You are on page 1of 24

AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS

DIREITOS HUMANOS

Prof. Ms. Jhon Lisbino


CONSTITUCIONAL
ISMO

Teoria ou ideologia que ergue o princípio do


governo limitado indispensável à garantia dos
direitos em dimensão estruturante da
organização político-social de uma
comunidade, sendo uma teoria normativa da
política, tal como a teoria da democracia ou a
teoria do liberalismo (José Joaquim Gomes
Canotilho)
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
CONSTITUCIONALISMO

• Constitucionalismo na Idade Antiga


Este Estado, cuja primeira referência se tem por volta do ano
1.200 a.C, era teocrático e sua organização tinha como fontes
do direito as leis não escritas, os costumes e a religião. Os
chefes familiares e os líderes dos clãs eram que definiam as
leis que a sociedade deveria seguir, os quais representavam o
poder divino na terra. Os profetas eram quem limitavam o
poder das autoridades, por meio da fiscalização e punição,
quando elas extrapolavam o Direito religioso, o qual era
baseado na Bíblia e que era passado de geração para geração.
Predominava a chamada “Lei do Senhor”.
Constitucionalismo
na Idade Média
O mais relevante pacto deste período foi a Magna
Charta Libertatum, de 15 de junho de 1215, tornada
definitiva em 1225, outorgada pelo Rei João, mais
conhecido como João Sem Terra, na Inglaterra. Ela
marcou o ressurgimento do Constitucionalismo,
reconhecendo diversos direitos limitadores do poder
estatal, dentre eles citam-se o habeas corpus, a
limitação ao direito de tributar, o direito de petição, a
instituição do júri, o devido processo legal, o princípio
do livre acesso à justiça, a liberdade de religião, a
aplicação proporcional das penas, direito de
propriedade, entre outras.
Constitucionalismo na Idade
Moderna
Observa-se neste período, entre outros acontecimentos, a continuidade do chamado
Constitucionalismo Inglês, o qual consagra o Princípio Rule of Law (governo das leis),
com o surgimento da Petition of Right, de 1628, do Habeas Corpus Act, de 1679, da
Bill of Right, de 1689 e da Act of Settlement, de 1701, marcando, desta forma, uma
transição lenta e paulatina das fontes de poder das mãos do monarca para os textos
que podem ser comparados aos constitucionais, os quais estabeleciam uma série de
direitos individuais.
Acerca dos documentos elencados, pode-se dizer que a Petition of Rights foi uma
petição dirigida pelo parlamento inglês ao monarca solicitando que os direitos dos
súditos fossem reconhecidos. O Habeas Corpus Act representou um marco na busca
da liberdade individual, evitando que ocorressem prisões determinadas de forma
arbitrária. A Bill of Rights foi um documento importantíssimo, que decorreu da
Revolução Inglesa (Glorious Revolution), que durou do ano de 1688 a 1689. Ela
elenca uma declaração de direitos e afirma a supremacia do parlamento.
O Act of Settlement (Ato de Estabelecimento) tinha como principais objetivos
reafirmar a necessidade de os governantes se submeterem as leis, garantir a
independência dos órgãos jurisdicionais e prever a possibilidade de
responsabilização dos agentes políticos.
DE ONDE SURGIU O
ESTADO?
THOMAS HOBBES (1588 –1679)

