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Transformações materiais e as novas ciências do séc.

XIX

INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS
• Desde o início do século XV podemos ver um reflorescimento das
artes e o despertar de uma nova ciência.
•Pensadores modernos nascidos nos reinos italianos como Giordano
Bruno, Maquiavel e Galileu abrirão caminho para outros filósofos que
promoverão uma revolução na filosofia e ciência.
• O inglês Francis Bacon irá atacar, tanto quanto Galileu, a antiga
concepção medieval da escolástica, oriunda do pensamento de Tomás
de Aquino e de sua influência na filosofia aristotélica.
• As grandes doutrinas baseadas em axiomas indemonstráveis são
demolidas pela nova empiria proposta na obra Novum Organum, de
Bacon.
• Galileu e seus experimentos conseguem mais respostas e
comprovações dos fenômenos cotidianos do que os anteriores mil anos
de retórica idealista.
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

A REVOLUÇÃO NA ASTRONOMIA

• As incontáveis medições do astrônomo Ticho Brahe ajudam a compor


uma base astronômica para o cálculo de Kepler sobre a órbita em
elipse dos planetas.
• Após o sugestivo livro do clérigo Nicolau Copérnico, Galileu defende
abertamente o heliocentrismo e não mais o geocentrismo lastreado no
modelo ptolomaico.

CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

•Experimentos de Galileu sobre hidráulica, queda dos corpos e suas


observações astronômicas quebram antigos paradigmas e, juntamente
com Newton, promoveriam a consolidação da física moderna.
• Galileu, estudando ótica e lentes, ainda inventa um instrumento que
inicialmente tem uso militar, mas que posteriormente serviu para que
ele próprio pudesse observar os planetas Marte, Vênus e Júpiter. Veria
que alguns destes planetas possuíam também suas luas e que isso
demonstrava que a Terra não era o centro orbital de todas as coisas.
•Além disso, viu as crateras da lua e com outro experimento,
demonstrou que o sol possuía manchas, desmontando assim o
princípio da incorruptibilidade do universo supralunar de Aristóteles.
•.E sim, TODOS os planetas observados são arredondados. Incluindo a
Terra.
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A REVOLUÇÃO NA QUÍMICA E EPISTEMOLOGIA

• A antiga alquimia aos poucos cede lugar aos pesquisadores que se


dedicarão a uma química agora conduzida de forma científica e não
mais segundo postulados místicos.
• E será conduzida segundo experiências e métodos cada vez mais
sofisticados.
• Bacon, Locke e Hume promoveram aquilo que ficou conhecido como
o empirismo inglês.
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• “A reforma protestante, iniciada no século XVI, foi um momento


importante nessa trajetória. Ao contestar a autoridade da Igreja como
instância última na interpretação dos textos sagrados e na absolvição
dos pecados, a Reforma colocou sobre o fiel essa responsabilidade e,
instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo
com a divindade. O espírito secular impregnou distintas esferas da
atividade humana. Generalizou-se aos poucos a convicção de que o
destino dos homens também depende de suas ações. Críticas à
educação tradicional nas universidades católicas levaram à substituição
do estudo da Teologia pelo da Matemática e da Química”
(QUINTANEIRO, Um toque de clássicos, p. 13).
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A REVOLUÇÃO NA INSTRUÇÃO

• Como pudemos ver, a reforma protestante também, a partir da


tradução da bíblia do latim para o alemão (fato inédito até então),
permitiu que muitos fiéis, no exercício da livre interpretação dos textos
considerados sagrados, se alfabetizassem e avançassem passos
consideráveis no letramento e cultura geral.
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

Mas foram nas décadas que


antecederam a revolução francesa
que a burguesia fez seu grande
acerto de contas com as antigas
classes que rivalizavam com ela e
que ainda ocupavam o poder
político de sua época.

A burguesia francesa começava a compreender o grande poder das


ideias e a força revolucionária da ciência. Assim, puseram-se a atacar
a Nobreza e o Clero com estas armas: De um lado, o jus naturalismo
e a igualdade dos homens combatendo o poder hereditário. De outro,
a razão contra o obscurantismo e misticismo da Igreja.
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• “A confiança na razão e na capacidade de o conhecimento levar a


humanidade a um patamar mais alto de progresso, regenerando o
mundo através da conquista da natureza e promovendo a felicidade
aqui na Terra, tornou-se bandeira e símbolo do movimento de crítica
cultural que marca o Setecentos, o Século das Luzes – o Iluminismo”
(QUINTANEIRO, Um toque de clássicos, p. 13).
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• Charles Louis de Secondat ou Barão de Montesquieu, fazendo um


estudo comparativo entre sociedades inaugura uma nova forma de se
fazer história e um novo método, em substituição ao raciocínio
hipotético-dedutivo típico da idade média e escolástica.

