You are on page 1of 25

Química Biológica

É a química da vida! Química Fisiológica


Biologia Molecular

Biologia Química

É a ciência que faz a conexão entre a biologia e a


química
A vida, no seu nível mais básico é,
essencialmente, um fenômeno bioquímico
É a base para disciplinas como:
Química de Alimentos, Nutrição, Microbiologia,
Engenharia Bioquímica, Toxicologia etc.
A bioquímica, naturalmente, lida com as
moléculas encontradas nos organismos (e
alimentos), chamadas de BIOMOLÉCULAS; são
elas, basicamente:
a) Aminoácidos que formam polímeros
chamados peptídeos e PROTEÍNAS
b) Carboidratos que formam polímeros chama-
dos POLISSACARÍDEOS ou carboidratos
complexos
c) Gorduras (LIPÍDEOS), que podem formar
estruturas supra-moleculares
d) Bases nitrogenadas que formam a
base de polímeros chamados ÁCIDOS
NUCLÉICOS
e) Muitos outros compostos orgânicos,
e.g., ácidos carboxílicos
f) Compostos inorgânicos como CO2,
NH3, O2, e sobretudo ÁGUA, além de
íons como Fe2+, Ca2+, Mg2+, Na+, K+,
Cl-, etc.
É extremamente vasta! Aumenta cada mês em
milhares de páginas!
Simplificadamente podemos dividí-la em livros-texto,
artigos de revisão e artigos de pesquisa

1) A. L. Lehninger, D. L. Nelson, M. M. Cox, Princípios de


Bioquímica.
2) Marzzoco; Torres. Bioquímica Básica.
3) Harper. Bioquímica.
4) Champe. Bioquímica Ilustrada
5) A. Bracht, E. L. Ishii-Iwamoto, Métodos de Laboratório em
Bioquímica
A vida, tal como a conhecemos
ocorre em solução aquosa!
Por isto, as propriedades da água têm grande
significado biológico:
(a) As estruturas das moléculas nas quais a vida se
baseia, PROTEÍNAS, ÁCIDOS NUCLÉICOS, MEMBRANAS
LIPÍDICAS e CARBOIDRATOS COMPLEXOS, resultam
diretamente de suas interações com o ambiente
aquoso
(b) A combinação de propriedades de solvente
responsáveis pelas associações intra- e
intermoleculares destas substâncias é peculiar à água;
nenhum solvente assemelha-se à água neste particular
Estruturas e processos biológicos somente podem ser
entendidos em termos das propriedades físicas e
químicas da água
Estrutura
Abaixo está representado o envoltório de van der Waals (onde os
componentes de atração das forças de van der Waals contrabalançam
os componentes de repulsão)

Envoltório de van Raio de van der Waals do


der Waals O = 1.4 Å
O—H covalente;
Raio de van der distância de ligação
Waals = 0.958 Å
do H = 1.2 Å
As moléculas da água podem associar-se
através de pontes de hidrogênio
Na água líquida a molécula de H2O reorienta-se uma vez a cada
-12
10 segundo

A água líquida consiste numa rede rapidamente flutuante


de moléculas de H2O unidas por pontes de hidrogênio, a
qual, em distâncias curtas, assemelha-se ao gelo
As propriedades físicas da água são resultantes
das pontes de hidrogênio intermoleculares
A água é muitas vezes chamado de solvente universal
Poucos solventes dissolvem tantas substâncias, o que não
significa que a água seja capaz de dissolver toda e qualquer
substância
A água dissolve melhor SUBSTÂNCIAS POLARES, também
chamadas hidrofílicas
Substâncias apolares, não solúveis em água, são chamadas de
hidrofóbicas
Há substâncias com parte apolar e outra polar: são
chamadas de anfipáticas: sua solubilidade em água depende
de vários fatores

Por quê a água dissolve sais? A estrutura cristalina dos


sais é mantida por forças iônicas;
O cristal de NaCl
desfaz-se à medida que
as moléculas de
água se amontoam
ao redor dos íons
cloreto e sódio

As cargas
iônicas são
parcialmente
neutralizadas
e as atrações
eletrostáticas
entre os íons de
cargas opostas
são
enfraquecidas
Constantes dielétricas de alguns solventes

Formamida  110 Etanol  24,3


Água  78,5 Amônia  16,9
Dimetilsulfóxido  48,9 Acetona  20,7
Metanol  32,6 Clorofórmio  4,8

