You are on page 1of 75

SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA

SOCIAL: ASPECTOS TEÓRICOS E O que fazemos?


Como fazemos?
PRÁTICOS DO ACOLHIMENTO DE Para quem fazemos?
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
INTRODUÇÃO
*CONSTITUIÇÃO FEDERAL
FAVOR X DIREITO *LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL –
LOAS
ASSISTENCIALISMO *POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
POLÍTICA PÚBLICA – PNAS
*SISTEMA ÚNICO DE ASSITÊNCIA SOCIAL – SUAS
*TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS
SOCIOASSISTENCIAIS
*PACTO DE APRIMORAMENTO DA GESTÃO DO
SUAS
*NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SUAS - 2012
ASSISTÊNCIA SOCIAL É UM DIREITO DA SOCIEDADE BRASILEIRA E DEVER DO
ESTADO PARA CIDADÃOS QUE DELA NECESSITAR.
NÍVEIS DE PROTEÇÃO
PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
Prevenir situações de risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições
e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários .
UNIDADE DE REFERÊNCIA : CRAS
PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL
Destina-se a proteger as famílias e indivíduos cujos direitos tenham sidos violados e/ou cujos
laços familiares e comunitários já tenham sido rompidos:

Média complexidade: Alta complexidade:


- Centro de Referência Especializado de
Assistência Social - CREAS;  - Serviço de Acolhimento Institucional;
- Centro de Referência Especializado para - Serviço de Acolhimento em República;
População em Situação de Rua (Centro Pop);  - Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
- Centro-Dia.
MARCOS LEGAIS E NORMATIVAS BÁSICAS

Marco Legal da
Primeira Infância,
que dispõe sobre as
políticas públicas
voltadas para a
primeira infância

2016

Pacto de
Aprimoramento do
Sistema Único de
Assistência Social
(2016 a 2019
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

OBJETIVO
Ofertar serviços especializados que oferecem
acolhimento e proteção a indivíduos e famílias
afastados temporariamente do núcleo familiar
e/ou comunitários de origem.

CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS


Funcionam como moradia provisória até que seja
viabilizado o retorno seguro à família de origem,
o encaminhamento para família substituta –
quando for o caso – ou o alcance da autonomia
(moradia própria ou alugada).
GARANTIAS
• Privacidade, respeito aos costumes, tradições e
diversidade relativa aos ciclos de vida, arranjos
familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação
sexual;
• Atendimento personalizado e em pequenos grupos;
• Convívio familiar e comunitário;
• Regras de gestão e de convivência construídas de
forma participativa e coletiva, com vistas à autonomia
dos usuários;
• Unidade inserida na comunidade e com características
residenciais.
PRINCÍPIOS GERAIS

 Excepcionalidade e provisoriedade do Afastamento do Convívio Familiar;


 Preservação e Fortalecimento dos Vínculos Familiares e Comunitários;
 Garantia de Acesso e Respeito à Diversidade e Não-discriminação;
 Oferta de Atendimento Personalizado e Individualizado;
 Garantia de Liberdade de Crença e Religião;
 Respeito à Autonomia da Criança, do Adolescente e do Jovem.
PERÍODO DE ACOLHIMENTO

É fundamental ofertar à criança e ao adolescente um ambiente de cuidados


facilitadores do desenvolvimento.

O PERÍODO DE ACOLHIMENTO DEVE FAVORECER:


 Desenvolvimento Integral;
 Superação de vivências de separação e violência;
 Apropriação e ressignificação de sua história de vida;
 Fortalecimento da cidadania, autonomia e inserção social.

DURAÇÃO DO PERÍODO DE ACOLHIMENTO MUDOU!


MÁXIMO DE 18 MESES (1 ANO E 6 MESES) – Lei 13.509/2017 (Alterou o ECA, antes era 2
anos!)
OS PROFISSIONAIS QUE FAZEM O
SERVIÇO
OS PROFISSIONAIS QUE FAZEM O
SERVIÇO
Coordenador

Gestão da entidade;
Elaboração, em conjunto com a equipe técnica e demais;
colaboradores, do projeto político-pedagógico do serviço;
Organização da seleção e contratação de pessoal e
supervisão;
dos trabalhos desenvolvidos;
Articulação com a rede de serviços;
Articulação com o Sistema de Garantia de Direitos;
Atribuições da Equipe Técnica do Acolhimento:
• Elaboração, encaminhamento e discussão com a
• Elaboração, em conjunto com o/a coordenador(a) e demais autoridade judiciária e Ministério Público de relatórios
colaboradores, do Projeto Político Pedagógico do serviço; semestrais sobre a situação de cada criança e adolescente
apontando:
• Acompanhamento psicossocial dos usuários e suas I. possibilidades de reintegração familiar;
respectivas famílias, com vistas à reintegração familiar;
II. necessidade de aplicação de novas medidas; ou,
• Apoio na seleção dos cuidadores/educadores e demais III. quando esgotados os recursos de manutenção na
funcionários; família de origem, a necessidade de encaminhamento para
• Capacitação e acompanhamento dos cuidadores/educadores adoção;
e demais funcionários;
• Preparação da criança / adolescente para o desligamento
• Apoio e acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos (em parceria com o (a) cuidador(a)/educadora(a) de
educadores/cuidadores;
referência);
• Encaminhamento, discussão e planejamento conjunto com
outros atores da rede de serviços e do SGD das intervenções • Mediação, em parceria com o educador/cuidador de
necessárias ao acompanhamento das crianças e adolescentes referência, do processo de aproximação e fortalecimento
e suas famílias;
ou construção do vínculo com a família de origem ou
• Organização das informações das crianças e adolescentes e adotiva, quando for o caso.
respectivas famílias, na forma de prontuário individual;
O PAPEL DO
EDUCADOR/CUIDADOR
- Cuidados básicos com alimentação, higiene e proteção;
- Organização do ambiente (espaço físico e atividades adequadas ao
grau de desenvolvimento de cada criança ou adolescente);
-Auxílio à criança e ao adolescente para lidar com sua história de
vida, fortalecimento da autoestima e construção da identidade;
-Organização de fotografias e registros individuais sobre o
desenvolvimento de cada criança e/ou adolescente, de modo a
preservar sua história de vida;
-Acompanhamento nos serviços de saúde, escola e outros serviços
requeridos no cotidiano. Quando se mostrar necessário e pertinente,
um profissional de nível superior deverá também participar deste
acompanhamento;
-Apoio na preparação da criança ou adolescente para o
desligamento, sendo para tanto orientado e supervisionado por um
profissional de nível superior.
Outras atividades afins.
Dimensão de cuidado –
Na rotina de um serviço de acolhimento o educador tem diversas atribuições de
cuidado, como colocar as crianças para dormir e acordá-las no horário, organizar o
café da manhã, o almoço, o lanche e o jantar, levá-las à escola e a outras atividades,
acompanhá-las em consultas médicas, propor atividades dentro do abrigo, etc.
Essas tarefas, constituem a dimensão mais concreta do trabalho do educador.

