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História Das Constituiçoes - Direito Constitucional
História Das Constituiçoes - Direito Constitucional
Licenciatura em Solicitadoria
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CAPÍTULO II – A História Constitucional Portuguesa
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• A história constitucional portuguesa é anterior à Revolução Liberal de 1820, pois desde que Portugal é um
Estado que se podem encontrar normas que regulam o poder político e as relações que se estabelecem
entre os governantes e governados.
• A criação do Estado Português, segundo a tese maioritária remonta a 1179, altura em que o Sumo
Pontífice da Igreja Católica, Alexandre III, reconheceu a D. Afonso Henriques o título de rex, através da
Bula Manifestum Probatum (embora haja quem fale em datas anteriores).
• Portugal é, portanto, o Estado que tem as fronteiras geográficas mais antigas da Europa.
• A Revolução Liberal portuguesa abriu caminho à formulação das Constituições, e que eclodiu em 24 de
Agosto de 1820. Após esta, temos a era constitucional em oposição à era não constitucional vigente
anteriormente.
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A evolução histórica do Direito Constitucional Português, deve ser dividida, para efeitos de
análise global, em quatro diferentes períodos:
• o período liberal-monárquico
• o período liberal-republicano
• o período nacionalista-autoritário
• o período democrático-social
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• O período liberal-monárquico:
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• O período liberal-republicano
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• O período nacionalista-autoritário:
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• O período democrático-social
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Constituições monárquicas: 1822, 1826,1838
A Constituição Republicana de 1911
A Constituição Corporativa de 1933
A Constituição de 1976
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• Influenciada também pela “súplica da Constituição” de 1808 que fora dirigida a Napoleão Bonaparte,
aquando das invasões francesas:
• Vivia-se sob o domínio francês, sob o governo de Junot em nome dos Imperadores Franceses,
sendo que este ambiciona ser proclamado rei de Portugal
• Como forma de contrariar as suas intenções, um grupo de intelectuais (entre os quais avultavam
os docentes universitários Cortes Brandão e Ricardo Raimundo Nogueira, o Juiz do povo de Lisboa,
tanoeiro Abreu Campos e o desembargador Francisco Coelho), e que eram fieis à Casa de Bragança,
ao rei e ao príncipe Regente, resolveu pedir a Napoleão Bonaparte a outorga de uma Constituição,
tal como este já houvera feito para o Grão-Ducado da Varsóvia, e desta forma impedindo que Junot
subisse ao poder e preservando-se, igualmente, a independência em relação a Espanha.
•Contudo esta tentativa foi infrutífera
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Liberalismo preconizada:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• Com o propósito de criar um texto que servisse de esboço à Constituição para Portugal, pouco
tempo depois da Revolução Liberal Portuguesa foram decretadas as “Cortes Gerais, Extraordinárias
e Constituintes da Nação Portuguesa”
• O texto de Bases da Constituição compunha-se por duas secções, nelas se resumindo as matérias
principais que iriam ser vertidas no texto constitucional definitivo:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Contudo não continham todas as matérias que viriam a ser explanadas no texto
definitivo
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• GOMES CANOTILHO (página 128) “ Durante o constitucionalismo monárquico da 1ª fase não existem
forças partidárias puras. O poder constituinte, tal como ele se manifestou nas Cortes Gerais, Extraordinárias
e Constituintes de 1821, foi expressão do confronto e compromisso dos grupos ” (realistas, moderados,
gradualistas e radicais)
• Sistematização:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• A Constituição de 1822 recebeu influências dos primeiros textos constitucionais conhecidos na Europa,
nomeadamente das Constituições Francesas de 1791 e 1795 e da Espanhola de Cádiz de 1812.
• Não sofreu quaisquer alterações, o que se pode justificar pela sua efémera vigência.
