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2.

Interpretações das teorias


sociológicas nas dimensões
cultural, política e ética;
PROF.ME. RUAN AZEVEDO
SOCIOLOGIA CLÁSSICA
 MARX

 A sociologia elaborada por Marx apresenta um importante panorama sobre como


as formas culturais, éticas e políticas derivam das estruturas produtivas. Do modo
de produção.

 Cada sociedade elabora seu modo de produção: que pode ser agrícola, por trocas,
por cooperação, ou industrial.

 Da perspectiva de Marx, das formas de produzir emanam as formas de pensar e


agir.
Marx

Infraestrutura Superestrutura
 Os modos de produção  Formas do pensamento
 As formas de troca  Linguagem
 Comércio  Discurso
 Circulação de bens  Ideologia
 Produção de riqueza  Cultura
 Divisão social do trabalho  Instituições
 Divisão em classes  Leis, normas, regras
 Valores, ideias, desejos
Sociologia clássica
 WEBER
 O autor apresenta como as relações, práticas e discursos se tornam fundamentais para manutenção do
modo de produção capitalista.
 Em Weber o capitalismo opera como um ideal. Um modelo que vai sendo reiterado pelas práticas,
discursos, instituições e ações sociais, fundamentados na ideia de prosperidade.
 Weber chama atenção para a relação entre o discurso religioso de base protestante e sua relação de
reiteração com o modo de produção capitalista. Uma ética vai se desenvolvendo em torno da
centralidade do trabalho. O trabalho nessa chave vai se tornando uma atividade fundamental para
prosperidade econômica e moral.
 O protestantismo se torna responsável pela elaboração de uma ética sobre ascese, como prática de
uma vida depurada de prazeres, objetiva, racional, pragmática, sem desperdício do tempo e de
recurso, em função do alcance da prosperidade.
 Em Weber essa ética de traduz em forma de ação social, modos de pensar, uma cultura centrada na
ideia de prosperidade como acúmulo de riqueza.
A Escola de Chicago
 Nome dado a um grupo de professores e pesquisadores da Universidade de Chicago, que surgiu
nos Estados Unidos nos anos 20, trazendo uma série de contribuições à sociologia, psicologia
social e ciências da comunicação.

 Na sociologia, a Escola de Chicago refere-se à primeira importante tentativa de estudo dos


centros urbanos combinando conceitos teóricos e pesquisa de campo de caráter etnográfico.
 Os maiores representantes desta escola são William I. Thomas, Florian Znaniecki, Robert E.
Park, Louis Wirth, Ernest Burgess, Everett Hughes e Robert McKenzie.
 Da década de vinte à de trinta, a sociologia urbana foi quase sinônimo de Escola de Chicago.
Escola de Chicago
 Destacou a forte relação entre o desenvolvimento urbano e novas formas de interação social.

 Uma cultura urbana que se diferencia por bairros, classes, práticas, empregos, acesso a
transporte, prática de esportes, vocabulário.

 A Escola de Chicago contribuiu para o surgimento de um nova ética nos estudos de sociologia,
com a entrada do sociólogo no campo, com a interação direta com os objetos de pesquisa.

 Essas pesquisas de campo desencadeiam estudos relacionados ao surgimento de favelas, a


proliferação do crime e da violência, ao aumento populacional, tão característicos do século XX.
O interacionismo simbólico

 O interacionismo simbólico é uma abordagem sociológica das relações humanas


que considera de suma importância a influência, na interação social, dos
significados trazidos pelo indivíduo à interação, assim como os significados que
ele obtém a partir dessa interação sob sua interpretação pessoal.
 Originada na Escola de Chicago, essa abordagem é especialmente relevante
na microssociologia e psicologia social.
Erving Goffman

 As representações do eu na vida cotidiana.

 As formas como a noção de EU vão sendo socialmente construída


no interior das relações sociais vivenciadas pelos sujeitos.

 A formação do estigma como condicionante dos comportamentos.


Erving Goffman

Causas do estigma Efeitos do estigma


 Expectativas de comportamento  Sentimento de inutilidade
 Estereótipos negativos  Autoavaliação excessiva
 Atitudes negativas  Falta de autoconfiança
 Mídia popular  Perda de reputação
 Fofoca  Isolamento social
Franz Boas – Cultura e personalidade

 Cultura e personalidade – escola formada por Franz Boas nos EUA.


