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Manuel Simas Santos – Abril, 2023

1
CURSO DE
JUIZ DE GARANTIAS
ANGOLA
MANUEL SIMAS SANTOS
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

DIREITO PROCESSUAL PENAL


CONSTITUIÇÃO
DIREITO INTERNACIONAL
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

3 DIREITO PROCESSUAL PENAL

• Falar de Juiz de Garantias leva-nos para o universo do Processo Penal.


• Processo Penal, modo de exercício da jurisdição penal, na função de realização efectiva do
direito penal (aplicação de uma pena) + prevenção da perigosidade (aplicação de medidas
de segurança) ou de efectivação da responsabilidade civil decorrente do crime (fixação de
uma indemnização)
• Direito Processual Penal é o complexo de normas jurídicas que tem por objectivo proceder à
regulamentação dos procedimentos a que deve obedecer a averiguação de um facto criminalmente
ilícito, por forma a permitir que a entidade pública competente dê concretização prática e efectiva ao
correspondente poder punitivo de que é titular.
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4 DT.º PROC. PENAL VERSUS DT.º PENAL

• Direito penal é o complexo de normas, normalmente compiladas num texto base e


fundamental – o Código Penal –, que num dado espaço político-jurídico define o que é
crime, estabelece as condições em que o mesmo pode ocorrer e fixa as suas consequências
jurídicas, portanto, um conjunto de prescrições impostas de forma geral e
abstracta ao corpo social e dos subsequentes efeitos quando não observados.
• Direito Processual Penal é antes o instrumento que dá concretização prática àquele
programa, fornecendo à comunidade a “ferramenta” através da qual se põe em
movimento uma série de expedientes e actos destinados a averiguar se houve ilícito, quem
o cometeu e que censura (se for caso disso) lhe há-de caber.
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5 CRIMINOLOGIA

• Também a criminologia, com a atenção que esta presta ao sistema de controlo, à


impunibilidade e às instâncias formais de controlo (as polícias, o M.° P.° e o tribunal) se
relaciona com o direito processual penal.
• Criminologia só quando circunscrita a uma reduzida expressão quantitativa, actua
eficazmente a função protectora da norma: nem todas as condutas são visíveis, nem todas
são punidas, o que encontra expressão no arquivamento em caso de dispensa ou isenção de
pena (art.° 325.°) ou na suspensão provisória do processo (art. 326.°), em que não há
condenação do arguido.
• Contribuiu para a distinção entre a grande e a pequena e média criminalidade e o seu
tratamento diferenciado.
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6 NOÇÃO DE PROCESSO

• Como concretiza, realiza o direito processual penal, no terreno o direito penal,


desencadeando o exercício do poder punitivo por banda da autoridade pública?
• Através do processo, ou seja, «uma sequência de actos juridicamente preordenados e
praticados por certas pessoas legitimamente autorizadas em ordem à decisão sobre se foi
praticado algum crime e, em caso afirmativo, sobre as respectivas consequências jurídicas
e sua aplicação»:
• Instrumental;
• Material ou documental;
• Garantístico.
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7 NOÇÃO DE PROCESSO

•Na vertente: instrumental:


•enquanto actos ou diligências encadeados, mais ou menos formais;

•Com objectivo averiguar facto ou factos tidos por criminalmente relevantes;

•Na vertente material ou documental:


•enquanto documento, conjunto de papéis, dossier, autos;

•que se destinam a dar conta do que foi feito e recolhido com vista ao esclarecimento desses
factos e à decisão sobre o seu merecimento jurídico-criminal.
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8 NOÇÃO DE PROCESSO

• Na vertente garantística

• é também um instrumento de defesa dos cidadãos, impedindo os excessos de quem o


conduz – que assim deixa de poder actuar sem rédeas na investigação e julgamento dos
factos – e viabilizando o exercício pleno, pelos respectivos intervenientes, particularmente
pelo arguido, de todos os direitos que a lei prescreve em favor daquele ou daqueles a
quem é imputada a prática de um facto criminalmente ilícito.