Dimensão educativa do trabalho - Está para além da rotina e se realiza na relação


com as crianças e os adolescentes, passa pela importância de indagar qual o
significado de lidar com a história de vida das crianças e adolescentes,
contribuindo para o fortalecimento da autoestima e a construção da identidade. E,
do que se trata um apoio no processo de desligamento do abrigo? O que é uma
relação afetiva personalizada e individualizada com cada criança ou adolescente?.
PORTEIRO
AUX DE CUIDADOR
Apoio às funções do cuidador;
SERVIÇO GERAIS
Acolher e tratar com afetividade as Apoio às funções do cuidador;
crianças/adolescentes;
Organização, limpeza e salubridade do ambiente:

Zelar pela entrada de pessoas na casa permitindo a Cada turno de serviço deve fazer a limpeza da cozinha e deixá-la em ordem para o próximo
turno;
entrada somente de pessoas com autorização
Judicial, ou autorizadas pela equipe técnica/ Comunicar a Coordenação quaisquer danos a equipamentos e utensílios, solicitando os reparos necessários ou
a aquisição de utensílios e equipamentos necessários com antecedência;
Coordenadora;
Colher, respeitar e tratar afetivamente as crianças/adolescentes;

Na hora da visita recolher as bolsas/mochilas e Limpar os ambientes da casa, banheiros, mobília, paredes, vidros, janelas, calçadas,
demais pertences e guardá-los em lugar apropriado conforme cronograma estabelecido pela coordenação;
até a saída dos visitantes;
Manter em bom estado de higiene e conservação de todas as dependências internas e
externas, comunicando a Coordenação quaisquer danos ocorridos ou apresentados;
Preencher o livro de entrada e saída dos visitantes e Manter os panos utilizados na limpeza, limpos e guardados separadamente dos utensílios
supervisionar que os visitantes assinem o livro; da casa;

Manter as roupas dos usuários bem como as roupas de camas limpas e organizadas;
Receber as doações e entregar ao assistente
administrativo. Manter os materiais de higiene e limpeza guardados e local apropriado, evitando
acidentes domésticos;
Zelar pelo bom funcionamento dos equipamentos e utensílios. Quando apresentarem
Outras atividades com este fim orientadas pelo defeitos comunicar o assistente administrativo;
coordenador da unidade. Outras atividades com este fim orientadas pelo coordenador da unidade.
AUX DE CUIDADOR
COZINHEIRO/ MANIPULADOR DE ALIMENTOS

Apoio às funções do cuidador;

Preparação dos alimentos com cardápio variado, respeitando o grau de desenvolvimento e necessidades específicas dos
acolhidos, de acordo com orientações nutricionais;

Organização, limpeza e salubridade do ambiente da cozinha;

Auxilio na organização do almoxarifado e controle da validade dos alimentos;

Cada turno de serviço deve preparar os alimentos e fazer a limpeza da cozinha e deixá-la em ordem para o próximo turno;

Elaborar a lista de itens que estão faltando e entregar ao assistente administrativo, no tempo estabelecido, com a
devida antecedência;
Organizar e manter limpa a despensa, onde ficarão guardados os alimentos, devendo ser fechados com chave;

Manter a higiene pessoal (cabelos, mãos, unhas, roupas, sapatos);

Manter a porta da cozinha sempre fechada;


As facas que apresentam riscos devem ser guardadas em lugar adequado com chave;

Comunicar a Coordenação quaisquer danos a equipamentos e utensílios, solicitando os reparos necessários ou a


aquisição de utensílios e equipamentos necessários com antecedência;

Outras atividades com este fim orientadas pelo coordenador da unidade


SOBRE A CONDUTA
PROFISSIONAL

É proibido divulgar fotos, vídeos, histórias, ou qualquer informação dos acolhidos e dos acolhimentos em
grupos sócias e/ou a pessoas não autorizadas;

Obedecer rigorosamente ao Regimento Interno dos Acolhimentos sob pena de demissão por justa causa,
nos termos do art. 482, alínea h, da CLT.

Não julgar a história de vida, não discriminar, não ofender;

Não criar um clima organizacional desfavorável (fofocas, intrigas, disputas, competições, discórdias);

Não é permitido desrespeitar os direitos das crianças/adolescentes bem como exceder suas funções,
emitir juízo de opinião sobre os casos ou outras questões que não dizem respeito a sua função.

O profissional plantonista deverá participar de capacitações e reuniões, promovidas pela gestão, mesmo
que nos dias de folga.

O Cuidador é responsável por ministrar corretamente os medicamentos aos acolhidos, devendo proceder
com zelo, sob pena de responsabilidade civil e criminal;
ASPECTOS IMPORTANTES NO
TRABALHADO DESENVOLVIDO
NAS UNIDADES
A importância da
rotina nas unidades
Por que uma rotina?
DA ORGANIZAÇÃO, DA INFRAESTRUTURA E DAS ROTINAS DIÁRIAS (organizadas no PPP)
A importância de que se estabeleçam rotina nos acolhimentos é para que as situações sejam
compartilhadas pelos educadores dos diversos turnos, e assim possam promover uma
experiência de continuidade nas crianças. A rotina representa a possibilidade de estabelecer
uma continuidade e previsibilidade com mais tranquilidade para as vivências.
As ações com este objetivo envolvem:

» Internas ao próprio serviço, como adequações na infraestrutura, trabalho com as


relações e vinculações com o educador/cuidador e pares, cuidados e rotina, etc.;

» A serem desenvolvidas na rede, como a inclusão na escola, em serviços de


saúde, serviços que contribuam para seu desenvolvimento e potencialização de
áreas de interesse, etc.;

» Que envolvam a comunidade, como a relação com colegas, escola,


comunidade, território, etc.
• Devemos criar condições na rotina permitindo que crianças e adolescentes ocupem os
diferentes espaços da casa com suas brincadeiras e jogos.
• A forma de acordar, a forma de chamar para o banho e o convite que fazemos para arrumar o
armário, tudo isso deve ser pensado como algo que contribui para a formação da criança.
• Quais os temas que necessitam ser trabalhados na unidade: brincar, sexualidade, história de
vida, autocuidado, leitura (Pode se elencar um ou mais trabalhados como mini projetos)
• O serviço de acolhimento deve proporcionar espaços e tempo para as brincadeiras. (A
presença de brinquedos em um ambiente não garante que haja brincadeiras ali. “A companhia
de um educador para jogar, criar e brincar é extremamente necessária, valiosa e enriquecedora
para as crianças”)
• Organizar cantinhos pela casa que oportunizem o desenvolvimento e atividades: Cantinho da
leitura com novos e interessantes livros além de espaços para brincadeiras.