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• princípio democrático, dado que “a soberania reside essencialmente na Nação” (artigo 26.º), só à
Nação “livre e independente” pertence fazer a Constituição ou a Lei Fundamental, “sem
dependência do Rei” (artigo 27.º) e a própria “autoridade do Rei provém da Nação” (artigo 121.º)
• princípio representativo, já que a soberania só “pode ser exercitada pelos seus representantes
legalmente eleitos” e só aos Deputados da Nação “juntos em Cortes” pertence fazer a Constituição
(artigos 16.º, 27.º, 32.º, 94.º)
• princípio da igualdade jurídica e do respeito pelos direitos pessoais (artigo 3.º e 9.º)
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Direitos fundamentais:
• A proclamação dos Direitos Fundamentais foi um dos grandes marcos desta Constituição, e que se
deu na esteira da inspiração iluminista e liberal que estimulou a Revolução de 1820
• Os direitos fundamentais eram inseridos no texto constitucional, ao invés do que sucedia com a
Constituição Francesa de 1971 e a Constituição Espanhola de Cádiz de 1812, em que os direitos
fundamentais estavam dispersos
• Encontravam-se logo inseridos no Título I sob a epígrafe “Dos Direitos e deveres Individuais dos
Portugueses”
• BACELAR GOUVEIA (página 422) “ O mais relevante a considerar era o facto de esta ter sido a
primeira vez que no Direito Constitucional Português haveria lugar para a positivação de direitos
fundamentais, sendo certo que, paralelamente, nunca em Portugal se enveredara pela redacção formal
e autónoma de qualquer declaração de direitos”
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• Era também possível depararmo-nos com direitos fundamentais não enumerados tais como: direito à
cidadania e a liberdade de culto privado para estrangeiros
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
•Numa síntese dos grandes domínios em que estes direitos fundamentais inovaram em Portugal podemos
referir:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• o ensino da “…mocidade portuguesa de ambos os sexos a ler, escrever e contar, e o catecismo das
obrigações religiosas e civis” (artigo 237.º)
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• venerar a Religião
• amar a Pátria e defendê-la com as armas
• obedecer à Constituição e às leis
• respeitar as autoridades públicas
• contribuir para as despesas do Estado
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• Relativamente à organização politica houve a escolha de uma distribuição clássica dos poderes, em
legislativo, executivo e judicial através de 3 órgãos:
• as Cortes
• o Rei
• os Tribunais
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
As Cortes
• Eram um órgão parlamentar unicameral
• Exerciam os poderes legislativo e de fiscalização politica, numa base representativa e com uma
legislatura de dois anos
•A eleição dos Deputados era indirecta – os cidadãos activos limitavam-se a eleger eleitores de segundo
grau - daí que haja primeiro assembleia primárias (artigo 44.º) e depois assembleias em “junta pública
na casa da Câmara” (artigo 61.º) e finalmente, assembleias na junta de cabeça de divisão eleitoral (artigo
63.º)
• não era universal – excluía o direito de voto às mulheres, aos menores de 25 anos e aos “ filhos de
família que estivessem no poder e companhia dos pais”, aos “criados de servir”, aos “vadios” e aos
“regulares” (artigo 33.º)
• quanto à capacidade passiva estabelecia-se um critério censitário, pois eram inelegíveis, entre outros os
“que não têm para se sustentar renda suficiente, precedida de bens de raiz, comércio, industria ou
emprego” (artigo 34.º)
• Tinha competência politica – tomar juramento do Rei, reconhecer o sucessor da coroa, eleger a
regência, aprovar os impostos e tratados de aliança, etc
• Competência legislativa e controlo politico da constitucionalidade e da legalidade
• A iniciativa das leis cabia aos deputados, embora os secretários de Estado também pudessem fazer
propostas, que depois de examinadas por uma comissão das Cortes, podiam ser convertidas em projectos
de lei
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
O Rei
• Poder executivo
• Órgão singular
• Dinastia de Bragança
• Contudo o Rei não agia sozinho: o texto constitucional referia a existência de secretários de Estado, em
relação aos quais atribuía poderes às Cortes para realizarem a respectiva regulação
• Era auxiliado pelo Conselho de Estado, órgão de natureza consultiva, composto por treze cidadãos
eleitos por um mandato de 4 anos e nomeados pelo Rei sob proposta das Cortes. Ele devia ser ouvido
pelo Rei “ nos negócios graves, e particularmente sobre dar ou negar a sanção das leis; declarar a guerra
e a paz e fazer tratados” (artigo 167.º). Competia-lhe igualmente propor ao Rei pessoas para os “lugares
da magistratura e para os bispados”.
