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4.

Uma economia mundial: articulações,


limites e concorrências
 Índico - rede de feitorias e portos da África Oriental à costa da China,
centrado em Goa (Estado da Índia)
 sistema atlântico - dominado pelo Brasil, mas incluindo feitorias e
portos de África Ocidental e ilhas atlânticas
 1º Atlântico:
Dois  Madeira e Açores - o açúcar, vinho e cereais (integração na economia da
metrópole)
subsistemas  São Jorge da Mina e São Tomé - ouro e escravos
 2ª Índico:
 Rota do Cabo - potencial económico para comércio e pilhagem (em 1610
o valor do comércio com o Estado da Índia era ainda 10x maior do que
com o Brasil)
 3ª Reorientação para o Atlântico:
 meados s. XVII – aumento da produção brasileira de açúcar e as incursões
dos holandeses na Ásia
 o Brasil como o coração do império
 Presença francesa no Brasil
 “França Antártica” com sede em Coligny (1555-60)
 “França equinocial” com São Luís do Maranhão (1612-15)
 Ataques à costa africana por franceses, castelhanos e ingleses
 Resgate do ouro

Contexto  Década de 60 do s. XVI – corte político entre Filipe II e os Países Baixos

político  Cerco de Antuérpia

europeu  Guerra de corso


 Novo desenho da economia europeia –> sede em Amesterdão, coordena
a relação entre as Províncias Unidas do Norte e o mercado português
 União ibérica – bloqueio dos portos portugueses a holandeses e
ingleses
 Procura direta nos espaços ultramarinos – Ásia, África e América
 Publicação de roteiros
 Itinerário de Linschoten (1596): descrição de Angola, Guiné, Brasil e Índia,
com os portos, itinerários de acesso, calendários de navegação, pesos e
medidas, origem dos produtos
 Voyages de François Pyrard (1611)

Conhecimento cartográfico:
Um mundo que se  Theatrum Orbis Terrarum de Ortélio, Antuérpia, 1570
 Civitates orbis Terrarum de Braun e Hogenberg, 1572-1618
descompartimenta
 Organização de companhias comerciais que dirigissem o comércio do
Índico à Europa sem passar por Lisboa
 Levant Company, 1592
 East India Company, 1600
 Vereenigde Oost-Indische Compagnie (VOC), 1602
 reunem as pequenas companhias particulares que tinham sido criadas;
separam os gestores dos investidores, que passaram a comprar ações
permanentes da empresa, em vez de se limitarem a apoiar uma única
expedição; os lucros eram atribuídos anualmente aos investidores, com
base no conjunto das operações da empresa, de modo a minimizar o
risco
 Ação da VOC:
 monopólio do comércio com o Oriente durante 21 anos
 prata japonesa para a China, a porcelana chinesa para a Índia e o Japão, e o ópio indiano para a
China
 soberania política sobre os territórios sob o seu controlo, permitindo-lhe construir
Mare liberum fortes, nomear governadores, manter exércitos e marinhas e fazer guerra contra
estados indígenas
Holandeses  maior capacidade financeira de pagamento dos salários
 Desenvolvimento do fluitschip holandês
 Capacidade de carga + menor tripulação = frete mais barato
 Avanço holandês da periferia para o centro
 1608 - Mare liberum, de Huig van Groot, publicado pela VOC
 continuas tentativas de estrangular este comercio concorrente fizeram disparar os
custos da operação imperial  os portugueses procuraram controlar e taxar o
comércio privado através de um sistema de “cartazes”  gerou receitas para o
estado da índia mas permitiu o desenvolvimento das rotas alternativas do comércio
das especiarias, minando o monopólio da carreira
 Resposta portuguesa  Companhia Portuguesa das Índias Orientais 1628-33
 elevadas perdas no mar e escassez de capital provocada pela obstrução da inquisição à
participação dos cristãos-novos
 Império holandês concentrado na Indonésia
 1605 – conquista das Malucas (produtoras de cravo e noz-moscada)

Perdas na Ásia  1641 – conquista de Malaca


 Diferenças na forma de ocupação:
 Holandeses não impunham o pagamento de direitos alfandegários
 Sem programas evangelizadores
 1639 – Japão fecha-se ao trato português devido à pressão da missionação
mas permite a presença holandesa em Nagasáqui

 Portugal perde várias praças:


 Índia - avanço Mogol / Mughal
 Ormuz - persas e ingleses
 1661 – Bombaim é entregue a Carlos II no dote de D. Catarina
 redução do império português oriental a Goa, Damão, Diu, Baçaim,
Macau, parte de Timor
“Não foram os holandeses nem os ingleses os fatores determinantes da perda
portuguesa. Na verdade, a ruína adveio sobretudo da reação e reestruturação
dos impérios asiáticos para o que a presença portuguesa parcialmente
contribuiu, e de que foi expressão maior o Estado Mogol. Também nem Persas,
nem Japoneses, depois de recobrarem forças e de reconverterem as suas armas
e as suas técnicas de guerra, estiveram à espera dos Europeus para atuar.”
(Romero Magalhães, in “História da Expansão Portuguesa”, vol. 2, p, 27)
Estado da
Índia  reação asiática à presença portuguesa
 Império Safávida na Pérsia
 Império Mogol (Mughal) no norte da Índia
 Xogunato Tokugawa (Período Edo) no Japão

 MAS também… o monopólio português do comércio do oceano Índico foi


um sonho nunca realizado, devido à concorrência e ao comércio privado levado
a cabo por funcionários régios, soldados e mercadores
 1621 – criação da WIC
 Limitar o monopólio ibérico no Atlântico
 Captura dos navios que traziam a prata americana

Holandeses no  1624 – tomada de Salvador da Bahia (recuperada no ano seguinte)

Atlântico  1630 – tomada de Olinda


 Os holandeses atuaram mais como mercadores do que
colonizadores…
“sabem fazer trabalhar os seus negros melhor do que os nossos”
(holandês) “porque eles nunca tiveram indústria para tratar negros, nem
lavouras ou engenhos de açúcar e que sem os lavradores portugueses
nenhuma utilidade podiam tirar daquela terra” (pe. António Vieira)
 1637 – conquista de São Jorge da Mina  obtenção de escravos
(sem a África não havia Brasil)
 1641 – incursões sobre Luanda e São Tomé
 A oposição aos holandeses foi assumida pelos colonos e não por
Lisboa
 1645 – Insurreição Pernambucana:
 João Fernandes Vieira, senhor de engenho
 André Vidal de Negreiros, capitão-mor
 D. António Filipe Camarão, potiguar, “capitão-mor dos índios”
 Henrique Dias, “governador dos mulatos e crioulos e de todos os
Resistência das pretos”

colónias  Guerrilha – destruição de lavouras, fazendas, engenhos, roubo de


gado
 1654 – perda do Recife
“Os portugueses não pretendiam tanto provar a lealdade devida a
seu rei quanto recuperar a liberdade de consciência” separando-os
“a diferença da religião, de língua e de costumes que os nossos
quiseram introduzir” (cronista holandês)
Diálogos das grandezas do
Brasil, 1618
Ambrósio Fernandes
Brandão
(recebedor dos dízimos
do açúcar na capitania de
Pernambuco e, mais
tarde, dono de engenho)
 É uma expressão geográfica definida por certas forças económicas
reguladoras dos processos de produção e consumo
 Ocupa um espaço, cujas fronteiras se alteram em determinados períodos
 Possui um centro (Veneza, Lisboa, Amesterdão)
Uma  s. XVI – Lisboa e Sevilha
economia  s. XVII – Amesterdão e Londres
mundial  Alterações profundas nas relações económicas mundiais:
 Maior circulação de metais preciosos – ouro, prata
 Novo-mundo  Europa  Ásia
 Contra exportação de bens para o Ocidente
 Redistribuição a partir de portos, como Lisboa, Sevilha, Amesterdão, Londres
 Estímulo para as atividades industriais
 União dinástica:
 1580-1620 – acesso à prata espanhola, mercados espanhóis, aumento da
produção açucareira, aumento do valor do açúcar
 s. XVII – crises políticas e económicas na Espanha, Itália,
Alemanha e Inglaterra
 Perturbações causadas pela chegada da prata

 1622-24 – recessão na economia euro-atlântica: expansão


excessiva, guerra dos 30 anos
 1680 – profunda recessão
 crescente concorrência das ilhas caribenhas francesas, holandesas e
inglesas acabou com o monopólio do Brasil no comércio atlântico de
açúcar
 1690 - descobertas jazidas de ouro na região ao norte do Rio de
Janeiro - Minas Gerais
 boom do ouro comparável aos efeitos da prata espanhola
 imigrantes acorreram para as regiões auríferas e empurraram a
fronteira do Brasil para o interior do país
 incremento do tráfego negreiro

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