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Toxicologia

dos Metais

R1: Paula do Nascimento de Souza


Introdução
• Elementos Eletropositivos, sólidos e
brilhantes, bons condutores de calor e
eletricidade.
• Marca a transição do período neolítico para
a idade dos metais
• Amplamente utilizados pela industria
( baterias, tintas, antifungicos, praguicidas,
farmácos etc.)
• Representam um grande problema
ambiental
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Chumbo (Pb)
Saturnismo
Chumbo
• Metal mais antigo utilizado pelo homem (5000 a.c.)

• Usado na roma antiga na produção vinícola

• Na natureza ele é encontrado ligado a outros metais

• Animais de produção são mais susceptíveis, principalmente os


ruminantes.

• Geralmente se manifesta em sua forma aguda (forma crônica é rara)


Saturnismo na História

Muito utilizado no passado em tintas como Na roma antiga o acetato de chumbo era
amarelo de Nápoles e o branco de prata. utilizado para adoçar vinhos
Alguns pesquisadores relacionam esse fato a alterações
Relacionado a morte de diversos pintores como Van comportamentais apresentadas por alguns membros da
gogh, Goya e Portinari aristrocacia como Nero e Caligula
Toxicocinética

Absorção Distribuição Excreção


• Via Oral • Eritrócitos (90% da deposição) • Fezes, urina e Leite.
• Forma metálica e sulfídica são ligado principalmente a
pouco absorvidos hemoglobina
• Mais facilmente absorvidos nas • Tecido ósseo (compete com o
formas de acetato, fosfato e óxido cálcio) -> reagudização da
de carbonato intoxicação.
• Animais jovens e/ou com • Atravessa barreira
deficiências nutricionais. hematoencefálica e placentaria
Toxicodinâmica
• Suas características químicas fazem com que ele se ligue a diversas enzimas dependentes de zinco
e cálcio.

• Inibindo a enzima ácido o-aminolevulenico desidrogenase (ALADI), relacionada a sintese do


grupo heme -> anemia normocítica normocrômica.

• Interfere em todos os mecanismos celulares dependentes de cálcio.

• No SNC: acetilcolina, noradrenalina, dopamina. GABA.

• Interfere na fosforiIação oxidativa mitocondrial e na enzima Na+K+- ATPase e na bomba de


cálcio.
Sinais Clínicos
Intoxicação Aguda
Animais de companhia:
Equinos: alterações comportamentais, apatia,
Alterações respiratórias, regurgitamento, ataxia, nistagmo, opstótomo,
Encefalopatia: sufocação e pneumonia aspirativa. convulsões cegueira, vômitos,
Hiperestesia, Nistagmo, cegueira, Anorexia, dores abdominais, paralisia de anorexia, dor abdominal e diarreia
opstótono, convulsões, membros, depressão e convulsão
Gatos:
agressividade
Aves: poliúria, polidpsia, megaesfago e
anemia, problemas intestinais, perda de disfagia^.
Gástricos: peso, paralisia, ataxia e sinais
sialorreia, atonia ruminal, neurológicos
constipação, diarreia enegrecida e
fétida.
Sinais Clínicos
Intoxicação Crônica

Raramente ocorre na veterinária

Inibição do crescimento de bezerros


alterações comportamentais

em ovinos:
paralisia dos membros posteriores
Anemia
Maior suscetibilidade a doenças infecciosas
Mercúrio (Hg)
Mercúrio
• Utilizado na fabricação de termômetros, e na mineração e
garimpo de ouro

• Cloreto de mercúrio e sulfeto de mercúrio são utilizados na


fabricação de tintas e baterias

• Compostos organomercuriais são utilizados como catalizadores


pela industria
O garimpo e a contaminação por
mercurio

Tragédia humanitária dos povos Yanomami Desastres ambientais em brumadinho e


Mariana
Toxicocinética

Absorção Distribuição Excreção


• Mercúrio metálico possui baixa • lipossolúveis: transportados por • Rins principal forma de excreção
lipossolubilidade eritrócitos ou proteinas plasmáticas do mercurio inorgânico
• Pouco absorvido pelo TGI e rápida • menos lipossolúveis: plasma • também é excretado via biliar
absorção via pulmonar • SNC e rins são onde mais se • metilmercúrio -> ciclo entero-
• compostos organomercuriais são encontra mercúrio hepático.
altamente lipossolúveis • Atravessam barreira placentária
Toxicodinâmica

• Reage com as sulfridrilas (grupos moleculares presentes em varias enzimas, ex: aminas, amidas,
carboxilas, fosforilas e nucleotideos)

• Interfere diretamente em varias atividades biológicas de grande importância

• Variabilidade de sistemas-alvo
Sinais Clínicos
Intoxicação Aguda Intoxicação Crônica

• Rara na veterinária • Maior interesse veterinário


• ingestão de termômetros, baterias, • exposição por meio de água
pilhas contaminada, fungicidas e
• sintomas TGI: salivação, náusea, herbicidas;
hematemese, diarreia sanguinolenta. • sintomas SNC: ataxia, tremores,
• IRA perda auditiva e visual, depressão,
convulsão;
• IRC
• Alterações imunológicas
• Queda na produção
Achados Anato patológicos

• necrose nas mucosas do esôfago e estômago

• necrose das células epiteliais dos túbulos contornados proximais

• Degeneração neural e axonal

• Em fetos abortados e neonatos: aumento cerebelar, hipoplasia da camada granular cerebelar.