• Característica limitadora e cautelar, traduz o repúdio absoluto de todas as formas de


realização da justiça penal à margem do processo formalizado e proteccionista,
responsabilizante do próprio Poder e garantístico para o cidadão infiel ao direito.
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9 PROCESSO PENAL, CONSTITUIÇÃO E DIREITO


INTERNACIONAL
• As concepções políticas de base, o desenvolvimento social e cultural de uma
comunidade, e a sua consciência jurídica, plasmados na Constituição condicionam o
processo penal.
• Diz-se que o direito processual penal é “direito constitucional aplicado”, “espelho da
realidade constitucional”.
• ASSIM:
• o direito processual penal encontra os seus fundamentos na construção constitucional do
Estado; e
• a Constituição conforma a disciplina de diversos institutos processuais e a solução a dar
a diversos problemas processuais penais.
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10 MODELO DE PROCESSO PENAL


ADOPTADO

• Modelo de Estrutura Acusatória reflecte, integrado por um princípio de investigação que


a Constituição impõe; e
• que harmoniza os fins do processo:
• realização da justiça e descoberta da verdade material;
• protecção dos direitos fundamentais das pessoas e restabelecimento da paz jurídica

• com destaque para o poder dever da jurisdição de esclarecer e instruir autonomamente o


facto sujeito a julgamento, criando as bases necessárias à sua decisão.
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•«Trata-se, no fundo, de retirar as consequências do imperativo de justiça


social que vive no Estado de Direito material, sem com isso encurtar ou pôr em
risco os elementos de garantia dos direitos das pessoas bem como de não cair na
estrutura tradicional do processo civil, no reino do formal, do disponível e do
privativo».

•FIGUEIREDO DIAS, Direito Processual Penal, 1988-9, págs. 51-2.


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12 A CONSTITUIÇÃO

• Angola é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do


povo angolano, que tem como objectivo fundamental a construção de uma sociedade livre, justa,
democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social (art.º 1.º),
• Um Estado Democrático de Direito fundado na soberania popular, no primado da Constituição e
da Lei, na separação de poderes e interdependência de funções, na unidade nacional, no
pluralismo de expressão e de organização política e a democracia representativa e participativa
(art.º 2.º, n.º 1),
• Que promove e defende os direitos e liberdades fundamentais do Homem, quer como indivíduo
quer como membro de grupos sociais organizados,
• Assegura o respeito e a garantia da sua efectivação pelos poderes legislativo, executivo e judicial,
seus órgãos e instituições, bem como por todas as pessoas singulares e colectivas (n.º 2) que tem
como uma tarefa fundamental a garantia dos direitos e liberdades fundamentais [art.º 21.º, al. b)].
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13 A CONSTITUIÇÃO

• Todos gozam dos direitos, das liberdades e das garantias constitucionalmente


consagrados e estão sujeitos aos deveres estabelecidos na Constituição (art.º 22.º) e têm a
mesma dignidade social e são iguais perante a lei, sendo proibida a discriminação (art.º
23.º)
• Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são
directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas (n.º 1 do art.º 28.º), só
podem ser restringidos pela lei, se expressamente previsto na Constituição, e as restrições
limitam-se ao necessário, proporcional e razoável numa sociedade livre e democrática,
para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos (art.º 57.º,
n.º 1), com carácter geral e abstracto e sem efeito retroactivo nem diminuição da extensão e
do alcance do conteúdo essencial dos preceitos constitucionais (n.º 2).
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14 A CONSTITUIÇÃO

• Salvo em caso de guerra, de estado de sítio ou de estado de emergência, declarados


constitucionalemnete, os órgãos de soberania não podem, conjunta ou separadamente, suspender o
exercício dos direitos, liberdades e garantias (n.º 1 do art.º 58.º).
• Nunca a declaração do estado de guerra, do estado de sítio ou do estado de emergência pode afectar:
• (i) a aplicação das regras constitucionais relativas à competência e ao funcionamento dos órgãos de soberania;
• (ii) os direitos e imunidades dos membros dos órgãos de soberania;
• (iii) o direito à vida, à integridade pessoal e à identidade pessoal;
• (iv) a capacidade civil e a cidadania;
• (v) a não retroactividade da lei penal;
• (vi) o direito de defesa dos arguidos;
• (vii) a liberdade de consciência e de religião (n.° 5).
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15 A CONSTITUIÇÃO

