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DIREITO CIVIL: TEORIA

GERAL DO DIREITO
PRIVADO
Prof. Dr. Caio Morau
PESSOA JURÍDICA
3) Pessoas jurídicas de direito privado
• O art. 44 do Código Civil elenca as pessoas jurídicas de direito
privado: associações, sociedades, fundações, organizações
religiosas e partidos políticos
C) Fundação
• Pessoa jurídica de direito privado organizada a partir da dotação
de um determinado patrimônio, que se vincula a fim não
econômico e interesse social, segundo a vontade manifestada
por seus instituidores
• Pode ser instituída por ato entre vivos por meio de escritura
pública ou então causa mortis, por testamento
• Dotação especial de bens livres, precisando o fim a que se
destinam e, opcionalmente, a maneira de administrar
• Fala-se em “bens livres” porque a existência de bens
hipotecados, por exemplo, poderia colocar em risco a própria
existência da fundação
PESSOA JURÍDICA

O inciso X dizia respeito a habitação de interesse social


PESSOA JURÍDICA
• A doutrina majoritária, contudo, entende que esse rol dos fins
de uma fundação é meramente exemplificativo, sendo
possível que ela sirva a outros fins, desde que sem caráter
lucrativo.
• A constituição da fundação se divide em quatro fases:
I) Ato de dotação ou instituição
- Reserva ou destinação de bens livres, podendo ser
feita por escritura pública ou por testamento
- Se a fundação provém de uma liberalidade, o credor
pode eventualmente anulá-la por fraude
- Os herdeiros do instituidor também podem pretender
a sua anulação, se, nos termos do art. 549, o patrimônio
destinado à fundação exceder a parte que o testador poderia
dispor em testamento
PESSOA JURÍDICA
- Se o patrimônio for insuficiente para constituir a fundação,
se o instituidor nada houver declarado a respeito, será incorporado
por outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante
- O patrimônio da fundação pode ser composto por bens
móveis, imóveis, créditos
- Se a dotação for feita por escritura pública, o instituidor
deve transferir a propriedade, ou outro direito real, sob pena de
serem registrados em nome da fundação por mandado judicial
II) Elaboração do estatuto
- Pode ser direta ou própria, caso em que o próprio
instituidor assume a tarefa ou então fiduciária, situação em que
delega a uma outra pessoa a incumbência de elaborar o estatuto
- Nos termos do art. 65, o instituidor pode elaborar o
estatuto por inteiro ou formular somente as bases, que seriam
desenvolvidas pelo administrador que aceitou o encargo
PESSOA JURÍDICA
- Se o instituidor não elabora o estatuto, se a pessoa indicada por ele não
cumpre o encargo no tempo fixado ou no prazo legal de 180 dias ou se o
instituidor tampouco menciona quem deveria fazê-lo, o Ministério Público
tomará iniciativa
III) Aprovação do estatuto
- O estatuto é encaminhado ao Ministério Público, que, no prazo de 15 dias,
aprova, indica modificações que entende necessárias ou denega aprovação
- Se for o caso de indicação de modificações ou denegação da aprovação, o
interessado pode requisitar ao juiz o suprimento da aprovação. Contudo, o
próprio juiz pode fazer modificações no estatuto
- Cumpre ao juiz, também quando é o MP que elabora o estatuto, aprová-lo
ou não. Da decisão do magistrado, cabe apelação
- Modificações no estatuto mediante a observação de três requisitos trazidos
pelo art. 67 do Código Civil: a) a alteração deve ser deliberada por dois terços
dos competentes para gerir e representar a fundação; b) não pode contrariar
ou desvirtuar o fim da fundação; c) deve ser aprovada pelo MP que, caso a
denegue, pode ser suprida pelo juiz, a requerimento do interessado
PESSOA JURÍDICA
- Os fins da instituição não podem ser alterados, nem que seja
pela vontade unânime dos dirigentes. Estes também não podem alienar os
bens da fundação, justamente porque são eles que asseguram a
concretização dos fins indicados pelo instituidor, salvo determinação em
