oé um pacto acessório (ou seja, obrigação acessória) pelo qual as partes de um
negócio jurídico fixam previamente a indenização devida em caso de descumprimento culposo (lato sensu) da obrigação principal, de alguma cláusula contratual ou em caso de mora. oTambém é chamada de “pena convencional” ou “multa contratual” Pode dizer respeito ao cumprimento de toda a obrigação, de alguma cláusula especial ou tão somente à mora. Finalidades: ◦ Estimular o devedor a cumprir a obrigação ◦ Prefixar o valor de perdas e danos decorrentes do inadimplemento ou da mora. Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. ‘culposamente’: diz respeito à culpa em sentido amplo.
CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA
◦ É estipulada para a hipótese de inadimplemento absoluto da obrigação principal
CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA
◦ Estipulada para caso haja violação de qualquer cláusulas do contrato ou na hipótese de inadimplemento relativo (mora). Servem para assegurar o cumprimento de outra cláusula ou a evitar o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação. oCLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA oCaso o credor prefira, pode estipular a cláusula penal compensatória como valores “pré-estipulados” a título de perdas e danos sofridos. Se for possível ainda exigir o cumprimento, pode optar por executar o contrato o invés de exigir a cláusula penal. oÉ vedado no caso da cláusula penal compensatória, entretanto, querer receber a cláusula penal e outra indenização por perdas e danos ao mesmo tempo. o O Código Civil admite a possibilidade de indenização suplementar, mas desde que isso tenha sido convencionado e que se comprove o prejuízo excedente (art. 416, parágrafo único do CC). É como se houvesse prefixação dos valores das perdas e danos, que ficam como “alternativa a benefício do credor”, como diz o artigo 410. Surte efeito quando o inadimplemento é absoluto ou quando o credor optaria pelas pelas perdas e danos ao invés de exigir a prestação em atraso. Pode ser reduzida: a) se a obrigação tiver sido cumprida em parte; b) se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, consideradas a natureza e da finalidade do negócio (art. 413). oCLÁUSULA PENAL MORATÓRIA Pode ser exigida juntamente com a obrigação principal (art. 411 do CC), já que vem da mora ou da segurança de outra cláusula determinada. Diferentemente do que acontece na cláusula penal compensatória, a moratória não se presta para substituir a prestação no caso de inadimplemento, mas sim para punir o devedor pelo atraso. Por não substituir a prestação principal é que pode ser com ela cumulada. Costuma ser estipulada em valor reduzido (10%, por exemplo), até porque está sujeita à valoração da boa-fé e à vedação ao enriquecimento ilícito. Pode ser reduzida: a) se a obrigação tiver sido cumprida em parte; b) se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, consideradas a natureza e da finalidade do negócio (art. 413). Em ambos os casos de cláusula penal ◦ Não é necessário demonstrar prejuízo para exigi-la (está pactuada) – art. 416 do CC; ◦ Se o descumprimento for de obrigação indivisível, a cláusula penal recai sobre todos (porque pactuada), independente de quem tenha descumprido. Entretanto, o único que pode responder pela íntegra é o culpado (responde pela quota dele e dos outros); os outros só respondem pela quota-parte que lhes cabe (art. 414 do CC). ◦ Mesmo nesse caso, os que não infringiram a cláusula penal tem direito de regresso contra aquele que infringiu. ARRAS OU SINAL oÉ a quantia em dinheiro ou o bem móvel que um dos contratantes entrega ao outro com o objetivo de confirmar o acordo de vontade entre eles; serve como princípio de pagamento. É possível nos contratos sinalagmáticos (bilaterais) que se destinam a transferir domínio da coisa. Quando do cumprimento da obrigação, são restituídas; se forem da mesmo gênero da principal (dinheiro, por exemplo), são computadas na prestação devida. Precisam ser EXPRESSAS ARRAS CONFIRMATÓRIAS ◦ Obrigam as partes ao contrato, tornando-o obrigatório. ◦ Havendo arras, se houver arrependimento, há inadimplemento; isso significa que o bem/valor entregue para tornar o negócio definitivo tem a função de prefixar valor indenizatório. ◦ As arras serão confirmatórias se as partes não convencionarem em sentido contrário. ◦ O que ocorre se há inadimplemento? ◦ Se quem não executar o contrato for quem deu as arras – o outro pode considerar o contrato desfeito, retendo as arras. ◦ Se quem não executar o contrato for quem recebeu as arras – o outro pode considerar o contrato desfeito e exigir a devolução + o equivalente + atualização monetária +juros + honorários de advogado. ◦ “o equivalente” --> as arras valem como valor mínimo da indenização, cabendo indenização suplementar (art. 419). Além disso, as arras podem ter sido prestadas em coisa e a coisa ter mudado de valor, por exemplo. ◦ A parte inocente pode exigir a execução do contrato tendo as arras como