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ENTREVISTAS EM

Prof. Pedro Junior


Rodrigues Coutinho

AVALIAÇÃO Avaliação
Psicologia
em

PSICOLÓGICA
ENTREVISTA – HABILIDADES
DO ENTREVISTADOR
REALIZAR ENTREVISTAS É UM ATRIBUTO
FUNDAMENTAL E INSUBSTITUÍVEL DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE

HABILIDADE EM REALIZAR
ENTREVISTAS

APRENDIDA INTUITIVA

CAPACIDADE
EM
HABILIDADE PATRIMÔNIO
HABILIDADE ESTABELECER
EM DA
EM EVITAR UMA
FORMULAR PERSONALIDA
PERGUNTAS RELAÇÃO
PERGUNTAS DE
EMPÁTICA E
ÚTIL

HABILIDADE
EM DECIDIR HABILIDADE
QUANDO E EM CALAR
COMO FALAR
CONDUÇÃO FLEXÍVEL DA ENTREVISTA
A flexibilização do entrevistador varia em função:

 do paciente,  dos objetivos da entrevista,


 personalidade,  diagnóstico,
 estado mental e emocional,  estabelecimento de vínculo terapêutico,
 capacidade cognitiva, etc.  questões forenses,
 avaliação, etc.

 do contexto,
 consultório,  da personalidade do entrevistador,
 se institucional,  autoconhecimento e treinamento
 pronto-socorro, emergência,
 enfermaria,
 ambulatório,
 centros de saúde, etc.
O QUE EU DEVO EVITAR?
1. Postura rígida e estereotipada

2. Atitude excessivamente neutra ou fria

3. Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas

4. Comentários valorativos ou emissão de julgamentos

5. Reações emocionais intensas de pena ou compaixão


1. Empatia

6. Responder com hostilidade ou agressão

7. Entrevistas prolixas

8. Fazer muitas anotações durante a entrevista


ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
1. APRESENTAÇÃO

 Do profissional: nome, profissão e especialidade e, em algumas situações, a razão da


entrevista

 Garantias e contrato: confidencialidade, privacidade, sigilo médico, etc.


 Principalmente se o paciente for excessivamente tímido ou se o contexto assim o exigir o profissional deve explicitar:
1. que a entrevista e o tratamento irão ocorrer com sigilo e discrição;
2. ressaltar a necessidade de colaboração mútua entre profissional e paciente;
3. deixar claro que este sigilo poderá ser rompido no caso de ideias, planos ou atos seriamente auto ou hetero destrutivos
ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
2. Colher os dados sócio-demográficos básicos: nome, idade, data de nascimento,
naturalidade e procedência, estado civil, com quem reside, profissão,
atividade profissional, religião, etc.

3. Queixa básica ou principal: seu sofrimento, dificuldade ou conflito que o traz ao


profissional

 Esse primeiro relato deve ocorrer de forma livre, para que o paciente expresse de forma
espontânea os seus sintomas e sinais
 O profissional deve ouvir o relato e o conteúdo daquilo que o paciente conta, e também
como este relato é feito, o “estilo” do paciente, sua aparência e atitudes básicas
ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS
• Evitar pausas e silêncios prolongados
• Podem aumentar muito o nível de ansiedade do paciente e deixar a entrevista muito tensa e
improdutiva

• Procedimentos para facilitar o entrevistador nestas situações:


1. perguntas breves que assinalam a presença e atenção efetivas;

2. evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que podem ser respondidas com um sim ou um
não categóricos;

3. também evitar perguntas longas e complexas;


1. utilizar intervenções do tipo: como foi isso?, explique melhor , conte um pouco mais sobre isso,etc.

4. facilitar a continuidade da fala do paciente


1. Evitar perguntas: por que?, qual a causa?
ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICAS

“... embora a atitude básica do entrevistador na fase inicial da avaliação seja de


escuta, isto não significa colocar-se em uma posição totalmente passiva. Bem ao
contrário, ... Os dados essenciais da clínica psicopatológica emergem basicamente de
uma observação participativa, da interação intensa entre paciente e profissional... nas
fases mais iniciais o paciente pode estar muito ansioso e usar manobras e
mecanismos defensivos como risos, silêncios, perguntas inadequadas, comentários
circunstanciais sobre o profissional, etc. ... estratégias involuntárias ou propositais
que podem estar sendo utilizadas para que o paciente evite falar de si, de seu
sofrimento, de suas dificuldades... a pessoa do entrevistador não é o tema da
entrevista” (Dalgalarrondo, p.53)
ORGANIZANDO AS
ENTREVISTAS INICIAIS/DIAGNÓSTICA
Fenômenos importantes
 Transferência:
 atitudes e sentimentos cujas origens são basicamente inconscientes
 processo comum de projeção onde o paciente tende a projetar inconscientemente os afetos básicos que nutria e nutre pelas figuras
significativas de sua vida