contrário deste
- Contudo, a inalienabilidade não é absoluta, podendo ser feita
mediante autorização judicial, ouvido o MP, caso em que o produto da
venda será destinado à própria fundação
IV) Registro da fundação
- A última fase é a do registro da fundação, ato necessário para
que esta comece a ter existência legal
- Para o registro, que se faz no Cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, é necessário indicar, dentre outros elementos, as
condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio,
nesse caso
- As fundações podem ser extintas caso a finalidade se torne
ilícita, impossível ou inútil ou se vencer o prazo de sua existência, caso
este tenha sido determinado.
BENS
1) Introdução
• O Livro II da Parte Geral do Código Civil tem como título "DOS BENS”
• No seu início, o Código tratava das pessoas naturais e jurídicas, que
são os sujeitos de direito e agora, a partir do art. 79, passa a tratar
dos objetos dessas relações jurídicas que se dão entre aqueles
sujeitos.
• Todo direito tem o seu objeto e é sobre esse objeto que se
desenvolve o poder de fruição do sujeito de direito
• O conceito de "coisa" geralmente corresponde ao de "bem", mas
nem sempre se verifica uma equivalência precisa entre ambas. Como
exemplo, a liberdade e a honra são bens jurídicos, mas não são coisas
• A doutrina costuma tratar da "coisa" enquanto gênero e do "bem"
enquanto espécie, ou seja, a noção de "coisa" é mais ampla do que a
de "bem". Podemos, então, conceituar "coisa" como tudo o que
existe de maneira objetiva, com exceção do homem, ao passo que
por "bens" podemos entender as coisas que, por serem úteis, podem
ser apropriadas e são dotadas de valor econômico
BENS
• Somente interessam juridicamente aqueles bens que podem
ser apropriados exclusivamente pelo homem, não merecendo
essa qualificação jurídica de "bens" as coisas que existem em
abundância, como o ar atmosférico
• Os bens, enquanto espécies das coisas, podem ser tanto
materiais, que são os mais comuns, quanto imateriais, como
os direitos autorais
• O Código Civil de 1916 não fazia distinção entre "coisa" e
"bem", usando ambos os termos como sinônimos. Contudo,
no diploma de 2002, o legislador prefere usar, na Parte Geral,
somente a expressão "bem", já que José Carlos Moreira Alves,
que foi o redator dessa Parte, também concordava com o que
acabamos de estudar: "coisa" é um conceito muito mais
amplo do que "bem”
BENS
2) Classificação
A) Bens corpóreos e incorpóreos
• Geralmente, costuma-se definir o bem corpóreo - e veremos
que essa definição hoje em dia é insuficiente - como aquele
tem existência física, material e pode ser tangido pelo homem
(o problema está nesse último verbo, "tangir").
• O bem incorpóreo, por sua vez, seria aquele que tem
existência abstrata ou ideal, mas que é revestido de valor
econômico (ex: direito autoral, crédito, sucessão aberta)
• O critério de tangibilidade, ou seja, de um objeto poder ser
tocado, como requisito para o bem corpóreo, não contempla
satisfatoriamente vários exemplos dessa modalidade de bem.
Podemos imaginar algumas formas de energia como a
eletricidade e o gás. Elas não podem ser tocadas, mas mesmo
assim são bens corpóreos.
BENS
• Na prática, essa diferenciação nos permite fazer algumas
observações. Exemplos: a) os direitos reais sempre têm como
objeto bens corpóreos, de maneira que podem ser
transferidos por compra e venda, doação, permuta; b) a
transferência de bens incorpóreos, contudo, nunca pode ser
feita por essas modalidades, mas apenas pela "cessão" (ex:
cessão de crédito ou de direito hereditário)
• Essa distinção também é importante pelo fato de que assim
como já se disse que a "coisa" é mais ampla do que o "bem", a
"propriedade" é mais ampla do que o "domínio", justamente
porque é constituída também pelos bens incorpóreos.

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