“Isso é mais do que consentimento ou concórdia, pois resume-


se numa verdadeira unidade de todos eles, numa só e mesma
pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os
homens [...] Esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou
antes – com toda reverência – daquele deus mortal, ao qual
devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa” [...] É
nele que consiste a essência do Estado, que pode ser assim
definida: ‘Uma grande multidão institui a uma pessoa,
mediante pactos recíprocos uns aos outros, para em nome de
cada um como autora, poder usar a força e os recursos de
todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar
a paz e a defesa comum’. O soberano é aquele que representa
essa pessoa”. (HOBBES, 2003, p.130-1 31).
JOHN LOCKE (1632 -1704)
No estado de natureza, situação em que segundo a doutrina contratualista o
homem ainda não instituiu o governo civil, John Locke entende que os
indivíduos são iguais, independentes e estão plenamente livres para decidir
suas ações, dispor de seus bens e regular os semelhantes que possam vir a
ofender os seus direitos naturais de acordo com seu próprio arbítrio, sendo
permitido usar de qualquer meio para salvaguardar suas vidas, liberdade,
saúde e posses. No entanto, a vida neste estado natural, implica na
incerteza e insegurança da manutenção de próprios direitos, pois o homem
é exposto constantemente à violação de sua intimidade e domínios, uma
vez que todos são reis absolutos em suas decisões e julgam de acordo com
seus valores, sempre em causa própria. Este julgamento, ainda que de
forma correta, não dispõe de nenhum poder social instituído que sustente e
dê subsídios para execução de sua sentença. O homem, então, renuncia esta
condição de liberdade pelo aparente paradoxo da sujeição e submissão ao
domínio de outro poder instituído pelo consenso entre os indivíduos, a fim
de estabelecer a própria liberdade. Isto somente será possível em uma
sociedade politicamente organizada e regulada por uma instituição comum
a todos, que supra as carências e deficiências do estado de natureza,
garantindo-lhes a conservação da propriedade, finalidade precípua para os
homens se unirem em sociedades política se se submeterem a um governo,
dando-lhes leis claras e conhecidas, um magistrado imparcial e um poder
legítimo para fazer valer a execução de sua sentença. (NETTO, Adyr Garcia
Ferreira. Do estado de natureza ao governo civil em John Locke)
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712 -
1778)

"O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu e
encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro
fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos, quantas
misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando
as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: "Não
escutem a esse impostor! Estarão perdidos se esquecerem que os frutos são
de todos e a terra é de ninguém“ — Jean-Jacques Rousseau, frase de abertura
da segunda parte do Discurso, em Discurso sobre a Origem e os Fundamentos
da Desigualdade entre os Homens
A fundamentação do Estado rousseauniano é a vontade geral, que surge do
conflito entre as vontades particulares de todos os cidadãos. Como existe
uma tendência humana em defender os interesses privados acima da
vontade coletiva, a assembléia, enquanto um processo de decisão, é o espaço
da destruição das vontades particulares em proveito do interesse comum.
Isto é diferente da vontade de todos, que seria apenas a soma dos interesses
particulares dos cidadãos. “Há, às vezes, diferença entre a vontade de todos e
a vontade geral: esta só atende ao interesse comum, enquanto a outra olha o
interesse privado, e não é senão uma soma das vontades particulares. Porém,
tirando estas mesmas vontades, que se destroem entre si, resta como soma
dessas diferenças a vontade geral”. (Idem:32).
Constitucionalismo na Idade
Contemporânea (Pós-
Moderna)
Foi caracterizado pelo surgimento de Constituições modernas,
escritas, rígidas, dotadas de SUPREMACIA CONSTITUCIONAL,
com destaque para as Constituições norte-americana, de 14 de
setembro de 1787, e a francesa, de 3 de setembro de 1791, as
quais consagraram-se como diplomas que traziam em seu bojo o
ideário de liberdade, a ausência de interferência estatal e os
direitos individuais, influências típicas do iluminismo e que, por
sua vez, acabaram por influenciar a maioria da Cartas
Constitucionais ocidentais, dentre elas, as Constituições
brasileiras de 1824 e 1891.
José Joaquim Gomes Canotilho define a Constituição Moderna
com as seguintes características
(1) ordenação jurídico-política plasmado num documento escrito;
(2) declaração, nesta carta escrita, de um conjunto de direitos
fundamentais e do respectivo modo de garantia; (3) organização
do poder político segundo esquemas tendentes a torná-lo um
poder limitado e moderado.

