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1.

Reprodução e manipulação da fertilidade


1. Reprodução e manipulação da fertilidade
1.2 Manipulação da fertilidade humana
2. Manipulação da fertilidade
2.1 Contraceção

2.2 Diagnóstico da infertilidade humana

2.3 Procriação Medicamente Assistida (PMA)


2. Manipulação da fertilidade
Quais os principais processos biotecnológicos de manipulação da fertilidade humana?

Que aspetos regulamentares e bioéticos estão associados à manipulação da fertilidade humana?

Alguns métodos contracetivos


2.1 Contraceção
Contraceção: uso de métodos para evitar gravidez

Métodos contracetivos: mecanismos de ação distintos, de acordo com natureza

Aconselhado: acompanhamento médico, para máximo de informação

Diferentes métodos contracetivos (masculinos e femininos)


2.1 Contraceção
Contraceção hormonal combinada (CHC) e contraceção progestativa (CHP)

CHC- associação de estrogénios e progestativos (subs. com propriedades semelhantes a progesterona)

Controlo do Bloqueio da
ciclo sexual ovulação

CHC- administração oral (mais comum- pílula) ou outras (anel, selo ou implante subcutâneo)

CHP- sem estrogénio, administrada por pílula (diária, sem interrupção), injeção (trimestral) ou implante
subcutâneo (3 anos)
2.1 Contraceção

Contraceção intrauterina

DIU-Cu (dispositivo intrauterino de cobre) ou SIU-LNG (sistema intrauterino libertador de levonogestrel)

Impedem a nidação (SIU impede também entrada de espermatozoides no útero)

Elevada eficiência, longa duração e reduzidos efeitos indesejáveis

Introduzidos e retirados por pessoal médico especializado

DIU e SIU
2.1 Contraceção

Métodos de barreira

Preservativos (masculino e feminino) são os principais

Impedem encontro de gâmetas + Proteção contra infeções sexualmente transmissíveis (IST)

Preservativo feminino Preservativo masculino

Membranas plásticas, introduzidas antes da relação sexual (utilização única)


Compatíveis com outros métodos contracetivos (incompatíveis um com o outro!)
2.1 Contraceção
Métodos naturais

Implicam abstinência sexual periódica (baseiam-se na previsão do período fértil da mulher)

Incluem coito interrompido: altamente falível, pois secreções pré-ejaculação podem conter espermatozoides

Previsão do período fértil: com aconselhamento e compromisso mútuo; controlo de natalidade conhecendo o
momento da ovulação e período de sobrevivência de gâmetas no S.R. feminino
Métodos de abstinência periódica

Baseados na duração do ciclo menstrual Método do calendário (Ogino-Knaus)


Método dos dias standard
Baseados na identificação de sinais e sintomas Método da temperatura basal
Método do muco cervical (Billings)
Método sintotérmico
Método dos “dois dias”
2.1 Contraceção
Métodos naturais

Método do calendário- Método dos dias Método da Método do muco cervical- Método
espermatozoide sobrevive standard- período fértil temperatura basal- observação e registo da sintotérmico-
72 horas e oócito sobrevive entre 8° e 19° dias do medição diária da elasticidade (aumenta combina os 2
24 horas; com base em 6 ciclo (ciclos regulares temperatura; aumento aquando do período fértil) anteriores
ciclos, calcular período fértil entre 26 e 32 dias) cerca de 0,5 °C após
ovulação)
2.1 Contraceção
Contraceção definitiva (esterilização cirúrgica)- permanentes (difícil reversão)
Impedimento permanente da libertação de gâmetas

Vasectomia (homem) Laqueação tubária/salpingectomia (mulher)


2.1 Contraceção
Contraceção definitiva (esterilização cirúrgica)
Vasectomia (homem) Laqueação tubária/salpingectomia (mulher)
Corte dos canais deferentes, sem afetar Secção das trompas de Falópio é cauterizada
testículos (ejaculação sem espermatozoides) ou amarrada (óvulos não chegam ao útero)
2.1 Contraceção
Contraceção de emergência (CE)- único método contracetivo usado após a relação sexual

Não deve ser utilizado regularmente mas importante em casos de: relação sexual / violação sem
contraceção OU acidente contracetivo

Previne até 95% das gravidezes se usada num intervalo de até 5 dias após relação sexual desprotegida

Contraceção de emergência oral (“pílula do dia seguinte”)


2.2 Diagnóstico da infertilidade humana

Infertilidade- doença(s) no sistema reprodutor; incapacidade de conseguir uma gravidez após


um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas

Globalmente, atinge cerca de 15% dos casais em idade reprodutiva (9% em Portugal)

Causas- fatores fisiológicos, genéticos, ambientais e sociais

Causas de infertilidade (no homem, na mulher ou em ambos)