valor mínimo (cobrando ainda as perdas e danos, ou seja, os prejuízos que teve em razão da não execução do contrato). ARRAS PENITENCIAIS ◦ Acontecem quando as partes pactuam direito de arrependimento (art. 420) ◦ Atuam como sanção ao arrependimento, mesmo que tenha sido previsto. ◦ Nesse caso, não há direito a indenização suplementar. ◦ Não é necessário demonstrar prejuízo. ◦ Se houver inadimplemento: ◦ Se for de quem deu as arras – perde em benefício da outra parte; ◦ Se for de quem as recebeu – devolve ao outro ◦ Em ambos os casos sem indenização suplementar. Importante oO Superior Tribunal de Justiça (STJ) já compreendeu que é vedado cumular a cobrança de arras e de cláusula penal em caso de não execução do contrato, em razão da proibição de bis in idem. Entre ambas, prevalece a cobrança de Arras, que, nesse caso, valem como taxa mínima para indenização pela inexecução do contrato. o(REsp nº 16176-52/2016). 01 Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Valdeir e Max assinaram contrato particular de promessa de compra e venda com direito de arrependimento, no qual Valdeir prometeu vender o apartamento 901 de sua propriedade por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Max, por sua vez, se comprometeu a comprar o imóvel e, no mesmo ato de assinatura do contrato, pagou arras penitenciais de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). A escritura definitiva de compra e venda seria outorgada em 90 (noventa) dias a contar da assinatura da promessa de compra e venda, com o consequente pagamento do saldo do preço. Contudo, 10 (dez) dias antes da assinatura da escritura de compra e venda, Valdeir celebrou escritura definitiva de compra e venda, alienando o imóvel à Ana Lúcia que pagou a importância de R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais) pelo mesmo imóvel. Max, surpreendido e indignado, procura você, como advogado(a), para defesa de seus interesses. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A. Max poderá exigir de Valdeir a importância paga a título de arras mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. B. Por se tratar de arras penitenciais, Max poderá exigir de Valdeir apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), e exigir a reparação pelas perdas e danos que conseguir comprovar. C. Max poderá exigir de Valdeir até o triplo pago a título de arras penitencias. D. Max não poderá exigir nada além do que pagou a título de arras penitenciais. 02 Ano: 2021. Banca: Instituto Consulplan. Prova: Instituto Consulplan - TJ MS - Titular de Serviços Notariais e Registrais - Provimento – 2021. Elias pactuou com Julieta a compra do carro dela. O valor total do veículo é R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Elias entregou, como sinal confirmatório da transação a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Ocorre que, 2 (dois) dias antes de fazer a entrega do veículo a Elias, Julieta bate com o carro, por ato de negligência. Diante do caso apresentado, é correto afirmar que: A. A única obrigação que pode ser imputada a Julieta é a devolução da quantia dada como sinal por Elias acrescida de juros. B. A única obrigação que pode ser imputada a Julieta é a devolução do dobro da quantia dada como sinal por Elias (R$ 5.000,00) sem incidência de juros. C. Elias só poderá pleitear indenização complementar, caso decida abrir mão do recebimento do dobro do valor dado como arras corrigido e acrescido de juros. D. Elias poderá pleitear indenização suplementar, se demonstrar que a restituição das arras em dobro, corrigidas e acrescidas de juros, não é suficiente para ressarcir-lhe os prejuízos. 03 Ano: 2019 Banca: Fundação Getúlio Vargas – FGV Prova: FGV - OAB - Advogado - XXX Exame de Ordem Unificado – 2019. Lucas, interessado na aquisição de um carro seminovo, procurou Leonardo, que revende veículos usados. Ao final das tratativas, e para garantir que o negócio seria fechado, Lucas pagou a Leonardo um percentual do valor do veículo, a título de sinal. Após a celebração do contrato, porém, Leonardo informou a Lucas que, infelizmente, o carro que haviam negociado já havia sido prometido informalmente para um outro comprador, velho amigo de Leonardo, motivo pelo qual Leonardo não honraria a avença. Frustrado, diante do inadimplemento de Leonardo, Lucas procurou você, como advogado(a), para orientá-lo. Nesse caso, assinale a opção que apresenta a orientação dada. A. Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, com atualização monetária, juros e honorários de advogado, mas não o seu equivalente. B. Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, mais o seu equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado. C. Leonardo terá de restituir a Lucas apenas metade do valor pago a título de sinal, pois informou, tão logo quanto possível, que não cumpriria o contrato. D. Leonardo não terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, pois este é computado como início de pagamento, o qual se perde em caso de inadimplemento.