• Monarquia limitada
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Os Tribunais
• Poder judicial
• Concepção estrita da sua independência
• No plano da fiscalização da constitucionalidade, tendo sido ela admitida como tal, vigorava, um sistema
de fiscalização parlamentar, na prática totalmente ineficiente
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Sistema de Governo:
BACELAR GOUVEIA (página 426) “A C1822 consagrou, do ponto de vista puramente formal (uma vez que
as suas duas e atribuladas curtas vigências não permitiram tirar ilações do foro da aplicação prática das
normas constitucionais), um sistema de governo “presidencial”, com a excepção de o Chefe de Estado
ser, não um Presidente da República, mas um Rei”
• Fixou-se a independência recíproca dos órgãos do Estado, não sendo admitido ao poder executivo
dissolver o parlamento e não se autorizando o Parlamento a demitir, por razões políticas, os secretários
nomeados pelo Rei
• Confirmou-se essa independência por o poder de veto real ser meramente suspensivo, ultrapassável
pela mesma maioria que aprovasse o decreto legislativo, para além de um largo leque de competências
em que se dispensava essa sanção real
• Optou-se pelo carácter unicameral das Cortes, sem reflexo do principio monárquico, não havendo
assento para os representantes da aristocracia
• escolheu-se a eleição directa como modo de designação dos membros das cortes, prevalecendo uma
presença mais forte do principio democrático
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• o texto constitucional estabelecia uma união entre Portugal – com todos os seus territórios ultramarinos
- e o Brasil
• as entidades de governo no âmbito desta união real não eram totalmente simétricas, tendo de comum
aos dois reinos o Rei, as Cortes e o Conselho de Estado
• a particularidade afirmava-se no plano executivo, consagrando-se a autonomia institucional no Brasil,
para o mesmo se criando uma Delegação do Poder Executivo, com funções de regência
•A delegação do Poder Executivo era composta por cinco membros com cargos diferenciados, contudo as
suas competências estavam fortemente limitadas
• BACELAR GOUVEIA (página 430) “ A união real entre Portugal e o Brasil apenas se assumia relevante no
plano do poder executivo, sendo assim uma união real imperfeita, restrita que estava a esse tipo de
poder público. Mas esta união real comungaria do destino da própria C1822 e não duraria muito tempo
para este efeito, pois que logo em 7 de Setembro de 1822 o Brasil proclamaria a sua independência
politica, fazendo caducar estas normas daquele articulado constitucional ”
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
A Carta Constitucional da
Restauração de 1826
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• O texto constitucional de 1822 era um texto demasiado liberal para o seu tempo, mas o tempo
também já não era de um Estado Pré-constitucional
• Foi assim que apareceu a Constituição de 1826, nascendo do contexto da Restauração, numa linha
compromissória, reconhecendo-se que a Constituição de 1822 tinha ido longe demais.
• “Daí que tudo se conjugasse para uma solução de equilíbrio, mantendo-se uma ordem constitucional,
mas temperada de alguns excessos cometidos, na tentativa de se fazer a “ponte” entre os legitimistas,
encabeçados por D. Miguel, e os liberais, chefiados por D. Pedro IV, entretanto Imperador do Brasil ”
•Aclamado como rei, o Imperador do Brasil (D. Pedro), perante o inconveniente da união pessoal de
dois reinos outorgou, primeiro, uma Carta Constitucional à Monarquia Portuguesa, abdicando a seguir
em sua filha, D. Maria. A abdicação era, porém, condicionada ao casamento desta com o tio D. Miguel,
e à garantia da vigência da Carta outorgada.
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• O poder constituinte baseia-se, agora, no princípio monárquico: é o monarca que, por livre vontade,
outorga uma lei fundamental, que se designa por Carta.