2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Principais causas de infertilidade masculina
Alterações na quantidade de espermatozoides no esperma

Azoospermia (ausência de espermatozoides) Oligospermia (quantidade reduzida de espermatozoides)

Oligospermia e zoospermia, em comparação com a normal produção de espermatozoides


2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Azoospermia
Azoospermia secretora (não obstrutiva)- não há produção de espermatozoides nos testículos (relacionada
com fatores genéticos, anomalias na descida dos testículos ou exposição a drogas ou radiação)

Azoospermia obstrutiva- produção de espermatozoides mas vias genitais obstruídas (relacionada com
inexistência de vias genitais, inflamações nas vias genitais ou traumatismos nos testículos)

Oligospermia
Normal- número médio de espermatozoides 60 a 120 milhões / ml de esperma

Oligospermia- número médio de espermatozoides < 15 milhões / ml de esperma (ou < 39 milhões / ejaculação)
2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Causas para azoospermia ou oligospermia
Disfunções hormonais- produção insuficiente de hormonas hipofisárias, LH/FSH ou testosterona

Causas genéticas

Desenvolvimento anómalo dos testículos

Consumo de álcool, drogas esteroides anabolizantes e outras substâncias tóxicas

Exposição a radiações ionizantes (por exemplo, em quimioterapia)

Infeções sexualmente transmissíveis (IST) e inflamações das vias genitais (epididimite ou prostatite)
2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Causas para azoospermia ou oligospermia
Temperatura elevada durante a espermatogénese:
Criptorquidismo: Varicocelo: veia varicosa
testículos não descem (variz) no escroto produz
para o escroto calor
2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Anomalias na morfologia e/ou mobilidade dos
espermatozoides

Teratozoospermia- anomalias na morfologia


Astenozoospermia- anomalias na mobilidade
Causas:
- Genéticas
- Exposição a tóxicos (tabaco, drogas e medicamentos)
- Doenças da tiroide, insuficiência renal e diabetes
- Elevada temperatura testicular
- Anticorpos ou leucócitos no esperma

Problemas de ejaculação: doenças da medula espinal ou


nervos periféricos pélvicos, doenças neurodegenerativas
2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Principais causas de infertilidade feminina
Distúrbios ováricos- anovulação (ausência de
ovulação):

- síndrome do ovário policístico: níveis elevados de


estrogénios e androgénios

- Alterações hormonais: insuficiência de LH ou FSH ou


excesso de prolactina

Distúrbios tubáricos: não ocorre encontro de


gâmetas > fecundação Síndrome do ovário policístico.

- bloqueio total ou parcial das trompas devido a: IST, complicações pós-aborto inseguro, infeção pós-parto
ou cirurgia abdominal/pélvica
2.2 Diagnóstico da infertilidade humana
Principais causas de infertilidade feminina
Distúrbios uterinos: endometriose, útero septado ou
miomas
- endometriose: presença de epitélio uterino fora da localização
normal. Fibrose (cicatrização) e órgãos colados (obstrução das
trompas)

- miomas uterinos: tumores benignos (localizados) dentro ou


à volta do útero. Alterações anatómicas, dificuldade de acesso
dos espermatozoides ao oócito e nidação

Distúrbios cervicais: muco insuficiente ou demasiado


espesso ou conter anticorpos
Endometriose.

Distúrbios endócrinos: desequilíbrios nas hormonas reprodutivas ou hipofisárias


2.3 Procriação medicamente assistida (PMA)
Tratamentos para infertilidade
Técnicas de reprodução assistida: tratamentos ou procedimentos que incluam manipulação in vitro
de oócitos/espermatozoides/embriões humanos, com objetivo de estabelecer gravidez

Fertilização in vitro ou IVF (In Vitro Fertilization)

Recolha de oócitos + espermatozoides + Junção em laboratório

Fecundação extracorporal, em placa de Petri

Transferência do embrião para o útero, para nidação e desenvolvimento

Primeira técnica de PMA (1978)


Louise Brown, primeiro “bebé-proveta”, com Robert G. Edwards,
Prémio Nobel pelo desenvolvimento da IVF.
2.3 Procriação medicamente assistida (PMA)

Fertilização in vitro com transferência de embriões (IVF-ET).


2.3 Procriação medicamente assistida (PMA)
Tratamentos para infertilidade
Injeção intracitoplasmática de espermatozoides ou ICSI (Intracytoplasmatic Sperm Injection)

Microinjeção de um único espermatozoide no citoplasma do oócito


Criada em 1992, importante para infertilidade masculina

Seleção de um espermatozoide viável, em situações de:


- baixa contagem de espermatozoides
- baixa motilidade (mobilidade)
- elevada % de espermatozoides com forma anormal
- obstrução das vias genitais ou vasectomia

Comparação entre ICSI e IVF.


