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O papel dos antidepressivos

na depressão: uma análise


crítica e o potencial das
estratégias comportamentais
Douglas de Almeida Santos
Médico - Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais
Psiquiatra - Instituto Raul Soares (FHEMIG)
Professor de Saúde Mental – PUCMG
• A depressão é a principal causa de
incapacidade em todo o mundo
• Prevalência
• Mundo: 5% da população adulta (OMS, 2022)
• Brasil: 11,3% ∼ 23 milhões (Vigitel, 2021)
• Unidades de Atenção Primária: 23,9% (2012)

Introdução • Aumento significativo após a pandemia de


COVID-19
• Aumento de 28% em apenas 1 ano: 193 para 246
milhões (COVID Mental Disorders Collaborators,
2021)
• Estratégias efetivas de prevenção e tratamento
existem porém são pouco acessíveis
Fonte: Vigitel Brasil (Ministério da Saúde), 2021.
Fonte: Vigitel Brasil (Ministério da Saúde), 2021.
Fonte: Guia de saúde mental pós-pandemia no Brasil
Qual é a eficácia dos
tratamentos existentes?
• Eficácia: Taxa de resposta
“Número total de pacientes que tiveram redução de
≥ 50% da pontuação total em um teste de avaliação
padronizado, realizado por observador, para
depressão”
Metodologia • Aceitabilidade
“Descontinuação do tratamento medida pela
proporção de pacientes que desistiram por qualquer
motivo”
• Resultado
• Todos os antidepressivos foram mais eficazes
que o placebo para o tratamento de episódio
depressivo em adultos
• Poucas diferenças entre antidepressivos
quando todos os dados foram considerados
• Maior diversidade na eficácia e abandono
Resultados quando compara-se estudos “head-to-head”
• Maior taxa de resposta e menor taxa de
descontinuação:
• Escitalopram
• Sertralina
• Mirtazapina
• Paroxetina ??
• Agomelatina???
Problemas dos estudos de
tratamento farmacológico
• Viés de publicação
• Financiamento pela indústria
• Efeito placebo
• 1982: ≠ 6 na HAM-D
• 2008: ≠ 3 na HAM-D
Problemas • Poucos estudos em populações específicas e
de alto risco
dos estudos • Crianças
• Ideação de auto-extermínio
• Comorbidades
• Eficácia no estudo ≠ Eficácia clínica
• Agomelatina ???
Humor deprimido

Escala de
Sentimentos de culpa
Suicídio
Insônia inicial

Hamilton
Insônia intermediária
Insônia tardia
Trabalho e atividades

para
Retardo
Agitação
Ansiedade psíquica

depressão
Ansiedade somática
Sintomas somáticos gastrointestinais
Sintomas somáticos gerais