 Fundamental para consolidação da noção de relativismo cultural
 E para o combates das interpretações evolucionistas e raciais das diferenças
humanas.

 Os Boas Influenciou antropólogos do século XX, Margaret Mead, Ruth Benedict,


Abram Kardiner, Ralf Linton e Edward Sapir, Gilberto Freyre.
MEAD
 Os trabalhos de Mead, na antropologia, foram fundamentais para problematiza as
noções de natureza e cultura, na cultura norte americanas.
 Seus estudos na Polinésia, sobre a relação entre sexo e temperamento,
impulsionaram o movimento feminista e se tornaram um estudo clássico ao
mostrarem que as relações de gênero são culturais e não sociais.
 E que a dominação dos homens sobre as mulheres não é universal, nem decorre
da natureza, é produto da cultura. E que, portanto, pode ser alterada.
A influência de Franz Boas na Sociologia
Brasileira
 Desde de os anos 1920 surge um desejo de conhecer as
características nacionais, a identidade nacional.
 Um conjunto de estudos de campos distintos, como história,
filosofia, sociologia, antropologia, economia geografia, que procura
desenvolver estudos sobre o Brasil.
 É na esteira desse desejo que surge o pensamento social brasileiro.
 Uma história sobre a passagem de uma sociedade agrária para
sociedade urbana.
Principais autores
 GILBERTO FREYRE – CASA GRANDE E SENZALA
 SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – RAÍZES DO BRASIL
 CAIO PRADO JUNIOR – FORMAÇÃO ECONÔMICA DO
BRASIL
 DARCY RIBEIRO – O POVO BRASILEIRO
 PAULO FREIRE – PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
 JESSÉ DE SOUZA – ELITE DO ATRASO
 SILVIO ALMEIDA – RACISMO ESTRUTURAL
 LILIA SCHWARCZ – O ESPETÁCULO DAS RAÇAS
GILBERTO FREYRE
 CASA GRANDE E SENZALA – 1933
 ROMPRE COM A IDEIA DO EVOLUCIONISMO CULTURAL DE QUE O
BRASIL É ATRASADO POR CONTA DA MESTIÇAGEM.
 ALUNO DE FRANZ BOAS, TRAZ AS INFLUÊNCIAS DO CULTURALISMO
PARA O BRASIL E PROCURA IDENTIFICAR AS CONTRIBUIÇÕES DOS
NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL
 EXALTAÇÃO DA MESTIÇAGEM
 AMENIZA, SUAVIZA A EXPERIÊNCIA RACIAL – DEMOCRACIA RACIAL
 AFIRMA QUE HÁ INTEGRAÇÃO ENTRE NEGROS E BRANCOS.
 IDEIAS ACEITAS E DIFUNDIDAS PELO ESTADO NOVO
SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
 RAÍZES DO BRASIL – 1936
 MUITO INFLUENCIADO POR WEBER E O PENSAMENTO ALEMÃO
 O QUE DEFINE O BRASILEIRO NÃO É A MESTIÇAGEM, MAS A
CORDIALIDADE.
 O HOMEM CORDIAL – A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA DEIXOU UM
LEGADO DE PENSAR MAIS COM O CORAÇÃO (CORE), QUE A RAZÃO.
 EVITAÇÃO DOS CONFLITOS EM NOME DA FAMILIARIZAÇÃO (MEU
CUMPADRE, CUMADRE, AFILHADO, PADRINHO, TIO, CHEGADO, FIO,
MANO)
 CONFUSÃO ENTRE PÚBLICO E PRIVADO - AGIR EM PÚBLICO COMO
SE ESTIVESSE NO MUNDO PRIVADO. JEITINHO BRASILEIRO.
A cordialidade como parentalidade

Familiarização dos conflitos (pai, tia,


compadre)

Relação frouxa com a política,


relação frouxa com o estado

Aos amigos tudo, aos inimigos a lei.


CAIO PRADO JUNIOR

 FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO – 1947


 A QUESTÃO DO BRASIL NÃO É CULTURAL, É ECONÔMICA.
 O BRASIL JÁ NASCE CAPITALISTA, MAS UM CAPITALISMO
DEPENDENTE, CUJA FUNÇÃO CENTRAL É ABASTECER A EUROPA.
 UM PAÍS MODERNO E ATRASADO, AO MESMO TEMPO
 UM PAIS PENSADO PARA GARANTIR A SEGURANÇA DAS
METRÓPOLES (LATIFUNDIOS, MONOCULTURAS)
O PENSAMENTO SOCIAL
BRASILEIRO
 Continua ativo e promovendo estudos fundamentais para análise sociológica do nosso
território/contexto.