Arsênio (As)
Arsênio
• Semimetal (metaloide),

• um dos 20 elementos mais abundantes na terra

• Conhecido desde a Idade Média.

• No século XIX era utilizado como medicamento (leucemia, dermatites, sifilis, etc)

• Também já foi utilizado como veneno e arma química.

• Na veterinária, foi utilizado como praguicida, suplemento nutricional e promotor de crescimento

• Outros usos: conservantes de madeira e couro, pigmento em tintas, papel de parede e cerâmica, e como
componente de ligas metálicas, células solares, eletrônicos, LEDs.
O Arsênio na história

Acredita-se que intoxicação por arsênio Foi amplamente utilizado como veneno
tenha sido a causa da morte de Napoleão envolvendo questões politicas.
Bonaparte
Toxicocinética
• Principal via de absorção é a TGI

• em animais via respiratória é pouco comum

• É biotransformado no fígado por metilação

• É excretado principalmente via urinária, mas também pode ser excretado


através da bile e leite

• Em exposições crônicas ele pode acumular-se em tecidos moles como figado,


rins, pulmões, SNC, musculatura esquelética e cardiaca
Toxicodinâmica
• Compostos arsenicias trivalentes são mais tóxicos do que os pentavalentes

• As principais moléculas afetadas são as enzimas sulfridílicas, como o piruvato, interferindo no ciclo do ácido
cítrico e na formação de ATP.

• O Arsênio também compete com o fosfato, como na fosforilação oxidativa

• Ele também provoca estresse oxidativo, liberando oxigênio reativo.


Sinais Clínicos
Intoxicação Aguda Intoxicação Crônica

• Ulceração e irritação das mucosas • Perda de peso


• vômitos, diarreia sanguinolenta, • anemia
desidratação, dor abdominal, • Dermatites (queratose,
anorexia hiperpigmentação)
• arritmia cardiaca • arritmia
• neuropatía periféria, alterações • neuropatias e alterações neurológicas
nervosas, convulsões
• Anemia normocromica normocitica e
leucopenia
Achados Anato patológicos
• Ulcerações na mucosa gástrica e hepatomegalia

• Lesões axonais e desmielinização de nervos periféricos

• Degeneração neural e axonal


Cádmio (Cd)
Cádmio
• Elemento mineral altamente tóxico

• Algumas plantas tem a capacidade de acumular Cd

• Revestimentos corrosivos, pigmentos (vermelhos e amarelos), estabilizadores, PVC,


componentes de baterias, fertilizantes fosfatados, agrotóxicos, plásticos, vidros,
produtos utilizados para galvanização de materiais

• Contaminação: Resíduos industriais

• Zinco, molibdênio e ferro reduzem [ ] de Cd

• Selênio: efeito antioxidante

• Cobre e Manganês elevam a [ ] de Cd


Mecanismo de ação
• Absorvido pelas células intestinais -> fígado

• induz a síntese de metalotioneína (MT) -> formando o complexo cádmio-MT que será

• liberado dos hepatócitos para corrente sanguínea para ser excretado pelos glomerulos

• interfere diretamente na síntese e atividade do RNA e DNA

• Induz processos de oxidação que interferem indiretamente nos ácidos nucleicos

• Danifica adesão entre as células e o metabolismo energético


Sinais Clínicos
• Redução do ganho de peso, do crescimento e da ingestão de alimentos
• necrose e degeneração testicular, abortamentos
• anemia
• Alterações no fígado e rins
• Alterações hormonais
• Neoplasias
• Teratogenicidade
Cobre (Cu)
Cobre
• Essencial para a sobrevida de mamíferos

• Melhora no manejo zootécnico -> produtores buscam aumento da


produtividade utilizando alimentos concentrados ricos em cobre

• Ovinos são a espécie mais susceptível a intoxicações por cobre ( Texel,


Sulfok e Ile-de-France)

• Cães da raça Bedlington terrier tem uma doença genética hereditária que
gera retenção de cobre

• Fertilização de plantas e solos com esterco de suínos ou cama de aves, os


quais têm altos níveis de cobre.

• Uso de “defensivos agricolas” com alto teor de cobre (calda bordalesa)


Toxicocinética
• É absorvido principalmente na sua forma divalente no intestino delgado

• A absorção vai depender muito da forma como o cobre é disponibilizado na alimentação


( cereais x forragem)

• quanto menor quantidade de metalotioneina no enterócito maior a absorção de cobre (dietas


ricas em zinco aumentam a metalotioneina) Molibidênio, enxofre e ferro

• Ele é depositado no fígado, em caso de excesso ele se acumula no interior dos hepatócitos
(principalmente nos lisossomos)

• A principal via de eliminação é a bile

• Ele é complexado em metalotioneina hepática (ovinos tem menor capacidade de ligação)


Patogênia
• Pré-hemolitica, hemolítica e pós-hemolítica

• Pré-hemolitica: acumulo de Cu no fígado, causa necrose nos hepatócitos

• Hemolítica: Cu livre vai penetrar no interior das hemacias, oxidar a glutationa, também vai
interagir com os radicais de sulfridrila da hemoglobina gerando radicais livre -> hemólise.