2.3 Procriação medicamente assistida (PMA)
Tratamentos para infertilidade
Transferência intratubárica de gâmetas ou GIFT (Gamete Intrafallopian Transfer)

Espermatozoides e oócitos (previamente isolados) transferidos para interior da trompas (fecundação


in vivo)
Técnica criada em 1984, mas em desuso globalmente

Transferência intratubárica de zigotos ou ZIFT (Zygote Intrafallopian Transfer)

Espermatozoides e oócitos juntos in vitro (placa de Petri), para fecundação em condições ótimas
Zigoto ou zigotos resultantes transferidos para trompas de Falópio
2.3 Procriação medicamente assistida (PMA)
Tratamentos para infertilidade
Técnicas acessórias
Diagnóstico genético pré-implantatório, Biópsia de embriões ou
PGD (Pre-Implantation Genetic Diagnosis)
Utilizando apenas uma célula, sem danificar o embrião; em 4-5 horas
obtém-se caracterização cromossómica
Rastreio de aneuploidias (anomalias no número de cromossomas)
antes de transferência para útero

Diagnóstico genético pré-implantatório.


2.3 Procriação medicamente assistida (PMA)
Tratamentos para infertilidade
Técnicas acessórias
Crioconservação de gâmetas e embriões

Conservação de excedentes (provenientes de técnicas de PMA) por congelação a baixas temperaturas

Útil: declínio da fertilidade, tratamentos com radiação gonadotóxica, ...

Oócitos: não existe ainda técnica clinicamente satisfatória

Crioconservação de gâmetas e embriões.


Verificação das aprendizagens
O DIU é um exemplo de contraceção ________ que impede ________.

a) hormonal ... deslocação do oócito na trompa de Falópio


b) de barreira ... o encontro de gâmetas
c) definitiva ... a ovulação
d) intrauterina ... a nidação

Uma das desvantagens da contraceção oral hormonal é/são

a) o compromisso diário exigido à mulher.


b) a necessidade de intervenção de um profissional.
c) reações alérgica que poderão surgir.
d) o facto de ser imediatamente reversível.
Verificação das aprendizagens
Justifica a importância do aconselhamento médico na escolha de um método contracetivo por um casal.

O aconselhamento médico permite escolher um método contracetivo adequado ao


casal, incluindo informação sobre o seu uso correto, eficácia, riscos e efeitos secundários
adversos (por exemplo, a nível cardiovascular), potenciais benefícios não relacionados
com contraceção (por exemplo, diminuição das dores de menstruação), interações com
medicamentos e procedimento a adotar em caso de falha na utilização.
Desta forma, o casal poderá optar por um método ajustado ao seu contexto,
aumentando a eficácia contracetiva e minimizando potenciais efeitos indesejados.
Verificação das aprendizagens
Explica por que razão não devem ser utilizados preservativos masculinos e femininos em simultâneo.

Os preservativos são membranas plásticas. O uso simultâneo de dois preservativos


(masculinos, femininos ou um de cada) implica atrito entre duas membranas plásticas
durante o ato sexual, o que acarreta um risco elevado de rompimento das membranas,
eliminando assim o efeito de barreira aos espermatozoides, o que poderá resultar numa
gravidez indesejada.
Verificação das aprendizagens
Classifica como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações.

A. A infertilidade está, na maioria dos casos, associada a complicações no sistema reprodutor masculino. F
B. As técnicas de reprodução medicamente assistida surgiram no início do séc. XXI. F
C. A injeção intracitoplasmática de espermatozoides pode ser útil em casos de infertilidade por endometriose. F
D. A transferência de zigotos resultantes de fertilização in vitro é altamente eficaz. V
E. As técnicas de procriação medicamente assistidas atuais não permitem ainda identificar mutações
cromossómicas numéricas no embrião. F
Verificação das aprendizagens
“A infertilidade devido a problemas uterinos afeta entre 3% a 5% das
mulheres em todo o mundo. Os casos relatados mais frequentemente
nos transplantes de útero realizados incluem mulheres que nasceram
sem útero –síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (MRKH),
uma anomalia congénita que afeta uma em cada 4500 mulheres – e
outras que tiveram de remover o útero devido a cancro do colo do
útero.” Baseado em Jornal Público, 7 de março 2023

Relaciona o síndrome de MRKH com a infertilidade dos casais em


que a mulher é afetada.

Mesmo ocorrendo a ovulação e fecundação, na ausência de


útero não ocorrerá nidação, pelo que o casal será infértil.

Indica que questões poderão justificar a não adoção da prática, em


Portugal e até ao momento, dos transplantes descritos na notícia
apresentada.

Possivelmente, questões técnicas mas também éticas.


1. Reprodução e manipulação da fertilidade

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