• Jean-Jacques Rousseau e suas críticas sociais sobre a perda de


liberdade do estado de natureza compreende que a vida social tem
total determinação sobre o que serão os indivíduos. Nesta visão,
Rousseau defende que se perdemos a liberdade e nos corrompemos
moralmente com a passagem ao patamar civilizatório, temos a
possibilidade de nos enriquecer e elevar nosso pensamento para além
daquele antigo confinamento natural estúpido e limitado. Cf.
(QUINTANEIRO, Um toque de clássicos, p. 14-5).
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• Rousseau ainda denuncia que foi justamente a propriedade privada


que instituiu a desigualdade entre os homens e condenou uma maioria
à servidão e à vida estupidificada ainda mais nociva que no antigo
estado natural. A propriedade seria então a base tanto da
desigualdade quanto da perversidade dos cidadãos na civilização

•Diz ele: “Por mais que se admire a sociedade humana, não será
menos verdadeiro que ela necessariamente leva os homens a se
odiarem entre si à medida que seus interesses se cruzam, a
aparentemente se prestarem serviços e realmente a se causarem
todos os males imagináveis . Cf. (QUINTANEIRO, Um toque de
clássicos, p. 15).
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

• “A marca da Europa moderna foi, sem dúvida , a instabilidade,


expressa na forma de crises nos diversos âmbitos da vida material,
cultural e moral. Foi no cerne dessas dramáticas turbulências que
nasceu a Sociologia enquanto um modo de interpretação chamado a
explicar o ‘caos’ até certo ponto assustador em que a sociedade parecia
haver-se tornado” (QUINTANEIRO, Um toque de clássicos, p. 9).
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

• Como toda ciência incipiente que tem sua origem numa forma
imatura de pensamento e de métodos ainda pouco sistematizados,
quando não um início místico, como astronomia e química, a
sociologia também se inicia deste modo.

• Ela também nasce de um pensamento instrumental. Ou seja, via-se


no estudo da sociedade uma forma simples e eficaz não tanto para
compreendê-la, mas para modificá-la ou conservá-la.

•A Sociologia nasce da preocupação com as consequências da


modernidade. E ao contrário do que supõem alguns, seu nascimento é
conservador.
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

• “Entre os principais representantes dos que têm sido chamados


‘profetas do passado’ estão o inglês Edmund Burke (1729-1797) e os
franceses Joseph de Maistre (1754-1821) e Louis de Bonald (1754-
1840). Em linhas gerais, eles ansiavam por uma sociedade estável,
hierarquizada, fundada em valores familiares, religiosos e
comunitários, assim como na ordem, na coesão e na autoridade. [...] A
nostalgia de uma vida comunitária e familiar, vista então como idílica, e
do processo artesanal de trabalho, ambos destruídos pelo novo modo
de produção e pela urbanização descontrolada, traduziram-se em
críticas à própria modernidade”. Cf. (QUINTANEIRO, Um toque de
clássicos, p. 15).
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

• A dissolução das relações feudais leva muitos nobres a sentirem


saudades da antiga sociedade. Este pensamento social é marcado, como
os demais, pela origem de classe, mas no caso, de uma classe em vias de
extinção como era a nobreza.

• Outras classes também adentram no campo do pensamento social para


manifestar suas idiossincrasias. A burguesia consciente dos próprios
desastres sociais do século XIX, e mesmo uma parte de antigos nobres
agora investidores (caso de Saint-Simon), fazem suas críticas sociais.

• Reformadores sociais como Saint-Simon, Robert Owen, Charles Fourrier,


Blanqui, Etienne Cabet, etc. irão construir seus modelos sociais
supostamente perfeitos. Veremos à frente como Marx e Engels fazem uma
crítica demolidora de todas estas formas de pensamento socialista.
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

EM BUSCA DE UMA CONSTRUÇÃO CIENTÍFICA DO PENSAMENTO


SOCIAL
• A imaturidade do pensamento sociológico e a falta de métodos
sistemáticos que já promoviam revoluções nas demais ciências, obrigam
os pensadores sociais a buscar paralelo nos métodos das ciências
físicas e da natureza.

• O organicismo, o funcionalismo e o evolucionismo são exemplos destes


métodos e analogias importadas de outras ciências que já gozavam de
prestígio no século XIX.

• Herbert Spencer mesmo divulgou as ideias de uma transposição do


pensamento darwinista para a sociologia, criado aquilo que ficou
conhecido como darwinismo social. Uma doutrina pré-científica que
contou com alguns seguidores importantes à época.
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

EM BUSCA DE UMA CONSTRUÇÃO CIENTÍFICA DO PENSAMENTO


SOCIAL

• “Na busca de constituir uma Sociologia científica com objeto e método


claramente definidos, muitas hipóteses explicativas da natureza da vida
social e das possíveis leis de sua evolução foram propostas, emulando,
com frequência, modelos de investigação e demonstração já
consagrados” (QUINTANEIRO, Um toque de clássicos, p. 20) .
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

Controle
Aplicação CIÊNCIAS
SOCIAIS
Reprodu-
ção INDIVIDUAÇÃO

Fenômenos Sociais
Leis
sociais

SOCIEDADE E
RELAÇÕES SOCIAIS
CAPITALISMO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS

EM BUSCA DE UMA CONSTRUÇÃO CIENTÍFICA DO PENSAMENTO


SOCIAL

• Mas foi somente com Auguste Comte, Emile Durkheim, Karl Marx e
Max Weber, os chamados clássicos, que a sociologia alçou a um
patamar mais reconhecido pela ciência moderna.

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