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TEORIAS E TÉCNICAS

PSICOTERÁPICAS
ESPECIAIS
P R O F. D R . J E F E R S O N P I R E S
A RELAÇÃO DE TRABALHO NO
PROCESSO TERAPÊUTICO
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• O funcionamento da relação de trabalho dependerá de algumas condições do paciente:
– Tipo de problemática

– Momento vital

– Nível cultural

– Estrutura de caráter

• Dependerá, também, de algumas atitudes do terapeuta.:


– Empatia

– Acolhimento

– Espontaneidade

– Iniciativa (iniciamos na aula passada)

– Atitude docente
OS TRAÇOS GERAIS DA
CONTRIBUIÇÃO DO
T E R A P E U TA
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Iniciativa
– O terapeuta desempenha um papel ativo, que estimula a tarefa e as capacidades do paciente aplicáveis
à tarefa.

– Com essa função, ele interroga, orienta a busca, solicita detalhes, constrói modelos, propõe ao
paciente que os teste, faz balanços, traça perspectivas

– Não fica quieto nem silencioso por muito tempo pelo fato de a índole docente da tarefa lhe conferir
uma liderança.
• Esta pode levá-lo a ser quem inicia uma sessão (para introduzir impressões elaboradas no intervalo entre
sessões ou esclarecimentos que ficaram pendentes).

– Isso significa conceber a tarefa como trabalho de equipe, cuja direção, intensidade e ritmos são
assuntos de ambos em todos os momentos.
• Desempenhar esse papel ativo implica uma moderada vivacidade corporal.
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Iniciativa (ainda sobre...)
– Em sua atuação ativa, o terapeuta interrompe, por exemplo, o paciente, perguntando:

• “Como você vê o que disse até agora?” “Isso lhe sugere algo?”

– E espera uma resposta antes de dar sua visão da situação.

• Com a resposta, passa a ter dois materiais de interesse: O relato inicial e a interpretação do paciente

– A pergunta funciona como estimulante ao paciente, incitando-o a testar suas capacidades.

• Excita um tipo de autoavaliação.

– A indagação ativa do terapeuta, sobre o que houve desde a ultima sessão demonstra interesse.

• Esse interesse transmite a motivação para resgatar o trabalha que acontece nos intervalos.

– Após oferecer uma interpretação, o terapeuta inquire, também :

• “Qual sua opinião sobre esse modo de ver as coisas?” “Você também vê assim?”.

– A iniciativa do terapeuta é uma constante ativadora das capacidades egóicas do paciente.


A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Atitude docente
– O terapeuta assume um papel docente, que é que parte essencial do processo terapêutico.

• Enquadra sua atividade numa concepção pedagógica definida da relação de trabalho

• Mobiliza seus recursos didáticos para facilitar as aprendizagens

– O terapeuta faz uso de seu arsenal didático:

• Clareza do método expositivo

• Exposição aberta de seu modo de pensamento

• Inclusão de qualquer recurso capaz de aprofundar a compreensão da problemática.

– O terapeuta aplica certos princípios pedagógicos gerais: (veremos nos próximos slides)

• Motiva para a tarefa

• Esclarece seus objetivos


A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Motivar para a tarefa:
– Significa atribuir importância à motivação inicial à terapia e ao trabalho em cima dela, desde a
primeira entrevista.

– Enfocar essa motivação, que deve ser constantemente elaborada ao longo do processo.

• Aproveitar todos os momentos para reforçá-la

– “Veja o que aconteceu de novo: mais do que nunca, até agora, você se pôs a trabalhar depois da sessão,
com o que surgiria nela. E aparecem essas recordações muito importantes de sua adolescência, e hoje
pudemos compreender algo que até agora não tínhamos condições de ver”.

– “Você está entendendo muito mais do que há 3 meses atrás”


A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Esclarecer os objetivos:
– Nas primeiras entrevistas, dá-se um esclarecimento que oriente o início do processo.

• “O que vamos procurar é compreender quais problemas seus, por um lado, e de sua mulher, por outro, se
encontraram para produzir os choques dos últimos tempos”.

• “Nessa primeira fase do tratamento, o primordial é conseguir que você possa tranquilizar-se, afastar-se um
pouco da confusão em que está mergulhado agora, esclarecer como chegou a essa situação”.

– Cada momento de qualquer sessão posterior se presta para redefinir os objetivos a longo prazo

• Objetivos estratégicos: “Que você vá conquistando maior independência em relação a seus pais, maior
capacidade de decidir sozinho”.

• Objetivos táticos: “Nessas últimas sessões, estamos explorando tudo o que em sua vidas significou
dependência, tudo a leva a ser mais a filha do que a mulher do seu marido”.