(HAM-D
Sintomas genitais
Hipocondria
Perda de peso

21) Consciência da doença


Variação diurna
Despersonalização e desrealização
Sintomas paranóides
Sintomas obsessivos compulsivos
• A diferença de efeito médio entre placebo e
antidepressivo é de 0,3
Taxa de • Efeito médio dos antidepressivos encontrado
Resposta nas metanálises
• HAM-D: 2 pontos
x • Diferença mínima clinicamente significativa
Resposta • HAM-D: 3-5 pontos
• Provavelmente não são clinicamente
Clínica significativas
• Efeito mais significativo em casos moderados
e graves
• Contato mais frequente com médico prediz
Efeito maior resposta ao tratamento
• Responsável por 50% da resposta sintomática
placebo na observada nas primeiras 6 semanas no grupo
placebo
prática • Quanto maior a expectativa de resposta ao
clínica tratamento, maior a redução dos sintomas
depressivos
O papel das estratégias
comportamentais no tratamento
da depressão
• Metodologia:
• Desfechos primário: gravidade dos sintomas
depressivos e aceitabilidade
Antidepressivo • Antidepressivos, exercício físico e terapia
s combinada foram mais eficazes do que
controle na redução de sintomas depressivos
x • Exercício alivia os sintomas da depressão de
Exercício forma semelhante aos tratamentos com
antidepressivos sozinhos ou em combinação
Físico com o exercício
• Problema: maior taxa de descontinuação;
importância do fator motivacional
• Exercício físico é eficaz para tratar sintomas
ansiosos e depressivos
Exercício • Todos as formas de atividade física são
físico para eficazes
transtornos • Maior eficácia nas atividades de intensidade
moderada e alta do que de baixa intensidade
mentais • Maiores benefícios são alcançados a partir
comuns de intervenções mais curtas
• Intervenções de longo prazo não são necessárias
para alcançar o benefício terapêutico
• Flexível e sustentável; caracterizada por:
• Grandes quantidades de frutas, vegetais (incluindo
batatas), pães (especialmente grãos integrais), nozes
e sementes.
• Alimentos frescos ao invés de processado
• Frutas frescas como sobremesa
• Laticínios, aves e peixes em quantidades moderadas
• Carnes vermelhas em pequenas quantidades. Reduza
Dieta as gorduras saturadas
• Azeite (ou outro óleo vegetal, se preferir) como
principal fonte de gordura dietética
• Álcool em quantidades modestas: máximo de 1 a 2
drinques padrão por dia para homens e 1 para
mulheres.
• Metilfolato, probióticos e ácidos graxos ômega-3
podem ser úteis
• Horário de dormir e despertar consistentes
• Limitar cochilos durante o dia
• Início da tarde, < 20-30 minutos
• Criar um ambiente de sono relaxante
• Silencioso, temperatura agradável, sem
Higiene do luminosidade
• Evitar atividades estimulantes antes de
Sono dormir
• Exposição a luz de telas
• Limitar a ingestão de cafeína e álcool
• Manter uma rotina regular de exercícios
• A depressão é um transtorno mental
incapacitante com aumento significativo de
sua prevalência, principalmente após a
pandemia de COVID-19
• O efeito dos antidepressivos nos casos leves
não são superiores ao efeito placebo em
Conclusão grande parte dos estudos atuais, fazendo
com que sua prescrição em casos leves seja
feita de forma crítica e ponderada
• Estratégias não-farmacológicas e
comportamentais são tão eficazes quanto
antidepressivos nos casos leves e garantem
benefícios que vão além da saúde mental
• Implementar tais estratégias são formas de
aumentar o acesso a medidas baratas e
eficazes no tratamento da depressão
• A viabilidade, disponibilidade e
implementação de tais estratégias deve ser
pensado no caso a caso
Conclusão • Na prática, talvez tenham mais relevância
após instaurado o início de um tratamento
psicoterápico e/ou farmacológico
• A disponibilidade, empatia e vinculação com
os pacientes são imprescindíveis para a o
tratamento da depressão
Obrigado!
• Contato: (31) 99709-1020
• Email: douglas.alsantos@gmail.com
• Mental Health and COVID-19: Early evidence of the pandemic’s impact. Geneva: World Health
Organization; 2022.
• COVID-19 Mental Disorders Collaborators (2021). Global prevalence and burden of depressive and
anxiety disorders in 204 countries and territories in 2020 due to the COVID-19 pandemic. Lancet
(London, England), 398(10312), 1700–1712. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(21)02143-7
• GUIA DE SAÚDE MENTAL PÓS-PANDEMIA NO BRASIL, 2020.
• Vigitel Brasil 2021: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito
telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e
proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em
2021. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde
e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Brasília; Ministério da Saúde; 2022. 127 p. Livrotab,
graf. Monografia em Português | Ministério da Saúde | ID: mis-41369

Referências • Rutherford, B. R., & Roose, S. P. (2013). A model of placebo response in antidepressant clinical
trials. The American journal of psychiatry, 170(7), 723–733.
https://doi.org/10.1176/appi.ajp.2012.12040474
• Recchia, F., Leung, C. K., Chin, E. C., Fong, D. Y., Montero, D., Cheng, C. P., Yau, S. Y., & Siu, P. M.
(2022). Comparative effectiveness of exercise, antidepressants and their combination in treating
non-severe depression: a systematic review and network meta-analysis of randomised controlled
trials. British journal of sports medicine, 56(23), 1375–1380.
https://doi.org/10.1136/bjsports-2022-105964.
• Singh, B., Olds, T., Curtis, R., Dumuid, D., Virgara, R., Watson, A., Szeto, K., O'Connor, E.,
Ferguson, T., Eglitis, E., Miatke, A., Simpson, C. E., & Maher, C. (2023). Effectiveness of physical
activity interventions for improving depression, anxiety and distress: an overview of systematic
reviews. British journal of sports medicine, bjsports-2022-106195. Advance online publication.
https://doi.org/10.1136/bjsports-2022-106195
• Malhi, G. S., Bell, E., Bassett, D., Boyce, P., Bryant, R., Hazell, P., Hopwood, M., Lyndon, B., Mulder,
R., Porter, R., Singh, A. B., & Murray, G. (2021). The 2020 Royal Australian and New Zealand
College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders. The Australian and New
Zealand journal of psychiatry, 55(1), 7–117. https://doi.org/10.1177/0004867420979353

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