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Pastoral Litúrgica

E A DINÂMICA DA SEMENTE DO REINO

Referência: as parábolas do Reino


Mc 4, 26-34
Pontos de partida e convicções
• 1. importa não esquecer os segredos da semente do Reino
• 2. a Palavra de Deus é uma semente do Reino
• 3. a PL não pode atrapalhar sua dinâmica nem podar suas energias
• 4. a terra é o coração das pessoas
• 5. Deus é o agricultor
• 6. as coisas de Deus começam pequenas
• 7. Deus tem a história em suas mãos
• 8. Deus é fiel e não abandona a messe
Ensinamentos para a PL
• Lembremos: os ensinamentos de Jesus eram transmitidos de forma
adaptada à compreensão de seus ouvintes.
• Ele falava por meio de parábolas, partindo de elementos da vida
cotidiana
• A simplicidade das parábolas escondia uma riqueza de conteúdo,
acessível somente a quem estava sintonizado com Jesus.
• O ambiente agrícola da Galileia oferecia ao Mestre inúmeras
possibilidades. A experiência da semeadura e colheita serviu para
mostrar como o Reino tem seu ritmo próprio de desenvolver-se,
independente da preocupação humana.
• A sementinha colocada na terra segue seu ciclo natural, até produzir a
espiga, sem deixar-se influenciar pela fadiga do agricultor.
A pequenez é uma etapa necessária.

• A palavra do Reino, uma vez plantada no coração humano,


desenvolve-se e frutifica, de maneira misteriosa, pouco contando a
insistência do pregador.
• Esse deve ser capaz de confiar e esperar. Os frutos a seu tempo virão.
• O fato de uma sementinha de mostarda dar origem a uma árvore
considerável serviu para ilustrar o destino do Reino.
• Embora suas origens sejam extremamente simples, está destinado a
crescer e abarcar o mundo.
• A pequenez é uma etapa necessária.
• Pretender que o Reino seja grandioso, desde o início, significa
atropelar sua dinâmica.
Por que o Mestre recorria às parábolas?

• Diziam os rabinos:
• “A parábola é como o pavio de uma vela: não tem valor algum, mas
por quanto seja fraca, a sua luz permite descobrir um tesouro”.
• Alguns pregadores do nosso tempo usam uma linguagem difícil e
pouco se preocupam se o povo entende ou não aquilo que dizem, se
presta atenção, se desperta entusiasmo ou se é dominado por um
tédio modorrento.
• Quando isso acontece, as consequências são desastrosas, por vários
motivos...
Jesus não agia assim
• Ele usava a linguagem do povo,
• servia-se de comparações e analogias,
• contava histórias simples, ambientadas no modo de vida dos
pastores, dos pescadores, dos comerciantes, dos cobradores de
impostos
• e sobretudo dos lavradores entre os quais vivia.
• Deste modo todos o entendiam e conseguiam assimilar a sua
mensagem.
• O alimento, pra ser gostoso, deve ser preparado com cuidado e
temperado com delicadas especiarias.
• Depois, para ser assimilado, deve ser cortado em pedaços e
mastigado algumas vezes.
Da mesma forma a palavra de Deus
• Alimento espiritual que nutre a comunidade cristã -, antes de ser anunciada,
deve ser bem “mastigada” por aquele que a anuncia.
• A responsabilidade de preparar esse alimento é confiada àquele que, no dia
do Senhor, preside a liturgia da Palavra.
• Para desempenhar eficazmente o próprio ministério, ele não deve se limitar
a captar o sentido das leituras, mas deve também procurar as riquezas da
Palavra de Deus.
• Precisa de longas horas de concentração, de meditação, de muita paciência
e sobretudo de oração.
• Somente desse modo ele consegue criar dentro de si o clima espiritual
apropriado, para que o Espírito ilumine sua mente e seu coração.
• Só por este caminho ele se dispõe a sentir ao seu lado o Senhor Jesus que o
assiste enquanto desenvolve sua sublime missão.
• Os discursos confusos,
• as palavras rebuscadas das quais às vezes nem sequer se conhece
com exatidão o sentido,
• as ideias abstratas, distantes da realidade do dia-a-dia,
• a linguagem incompreensível para o povo simples, constituem sinais
de uma homilia alinhavada às pressas e com pouca seriedade.
• Após essas premissas, vamos às duas parábolas através das quais
Jesus apresenta a distância da vida na roça.
• Por exemplo, os ouvintes sendo filhos de agricultores, ao ouvi-las
sentir-se-ão no próprio ambiente natural e estarão em condições de
entendê-las muito bem.
A primeira parábola (vv. 30-32) pode ser
dividida em três partes
• correspondendo às três fases em que é desenvolvido o trabalho na
agricultura:
• a semeadura (v. 28), o crescimento da semente (vv. 27-28), a colheita
(v. 29).
• Comparemos entre si essas três partes.
• Observamos que a primeira e a terceira – as que falam do trabalho do
agricultor – são muito breves.
• Afirma-se que ele “lança a semente na terra” (v.26) e depois que “põe
a mão na foice (v.29) e nada mais.
A segunda parte, ao contrário, é bem mais
ampla.
• Descreve cuidadosamente a germinação da semente, o seu
crescimento e por fim a hora em que a espiga apresenta os grãos
maduros.
• Observa-se que este desenvolvimento acontece espontaneamente,
de noite e de dia, sem qualquer participação do lavrador.
• Este pode ficar acordado ou ficar dormindo, dá na mesma.
• Antes de continuar a explicação, façamos uma rápida observação
sobre a maneira da qual Jesus se serve para apresentar os fatos.
É mínima a tarefa do agricultor