Toda prática socioeducativa deve ter uma intencionalidade pedagógica. A


intenção pedagógica deve nos fazer pensar no que vamos fazer, quando e a
melhor forma de fazer. Isso serve para atividades grandes, mas serve também
para pensar a rotina.
IMPORTANTE!

A rotina precisa considerar as necessidades de cada criança ou adolescente


(BRASIL, Orientações Técnicas, 2009)/ ponderando o individual e coletivo:

Considerando o momento de vida e as capacidades das crianças e dos
adolescentes nas diferentes faixas etárias para: aquisição de habilidades;
desenvolvimento de aptidões e competências;

Apropriação da história de vida;

Fazer escolhas; emitir opiniões; participar da organização da rotina e do ambiente de
acolhimento;

Assumir responsabilidades pelo cuidado com seus objetos pessoais e pelo autocuidado;

Cumprir os diferentes compromissos (escola, atividades na comunidade, trabalho etc.);
exercer seu protagonismo; adquirir autonomia, inclusive econômica.

Atividades básicas de cuidado;

“A criança é sujeito de direitos, de deveres e de desejo”


Organizando a rotina
A rotina deve sempre levar em consideração as necessidades e o bem estar das crianças e não só
as necessidades do adulto e da casa.

Duração e ritmo das refeições, o tempo que cada um
ASPECTOS DA ROTINA DOS BEBÊS – 0-3 ANOS levará para aprender a comer sozinho, a
temperatura e quantidade da comida, a temperatura
ATIVIDADE FREQUÊNCIA da água do banho, o ritmo do sono, entre muitos
Alimentação De acordo com as necessidades dos outros, são extremamente importantes na perspectiva
/ Sono / bebês. da individualização dos cuidados em um espaço
Banhos coletivo.

Quando um bebê nasce, é um organismo imaturo que
Brincadeiras Nos momentos em que a criança estiver
precisa de um adulto para sobreviver física e
à vontade, com suas necessidades
básicas atendidas (a partir de 03 psiquicamente. Além dos cuidados nutricionais e de
meses). higiene básicos, esse bebê precisa também ser olhado
e falado pelos por aqueles que lhe exercem a função
Alimentação De acordo com as necessidades dos materna.
/ Sono / bebês. 
A importância do brincar na infância assim como a
Banhos disponibilidade dos educadores dos abrigos para
construir jogos com os bebês, a partir do laço que
Brincadeiras Nos momentos em que a criança estiver
à vontade, com suas necessidades estabelecem com eles. Não se trata apenas de
básicas atendidas (a partir de 03 diversão, mas da própria constituição do psiquismo
meses). dos bebês e, mais tarde, no brincar simbólico, da
possibilidade de elaboração de conflitos psíquicos.
A ausência do brincar é um sinal importante de
Alimentação De acordo com as necessidades dos
sofrimento psíquico, ao qual os educadores devem estar
/ Sono / bebês. muito atentos assim como à presença de jogos
Banhos repetitivos ou empobrecidos
Princípios norteadores do trabalho:


Valorização da atividade autônoma dos bebês e crianças;


A valorização de uma relação afetiva privilegiada;


A presença do adulto de referência (vínculos e cuidados)/ subdivisão dos grupos de crianças e
educadores / cuidadores responsáveis;


Necessidade de favorecer a criança a tomada de consciência dela mesma e do seu ambiente;


A importância de um bom estado de saúde física e emocional;

Abordagem Pikler, segundo (APPLE; DAVID, 2021).



Os momentos de banho, de alimentação ou de trocas de fraldas podem ser ricos de interação entre
educador e bebê, podendo-se introduzir a dimensão do brincar nessas atividades e não exercê-las
meramente como atividades técnicas de higiene ou alimentação. Deve-se, no entanto, ter cuidado
para não pedagogizar o brincar, instituindo-o como atividade com hora marcada para acontecer, tornando-
o assim algo técnico ou mecânico.


João era uma criança que corria de um lado para o outro sem interagir muito com os educadores nem
com as outras crianças. Não participava dos jogos propostos e pouco convocava o outro para a
brincadeira.

A presença de um educador que estava sempre muito atento a suas brincadeiras e sempre se
oferecia para brincar com ele foi importante para promover alguns deslocamentos e ir construindo
jogos mais sofisticados. O garoto tinha uma mania de subir na mesa e andar bem na beiradinha, de
forma que quase caía. A presença do educador, sempre atento a pegá-lo e a não deixá-lo cair, fez com
que esse garoto, ao começar a brincadeira, desse uma olhada para o outro de forma provocativa,
convocando-o para o jogo. A partir daí, outro deslocamento foi possível, e o jogo virou uma brincadeira de
1,2,3 eeee já!, quando então João se jogava para que o educador o pegasse.

Entre o singular e o coletivo: o acolhimento de bebês em abrigos. - 1. ed. - São Paulo:


Instituto Fazendo História, 2011.
A importância de estratégias que promovam a alternância entre presença e
ausência para a possibilidade de simbolizar a separação:

Uma educadora, certa vez, contou como fazia para dar conta de oito bebês ao
mesmo tempo e mostrou grande sensibilidade e disponibilidade para cada um
deles, apesar da dificuldade de adentrar o berçário pela manhã e encontrar os oito
chorando e querendo mamar. Como ela somente podia dar mamadeira para um
bebê de cada vez, enquanto tomava uma das crianças em seu colo, cantava para
as outras, que aos poucos iam se acalmando e podendo esperar sua vez. As
cantigas cumpriam a função de uma presença que podia entreter os bebês no
momento da ausência da educadora.
ASPECTOS DA ROTINA DIÁRIA CRIANÇAS (04 A 12 ANOS) Atividades do Organizar os espaços e
ATIVIDADE OBSERVAÇÕES Planejamento materiais para as atividades.
Mensal /
Despertar das crianças que irão O horário vai depender da quantidade de Realização das
à escola / Banho / Café da crianças. Atividade voltada para as crianças atividades
Manhã que irão para a escola no turno da manhã. escolares

Despertar das crianças que não Conforme as crianças forem despertando Chegada das Convidar as crianças para
irão à escola / Banho / Café da convidá-las para se organizar e descer para o crianças que foram tomar banho e se organizar
Manhã café. para a escola para o jantar
Atividades do Planejamento Organizar os espaços e materiais para as
Mensal / Realização das atividades. Jantar Servir primeiro o jantar das
atividades escolares crianças menores que
Lanche Organizar os espaços e materiais para as precisam de auxílio
Atividades pensando atividades.
individualidade /Construção do Realização das
álbum do acolhido Definição das estratégias e ações de atividades escolares
desenvolvimento da proposta elaboradas junto a para as crianças do
equipe técnica. integral

Almoço Servir primeiro o almoço das crianças menores


que precisam de auxílio.
Repouso / Organização das
crianças que irão para a escola
Ceia
no turno da tarde e outras
atividades extracurriculares Momento de se As cuidadoras do plantão da
recolher para noite avaliam a necessidade
Despertar das crianças do Conforme as crianças forem despertando dormir. das crianças tomarem
repouso e lanche da tarde. convidá-las para se organizar e descer para o
O autocuidado na rotina das crianças e
adolescentes.