• principio monárquico
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• O resultado foi a outorga de um texto constitucional, com o nome de “Carta Constitucional para o
Reino de Portugal, Algarve e seus Domínios”, em 29 de Abril de 1826, no Rio de Janeiro, com 145
artigos e a seguinte sistematização:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• Foi o texto constitucional que vigoraria mais tempo em Portugal na Idade Contemporânea
• Não foi, contudo, uma vigência contínua
• Foi uma vigência que decorreu em três períodos distintos:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Direitos Fundamentais:
• comparativamente ao texto constitucional de 1822, mostrou-se compromissória, com avanços e recuos
do ponto de vista da protecção das pessoas
• foi no seu último, mas mais extenso, artigo 145.º que se deu a consagração dos direitos fundamentais,
assim se evidenciando uma certa desvalorização sistemática dos mesmos
• apesar da desvalorização simbólica dos direitos fundamentais pode-se dizer que o saldo final foi o do
acréscimo da protecção da pessoa
• o mesmo se pode dizer dos direitos sociais, cuja formulação, ainda que alterada, registou uma contínua
reiteração de vários dos seus tipos: a garantia de “socorros públicos”, de “instrução primária e gratuita a
todos os cidadãos” e de “ Colégios Universitários”
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Houve, igualmente, a preocupação com a adição de novos direitos, com os seguintes novos direitos,
princípios e liberdades:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Organização politica:
A monarquia cartista é considerada como uma verdadeira diarquia: o poder político é partilhado
pelo Rei e pela oligarquia.
A capacidade eleitoral era apenas reconhecida àqueles que, pelo menos, tivessem ”cem mil réis,
por bens de raiz, indústria, comércio ou emprego”. As condições de elegibilidade eram ainda mais
rigorosas. Abriram-se as portas das Cortes à aristocracia conservadora e legitimista e à burguesia
industrial e financeira.
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Cortes:
• Poder legislativo
• Tinham uma estrutura bicameral, com a Câmara dos Pares e a Câmara dos Deputados
• A Câmara dos Pares era constituída por aristocratas designados pelo Rei, a título vitalício ou hereditário
• A Câmara dos Deputados era composta por parlamentares eleitos, num primeiro momento
indirectamente, mas depois através de sufrágio directo, para um mandato de 4 anos
•A Câmara dos Deputados era electiva e temporária e a Câmara dos Pares era composta por membros
vitalícios e hereditários, nomeados pelo Rei e sem número fixo, a estes acresciam os Pares que tinham
por direito próprio ou em virtude do nascimento.
• “O funcionamento das Cortes adequava-se a um sistema bicameral perfeito, em que ambas as câmaras
podiam intervir na aprovação de diplomas, apesar de algumas competências específicas serem atribuídas
a cada uma delas”
• A iniciativa cabe a qualquer das Câmaras, bem como ao poder executivo. A discussão dos projectos
faz-se também nas duas assembleias, regulando o texto o procedimento a adoptar em caso de
divergências. O Monarca participaria também, através da sanção e do veto. O veto real tinha efeito
absoluto. 39
9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
O Rei
• era titular de dois distintos poderes, o poder moderador e o poder executivo
• o poder executivo compreendia a prática de actos de administração, exercido pelos seus ministros e
secretários
•A actividade do rei era auxiliada pelo Conselho de Estado, órgão de consulta composto por membros
vitalícios por ele nomeados, com competência para serem “… ouvidos em todos os negócios graves e
medidas de pública administração, principalmente sobre a declaração de guerra, ajustes de paz,
negociações com as nações estrangeiras; assim como em todas as ocasiões, em que o rei se proponha
exercer qualquer das atribuições próprias do poder moderador…”
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Os Tribunais:
• independentes
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Sistema de governo:
• monarquia constitucional
• “A C1826 estabeleceu um sistema que, apesar de na letra do texto constitucional o Rei ocupar um
papel preponderante, evolui no sentido de semiparlamentar, com equilíbrio entre a componente
monárquica e a componente parlamentar, ainda que com flutuações importantes ”
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Actos adicionais:
• foi objecto de diversas revisões constitucionais, que tomaram o nome de actos adicionais
Estes Actos adicionais puderam inserir-se, no plano da actividade politica, em dois grandes períodos
considerados de estabilização constitucional depois de 1842:
• o período da regeneração, desde 1842 até 1890, em que ocorre o rotativismos partidário entre
o Partido Regenerador e Partido Histórico/Progressista, com uma politica de fomento e de
