You are on page 1of 20

GRANDES PROVÍNCIAS ÍGNEAS

SILÍCICAS
(SILICIC LARGE IGNEOUS PROVINCES-
SLIPs)
EXEMPLO: SUÍTE AURUMINA,
GOIÁS/TOCANTINS
DISCIPLINA: PETROLOGIA DE ROCHAS GRANÍTICAS
PROF. DR. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO
ALUNO: GABRIEL ANGELO BARBOSA SILVA
LIPs vs SLIPS
○ Os derrames basálticos continentais das Grandes Províncias Ígneas – LIPs, como na
província Paraná-Etendeka e as Deccan Traps, caracterizam-se por terem extensões
>0.1 MKm², volumes >0.1MKm³, duração do magmatismo de ~50 Ma, e ambiente
intraplaca associado com ruptura continental posterior. As rochas possuem
composição predominantemente basáltica, podendo ter localmente componentes
mais silícicos.

○ As grandes províncias ígneas silícicas (SLIPs), reconhecidas mais tardiamente em


relação às LIPs, são compostas predominantemente (>80%) por rochas de
composição dacítica a riolítica e associadas à margens continentais com uma crosta
inferior fértil que foi hidratada ao longo de processos de subducção.
SLIPs

○ Características para classificar uma província como SLIP segundo Bryan et al.
(2002):
○ (1) volumes extrusivos de >105 km3;
○ (2) rochas com composições dacíticas-riolíticas compreendem >75 vol%;
○ (3) magmas de composições riodacíticas-riolíticas com origem a partir de fusão
parcial de crosta inferior máfica previamente hidratada.
SLIPs – geração do magma

○ A geração do magma riolítico foi atribuída a:


□ (1) fracionamento de magmas derivados do manto
□ (2) fusão da crosta do embasamento de composição pelítica ou
embasamento ígneo em resposta à perturbação térmica do manto; ou
□ (3) uma combinação de assimilação e cristalização fracionada.

○ Para a geração de grandes volumes de magma silícico, é fundamental a


formação prévia de crosta inferior máfica hidratada. A fusão parcial (~20%-
25%) desta crosta irá gerar magmas de composição intermediária a ácida.
Sierra Madre Occidental

○ Dentre os exemplos de SLIPs da literatura, o que teria


uma maior afinidade com a Suíte Aurumina em termos de
fonte do magma e ambiente tectônico;

○ Cinturão vulcano-plutônico de 1200 x 200 km no norte do


México, com vulcanismo dominantemente explosivo
silícico;

○ Ambiente extensivo associado a arco continental;

○ Magma calci-alcalino do tipo I.


Ferrari et al. (2007)
Sierra Madre Occidental – fonte do magma silícico
e ambiente tectônico

○ Fusão parcial da crosta devido à entrada de grandes volumes de magma máfico


do manto e por diferenciação por cristalização fracionada de magma basáltico.

○ Forte contribuição da crosta continental (indicada por razões isotópicas e idades


do embasamento).

○ Ambiente de back-arc em interior de margem continental.


Suíte Aurumina
○ Compreende uma extensa província granítica paleoproterozoica, parte do embasamento
da Faixa Brasília na borda oeste do cráton São Francisco.

○ Os afloramentos de rochas dessa suíte cobrem uma região com extensão de mais de
15.200 km².

○ Há uma variação composicional entre muscovita monzogranito, muscovita-biotita


monzogranito, tonalito, biotita sienogranito e leucogranito.

○ A idade das intrusões está compreendida entre um intervalo de 2.11 e 2.16 Ga.
Suíte Aurumina

○ As intrusões estão alojadas em rochas


metassedimentares grafitosas da Formação Ticunzal, e
possuem caráter sin-tectônico, com a mesma foliação
milonítica presente nas intrusões e encaixantes e com
estruturas lit-par-lit, a tardi- ou pós-tectônico em
intrusões mais tardias.

Relação entre granito (cinza claro) e paragneisse da


Fm. Ticunzal. Cuadros et al. (2017).
Fuck (1994) Cuadros et al. (2017)
Suíte Aurumina - Geoquímica
○ Caráter predominantemente peraluminoso, mas
com rochas máficas a intermediárias
metaluminosas associadas (plútons Nova Roma e
Arraias, diques e stocks máficos em Colinas do
Sul).

○ Diagramas discriminantes indicam caráter


transicional entre o tipo I e o tipo S.

Cuadros et al. (2017)


Suíte Aurumina – Ambiente Tectônico
○ Colisão continental?
□ A gênese de granitos peraluminosos é tipicamente atribuída a um ambiente de
colisão continental, mas esse modelo não se adequa ao caso;

□ Não foram identificados na região um bloco continental alóctone e uma zona de


sutura que justifiquem um modelo de colisão paleoproterozoica;

□ Granitos do tipo S himalaianos geralmente apresentam extensão limitada e dados


isotópicos que indicam forte assinatura crustal, o que não é o caso;