Estimular as crianças a: Atentar para o nível de
desenvolvimento e grau

Lavar ou higienizar as mãos antes das refeições; de dependência das
crianças e adolescentes.

Escovar os dentes depois das refeições;

Antes do sono dar/estimular o banho das crianças;

Depois das brincadeiras a guardarem os brinquedos;

Realizarem as atividades propostas nos planejamentos mensais;

Garantir o respeito e individualidade de cada criança;

Dar apoio as crianças em momentos de medos, tristeza e incertezas;

Oportunizar por meio de histórias infantis ou músicas de ninar para que as
crianças tenham noites tranquilas de sono;

Incentivar as crianças na autonomia e autocuidado oportunizando a
independência de vestir, escovar os dentes, pentear o cabelo sozinho e a fazer as
atividades escolares.

Colaborar com o cuidado da instituição, apoiar educadores/cuidadores na organização do espaço,
no preparo de refeições;

Estimular a realização de oficinas lúdicas, aulas de música, dança, línguas, entre outras, para que a
estimulação fosse variada. A participação em aulas extras, em ambientes externos à instituição, por
exemplo, possibilitaria a interação em ambientes diferentes (outros Microssistemas) e o contato com
pessoas que ocupam diferentes papéis, além de, por consequência, fazer com que as crianças e/ou
adolescentes em questão ocupem diferentes papéis, o que, como discutido, favorece o
desenvolvimento.

Fortalecer a perspectiva do atendimento individualizado e a construção de vínculos entre eles. Isso é
importante porque, como a literatura demonstra, a interação próxima, sólida, recíproca, períodica e
duradoura é importante para o desenvolvimento positivo.

É importante ainda que estes frequentem áreas externas e equipamentos comunitários, tais como,
praças, praias, museus, parques e, mesmo dentro da instituição, tenham no cotidiano uma
diversidade maior de ambientes, como pátio, cozinha, sala.

É necessário que os profissionais tenham clareza da necessidade


de variação de estímulos no que diz respeito às atividades, às
companhias e aos ambientes.

HEUMANN, Sabine; CAVALCANTE, Lília Iêda Chaves. Rotinas de crianças e adolescentes em acolhimento institucional: estudo descritivo. Arq. bras.
psicol., Rio de Janeiro , v. 70, n. 2, p. 22-37, 2018 .

É importante que a rotina estabelecida nos serviços de acolhimento se
assemelhe a uma rotina familiar, sendo superados aspectos que
remontam à institucionalização, como a rigidez nos horários de dormir,
acordar, realizar refeições, tomar banho, etc. Deve, portanto, haver
flexibilidade e atenção para as necessidades individuais de cada criança ou
adolescente acolhido no dia-a-dia da instituição. A participação em atividades
de caráter pedagógico, artístico, cultural e esportivo deve ser incentivada,
pois favorece o processo de desenvolvimento e construção da autonomia,
bem como a convivência comunitária (Gulassa, 2010).
SOBRE A AUTONOMIA E INDIVIDUALIDADE...
FORTALECIMENTO DE AUTONOMIA E INDIVIDUALIDADE?

•Exercitar sua autonomia e independência na convivência comunitária e na Unidade;


•Crianças e adolescentes têm a possibilidade de ir ao supermercado, farmácia,
cabeleireiro?
•Há um plano individual dos acolhidos para aumentar e fortalecer sua rede de afetos e
relações?
•Promover a consciência de si para que a criança ou o adolescente perceba quem é,
como é, o que gosta, o que deseja;
• Construir um projeto de vida, segundo suas capacidades, qualidades e possibilidades.
A IMPORTÂNCIA DO
VÍNCULO AFETIVO

O vínculo afetivo trata-se de uma forma de se relacionar com o


outro na perspectiva de manter-se ligado emocional e/ou
comportamentalmente. Em um serviço de acolhimento, o
estabelecimento de vínculo dos acolhidos com os trabalhadores
da instituição é uma condição central no trabalho de suporte
a esse momento que caracteriza a situação de acolhimento.
E é através desse vínculo que a equipe estabelece as
condições para poder exercer o seu papel.
SILVA, 2015 .
Os vínculos têm um lugar fundamental no trabalho educativo, que não pode perder de vista os objetivos
de um serviço de acolhida: uma boa experiência no período de acolhida e o retorno à família.
Possibilidade da criança e do adolescente conhecer e falar sobre sua história e o que se passou em
sua família é fundamental. Essas são conversas que ocorrem com os trabalhadores dos abrigos quando
há relações de confiança e, com frequência, em situações do cotidiano. Tudo isso permitirá a expressão
da criança ou do adolescente e facilitará o trabalho de reintegração às famílias - “Ressignificar
histórias”. Cabe aos profissionais não julgar as famílias de origem.

O papel do educador em um abrigo, em grande medida, está em oferecer à criança a possibilidade


da palavra para a representação de suas vivências e para a expressão do que sonha para o futuro,
seja na conversa, na encenação da brincadeira, no desenho, no acompanhamento das tarefas escolares,
na organização dos seus objetos pessoais, seja em outras situações prosaicas do cotidiano.
• Vincular-se afetivamente às crianças e aos adolescentes com vistas a apoiá-los
no processo de desligamento do serviço de acolhimento. A própria relação vivida
com o educador/pessoa de referência;

• A possibilidade da criança e do adolescente conhecer e falar sobre sua história e o


que se passou em sua família é fundamental. Essas são conversas que ocorrem com
os trabalhadores dos abrigos quando há relações de confiança e, com frequência,
em situações do cotidiano. Tudo isso permitirá a expressão da criança ou do
adolescente e facilitará o trabalho de reintegração às famílias. O trabalho de
retomada da história ganha força quando permite que a criança se aproprie
do que viveu e lhe atribua um significado, abrindo espaço para que imagine
um futuro, que sonhe, que faça planos.
Todo vínculo implica em uma separação, isso é o saudável!
- Em algum momento as crianças e/ou adolescentes precisam ir embora
A diversidade de perfis familiares das crianças acolhidas:
(As que tem famílias, as que estão no cadastro nacional de adoção, e as que tem baixa
perspectiva de encontratem uma família substituta a curto e médio prazo)

Como circula o vínculo nas equipes dentro dos acolhimentos?


- Quem trabalha com as crianças precisa estar saudável;
-Ambiente saudável implica em desenvolvimento saudável para os acolhidos;
- A diferenciação dos papeis: Lugar de adulto e lugar de criança/adolescente;
A proteção integral a que têm direito as crianças e os
adolescentes acolhidos deve ser viabilizada por meio da
utilização de equipamentos comunitários e da rede de serviços
local.