industrialização do país
• o período da crise monárquica, de 1890 até à implantação da república, num tempo em que o
regime definhava, aceleradamente depois do ultimatum britânico
• iniciativa de revisão feita por escrito, com origem na Câmara dos Deputados, e apoiada pela sua terça
parte
• leitura por três vezes, com intervalos de seis dias, da proposta
• deliberação da Câmara dos Deputados, segundo a regra geral da aprovação por maioria, seguindo-se a
sanção e a promulgação régia
• nova deliberação da Câmara dos Deputados, no âmbito de uma nova legislatura, após eleição seguinte
dos Deputados
• preceito de auto-desconstitucionalização – “É só Constitucional o que diz respeito aos limites e
atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e Individuais dos Cidadãos. Tudo o
que não é constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas pelas legislaturas ordinárias”
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• surgiu na sequência de uma revolução, que foi a revolução de Setembro, ocorrida em 9 de Setembro
de 1836, e a qual poria termo à vigência da Constituição de 1826
• “As ideias subjacentes a este projecto revolucionário, de que fez parte Almeida Garrett como
Deputado constituinte e articulista, assentavam na revivescência dos princípios do liberalismo mais
progressivista, em certo sentido postergadores depois da vitória liberal sobre os partidários da ordem
pré-constitucional, ainda que o respectivo contorcionismo politico não pudesse dar um sinal seguro
quanto à coerência de uma ideia condutora”
• surge como constituição pactuada entre as Cortes e o Rei e como uma Constituição Compromisso
entre os defensores da soberania nacional e os partidários da monarquia constitucional assente no
principio monárquico
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• Sistematização
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• teve uma vigência de 4 anos, entre 4 de Abril de 1838 e 10 de Fevereiro de 1842, com o Golpe de
Costa Cabral
• Não teve nenhuma revisão constitucional
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
• elaborada no âmbito de Cortes Constituintes, seria confluído em 1838, alcançando uma dupla
legitimidade constitucional:
• parlamentar, por ter sido aprovado pelas Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes,
em 20 de Março de 1838
• Régia, por ter sido expressamente sancionado pela Rainha de então, D. Maria II, em 4
de Abril de 1838, data do próprio texto constitucional, ao ter aceitado e jurado o mesmo
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Direitos fundamentais:
• a C1838 retomou a tradicional localização sistemática dos direitos fundamentais, já que a
positivação destes direitos passou a constar de novo da parte inicial do articulado constitucional,
dedicando-se-lhe um titulo especifico – “ Dos Direitos e Garantias dos Portugueses”
• preocupação de manter os mesmos direitos sociais anteriormente garantidos, tanto na C1822 como
na C1826
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Organização Política:
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Cortes:
• poder legislativo
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
O Rei:
• poder executivo
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Os Tribunais:
• poder judicial
• introduziu-se um duplo papel ao juiz com uma tarefa relacionada com a aplicação Direito e aos
jurados no plano da comprovação dos factos, não restrita às causas penais e admitindo-se a sua
presença nas causas cíveis
• no plano da hierarquia judiciária, surgia já com alguma nitidez a ideia de três instancias judiciárias
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9. As Constituições monárquicas: 1822, 1826, 1838
Sistema de Governo:
• sistema de governo misto, de carácter orleanista, com equilíbrio entre a componente monárquica e
a componente parlamentar
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10. A Constituição Republicana de 1911
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10. A Constituição Republicana de 1911
• Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, quando pela janela dos Paços do Concelho de
Lisboa foi proclamado o regime republicano
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10. A Constituição Republicana de 1911
• Logo que o regime republicano foi proclamado, iniciaram-se os trabalhos conducentes à redacção
do novo texto constitucional, que só seria aprovado em 21 de Agosto de 1911
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10. A Constituição Republicana de 1911
• A constituição de 1911 duraria até 1926, momento em que uma outra revolução poria termo à
sua vigência. Ficou, ainda marcada pelo interregno sidonista, pois que o mesmo implicou a quebra
da ordem constitucional formal, com a sua substituição por uma outra ordem constitucional.