NEOCONSTITUCIONAL
ISMO
O Neoconstitucionalismo, fundado na filosofia neopositivista (pós-positivista) foi um movimento
de transformação do Estado e do Direito, em especial da Constituição, que surge, na Europa, na
segunda metade do século XX, tendo como um dos principais marcos o julgamento ocorrido na
cidade de Nuremberg, Alemanha, no período compreendido entre 1945 e 1949.
O Tribunal, ao decidir, inovou, desconsiderando os postulados da escola exegética, na qual a lei se
confundia com o Direito, e proferiu sua decisão levando em consideração valores essenciais da
sociedade, criando, desta forma, um positivismo moderado. Daí em diante e não se podendo
mais admitir violações de direito legalizadas, passa a haver, gradativamente, uma interrelação
entre o direito e a moral, na sua forma de interpretação e aplicação.

Walber de Moura Agra informa:


o neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a concretização das prestações materiais
prometidas pela sociedade, servindo como ferramenta para a implantação de um Estado
Democrático Social de Direito. Ele pode ser considerado como um movimento caudatário do pós-
modernismo.
Dentre suas principais características, podem ser mencionadas: a)positivação e concretização de
um catálogo de direitos fundamentais; b)onipresença dos princípios e das regras; c)inovações
hermenêuticas; d)densificação da força normativa do Estado; e)desenvolvimento da justiça
distributiva.
AS GERAÇÕES/DIMENSÕES DOS
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS DE
PRIMEIRA
GERAÇÃO
DIREITOS INDIVIDUAIS, CIVIS E POLITICOS
DIREITOS DE
SEGUNDA
GERAÇÃO

DIREITOS
SOCIAIS
DIREITOS DE TERCEIRA
GERAÇÃO
DIREITOS DE FRATERNIDADE E SOLIDARIEDADE
No Direito Processual Civil, faz-se a distinção entre direitos coletivos em sentido estrito,
direitos individuais homogêneos e direitos difusos.
A definição desses direitos está no art. 81, parágrafo único, do Código de Defesa do
Consumidor:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
PROF. JOÃO TRINDADE CAVALCANTE FILHO
DIREITOS DE
QUARTA
GERAÇÃO
DIREITOS DE MANIPULAÇÃO GENÉTICA
A quem pretenda fazer um exame despreconceituoso do
desenvolvimento dos direitos humanos depois da Segunda
Guerra Mundial, aconselharia este salutar exercício: ler a
Declaração Universal e depois olhar em torno de si. Será
obrigado a reconhecer que, apesar das antecipações
iluminadas dos filósofos, das corajosas formulações dos
juristas, dos esforços dos políticos de boa vontade, o
caminho a percorrer e ainda longo. E ele terá a impressão de
que a história humana, embora velha de milênios, quando
comparada às enormes tarefas que está diante de nós,
talvez tenha apenas começado.
Carta Internacional
dos Direitos do
Homem
A Carta Internacional dos Direitos do
Homem é constituída pela:
1. Declaração Universal dos Direitos do
Homem (1948);
2. Pacto Internacional sobre os Direitos
Económicos Sociais e Culturais (1966), e
3. Pacto Internacional sobre os Direitos Civis
e Políticos e seu Protocolo Facultativo
(1966).
Com a Declaração de 1948, tem inicio uma terceira e última fase, na qual a afirmação dos direitos é, ao mesmo tempo, universal e
positiva: universal no sentido de que os destinatários dos princípios nela contidos não são mais apenas os cidadãos deste ou daquele
Estado, mas todos os homens; positiva no sentido de que põe em movimento um processo em cujo final os direitos do homem
deverão ser não mais apenas proclamados ou apenas idealmente reconhecidos, porém efetivamente protegidos até mesmo contra
o próprio Estado que os tenha violado. No final desse processo, os direitos do cidadão terão se transformado, realmente,
positivamente, em direitos do homem. Ou, pelo menos, serão os direitos do cidadão daquela cidade que não tem fronteiras, porque
compreende toda a humanidade; ou, em outras palavras, serão os direitos do homem enquanto direitos do cidadão do mundo.
Somos tentados a descrever o processo de desenvolvimento que culmina da Declaração Universal também de um outro modo,
servindo-nos das categorias tradicionais do direito natural e do direito positivo: os direitos do homem nascem como direitos naturais
universais, desenvolvem-se como direitos positivos particulares, para finalmente encontrarem sua plena realização como direitos
positivos universais.
A Declaração Universal contém em germe a síntese de um movimento dialético, que começa pela universalidade abstrata dos direitos
naturais, transfigura-se na particularidade concreta dos direitos positivos, e termina na universalidade não mais abstrata, mas
também ela concreta, dos direitos positivos universais.
Quando digo “contém em germe”, quero chamar a atenção para o fato de que a Declaração Universal é apenas o início de um longo
processo, cuja realização final ainda não somos capazes de ver. (Bobbio)
NORBERTO
BOBBIO
A ERA DOS DIREITOS
(1992)