 Articulação no âmbito do SUAS – CRAS, CREAS, Equipe de supervisão e apoio dos


serviços de acolhimento, dentre outros.
 Articulação com o Sistema Único de Saúde – SUS
 Articulação com Sistema Educacional
 Articulação com outras políticas públicas e demais órgãos do Sistema de Garantia
de Direitos – Sistema de Justiça, Conselho Tutelar, Segurança Pública, Conselhos
de Direitos
Principais instrumentos que compõem a funcionalidade dos serviços de
Acolhimento para crianças e adolescentes:
“Não se pode falar de
OBRIGADA! Educação sem amor”
Paulo Freire
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS PELOS SERVIÇOS DE
ACOLHIMENTO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Prontuário: Reúne registros sistemáticos organizados que incluem diversas informações, como, por exemplo:
histórico de vida, motivo do acolhimento, data de entrada e desligamento, documentação pessoal, informações
sobre o desenvolvimento, condições de saúde, vida escolar, etc.

Plano Individual de Atendimento de Crianças e Adolescentes em Serviços de Acolhimento (PIA): trata-se de instrumento de
planejamento que deve orientar o trabalho a ser desenvolvido com a criança/adolescente e sua família durante o acolhimento e no
período pós-desligamento. Deve reunir objetivos, estratégias e ações a serem desenvolvidas visando a superação dos motivos
que levaram ao afastamento do convívio e o atendimento das necessidades específicas de cada situação.

SITUACIONAL: Descrever a entrada do acolhido, a porta de entrada, a motivação, documentos que


acompanharam o acolhimento.
RELATÓRIOS:

CIRCUNSTANCIAL: O objetivo é informar uma intercorrência dentro do acolhimento, neste caso, faz uma breve
contextualização, do tempo de acolhimento, processo, e uma explanação breve da ocorrência que ensejou o
envio do relatório. Ao Final definir o que se quer: por exemplo: informar, requerer, transferir, etc.
AVALIAÇÃO TRIMESTRAL:  Este, deve ser detalhado, desde a chegada, a evolução do PIA e dos prazos
estabelecidos, os progressos e dificuldades enfrentados e o parecer de manutenção no acolhimento, reintegração
ou colocação em família substituta (ADPF).
INSTRUMENTAIS E REGISTRO DA HISTÓRIA DO
ACOLHIDO

A perda dos registros das histórias dos acolhidos acarreta a invisibilidade destes
no sistema de garantia de direitos e um apagamento da própria história.

Na elaboração do PIA a história pessoal e familiar das crianças e adolescentes


deve ser considerada através de escutas atentas. É preciso buscar nas experiências
familiares e pessoais as potencialidades das famílias e compreensão dos fatores
que levaram a aplicação da medida de acolhimento.

“Histórias mal contadas são na verdade histórias mal escutadas e que revelam
a pouca aposta na construção de espaços de conversação e na crianção de
novos significados para as crianças, os adolescentes e as famílias a partir da
vivência do acolhimento institucional”.
O PIA deve contemplar objetivos, estratégias e ações para garantir cada um dos
itens elencados abaixo, que serão detalhados na sequência:

»A oferta de cuidados de qualidade e proteção ao desenvolvimento e direitos da


criança e do adolescente durante o período de acolhimento;

» Fortalecimento dos Vínculos e do Convívio Saudável com a Família de Origem;


» A preservação da convivência comunitária;

» A preparação para o desligamento; e

» O acompanhamento após o desligamento


Para decidir se a reintegração é a melhor medida também devem ser ouvidos, a criança e o adolescente, por meios
adequados, bem como suas famílias e os educadores/cuidadores ou famílias acolhedoras. Além disso, é importante
considerar, ainda, dentre outros, os seguintes aspectos:

● As reações da criança, do adolescente e da família ao afastamento e ao acolhimento no serviço;


● A vinculação afetiva e a motivação mútua da família, da criança e do adolescente pela continuidade da relação afetiva e
retomada do convívio;
● Se os encaminhamentos realizados foram viabilizados e qual tem sido a resposta da família, da criança e do adolescente
aos mesmos;
● Se há, por parte da família, conscientização dos motivos que levaram ao afastamento da criança ou adolescente e
motivação para superá-los;
● Se há movimento de mudança nos padrões de relacionamento entre os membros da família e desta com a comunidade e
instituições sociais;
● Se existem membros da família (nuclear ou extensa) que possam se responsabilizar e compartilhar os cuidados com a
criança eo adolescente;
● Se a família possui redes sociais de apoio da família: vinculações significativas da família com pessoas da comunidade e
serviços que possam apoiar os cuidados à criança e ao adolescente.
● Quando a reintegração familiar for considerada a melhor medida, a preparação para o retorno deverá incluir uma crescente
participação da família na vida da criança e do adolescente, inclusive no cumprimento das responsabilidades parentais:
Inserção da família em atividades que envolvam a criança eo adolescente como, reuniões escolares, consultas de saúde,
comemoração do aniversário, atividades na comunidade, escola, etc. Do mesmo modo, a criança e o adolescente devem ter
a oportunidade de uma reinserção gradual no contexto de origem, passando finais de semana ou datas comemorativas na
casa da família, por exemplo. Nesse momento é importante, ainda, que sejam fortalecidas as redes sociais de apoio da
família, fundamentais para o exercício de seu papel de cuidadora.
FLUXO: ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E FAMILIAR
COM CREAS/PAEFI. 1.ACOLHIMENTOS:
1. RELATÓRIO DO CASO
2. REPASSE AO CREAS
PRAZO (ATÉ 20 DIAS APÓS O
ACOLHIMENTO)

ACOLHIMENTO
INSTITUCIONAL/FAMILIAR 2. PAEFI:
SERVIÇOS

1 – ANÁLISE DO CASO
2 – INSERÇÃO NO PAEFI
3 – PLANO DE ATENDIMENTO A FAMÍLIAS E INDIVÍDUOS.
PRAZO (ATÉ 20 DIAS DE RETORNO AO ACOLHIMENTO)
CREAS (PAEFI)
- Realizar pelo menos uma intervenção ao mês com a família
e dar uma contrarreferência do acompanhamento para o
Acolhimento (relatório a cada dois meses).