• Das suas palavras transparece com evidência a sua preocupação de


não dar ênfase e até mesmo de reduzir ao mínimo a tarefa do
agricultor.
• Durante o crescimento do trigo ou do amendoim, o lavrador passa
duas ou três vezes para arrancar da terra as ervas daninhas, procede à
irrigação, procura manter a distância os passarinhos, toma cuidado
para que os insetos e as formigas não destruam as lavouras...
• Por que Jesus não faz menção de todos esses trabalhos? Porque a ele
só interessa pôr em destaque a força irresistível da semente, que uma
vez lançada à terra, cresce sozinha.
• Por isso, de propósito, omite tudo aquilo que o agricultor deve fazer.
Qual é o ensinamento dessa parábola?

• A semente é a palavra.
• Ela tem em si mesma uma energia vital irresistível.
• Depois de anunciada, ela penetra nas mentes e nos corações, e quem
já a escutou nunca mais consegue permanecer o mesmo.
• É inevitável que aconteça uma transformação interior. Esta, porém, já
não depende da habilidade ou dos esforços de quem lançou a
semente da palavra, mas da energia da vida que esta possui, e
quando muito, da espécie mais ou menos fértil.
• Às vezes, os que anunciam o evangelho se esquecem que a sua
mensagem é uma semente.
• Se não observam imediatamente algum resultado concreto,
desanimam e julgam ter trabalhado em vão.
Não podemos ser apressadinhos
• Quantos ao observarem que com o amor, com o respeito pela
liberdade, com o perdão não conseguem imediatamente os
resultados esperados, sentem-se tentados a apressar a vinda do Reino
de Deus, servindo-se daqueles meios que Jesus condenou e que
proibiu usar: a violência, as alianças com o poder político, a mentira, a
imposição.
• Ninguém seria tão simplório a ponto de arrancar uma plantinha para
acelerar o seu crescimento.
• Não obstante, há pessoas que não permitem aos outros percorrer o
seu caminho, talvez um pouco lento. Há pais, educadores, que outra
coisa não fazem senão insistir sempre nas mesmas coisas e com as
mesmas palavras. Às vezes se tornam até agressivos e intolerantes,
ofendem, não entendem as fraquezas e as limitações das pessoas.
Paciência que faz parte da pastoral litúrgica
• Cansam, irritam, tornam ainda mais rebeldes aqueles que gostariam
de ajudar, afastam da comunidade aqueles que, para serem curados,
somente necessitariam de um olhar bondoso, paciente e cheio de
compreensão.
• Muitos dos sermões dos padres são calcados em convites para o
compromisso, para atividades sem conta e difíceis, a trabalhos
estafantes.
• O evangelho destaca um outro momento importante da vida: aquele
durante o qual é preciso saber “dormir”,
• isto é, saber esperar, manter a calma e acompanhar, com admiração,
o desenvolvimento da semente que, “sozinha”, germina, cresce e
produz frutos abundantes.
Tb a 2ª. parábola é extraída da vida na lavoura (30-
32).
• As grandes coisas têm sua origem nas coisas pequenas.
• O incêndio, que arrasa uma floresta, começa com uma pequena
chama, o palácio é construído por etapas, o elefante não nasce
enorme, o lavrador observa todos os dias pequenas sementes
desaparecendo na terra para depois renascerem e se tornarem
árvores de porte.
• Na 2ª. parábola Jesus põe em destaque a simplicidade de qualquer
realidade que começa em comparação com a grandeza dos
resultados.
• O exemplo do qual ele se serve é do grão de mostarda que, naquele
tempo, era o símbolo da explosão da energia da vida.
• Como ficar indiferente diante de uma semente quase invisível pudesse dar
origem, numa só estação, a um arbusto de quase quatro metros de altura?
• Jesus não profetiza sobre o futuro brilhante da igreja que, tendo começado
com alguns pobres, em condições de ser respeitada.
• O progresso do Reino de Deus não se mede com números, porque – como
se afirma Lucas – “o Reino de Deus não pode ser visto porque está no íntimo
do coração de cada homem” (Lc 17,21).
• Jesus diz que o Reino de Deus está semeado no mundo e no coração de
uma pessoa, como uma pequena semente.
• Observando as suas diminutas dimensões, alguém poderia ser levado a
pensar que logo será destruído, inutilizado.
• Jesus garante, ao invés, que, não obstante todas as aparências, ele
crescerá e acabará transformando o mundo onde ele foi semeado.
Nos sentimos tentados a desprezar as coisas pequenas,
• gostamos das coisas grandiosas, que aparecem; por isso há os que
pretendem transformar as nossas comunidades cristãs em grupos poderosos
que conseguem impor-se e, quem sabe, incutir medo até mesmo nas
autoridades políticas.
• Deveríamos pensar que, como o sal na comida, como o fermento na
massa, como a pequena semente na terra, elas devem desparecer para
fazer crescer o Reino de Deus.
• A mensagem dessa parábola deve transmitir-nos uma imensa alegria e um
incomensurável otimismo tb no trabalho com a PL
• Diante de qualquer obstáculo e de qualquer fracasso jamais se pode
perder a certeza de que, não obstante todas as aparências negativas, o
Reino de Deus está crescendo no coração dos homens.

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