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10. A Constituição Republicana de 1911
Direitos Fundamentais:
• o plano da garantia dos direitos fundamentais seria uma das maiores mudanças trazidas pelo
regime republicano
• os direitos fundamentais não estavam num único artigo, mas encontravam-se concentrados em
dois artigos.
• Boa parte dos direitos anteriormente consagrados nos textos constitucionais seriam garantidos,
mas houve a consagração de novos direitos fundamentais
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10. A Constituição Republicana de 1911
• escassa mudança introduzida nos direitos sociais, apenas se notando que o ensino primário era não só
gratuito mas também obrigatório
• ausente igualdade política entre homens e mulheres, que, podendo estar formalmente consagrada no
texto constitucional seria drasticamente distorcida ao nível da legislação ordinária eleitoral 61
10. A Constituição Republicana de 1911
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10. A Constituição Republicana de 1911
• outro importante preceito foi o que consagrou a expressa possibilidade de o texto constitucional
conter outros direitos fundamentais de valor constitucional – direitos fundamentais atípicos - para
além dos já positivados
•Consagrava-se assim “ A especificação das garantias e direitos não enumerados, mas resultantes
da forma de governo que ela estabelece e dos princípios que consigna ou constam doutras leis”
• introdução de uma clausula aberta ou de não tipicidade do catálogo dos direitos fundamentais,
através da qual se fazia o reconhecimento explicito dos direitos fundamentais atípicos, com uma
norma que abria o sistema constitucional de direitos fundamentais
•“A operacionalização desta abertura aos direitos fundamentais atípicos, não sendo propriamente
indiscriminada, sujeitava-se às seguintes balizas:
─ a eficácia normativa dos direitos a colher pela sua consagração prévia ao nível de
uma fonte legal;
─ a selecção material dos direitos com base numa concepção republicana, que se
identificava com os princípios constitucionais republicanos, subjacentes À lógica do
sistema político republicano;
─ a aplicação parcial do regime dos direitos fundamentais enumerados aos direitos
fundamentais atípicos, sublinhando-se a particularidade da sua constitucionalização.”
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10. A Constituição Republicana de 1911
• Carácter ainda limitado desse sufrágio, mantendo-se ainda diversas discriminações em razão da
idade e do sexo.
• Quanto à disposição dos poderes, reafirmava-se a tripartição dos poderes, o poder executivo, o
poder legislativo e o poder judicial, considerados “independentes e harmónicos entre si” (artigo
6.º)
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10. A Constituição Republicana de 1911
Poder Legislativo:
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10. A Constituição Republicana de 1911
Poder executivo:
• O Chefe de Estado era eleito pelo Congresso em sessão conjunta, por maioria de dois terços dos
votos, para um mandato de 4 anos, sem possibilidade de reeleição para o quadriénio imediato,
havendo a possibilidade de poder ser destituído
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10. A Constituição Republicana de 1911
Poder Judicial:
• estava distribuido por um Supremo Tribunal de Justiça e por tribunais de primeira e segunda
instância
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10. A Constituição Republicana de 1911
Sistema de governo:
•Parlamentarismo absoluto
•sistema de governo republicano de índole parlamentar, na sua vertente de assembleia:
• o Congresso da República não podia ser, em caso algum, dissolvido pelo Presidente
da República
• o Presidente da República não tinha qualquer poder de veto, nem mesmo suspensivo,
sobre os decretos enviados pelo Congresso da República para serem promulgados,
adoptando-se a solução da promulgação tácita caso não houvesse decisão no prazo de
15 dias
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10. A Constituição Republicana de 1911
• uma novidade extremamente relevante seria a introdução, pela primeira vez na Europa, do
mecanismo da judicial review, oriundo do Direito Constitucional Norte-Americano, recebido por
intermédio da segunda Constituição brasileira de 1891
• consistia ele na faculdade atribuída aos tribunais em geral de suscitarem, e depois resolverem,
dúvidas de inconstitucionalidade nas leis que viessem a aplicar nos litígios que tinham entre mãos