3. ACOLHIMENTOS: 4. AÇÕES INTEGRADAS/ DO ACOMPANHAMENTO:


1- RECEBER RELATÓRIO 1 – ESTUDOS DE CASOS (Incluindo outros atores da
INICIAL DO PAEFI rede)
2- ACOMPANHAMENTO DA 2- PARTICIPAÇÃO DO PAEFI NO PLANO DE AÇÃO
CRIANÇA/ FAMÍLIA DO PIA DO ACOLHIMENTO
2 – PRODUÇÃO DE RELATÓRIOS TÉCNICOS
CONCLUSIVOS OU NÃO A FIM DE SUBSIDIAR
DECISÃO DO PODER JUDICIÁRIO.
Participação do CREAS nos casos de
Acolhimento Institucional
- Estudos de caso: Participação em reuniões de estudos de diagnóstico prévio para análise da situação e tomada de decisão quanto
ao afastamento do convívio e encaminhamento para o acolhimento;

- Planejamento de Acompanhamento: Participação em reuniões de elaboração do PIA do acolhimento para alinhamento dos
processos de acompanhamentos conjuntos das crianças e adolescentes acolhidos e seus familiares.

- Quando o motivo do afastamento do convívio familiar envolve violência intrafamiliar (física, psicológica, sexual, negligência
grave), exploração sexual ou outras situações de violação de direito que estejam sob escopo de ações e serviços desenvolvidos no
âmbito do CREAS, as crianças, adolescentes e seus familiares devem ser inseridos em seus serviços. Decisão dos casos de
Reinserção familiar – envolver acolhimento, CREAS, VARA DA INFÂNCIA e outros serviços que acompanham o caso.

- No processo de desligamento: O desligamento será base para o serviço de acolhimento analisar, em parceria com o CREAS, se de
fato a reintegração familiar é segura e representa a melhor medida para a criança/adolescente.

- Pós acolhimento: Pode-se avaliar se a família continua em acompanhamento no CREAS, no CRAS, outros serviços da rede, para
atender suas necessidades, sem que isso esteja mais permeado sob a égide da questão legal.

(Orientações técnicas, 2009; Orientações técnicas para elaboração do PIA. MDS/ 2018.)
ELABORAÇÃO DE
RELATÓRIOS TÉCNICOS
Instrumentalidade
“A instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a profissão
vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que
os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas
profissionais. É por meio desta capacidade, adquirida no exercício
profissional, modificam, transformam, alteram as condições objetivas e
subjetivas e as relações interpessoais e sociais existentes num determinado
nível da realidade social: no nível do cotidiano.” (GUERRA, 2000)
Linguagem

“(...) a linguagem escrita e verbal é um instrumento básico de trabalho. É necessário


assegurar o uso adequado da linguagem científica e técnica concernente à matéria em
questão ou objeto de estudo, demonstrando coerência teórico-metodológica, o que
exige um tratamento analítico rigoroso e não se confunde com o senso comum”
(IAMAMOTO, 2006, p.290).

Entendendo que a linguagem utilizada nos registros deve estar alinhada às


particularidades da categoria, e seguir padrão da língua culta, apontamos alguns
de seus aspectos, conforme aparecem em documentos produzidos, que instruem os
recursos éticos analisados.
Uso da fala dos usuários

● Figura como prática recorrente a reprodução de falas – dos/as usuários/as e/ou de outros/as
profissionais - como elemento comprobatório, em sete dos recursos analisados. No
entanto, tais conteúdos interessam à/ao como informações nas quais pode basear as suas
análises, e não como “prova” das abordagens e/ou de acontecimentos vividos.

● Tal detalhamento poderia ser anotado e resguardado aos arquivos (conforme alguns
espaços sócio-ocupacionais o fazem, com baseem diretrizes orientadoras).
Essas apreensões poderiam ser consubstanciadas e apresentadas enquanto sínteses,
problematizações e análises para sustentar a opinião profissional sem a exposição dos
sujeitos. Estabelecendo-se ainda conexões, interligações da situação singular com a
realidade social em que estão imersos.
Exemplo de infrações éticas:

• Produção de relatórios/laudos sobre casos específicos ou declarações, pareceres e depoimentos em audiências


públicas (no âmbito judiciário) sobre temas próprios da categoria que foram contestados na sua qualidade e
fundamentação técnico-científica.
Importante • Apresentação em documentos oficiais, extraoficiais ou verbais de acusações ou de declarações preconceituosas.
estar atento às • Exposição de informações sigilosas para terceiros, sem que houvesse fundamentação ética que justificasse tal ato
expondo desnecessariamente qualquer pessoa ou instituição
questões éticas! • Impedir acesso ou não produzir materiais de registro das atividades
profissionais realizadas.
• Realizar atividades privativas de outras profissões.
• “Produção de Documentos de denúncias sem Fundamentação”: A maioria dos casos agrupados nessa categoria são
de laudos produzidos por profissionais que são usados em disputas judiciais nas varas de família (em geral
disputas sobre a guarda de filhos) ou em avaliações relacionadas à suspeita de abuso sexual (situação na qual a(o)
profissional é chamada(o) para avaliar se houve ou não abuso das crianças envolvidas).
• Uso de terminologias e conteúdos que extrapolam para especificidades de outras áreas profissionais,
particularmente elementos que podem remeter às outras áreas da saúde: Os apontamentos vão desde “algumas
particularidades da saúde sem esclarecimento”, até a “obesidade das crianças”, referência a usuária como
“sequelada”, passando por questões de ordem psicológica, com menções sobre “imaturidade da mãe”,
“personalidade forte” do pai, assim como por proposição de “averiguação”, no sentido de inspecionar as condições
de cuidados dispensados a uma pessoa acamada.
Observância ao Código de Ética
Nas situações de conflito (casos previstos em lei), poderá decidir pela quebra de sigilo,
baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.

Deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.


O sigilo profissional é a regra. Sua quebra é exceção, devendo ser adotada somente
quando puder contribuir ou evitar que aconteça uma situação grave, nociva e
perigosa para a integridade física e psíquica do/a usuário/a ou de terceiros. Nessas
ocasiões o/a profissional deve restringir-se a prestar as informações necessárias para
a solução da situação;

No caso de trabalhos de natureza multi ou interdisciplinares deverá compartilhar


com outros/as profissionais, somente as informações que forem relevantes para a
prestação do serviço aos/às usuários/as, resguardando o caráter sigiloso dos documentos/
comunicações e se assegurando de que o sigilo também seja preservado pelas outras
pessoas que, em decorrência do trabalho em equipe, venham a ter acesso aos mesmos;
Observância das Resoluções

• Resolução CFP no 6, de 29 de março de 2019:


Institui regras para a elaboração de documentos escritos
produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional e
revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº
07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019.
• Resolução CFESS no 557/2009:
Ementa: Dispõe sobre a emissão de pareceres, laudos, opiniões
técnicas conjuntos entre o assistente social e outros profissionais.
Tipos/ finalidades dos relatórios
Na elaboração desses documentos deve-se respeitar o caráter privado e sigiloso de algumas informações e as condições
e prerrogativas éticas e técnicas dos profissionais que elaboram o relatório e compõem a equipe de referência das
unidades (Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais - Art. 2º e o Código de Ética Profissional dos Psicólogos
- Art. 6º, por exemplo).
Diferença entre tipo de relatório
Título Tipos de resposta
- Relatório de Acompanhamento ( o PIA possui uma relação intrínseca com o relatório trimestral que deve ser encaminhado ao Social (Assistente
Poder Judiciário para o acompanhamento da situação e a tomada de decisão a respeito da reintegração familiar ou colocação em Social)
família substituta, dentre outros aspectos. Desse modo, os relatórios trimestrais encaminhados pelo serviço de acolhimento para o Psicológico (Psicólogo)
Poder Judiciário deverão considerar as ações previstas no PIA, seus objetivos e resultados alcançados até o momento) Multiprofissional
(Equipe: psicólogo,
Assistente social,
pedagogo e Terapeuta
ocupacional)

