 inibidor de protease
 Quem deve ser tratado:
 Infecção aguda
 Doença sintomática com CD4 < 200 cel/ mm3
 CD4 < 500 cel/ mm3 e carga viral > 100.000 cópias/ mm3

https://www.youtube.com/watch?v=W8dRxfDKVzE
Problemas relacionados à
terapia
 Deve ser usada por toda a vida;

 Grande quantidade de pílulas diárias;

 Efeitos colaterais: erupções, náusea, diarréia,


dor de cabeça;

 uso inadequado pode levar à resistência


Uso de Anti-retrovirais
2005

 "2005 será mais provavelmente mais lembrado


pelas 3 milhões de mortes e quase 5 milhões de
novas infecções do que pelas 300.000 vidas salvas
graças ao tratamento contra o HIV”
- Capa da revista The Lancet , Vol. 366 No. 9500
OBRIGADO!!!

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