• artigo 63.º “O Poder Judicial, desde que, nos feitos submetidos a julgamento, qualquer das
partes impugnar a validade da lei ou dos diplomas emanados do Poder Executivo ou das
corporações com autoridade pública, que tiverem sido invocados, apreciará a sua legitimidade
constitucional ou conformidade com a Constituição e princípios nela consagrados”
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10. A Constituição Republicana de 1911
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10. A Constituição Republicana de 1911
Revisões Constitucionais:
• Lei n.º 635, de 28 de Setembro de 1916 – a manutenção da extinção dos direitos nobiliárquicos,
mas admitindo galardoar feitos cívicos e actos militares com ordens honoríficas, proibição geral da
pena de morte, à excepção da situação necessária e, teatro de guerra
• Lei n.º 854, de 20 de Agosto de 1919 – a fixação de um subsídio conferido aos parlamentares
• Lei n.º 1005, de 7 de Agosto de 1920 - o reforço dos poderes legislativo e executivo nas
matérias atenienetes ao governo das colónias
• Lei n.º 1154, de 27 de Abril de 1921 – adopção de esquemas de maior funcionalidade para os
trabalhos parlamentares
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10. A Constituição Republicana de 1911
• um procedimento normal – sujeito ao limite temporal de 10 anos, tempo necessário para que
uma nova lei de revisão pudesse ser aprovada
• um procedimento antecipado – podendo a revisão ser encurtada em cinco anos, no caso de tal
decisão ser tomada por maioria de dois terços dos membros do Congresso
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10. A Constituição Republicana de 1911
•Instabilidade governamental
•a vigência da Constituição de 1911 sofreu um interregno entre 1917 e 1918, com a assunção de
poderes de Sidónio Pais
• O de Estado de 5 de Dezembro de 1917 foi protagonizado por Sidónio Pais que concebeu um
Estado Corporativo, tento rapidamente elaborado um texto constitucional que duraria apenas um
ano, num tempo conhecido por “República Nova”
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11. A Constituição Fascizante de 1933
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Foi o golpe de 28 de Maio de 1926 que colocou termo à I República, inaugurando um outro
período constitucional, o da II República - “Estado Novo”
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• 2 fases distintas:
• 1ªfase – Ditadura Militar, entre 1926 até 1933, com base em textos constitucionais
avulsos e provisórios
• 2ªfase – com a Constituição de 1933, desde 1933 até 1974
• A elaboração do texto constitucional de 1933 foi obra restrita, muito devendo a Oliveira Salazar,
mas com a formal autoria de um Conselho Político Nacional e com a particularidade de ter sido
popularmente votada em 19 de Março de 1933
• viria a ser um plebiscito, e não um referendo, até porque nas respectivas regras se evidenciava
não apenas o voto obrigatório, como o facto de as abstenções serem consideradas como votos a
favor: o resultado foi um sim à nova Constituição, que teria como data de publicação o dia 11 de
Abril de 1933
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• influências:
• O texto inicial viria, ainda, a ser complementado pela republicação do Acto Colonial,
um texto com um valor formalmente constitucional, que visava esclarecer a nova
organização política dos territórios ultramarinos
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11. A Constituição Fascizante de 1933
Direitos Fundamentais:
• artigo 5.º C1933 “O Estado Português é uma República unitária e corporativa, baseada na
igualdade dos cidadãos perante a lei, no livre acesso de todas as classes aos benefícios da
civilização e na interferência de todos os elementos estruturais da nação na vida administrativa
e na feitura das leis”
• os direitos fundamentais ordenavam-se por vários títulos das partes do texto constitucional
• manteve-se, até, com maior amplitude, pela omissão de um critério material, a clausula de
abertura dos direitos fundamentais
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• nos aspectos de ordem social a C1933 significou uma viragem para uma concepção corporativa do
estado e da sociedade, consagrando-se alguns direitos fundamentais sociais destas vertentes tais como:
• protecção da família
• a associação do trabalho à empresa
• direito à educação e à cultura
• a liberdade de criação de escolas particulares
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• não havia qualquer religião oficial, embora não se rejeitasse a possibilidade de tratamento