- Relatório de Atendimento (objetiva informar dados ou fatos importantes. Este tipo de relatório pode ser utilizado em atendimentos Social (Assistente
e encaminhamento de um processo de acompanhamento): Social)
- (circunstancial) - Informar uma intercorrência dentro do acolhimento. Psicológico (Psicólogo)
– (Situacional) - Descrever sobre a entrada do acolhido e encaminhamentos. Multiprofissional
(Equipe: psicólogo,
Assistente social,
pedagogo e Terapeuta
ocupacional)
O relatório social é o documento no qual constam o registro do objeto de estudo, a identificação dos
sujeitos envolvidos e um breve histórico da situação, a finalidade à qual se destina, os procedimentos
utilizados, os aspectos significativos levantados na entrevista e a análise da situação.

O relatório psicológico consiste em um documento que, por meio de uma exposição escrita, descritiva
e circunstanciada, considera os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição
atendida, podendo também ter caráter informativo. Visa a comunicar a atuação profissional da(o)
psicóloga(o) em diferentes processos de trabalho já desenvolvidos ou em desenvolvimento, podendo
gerar orientações, recomendações, encaminhamentos e intervenções pertinentes à situação descrita no
documento, não tendo como finalidade produzir diagnóstico psicológico.
O relatório multiprofissional é resultante da atuação dos trabalhadores do SUAS em contexto
multiprofissional, podendo ser produzido em conjunto comprofissionais de outras áreas,
e a ética preservando-se a autonomia profissional dos envolvidos. Atuação em conjunto,
respeitando a autonomia e ética dos profissionais envolvidos.
Relatório Técnico de acompanhamento da medida
protetiva

Relatório externo no SUAS - são documentos elaborados a partir de solicitações e/ ou requisições de políticas setoriais, órgãos
de defesa de direitos e órgãos do Sistema de Justiça, com o objetivo de prestar informações sobre a inserção de famílias e
indivíduos no acompanhamento realizado pelos serviços socioassistenciais. Os relatórios versarão sobre a efetivação das
metas e objetivos estabelecidos no PIA, servindo como parâmetro para a avaliação da medida protetiva de acolhimento
com vistas a subsidiar a decisão judicial acerca da continuidade, da substituição ou da extinção da medida aplicada.
Elaborados em três tipos/ objetivos:

RELATÓRIO DE ATENDIMENTO/SITUACIONAL: Descrever a entrada do acolhido, a porta de entrada, a motivação,


documentos que acompanharam o acolhimento, informações sobre o pia e outras pertinentes.
RELATÓRIO DE ATENDIMENTO/CIRCUNSTANCIAL: O objetivo é informar uma intercorrência dentro do acolhimento,
neste caso, faz uma breve contextualização, do tempo de acolhimento, processo, e uma explanação breve da ocorrência que
ensejou o envio do relatório. Ao Final definir o que se quer: por exemplo: informar, requerer, transferir, etc.
RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO/ AVALIAÇÃO TRIMESTRAL: Este, deve ser detalhado, desde a chegada, a
evolução do PIA e dos prazos estabelecidos, os progressos e dificuldades enfrentados e o parecer de manutenção no acolhimento,
reintegração ou colocação em família substituta (ADPF).

Orientações técnicas para elaboração do PIA. MDS/ 2018.


Relatório Técnico sobre de acompanhamento da medida
protetiva

Relatório de uso interno do SUAS - são documentos rotineiros dos serviços socioassistenciais sobre o
atendimento e acompanhamento das famílias e indivíduos, elaborados a partir de uma demanda da rede
socioassistencial ou necessários à dinâmica do serviço. São compostos de registro de informações, observações,
pesquisas, fatos que identificam as famílias no território e pareceres dos profissionais e encaminhamentos.

RELATÓRIO TÉCNICO: Atentar para o objetivo: encaminhamento, informações sobre o caso, etc...
Ex. Relatório encaminhado ao CREAS: Descrever sobre a entrada do acolhido, a porta de entrada, a motivação,
documentos que acompanharam o acolhimento, informações sobre a família, endereços e necessidades de
encaminhamentos necessários para a reavaliação da medida protetiva.

Orientações técnicas para elaboração do


PIA. MDS/ 2018.
Relatório multiprofissional

Estrutura: Cinco itens em Texto corrido.


• a) Identificação;
• b) Descrição da demanda;
• c) Procedimento: descrição dos procedimentos e/ou técnicas privativas
da Psicologia e do Serviço Social deve vir separada .
• d) Análise: orienta-se que separadamente, identificando, profissional.
cada profissional faça sua com subtítulo, o nome e a análise categoria
• e) Conclusão: Em conjunto trabalho interdisciplinar

Resolução CFP nº 04/2019.


Atenção!

Não deve ser enviado original de cadastros, prontuários, fichas ou qualquer


documento de registro de informações dos atendimentos e
acompanhamentos realizados pelas equipes de referência. Quaisquer
solicitações de emissão destes relatórios devem ser encaminhadas para o
órgão gestor local da Política de Assistência Social e, onde houver, para a
Central de Acolhimento, cujo responsável designará o serviço competente
para atender a solicitação.

NOTA TÉCNICA N.º 02/2016/ SNAS/MDS - Assunto: Nota Técnica sobre a relação entre o Sistema Único de
Assistência Social- SUAS e os órgãos do Sistema de Justiça
Instrumentos e procedimentos que
extrapolam as funções do SUAS

NOTA TÉCNICA N.º 02/2016/ SNAS/MDS Assunto: Nota Técnica sobre a


relação entre o Sistema Único de Assistência Social- SUAS e os órgãos do
Sistema de Justiça.

Não cabe às equipes técnicas de gestão e equipes de referência do Suas realizar ações
de caráter investigativo, responsabilização de usuárias e usuários ou outros que não
contemplem o escopo de atuação da política pública de assistência social.
Extrapolam as funções do SUAS:

● Adoção de crianças e adolescentes;


● Averiguação de denúncia, de maus tratos contra crianças, adolescentes,
idosos, pessoas com deficiência e de violência contra a mulher;
● Averiguação de incidência ou reincidência de violações de direitos;
● Prestar informações de caráter sigiloso contempladas nos artigos 3o e 25o
da Lei de Acesso à Informação - LAI (12.527/2011);
● Determinação de guarda;
● Curatela de idosos, pessoas com deficiência ou com os
profissionais de Acolhimento, salvo os casos previstos em lei.