• “Talvez isso nos permita compreender melhor como foi se desenvolvendo essa sua relação de submissão, que
está na base da crise”.
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Reforçar todo o avanço nas tarefas:
– “Até pouco tempo, você acreditava que nunca poderia pensar em si mesmo. Esta semana, para sua
surpresa, você conseguiu”.

– “Seria útil revermos agora o que queria dizer em você essa convicção fatalista de que não seria capaz de
fazê-lo. Por outro lado, é importante que você insista em continuar fazendo o que já conseguiu, que não
pare por ai”.

– “Desta vez, você deu um jeito de exigir de seu pai um tempo para falar dos problemas comuns e
conseguiu que ele o escutasse”.

– “Isso é importante porque esse diálogo é algo novo e partiu de uma mudança de atitude sua”.
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Reforçar todo o avanço nas tarefas:

• Pode ser difícil distinguir as intervenções que visam o reforço de conquistas das que podem
estritamente ser definidas como “intervenções de apoio”.
– Embora nas intervenções para reforço de conquistas se expresse a aprovação do terapeuta, a ênfase recai na
direção do movimento realizado e em suas consequências.

– A comparação entre o antes e o agora contém, de forma latente, novos insights.

• As intervenções de apoio, em contrapartida, não objetivam reforçar o crescimento


– contém a parte que não cresce da pessoa, aquela que está detida por carência de recursos autônomos,

– permanecem no plano do ato em si mesmo, não visando primordialmente novos insights.


A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Clareza do método expositivo

• O terapeuta trabalha com a atenção voltada para dar, às suas intervenções, formas modos e
palavras que facilitem sua compreensão pelo paciente.
– “Você, segundo seu relato, disse a ela muitas coisas, algumas construtivas, outras, ao que parece,
bastante destrutivas”.

– “Ela, segundo seu relato, disse-lhe várias coisas, algumas destrutivas outras construtivas.”

– “Você registrou mais as destrutivas, e as chamou de “atitudes negativas dela em relação a mim”.

– “Será que há parcialidade em seu registro?”

• Uma intervenção assim enfatiza prováveis mecanismos de transformação dos fatos.


A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Exposição aberta do seu método de pensamento
– O terapeuta se preocupa em por ao alcance do paciente a sua maneira de raciocinar, suas inferências e
os dados dos quais parte para fazê-las.
• O que importa para o paciente não são meramente seus resultados, mas o modo de processar a informação.

– A exposição aberta pode levar o terapeuta a formular uma interpretação e imediatamente perguntar:

• “Quando você disse “comecei a trabalhar” não o disse num tom coerente com a boa notícia, num tom de festejo,
e então pensei se não haverá em você...”

– Esse tipo de exposição tem eficácia didática e corresponde a uma atitude com respeito ao caráter da
relação terapêutica.
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Utilização do recurso facilitador de investigação e compreensão da problemática.
– O terapeuta está sempre aberto a enriquecer seu método de trabalho com qualquer recurso dotado de
valor didático para ilustrar e objetivar aspectos do paciente ou da situação.
• Não restringe necessariamente o intercâmbio à comunicação verbal

– Forma de desenhos, fotografias, poemas, escritos pessoais, objetos, tarefas concretas realizadas na sessão.

– Cada um desses recursos pode revelar facetas que o intercâmbio verbal as vezes não destaca de modo
suficiente.
• A inclusão desses recursos depende da capacidade do terapeuta.

• A contradição entre tendências regressivas e progressivas, a sobreposição e a confusão de identidade


característica dos vínculos simbióticos, são aspectos que podem ser representados de forma gráfica.
– A experiência de ver e comentar fotografias familiares, por exemplo, pode ser reveladora e mobilizadora.
A RELAÇÃO DE TRABALHO
• Inclusão do terapeuta como pessoa real
– Através das atitudes que caracterizamos como empatia, acolhimento, espontaneidade, iniciativa, são
postos em jogo os traços da pessoa do terapeuta.

• O papel do terapeuta se exerce não apenas pelo que permite ao paciente ver de seu mundo, mas
também pelo papel que desempenha nesse mundo.
– O papel real do terapeuta passará pela leitura pessoal que ele faça daqueles comportamentos
concretos, recodificados a partir do mundo de significações do paciente, efetuada a partir de
comportamentos específicos do terapeuta.

– O papel retificador do comportamento vincular do terapeuta nos leva a formular o seguinte:

• O tratamento é mediante a palavra + uma relação humana específica, mutuamente potencializadas.

• Ver o terapeuta como ele de fato é ajuda o paciente a corrigir suas distorções transferenciais.
MUITO OBRIGADO!

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