preferencial à Igreja Católica
• Com a revisão de 1971 veio considerar-se a religião católica como a “religião tradicional da Nação
Portuguesa”
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• possibilidade de prisão sem culpa formada nalguns dos crimes mais graves
• caso da limitação geral adveniente da necessidade de, quanto aos direitos os cidadãos fazerem “…
uso deles sem ofensa dos direitos de terceiros, nem lesão dos interesses da sociedade ou dos
princípios da moral”
• a revisão de 1951 consagrou novos direitos sociais, como o direito do trabalho, ao que se juntou a
incumbência geral de o Estado defender a saúde pública
• introduziu-se (diferentemente dos textos constitucionais anteriores) uma visão acerca da sociedade
e da economia, não se regulando apenas o Estado
• “Daí que seja o primeiro texto constitucional português a conferir uma directa relevância à
estruturação da sociedade, embora da óptica de um Estado autoritário de cunho fascizante”
• representou uma visão ordenada da sociedade, não de uma óptica individualista, mas numa óptica
grupal, em que os interesses da mesma se projectariam a partir de dimensões sociais, desde a família
às corporações profissionais e sindicais ou os corpos administrativos
•“a expressão do bem comum através das diversas corporações não surgia livremente, mas de “cia
para baixo”, sendo imposta pela Estado, que o disciplinava e, sobretudo, dirigia”
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• a visão corporativa fazia-se sentir igualmente na direcção da economia, tanto num plano interno
como num plano externo:
• Organização politica:
• não se podia visualizar uma opção de separação dos poderes, antes uma concentração
dos poderes, formalmente no Chefe de Estado e materialmente no Presidente do COnselho
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Chefe de Estado:
• durante boa parte da vigência da Constituição foi eleito por sufrágio directo, ainda que
bastante restrito, por um mandato, ilimitado quanto à sua renovação, de 7 anos
• consagração de um princípio de irresponsabilidade politica em relação aos outros órgãos
•“O Presidente da República responde directa e exclusivamente perante a Nação pelos actos
praticados no exercício das suas funções, sendo o exercício destas e a sua magistratura
independentes de quaisquer votações da Assembleia Nacional”
• era auxiliado pelo Conselho de Estado, órgão composto por dez membros e presidido pelo
chefe de Estado, de consulta obrigatória no caso de tomada das mais relevantes decisões de
natureza politica
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Assembleia Nacional
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Governo
• a figura do seu Chefe era o fulcro do sistema politico, dadas as amplas que dispunha e o
controlo exercido pelo Chefe de Estado por intermédio da referenda ministerial
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Tribunais:
• função judicial
• organizados por tribunais ordinários e por tribunais especiais
• estabelecia-se uma hierarquia relevante
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Sistema de Governo:
• era um sistema de chanceler porque a concentração dos poderes se dava, não no Chefe
de Estado mas no Primeiro-Ministro
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Revisões constitucionais:
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11. A Constituição Fascizante de 1933
• Revisão constitucional:
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Sistematização:
Princípios Fundamentais
Parte I – Direitos e Deveres fundamentais
Parte II – Organização económica
Parte III – Organização do poder político
Parte IV – Garantias e Revisão da Constituição
Disposições finais e transitórias
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Revisões constitucionais
1982
1989
1992
1997
2001
2004
2005
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Revisão de 1982:
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Revisão de 1989:
Organização económica
O pano de fundo foi a adesão de Portugal à CEE
Revisão de 1992:
foi mínima
Apenas modificou os preceitos que pudessem ser contrariados pelo TUE,
entretanto aprovado
distinção entre revisão ordinária e revisão extraordinária
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Revisão de 1997:
Revisão de 2001:
•Ratificação do ERTPI
•Possibilidade do sindicalismo policial
•Alargamento dos direitos políticos dos cidadãos de língua portuguesa
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Revisão de 2004:
Revisão de 2005:
99