 Contratransferência:
 é, em certo sentido e de maneira geral, a transferência que o profissional estabelece com seus pacientes

 Dissimulação: o ato de esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas


psicopatológicos

 Simulação: tentativa de criar, apresentar um sintoma, sinal ou vivência conscientemente para obter
algum benefício
O REGISTRO: MODELO RESUMIDO
I. Identificação

II. Queixa principal e história da doença atual

III. Interrogatório sintomatológico médico complementar

IV. Antecedentes mórbidos pessoais

V. Hábitos

VI. Antecedentes patológicos familiares em consanguíneos e parentes não consanguíneos

VII. Relacionamento e dinâmica familiar (descrever)

VIII. Exame físico

IX. Exame neurológico

X. Exame psíquico

XI. História de vida

XII. Resultados das avaliações complementares

XIII. Hipóteses diagnósticas

XIV. Planejamento terapêutico e ações terapêuticas implementadas


A ENTREVISTA CLÍNICA
 A entrevista clínica não é uma técnica única.
 Existem várias formas de abordá-la, conforme o objetivo específico da
entrevista e a orientação do entrevistador.
 Os objetivos de cada tipo de entrevista determinam suas estratégias,
seus alcances e seus limites.
DEFININDO A ENTREVISTA CLÍNICA

A entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, de tempo


delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza
conhecimentos psicológicos, em uma relação profissional, com o objetivo:

 descrever e avaliar aspectos pessoais


 relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social)
DEFININDO A
ENTREVISTA CLÍNICA

É um processo que visa a fazer recomendações, encaminhamentos ou


propor algum tipo de intervenção em benefício das pessoas
entrevistadas.
 A investigação possibilita alcançar os objetivos primordiais da
entrevista, que são descrever e avaliar, o que pressupõe o levantamento
de informações, a partir das quais se torna possível relacionar eventos e
experiências, fazer inferências, estabelecer conclusões e tomar decisões.

 Essa investigação se dá dentro de domínios específicos da psicologia


clínica e leva em consideração conceitos e conhecimentos amplos e
profundos nessas áreas.

 Esses domínios incluem, por exemplo, a psicologia do desenvolvimento,


a psicopatologia, a psicodinâmica, as teorias sistêmicas.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO
AO ASPECTO FORMAL
Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em:

 Estruturadas
 semi – estruturadas
 livre estruturação
AS ENTREVISTAS
ESTRUTURADAS
São de pouca utilidade clínica.

A aplicação desse tipo de entrevista é mais frequente em pesquisas,


principalmente nas situações em que a habilidade clínica não é
necessária ou possível.
AS ENTREVISTAS
ESTRUTURADAS
 As entrevistas semi - estruturadas são assim denominadas porque
o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo de
informação é necessária para atingi-los, de como essa informação
deve ser obtida (perguntas sugeridas ou padronizadas), quando ou
em que sequência, em que condições deve ser investigada
(relevância) e como deve ser considerada (utilização de critérios
de avaliação).
AS ENTREVISTAS SEMI -
ESTRUTURADAS
 São de grande utilidade em settings onde é necessária ou
desejável a padronização de procedimentos e registro de dados,
como nas clínicas sociais, na saúde pública, na psicologia
hospitalar, etc.
ENTREVISTAS LIVRES

 Nas entrevistas “livres”, é necessário o reconhecimento, pelo


entrevistador, de seus objetivos.

 E os objetivos de cada tipo de entrevista definem as estratégias


utilizadas e seus limites.

 É no intuito de alcançar os objetivos da entrevista que o entrevistador


estrutura sua intervenção.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS
OBJETIVOS

Diferenças de abordagens psicológicas, e os seus respectivos


objetivos específicos para os seus procedimentos;
Tipos de entrevistas especificas para cada abordagem. Objeto de
estudo diferentes. Ex.: Psicanalise, comportamental, psicopatológico
(saúde mental);
OBJETIVOS FINS
A finalidade maior de uma entrevista é sempre a de descrever e
avaliar para oferecer alguma forma de retorno. Este objetivo último é
comum a todas as formas de entrevista clínica, conforme nossa
definição. Todas elas requerem uma etapa de apresentação da
demanda, de reconhecimento da natureza do problema e da
formulação de alternativas de solução e de encaminhamento.
OBJETIVOS
INSTRUMENTAIS
Cada modalidade de entrevista define seus objetivos instrumentais, e
estes delimitam o alcance e as limitações da técnica.
Por isso, estratégias diferentes de avaliação podem ser utilizadas para
atingir os objetivos de cada situação, ou combinadas para atingir
objetivos diversos.
Isso nos parece adequado, considerando os vários contextos em que
a entrevista clínica é utilizada, no consultório, na saúde pública, na
psicologia hospitalar, etc.
OBJETIVOS
INSTRUMENTAIS
Dada a enorme variedade de objetivos instrumentais, conforme
variações de abordagem, de problemas apresentados e de clientelas
atendidas, não temos a intenção de tentar classificar as entrevistas
neste nível.