 Seja em termos políticos, culturais ou éticos.

 A produção de autores(as) como:


 Silvio Almeida
 Djamila Ribeiro
 Cida Bento
 Lélia Gonzalez
 Lilia schwarcz
 Jessé Souza
As interações entre as categorias de
cultura, política e ética.

Como a sociologia contemporânea está


olhando o problema?
Raymond Williams
 Em seu influente estudo sobre a Cultura, o autor descola da interpretação Marxista e
aponta para a cultura como fator dinâmico que interage com os aspectos econômicos, mas
não sem mantém condicionada a eles.

 A cultura como experiência vivida, como relação do sujeito com o mundo.

 A cultura não é tradição, é o movimento contínuo de dar significado á experiência com o


mundo.
Antonio Gramsci
 Hegemonia cultural – é naturalizar as ideias padronizadas a partir de estereótipos,
preconceitos que reiteram a exclusão das minorias, sem capacidade crítica. Sem
problematizar o discurso.

 A cultura não é neutra. Ela deve ser pensada de forma crítica exatamente para não
reproduzir estereótipos e preconceitos de classe.

 O autor chama atenção para a importância da cultura elaboração e consolidação das


formas de pensamento.

 A cultura é formadora das estruturas políticas e éticas de uma sociedade.


Boaventura de Souza Santos

 Epistemologias do sul – houve uma hierarquia sobre as formas de saber e


conhecer.
 As relações de poder na modernidade configuraram uma geopolítica do saber, que
valoriza os o conhecimento produzido em certas regiões e despreza, inferioriza
outros.

 A ciência como conhecimento universal, foi uma forma de tornar o diferente


irracional, selvagem.

 Não há justiça social sem justiça cognitiva global.


Bauman
 Sociedade moderna como altamente fluida, volátil e incerta.
 Novas identidades consumistas e fragmentadas
 Pessoas em deslocamento pelo mundo
 Incerteza econômica, incertezas no trabalho.
 Dissolução do saber dos especialistas, do ideal iluminista.
 Apatia generalizada diante dos problemas do mundo moderno.
 A identidade se constitui pelo consumo e não mais pelos vínculos.
 A vida dos fluxos oculta uma ansiedade constante, fadiga, desconforto sobre
quem somos.
Colin Campbell
Como compreender a cultura do consumismo?

A ética romântica enfatiza Autenticidade através de bens


A ética Romântica e o
a intuição, prazer e novas de consumo
espírito do consumismo
experiências.
moderno (1987).

Essa nova ética do consumo


A projeção dos desejos mais como forma de satisfazer os
profundos nos objeto não é prazeres foi mais enraizada
Consumo, satisfação ruim em si. Ela constitui uma nos universo das mulheres
passageira, desilusão prática milenar dos humanos modernas.
Referências
 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.
 CAMPBELL, Colin. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 50ª edição. Global Editora. 2005.
 GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1980
 GRAMSCI, Antonio. Os cadernos do cárcere. Maquiavel. Notas sobre o Estado e a política. (vol.3); Trad. Carlos
Nelson Coutinho, Luiz Sérgio Henrique, Marco Aurélio Nogueira. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 1995.
 MEAD, Margaret, Sex and temperament in three primitive societies, New York, William Morrow and c. 1935 (Trad.
Bras. Rosa R. Krausz. São Paulo, Perspectiva, 2000)
 PRADO JR., Caio.. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1961.
 ______. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1970.
 SOUZA SANTOS, Boaventura. - Construindo as Epistemologias do Sul. Antologia. Vol I. Buenos Aires: CLACSO,
2018.
- Construindo as Epistemologias do Sul. Antologia. Vol II. Buenos Aires: CLACSO, 2018.
- O fim do império cognitivo. Coimbra: Almedina, 2018.
 WILLIAMS, Raymond. (1958), Culture and Society: 1780-1950. Nova York, Columbia University Press. Ed. bras.
(1969): Cultura e sociedade: 1780-1950. São Paulo, Companhia Editora Nacional.

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