• Matriz Juspositivista;

• Essa obra possui como elemento-chave a crítica


à teoria jusnaturalista, com relação aos direitos
do homem, e a constatação de que o problema,
dos referidos direitos, não está na busca por um
fundamento absoluto, mas sim na sua real
efetivação.

• Explica que a teoria jusnaturalista propõe a


interpretação dos Direitos Humanos a partir de
princípios que estão apoiados em um
fundamento absoluto.
Para sustentar seu posicionamento, Bobbio destaca QUATRO DIFICULDADES de se defender e acreditar em um
fundamento absoluto.

1. Primeiramente entende que os jusnaturalistas não definem o conteúdo dos Direitos Humanos, sendo os
termos avaliativos interpretados de modo diverso, conforme o olhar ideológico do intérprete. A utilização da
natureza humana, como origem desses direito, é algo extremamente abstrata e vaga, carregada de
generalidade, que não soluciona as contradições existentes entre os diversos direitos dos homens. Contradição
esta que se apresenta insolúvel quando passa da enunciação puramente verbal, para a efetiva aplicação dos
direitos humanos.
2. Os Direitos Humanos variam no tempo e no espaço, não possuindo conteúdo estático;
3. O terceiro ponto dificultador da existência do referido fundamento absoluto seria o fato de os Direitos
Humanos serem heterogêneos entre si, muitas vezes até mesmo incompatíveis. Não se pode afirmar ou
ampliar um determinado direito, em favor de uma categoria, sem suprimir ou restringir outro direito.
4. Do problema da heterogeneidade decorre o quarto empecilho para o fundamento absoluto, qual seja, o
problema da antinomia.
Inegável que existe uma crise dos fundamentos. Deve-se reconhecê-la, mas
não tentar superá-la buscando outro fundamento absoluto para servir
como substituto para o que se perdeu. Nossa tarefa, hoje, é muito mais
modesta, embora também mais difícil. Não se trata de encontrar o
fundamento absoluto — empreendimento sublime, porém desesperado —,
mas de buscar, em cada caso concreto, os vários fundamentos possíveis.
Mas também essa busca dos fundamentos possíveis — empreendimento
legítimo e não destinado, como o outro, ao fracasso — não terá nenhuma
importância histórica se não for acompanhada pelo estudo das condições,
dos meios e das situações nas quais este ou aquele direito pode ser
realizado. Esse estudo é tarefa das ciências históricas e sociais. O problema
filosófico dos direitos do homem não pode ser dissociado do estudo dos
problemas históricos, sociais, econômicos, psicológicos, inerentes à sua
realização: o problema dos fins não pode ser dissociado do problema dos
meios. Isso significa que o filósofo já não está sozinho. O filósofo que se
obstinar em permanecer só termina por condenar a filosofia à esterilidade.
Essa crise dos fundamentos é também um aspecto da crise da filosofia.
STATUS DE GEORGE JELLINEK

You might also like