Por outro lado, alguns tipos de entrevista devem ser mencionados


quanto à sua finalidade: de triagem, de anamnese, diagnósticas
(que podem ser sindrômicas ou dinâmicas), sistêmicas e de
devolução.
UMA ENTREVISTA PARA A AVALIAÇÃO NA CLÍNICA PSICOLÓGICA PODE TER
POR FINALIDADE CARACTERÍSTICAS VINCULADAS A UM DESSES TIPOS, OU
PODE TER POR OBJETIVO UMA COMBINAÇÃO DE ASPECTOS RELACIONADOS
A MAIS DE UM DESSES TIPOS DE ENTREVISTAS. PROFISSIONAIS DE TODAS
AS ABORDAGENS PODEM REALIZAR ENTREVISTAS CLÍNICAS COM ESSES
OBJETIVOS. EXAMINAREMOS CADA UM DESSES TIPOS DE ENTREVISTA.
ENTREVISTA DE
TRIAGEM
A entrevista de triagem tem por objetivo principal avaliar a
demanda do sujeito e fazer um encaminhamento. Geralmente, é
utilizada em serviços de saúde pública ou em clínicas sociais, onde
existe a procura contínua por uma diversidade de serviços
psicológicos, e torna-se necessário avaliar a adequação da demanda
em relação ao encaminhamento pretendido.
ENTREVISTA DE
ANAMNESE
A entrevista em que é feita a anamnese (vide A história do
examinando, nesta obra) tem por objetivo primordial o levantamento
detalhado da história de desenvolvimento da pessoa, principalmente
na infância.
A anamnese é uma técnica de entrevista que pode ser facilmente
estruturada cronologicamente.
Embora a utilidade da anamnese seja mais claramente vislumbrada
na terapia infantil, muitas abordagens que integram ou valorizam o
desenvolvimento precoce podem se beneficiar deste tipo de
entrevista.
ENTREVISTA
DIAGNÓSTICA
A entrevista diagnóstica pode priorizar aspectos sindrômicos ou
psicodinâmicos. O primeiro visa à descrição de sinais (baixa auto -
estima, sentimentos de culpa) e sintomas (humor deprimido, ideação
suicida) para a classificação de um quadro ou síndrome (Transtorno
Depressivo Maior).
ENTREVISTAS
SISTÊMICAS
Essas entrevistas são usadas para avaliar casais e famílias estão se
tornando cada vez mais importantes em psicologia, principalmente,
quando há a demanda de atenção psicológica para crianças e
adolescentes.
Elas podem focalizar a avaliação da estrutura ou da história
relacional ou familiar. Podem também avaliar aspectos importantes
da rede social de pessoas e famílias. Essas técnicas são muito
variadas e fortemente influenciadas pela orientação teórica do
entrevistador.
ENTREVISTA DE
DEVOLUÇÃO
A entrevista de devolução tem por finalidade comunicar ao sujeito o
resultado da avaliação. Em muitos casos, essa atividade é integrada
em uma mesma sessão, ao final da entrevista. Em outras situações,
principalmente quando as atividades de avaliação se estendem por
mais de uma sessão, é útil destacar a entrevista de devolução do
restante do processo.
Outro objetivo importante da entrevista de devolução é permitir ao
sujeito expressar seus pensamentos e sentimentos em relação às
conclusões e recomendações do avaliador. Ainda, permite avaliar a
reação do sujeito a elas.
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PODE
ENVOLVER DIFERENTES PROCEDIMENTOS,
INCLUINDO VÁRIOS TIPOS DE ENTREVISTA.
COMPETÊNCIAS DO AVALIADOR E A
QUALIDADE DA RELAÇÃO

1) estar presente, no sentido de estar inteiramente disponível para o outro naquele


momento, e poder ouvi-lo sem a interferência de questões pessoais;
2) ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver uma aliança de trabalho;
3) facilitar a expressão dos motivos que levaram a pessoa a ser encaminhada ou a buscar
ajuda;
4) buscar esclarecimentos para colocações vagas ou incompletas;
5) gentilmente, confrontar esquivas e contradições;
6) tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista;
7) reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente, especialmente quando elas
atuam diretamente na relação com o entrevistador (transferência);
8) compreender seus processos contratransferenciais;
9) assumir a iniciativa em momentos de impasse;
10) dominar as técnicas que utiliza. Examinaremos, a seguir, cada uma dessas
capacidades.
CONCLUSÃO
A entrevista configura-se como um poderoso meio de influenciar o
outro, principalmente considerando que as pessoas frequentemente
buscam ajuda ou são avaliadas em momentos de fragilidade.

Esse aspecto nos leva a refletir sobre algumas questões éticas acerca
da nossa intervenção.
REFERENCIA
Cunha. A Jurema; Psicodiagnóstico V – Artmed, 2007, cap. Modulo
III pag. 45 a 73

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