• Cu no interior da hemácia causa a oxidação do ferro, impedinto o oxigênio de ser carreado ->
meta-hemoglobinemia

• Também gera corpúsculo de Heinz

• Hemoglobina livre afetará a produção de bilirrubina gerando um quadro de icterícia

• hemoglobinúria -> IR
Sinais Clínicos Ovinos
Intoxicação Aguda Intoxicação Crônica

• Isolamento, sonolência e depressão • Depressão e anorexia


• diarreia com fezes de coloração • Hemoglobinúria (urina cor de vinho)
verde metálica • prostração e apatia
• vocalização e ranger de dentes, • oligopineia, taquicardia, atonia
decubito ruminal
• taquicardia, atonia ruminal, dor e • geofagia
desconforto abdominal, coma.
Sinais Clínicos Cães
Animais Jovens Adultos

• Possui duas fases


• 1° fase: acumulo de cobre no fígado, • Em adultos apresenta caráter crônico
é assintomática • Perda de peso, hiporexia, dor
• 2°fase: quadro hepático abdominal, polidpsia, poliúria,
• Anorexia, dor abdominal, depressão, ictericia, ascite, encefalopatia
morte súbita e,
• Ferrocianuro de potássio

• drogas absorventes e adstringentes


(óxido ou carbonato de sódio)

• drogas de aumentam a excreção pelas


fezes molibdato de amônio e sulfarto de

Tratamento sódio anidro)

• Molibdênio em enxofre
Achados Anato patológicos
Tratamento

Arsênio Dimercaprol (Bal) todas as espécies


Succimer (DMSA) todas as espécies

Ca-EDTA equinos, ruminantes, cães e gatos


Chumbo
Dimercaprol (Bal) todas as espécies
D-penicilamina cães e gatos

Mercúrio Succimer (DMSA todas as espécies


D-penicilamina todas as espécies

Cobre tetratiomolibdato (TTM) ovinos e cães


D-penicilamina cães
Selênio (Se)
Selênio
• Semimetal (metaloide)

• Essencial na nutrição animal, associado a vitamina E

• Previne algumas doenças: doença do musculo branco em ovinos e bovinos, hepatose


dietética em suínos e diátese exudativa em aves

• Ele é importante em muitos processos biológicos e fisiológicos

• intoxicação ocorre quando animais pastam em solo contaminado com esse elemento

• Intoxicação ocorre de três formas distintas: aguda, crônica do tipo alkali disease e crônica
do tipo cegueira e andar cambaleante

• Equinos e bovinos são mais susceptiveis


Selênio
• Facilmente absorvido pelo intestino delgado e distribuído pelo fígado rins e baço. è excretado
pela urina, fezes, ar expirado, leite e ovos.

• Atravessa barreira placentária

• Biotransformação: interação com a glutationa (efeito antioxidante)

• Durante o seu metabolismo pode haver liberação de radicais livres

• Não há tratamento eficaz, não é recomendado o uso de quelantes


Sinais Clínicos

Intoxicação Aguda Cegueira cambaleante Doença alcalinizante

Hipertermia, midríase, cegueira, Sialorreia, mucosas pálidas, Falta de apetite, andar cambaleante,
sialorreia, taquipneia, corrimento andar em círculos, anemia, alopecia (geralmente na
nasal espumoso ou opacidade córnea, cegueira, ponta da cauda), deformação nos
cascos, laminite, claudicação e
sanguinolento, taquicardia, paralisia muscular
ataxia , bezerros nascidos de vacas
cólicas, diarreia, timpanismo, generalizada
doentes costumam nascer com os
decúbito cascos deformado
Outros Metais
Manganês

• baixa toxicidade
• aumenta a concentração de triglicerídeos
• auto-oxidação da dopamina, gerando alterações neurológicas relacionada a destruição de
neurônios dopaminérgicos
• interfere na neurotransmissão sináptica
• entra nos canais de cálcio aumentando a liberação de neurotransmissores
• redução do crescimento e ganho de peso, lesões gastrointestinais e anemia
Outros Metais
Molibidênio

• Bovinos são mais suscptíveis


• associada a dietas com elevadas [ ] de molibdênio e enxofre, com baixas [ ] de cobre
• fontes: vegetais, solo deficiente em Cu, contaminação de fabricas de porcelana e tinta,
refinarias de petróleo e fertilizantes
• Gera deficiência de cobre
• Acumula-se na hipófise, cérebro, glândulas adrenais, coração e gônadas.
• Anorexia, imunossupressão, diarreia, cólica, incoordenação ao andar, maior incidência de
fraturas, anemia.

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