Éter dietílico  4,3


Benzeno  2,3
Tetracloreto de carbono  2,2
Hexano  1,9

Solventes com altas constantes dielétricas podem solvatar


(“envolver”; no caso da água “hidratar”) as moléculas do soluto,
conforme ilustrado pelo esquema abaixo:
A dissolução de substâncias polares sem carga elétrica
segue um esquema semelhante; neste caso a água
enfraquece as interações não-iônicas entre as moléculas
do soluto (pontes de hidrogênio, por exemplo)

A solubilidade dos gases em água é um


bom exemplo do papel da polaridade
GÁS ESTRUTURA P O LA RID A D E S O LU BILID A D E T EM PERA-
EM Á G U A (G /L ) TURA ( C)
O

N it r o g ê n io N N N ã o - p o la r 0 ,0 1 8 40

O x ig ê n io O O N ã o - p o la r 0 ,0 3 5 50

D ió x id o d e  -  - N ã o - p o la r 0 ,9 7 45
Carbono O C O
H
H
A m ô n ia H
P o la r 900 10
N  -

S u lf e t o H H
de S - P o la r 1 .8 6 0 40
H id r o g ê n io
A água tende a hidratar a porção polar; ao
mesmo tempo tende a excluir a porção apolar
(hidrofóbica)

A porção apolar força as moléculas de água


circundantes a assumir um estado altamente
ordenado

De um modo geral, no entanto, as estruturas


lipídicas tendem a agrupar-se, reduzindo a
superfície em contato com a água
As porções apolares são estabilizadas por
interações hidrofóbicas que resultam da
tendência de excluir a água

As micelas são um bom exemplo de


estruturas que expõem à água apenas os
grupos hidrofílicos (polares) e escondem
completamente os grupos apolares
As micelas não são as associações de moléculas
anfipáticas mais importantes na célula viva

Mais importantes são os agregados planares em


bicamada molecular, os quais constituem a base
da estrutura da membranas biológicas

Micela Bicamada lipídica

A REPULSÃO DA ÁGUA POR PARTE DAS ESTRUTURAS


APOLARES É UM FATOR INDISPENSÁVEL PARA A
ESTRUTURA DAS MEMBRANAS TAL COMO ELAS SE
APRESENTAM NA CÉLULA VIVA
Uma característica importante da água é que as suas moléculas
estão constantemente reagindo entre si da seguinte maneira:

H2 O + H2 O H3 O+ + HO -

Salto
protônico

Isto significa que em qualquer solução aquosa sempre haverá uma certa
quantidade do íon hidrônio (H3O+) e do íon hidroxila (HO)

Estes íons tem grande mobilidade, maior que a dos outros íons, pois os
prótons saltam de uma molécula para outra.
Pode-se analisar a dissociação da água da mesma maneira:

H2O + H2O H3O+ + HO -


Ou, na forma abreviada

H2O H+ + HO -

A expressão de equilíbrio:
[H  ][OH  ]
K
[H2O]
Em soluções aquosas diluídas o valor de [H 2O] é
essencialmente constante e igual a 1000 g litro-1 ou seja
1000 g litro-1/18,015 g mol–1 = 55,5 M; por isto, pode-se
incluir [H2O] na constante K, definindo uma nova constante K a
Como [H2O] é constante e igual a 55,5 M, pode-se
definir uma nova constante Kw (constante de ionização
da água):

Kw  K[H2O]  [H  ][OH  ]
A 25oC Kw é igual a 1014 M2
Na água pura

[H ]  [HO ]  Kw  10 M
  7

[H+] > 107 M  solução ácida


(neste caso HO < 107 M)

[H+] < 107 M  solução básica ou alcalina


(neste caso HO > 107 M)
Nos líquidos biológicos o valor de [H +] costuma estar
próximo de 107 M; no sangue, por exemplo [H+] = 4,0
 108 M
Há exceções, no entanto, como o suco gástrico, por
exemplo.
Tomando logaritmos negativos da expressão do
produto iônico da água (Kw = [H+][HO–]), teremos
 log Kw   log(10 14 )   log([H  ][OH  ]) 

  log[H  ]  log[OH  ]

Se chamarmos –log[H+] = pH e –log[HO–] =


pOH, podemos escrever:

14  pH  pOH
A escala de pH é prática e costuma ser usada entre 0 e 14
Na água pura
pH = log[H+] = log(107)= 7
Também na água pura:
pOH = 14 – pH = 14 – 7 = 7
14 Numa solução 1 M de
NaOH 1 M
NaOH, que também
Alvejante
13
doméstico dissocia 100%
12 Detergente
Progressi-
vamente
amoniacal NaOH  HO + Na+
11
mais básico
10 pOH = –log[HO] = –
Suspensão de log(1) = 0
9 fermento químico
8 Clara de ovos pH = 14 – pOH = 14
7 Neutro
Sangue humano – 0 = 14
Lágrimas
Leite, saliva
6 Numa solução 1 M de
5 Café preto HCl, um ácido forte
Cerveja que dissocia quase
4 Suco de tomate
Progressi- Vinho tinto 100%
vamente Refrigerante
3
mais ácido vinagre
2 Suco de limão HCl  H+ + Cl
Suco gástrico
1
pH = –log[H+] = –
0 HCl 1 M log(1) = 0
Na célula predominam ácidos e bases fracos
A relação entre o pH e o grau de dissociação de um ácido
ou base fraco pode ser melhor analisada em termos da
equação de Henderson-Hasselbalch
Consideremos novamente a equação simplificada da
dissociação de um ácido fraco em solução aquosa

HA H+ + A -
A expressão de equilíbrio:
[H  ][A ] [HA]
Ka  [H ]  Ka 

[HA] ou, rearranjando [A ]
Tomando [HA]
logaritmos  log[H  ]   log Ka  log
negativos
[A ]
Como –log[H+] = pH, se definirmos –log Ka = pKa podemos
escrever
[A ]
pH  pKa  log
[HA]
A ÁGUA PODE ACEITAR PRÓTONS TAMBÉM DE OUTRAS
SUBSTÂNCIAS, UM FENÔMENO EXTREMAMENTE IMPORTANTE NÃO
APENAS EM TERMOS BIOLÓGICOS

Considera-se um ÁCIDO a substância que pode doar prótons


Considera-se uma BASE a substância que pode aceitar prótons

HA + H2O H 3O + + A -
HA  ácido
H2O  base
A  base conjugada do ácido HA
H3O+  ácido conjugado da base H2O
Uma forma abreviada da reação acima seria:

HA H+ + A -
Em termos gerais:

[aceptor
deprótons
]
desde que a razão [doador ] seja conhecida,
deprótons
pode-se calcular o pH de qualquer solução

O valor de pKa é uma medida da força de um ácido


QUANTO MENOR O VALOR pKa, MAIS FORTE É O ÁCIDO

Costuma-se usar o valor de pKa também para medir a força


de bases fracas; para tanto utiliza-se o pKa do ácido
conjugado

pKa  pKb  14

Portanto, vale a regra

QUANDO MAIOR O pKa DE SEU ÁCIDO CONJUGADO, MAIS


FORTE É A BASE
E TAMBÉM, QUANDO MENOR O pKb, MAIS FORTE É A BASE
Se adicionarmos uma gota de 10 l de HCl 1 M a
um litro de água pura, o pH desce de 7 para 5

Se fizermos a mesma coisa com um litro de sangue,


no entanto, a variação será mínima

Isto ocorre porque o sangue, assim como o interior


das células, está TAMPONADO, isto é, possui um
sistema de ácidos e bases fracas que tende a
absorver excessos de prótons ou íons hidroxila
CURVAS DE TITULAÇÃO DE ÁCIDOS/BASES FRACOS

Para entender o fenômeno de tamponamento convém


analisar as curvas de titulação de ácidos/bases fracos
Soluções de ácidos fracos podem ser tituladas com
uma base forte como a HO , por exemplo
No ponto inicial existe
apenas HA; à medida que
HO é adicionado forma-se
A
No ponto médio pH = pKa e
NH4  NH3  H  [HA] = [A]
No ponto final existe
apenas A

H2PO4  HPO42  H  Durante a maior parte da


curva, exceto nas
extremidades, vale a
equação
x 
pH  pKa  log  
 co  x 
CH3COOH  CH3COO   H  onde x são os equivalentes
de HO adicionados e co os
equivalentes de HA
inicialmente presentes

Nas extremidades das curvas o pH varia MUITO com POUCOS


equivalentes de HO adicionados
Na faixa média, com pH’s próximos aos dos pK a’s, no entanto, o pH
varia POUCO com MUITOS equivalentes de HO adicionados
A faixa que resiste a variações de pH é chamada de faixa
tamponante; ela situa-se mais ou menos, entre pK a  1 e pKa + 1

You might also like