□ A classificação das rochas tonalíticas/granodioríticas (presentes em grande volume)


como tipo S, derivadas de fusão de rochas pelíticas, seria controversa, pois são mais
comumente atribuídas à diferenciação de magmas máficos.
Suíte Aurumina – Ambiente Tectônico
○ A presença de rochas máficas associadas, além de contrariar ainda mais o modelo de ambiente de colisão do
tipo himalaiana, respalda a possibilidade da geração de magma tonalítico/granodiorítico a partir de magma
máfico, que também forneceria calor para a fusão crustal e geração de magma granítico;

○ Em diagramas discriminantes de ambiente tectônico, os dados se distribuem de forma ambígua entre os


campos de colisão e arco magmático:

Cuadros et al. (2017)


Suíte Aurumina – Diagramas discriminantes de
ambiente tectônico

○ Porém, são as rochas tonalíticas e as intermediárias a máficas que caem no campo de arco
magmático, e as graníticas no campo de ambiente colisional;

○ Isso indica que a distribuição dos dados entre esses campos reflete na verdade a diferença
entre a fonte dos magmas;

□ A delimitação do campo de arco magmático nos diagramas foi provavelmente feita pelos
autores com base em rochas de arco com uma fonte mantélica, e a do campo de colisão,
com rochas que tinham rochas metassedimentares como fonte.
Suíte Aurumina – Fonte do magma
○ Diagramas que comparam somas x razões de elementos maiores mostram que os dados das
amostras de tonalitos, granodioritos e rochas intermediárias a máficas acompanham a
trajetória (definida experimentalmente) que corresponde a uma reação entre magma
basáltico e rochas metassedimentares a baixas pressões:

Cuadros et al. (2017)


○ Já os dados de granitos se encontram no campo correspondente à fusão de pelitos e
grauvacas.
Suíte Aurumina – Fonte do magma

○ Dessa forma, tais diagramas, assim como os diagramas discriminantes de ambiente


tectônico e os diagramas de diferenciação entre tipo I e tipo S, indicam uma fonte híbrida
para a Suíte Aurumina;

○ A hibridização seria resultante da reação entre rochas metassedimentares e magma


derivado do manto.

○ Valores de εNdT inicial mais altos do que se esperaria para granitos do tipo S (entre -5 e -
10, ao invés dos valores entre -4.2 e +0.4 obtidos para rochas da Suíte Aurumina)
corroboram esta hipótese, pois indicam homogeneização de material derivado do manto
(radiogênico, com εNdT≥0) com fonte crustal.
Suíte Aurumina e SLIPs

○ Uma possível analogia entre a Suíte Aurumina e SLIPs estaria, portanto, na:
□ Fonte do magmatismo – magma máfico derivado do manto, que interage
com a crosta e provoca fusão parcial de material crustal;

□ Ambiente tectônico de SLIPs associados a arcos continentais ativos, até


certo ponto – porção mais interior de margem continental ativa, acima de
manto subcontinental litosférico previamente hidratado por processos de
subducção.
Suíte Aurumina e SLIPs

□ Grande volume de magma de composição tonalítica a granítica,


correspondente plutônico das rochas dacíticas-riolíticas dos SLIPs;

□ A ausência de rochas vulcânicas poderia ser explicada pelo seu baixo


potencial de preservação, pois o soerguimento regional e exumação levaria à
erosão da pilha vulcânica, preservando-se apenas as estruturas mais
profundas.
Suíte Aurumina e SLIPs - diferenças

○ Há, contudo, diferenças significativas que limitam a comparação;

○ SLIPs associados com arcos magmáticos estão relacionados a processos de


extensão continental que precedem a formação de back-arc, enquanto a Suíte
Aurumina está relacionada a um regime compressivo sem relação com ruptura
continental;
□ O início de um rifteamento continental na região só ocorreu cerca de 300 Ma
depois, representada pela intrusão dos granitos intraplaca da Suíte Pedra Branca
(1.8 Ga), portanto sem relação com a Suíte Aurumina.
Suíte Aurumina e SLIPs - diferenças

○ As rochas riolíticas dos SLIPs são predominantemente metaluminosas e do tipo


I, enquanto as rochas graníticas da Suíte Aurumina são peraluminosas e do tipo
S;

○ O magmatismo nos SLIPs ocorreu durante um curto intervalo de tempo,


geralmente <30 Ma, enquanto o intervalo de idades obtidas para a Suíte
Aurumina indica um intervalo de ~50 Ma para o magmatismo.

○ Devido à essas diferenças, que envolvem componentes fundamentais para a


definição de uma SLIP, a Suíte Aurumina não reúne elementos suficientes para
ser classificada como uma Grande Província Ígnea Silícica.
Suíte Aurumina – Ambiente Tectônico

○ Há várias semelhanças entre a Suíte Aurumina e o cinturão de rochas peraluminosas no


interior da cordilheira norte-americana que permitem uma analogia:
□ Grande volume de rochas graníticas peraluminosas alojadas em regime compressivo;
□ Associação com rochas plutônicas metaluminosas intermediárias a máficas;
□ Posição no interior do continente em relação a um arco magmático contemporâneo,
na margem cratônica sobre crosta mais antiga.

○ Portanto, o ambiente tectônico provável para as rochas da suíte Aurumina é de interior de


margem continental ativa em regime compressivo, e não de extensão continental/back-
arc como é o caso dos SLIPs.

You might also like