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BRASIL: Pouca Terra pra muita gente ou

pouca gente com muita terra?


Lei de Terras (1850):
Caminho para ampliação da desigualdade social no
Brasil

(...) Eu não tenho [terra]. Eu vou enterrada nas terras


dos outros. Eu só tenho terra debaixo das unhas, assim
quando eu tô cavando os buracos assim pra enfiar as
estacas, aí, eu vou arrancar a terra com as unhas e
ficam as unhas tudo cheia (risos). Não tenho terra. É
nas terras dos outros. Eu planto é arrendado. (...) Eu
planto na terra dos outros.
Nazaré, moradora do munícipio de Varzéa Grande (SP)
No mesmo ano em que foi instituída a Lei Eusébio de
Queirós (1850), abolindo o tráfico de escravizados, foi
publicada também a Lei de Terras.
Até aquele momento, um indivíduo poderia cultivar uma
terra desocupada e ter direito à posse dessa terra.
Essa lei tornou propriedade do Estado as terras ainda não
ocupadas e determinou que estas somente poderiam ser
adquiridas por meio da compra, Os rendimentos
obtidos pelo governo com estas transações seriam
destinados ao financiamento da imigração de europeus
para trabalhar na lavoura.
Esta lei possibilitou para a criação de um mercado de
terras e um mercado de assalariados.
Os historiadores em sua maioria defendem que essa lei
preparava o país para o fim do trabalho escravo,
impedindo ex-escravizados e imigrantes pobres de
terem acesso à terra, ou seja, privando-os de se
tornarem pequenos agricultores.

De fato, sem a possibilidade de produzir para a própria


subsistência, as pessoas desprovidas de recursos
financeiros não tinham como sobreviver senão
trabalhando para os grandes latifundiários.
 AUMENTANDO A DESIGUALDADE SOCIAL.
O valor para registrar a propriedade era excessivamente alto para pequenos e
médios proprietários, o que levou muitas pessoas a PERDEREM suas terras.
 
Na prática, isso favorecia os grandes fazendeiros,
que contavam com recursos financeiros para adquirir
as terras, e desfavorecia quem não tinha posses.
ConStituição de 1988 –Art. 186
O artigo 186 colocou em primeiro plano A
QUESTÃO SOCIAL DA TERRA.
Estabelecia que a terra que não cumprisse a função social de
SEREM PRODUTIVAS, podem ser desapropriadas e
disponibilizada para a reforma agrária.
Foi a primeira intervenção na estrutura agrária brasileira
desde 1850 (Criação da lei de Terras).
Com a nova Constituição, o acesso tornou-se possível por
meio de assentamentos em terras desapropriadas.
Herança desde as Capitanias Hereditárias
 Além disso, um decreto de 1854 regulamentou a Lei de Terras,
determinando a medição, a legalização das posses e o registro
das propriedades.
  Bem como tratar da conservação, fiscalização, venda e
distribuição dessas terras, além de propor e executar medidas
relativas à colonização. O decreto n. 1.318, de 30 de janeiro de
1854, que deu as instruções para a execução da lei, criou ainda
repartições especiais de terras públicas em cada província, que
funcionariam como ‘escritórios’ descentralizados, sendo
dirigidos por um delegado do diretor da Repartição Geral,
assessorado por um fiscal e pelos oficiais e escreventes
necessários para o serviço.
Em 1854, através do Regulamento da Instrução Primária e
Secundária no Município da Corte, o público alvo do ensino primário
e secundário foi delimitado. O acesso às escolas criadas pelo
Ministério do Império era franqueado à população livre e vacinada,
não portadora de moléstias contagiosas. Os cativos eram
expressamente proibidos de matricularem-se nas escolas públicas. O
“povo” a ser instruído não representava, de fato, qualquer povo.
Constituía o conjunto dos homens livres e sadios, compreendendo
ainda aqueles que, por serem livres e pobres, vivenciavam relações de
dependência para com as classes senhoriais e o Estado. Excluindo os
escravos, a legislação da Instrução Pública estabelecia e confirmava a
distinção fundamental da sociedade imperial: a que marcava a
subordinação dos escravos aos homens livres (MARTINEZ, 1997).
• Lei de Terras perpetuou uma cultura do latifúndio,
bem difundida no Período Colonial.
Uma de suas principais consequências foi a
dificuldade criada para o acesso à terra pelas
camadas mais pobres da população e pelos
imigrantes, que se viram obrigados a trabalhar nas
grandes fazendas de café.
Na medida em que elevou o preço da terra, exigindo
também o pagamento à vista e em dinheiro no ato da
compra, a lei contribuiu para manter a concentração
fundiária que marca a realidade brasileira até os dias
DIVISÃO DE TERRAS NO BRASIL HOJE
QUESTÕES
 1) O que foi a lei de terras promulgada em 1850? Por
que ela é considerada um dos pontos mais
importantes da consolidação da concentração
fundiária na história brasileira?

 2) Quais foram as mudanças implementadas pela


Constituição de 1988 com relação a reforma
agrária? Por que podemos dizer que essa foi a
primeira tentativa de intervenção na estrutura
fundiária desde a Lei de terras?
https://oxfam.org.br/wp-content/uploads/2019/08/relatorio-terrenos_desigualdade
-brasil.pdf

https://mundogeo.com/2015/04/09/demografia-populacional-brasileira-de-1872-a
-2010-em-google-earth/

https://www.youtube.com/watch?v=l5juB7FyjZc

https://brasil.justia.com/nacionales/constituicao-da-republica-federativa-do-brasil
-de-1988

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