NOTA TÉCNICA N.º 02/2016/ SNAS/MDS


Instrumentos e procedimentos que
extrapolam as funções do SUAS
Realização de perícias:

Quadro de cadastro de peritos judiciais

• Resolução CNJ n.º 232/2016


• Resolução CNJ nº 233/2016
Guarda ou tutela de crianças de forma impositiva aos serviços
profissionais dos de acolhimento, salvo nos casos
previstos em lei;

Conselho Nacional de Justiça - Provimento n.º 36/2014 - Dispõe sobre a estrutura e


procedimentos das Varas da Infância e Juventude - Equipes multidisciplinares
(compostas de, ao menos, psicólogo, pedagogo e assistente social)

NOTA TÉCNICA N.º 02/2016/ SNAS/MDS


• Produção de provas de acusação;
• Oitiva para fins judiciais;
• Inquirição de vítimas e acusados;

Artigo 144: Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,


incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
(Constituição Federal do Brasil)

NOTA TÉCNICA N.º 02/2016/ SNAS/MDS


Atenção!

Uma vez identificado o recebimento de expediente que extrapola


as atribuições do SUAS, as gestoras e gestores deverão responder
aos órgãos solicitantes, explicitando a inadequação da demanda,
ou seja, que o objeto da requisição não é do campo da
assistência social. justificando com a nota técnica N.º 02/2016/
SNAS/MDS.
Observações

O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão,carimbo, em que conste nome completo ou
nome social completo dos profissionais, e os números de inscrição na sua categoria profissional, com todas as laudas
numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura dos produtos na última página.

O prazo de guarda são 10 anos após esse período o que poderá ser feito
com essa documentação
RESOLUÇÃO CFP 06/2019- ORIENTAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS
ESCRITOS PRODUZIDOS PELA (O) PSICÓLOGA (O) NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n06-2019-comentada.pdf
RESOLUÇÃO CFESS Nº 557/2009 de 15 de setembro de 2009 - Ementa: Dispõe sobre a
emissão de pareceres, laudos, opiniões técnicas conjuntos entre o assistente social e
outros profissionais.
Em qual material técnico posso fundamentar a orientação de que o coordenador pode
participar na organização de relatórios técnicos externos ao SUAS? (NOTA TÉCNICA N.º
02/2016/ SNAS/MDS - Assunto: Nota Técnica sobre a relação entre o Sistema Único de
Assistência Social- SUAS e os órgãos do Sistema de Justiça)
ORIENTAÇÕES SOBRE NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA
CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A notificação tem como objetivo proteger a criança ou o/a adolescente. Se trata de um encaminhamento
para assegurar o atendimento das vítimas na rede de proteção.

Anjos e Trindade (2022)


A seguir é apresentado um checklist com sugestões de informações que, sempre que possível, devem ser contempladas numa
notificação. Quanto maior for o número de itens contemplados, mais robusta será a notificação. Mesmo que não se tenha alguma
informação, a notificação deve ser realizada:

• Nome completo da provável vítima

• Nome dos pais e/ou responsáveis pela provável vítima

• Idade aproximada da provável vítima

• Endereço completo da provável vítima

• (rua, número da casa e/ou apartamento, bairro) e/ou algum ponto de referência.

• Contato telefônico de responsável pela criança e/ou adolescente • Nome da escola que a provável vítima frequenta

• Nome completo do/a suposto/a agressor/a

• Idade aproximada do/a suposto/a agressor/a

• Endereço completo do/a suposto/a agressor/a

• (rua, número da casa e/ou apartamento, bairro) e/ou algum ponto de referência

• Contato telefônico do/a suposto/a agressor/a

• Possível vínculo familiar entre a provável vítima e o/a suposto/a agressor/a

• Existem outras crianças e/ou adolescentes no círculo familiar da vítima, que podem estar em risco • O que acarretou a suspeita de
violência sexual? (qual/ais sinal/is, comportamento/s.
Anjos e Trindade (2022)
Referências
BRASIL/MDS. NOTA TÉCNICA N. 02/2016/ SNAS/MDS. Nota Técnica sobre a relação entre o Sistema Único de Assistência
Social- SUAS e os órgãos do Sistema de Justiça. Maio de 2016. Disponível em: . Acesso em: 10.05.2019.

. Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Assistência Social. Série Trabalho e Projeto Profissional nas
Políticas Sociais, n. 1, 2011. Brasília(DF):CFESS. Disponível em:. Acesso em: 02.05.2019.

. Resolução No 557/2009, de 15 de setembro de 2009.Dispõe sobre a emissão de pareceres, laudos, opiniões técnicas
conjuntos entre o assistente social e outros profissionais. Disponível em: . Acesso em: 14.05.2019.

. Lei No 8.662/1993, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de assistente social


e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 04.05.2019.

. Resolução No 273/93, de 13 de março de 1993. Institui o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais e dá outras
providências. Disponível em: . Acesso em: 13.05.2019.

Caderno de orientações para elaboração de relatórios técnicos socioassistenciais [livro eletrônico] : aspectos éticos, técnicos e
metodológicos / coordenação Liliane Neves ,
Referências

GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do serviço social. 10. ed. – São Paulo: Cortez, 2014.
.Instrumentalidade do processo de trabalho e Serviço Social. In: Serviço Social e Sociedade.
n. 62. São Paulo:

Cortez, 2000. IAMAMOTO, Marilda Villela. Questão social, família e juventude: desafios do trabalho do
assistente social na área sociojurídica. In: SALES, M. A.; MATOS, M. C.; LEAL, M. C. (orgs.). Política social, família e juventude: uma questão de
direitos. São Paulo: Cortez, 2006.

LEWGOY, Alzira Maria B.; SILVEIRA, Esalba Carvalho. A entrevista nos processos de trabalho do assistente social. In: Revista Textos &
Contextos. v. 6 n. 2, jul./dez. Porto Alegre/RS, 2007. p. 233-251. Disponível em:. Acesso em: 22.04.2019.

SISTEMATIZAÇÃO E ANÁLISE DE REGISTROS DA OPINIÃO TÉCNICA EMITIDA PELA/O ASSISTENTE SOCIAL EM RELATÓRIOS,
LAUDOS E PARECERES, OBJETO DE DENÚNCIAS ÉTICAS PRESENTES EM RECURSOS DISCIPLINARES
JULGADOS PELO CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS) http://www.cfess.org.br/arquivos/registros-
opiniao-tecnica.pdf

Infrações éticas, formação e exercício profissional em psicologia. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós- Graduação em Psicologia.
Obrigada!
Proteção Social Especial
E-mail:
cepefortaleza@shdsd.ce.gov.br
Contato: (85) 31053411
(85) 31053409

You might also like