• É assegurado a todos o acesso ao direito e à tutela jurisdicional efectiva e a procedimentos


judiciais caracterizados pela celeridade e prioridade, de modo a obter tutela efectiva e em
tempo útil, mediante processo equitativo, contra ameaças ou violações dos direitos,
liberdades e garantias pessoais desses direitos (art.º 29.º).
• É regulada a expulsão, extradição e direito de asilo (art.º 71.º), a inviolabilidade do
domicílio e da correspondência (art.os 33.º e 34.º), a liberdade de expressão e informação
(art.º 40.º), a liberdade de consciência, de religião e de culto artigo (art.º 41.º), a liberdade
de residência, circulação e emigração (art.º 46.º), de reunião e de manifestação (art.º 47.º),
de associação (art.º 48.º).
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16 A CONSTITUIÇÃO

• Destacam-se as normas dos n.os 5 e 6 do art.° 65.° sobre a aplicação da lei


criminal, que prescrevem a proibição de segundo julgamento pelo mesmo facto e
o direito dos cidadãos injustamente condenados à revisão da sentença e à
indemnização pelos danos sofridos,
• Bem como as garantias do processo penal levadas ao art.° 67.°:
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17 GARANTIAS DO PROCESSO PENAL (ART.°


67.°:
• (1) – ninguém pode ser detido, preso ou submetido a julgamento senão nos termos da lei, sendo
garantido a todos os arguidos ou presos o direito de defesa, de recurso e de patrocínio judiciário;
• (2) – presume-se inocente todo o cidadão até ao trânsito em julgado da sentença de condenação;
• (3) – o arguido tem direito a escolher defensor e a ser por ele assistido em todos os actos do
processo, especificando a lei os casos e as fases em que a assistência por advogado é obrigatória;
• 4) – os arguidos presos têm o direito de receber visitas do seu advogado, de familiares, amigos e
assistente religioso e de com eles se corresponder, sem prejuízo do disposto na al. e) do art.° 63.° e
o disposto no n.° 3 do art.° 194.°;
• (5) – aos arguidos ou presos que não possam constituir advogado por razões de ordem económica
deve ser assegurada, nos termos da lei, a adequada assistência judiciária;
• (6) – qualquer pessoa condenada tem o direito de interpor recurso ordinário ou extraordinário no
tribunal competente da decisão contra si proferida em matéria penal, nos termos da lei .
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18 DIREITO INTERNACIONAL

•O direito internacional enquanto fonte integrante do direito angolano (art.º 13.º CRA)

•Os direitos fundamentais consagrados na Constituição não excluem quaisquer outros


constantes das leis e das regras aplicáveis de direito internacional e os preceitos
constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e
integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a Carta
Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e os tratados internacionais sobre a matéria,
ratificados por Angola, ainda que não invocados pelas partes (art.º 26.º CRA).

•Assim, no processo penal, além da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de


10 de Dezembro de 1948, são atendíveis o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e
Políticos, e a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.
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19 O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

• Lei n.° 39/20 de 11 de Novembro::


• aprovou o CPP Angolano (art.° 1.°, L 39/20);
• revogou o CPP de 1929, e os diplomas que substituíram os seus preceitos e as disposições legais que
prevejam factos regulados pelo novo CPP (art.° 2.°, n.° 1, L 39/20).

• «Tendo em vista a realização de uma justiça penal célere e eficaz, alinhada com a
necessidade de assegurar o exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais;

• Impondo-se a introdução na ordem jurídica angolana de um Código do Processo Penal


que proporcione harmonização com o novo Código Penal Angolano e concilie, igualmente, as
necessidades da prática judiciária com as exigências de fundamentação sólida do Direito».
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20 O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

• As remissões constantes de outras leis processuais penais para o CPP de 1929


consideram-se feitas para o novo CPP (art.° 3.°, L 39/20).

• Segundo a norma transitória do art.° 4.° da L 39/20, o M.° P.° cessa o exercício das
competências atribuídas aos juízes de garantia pelo novo CPP, logo que estes entrem em
funções, cabendo ao CSMJ, criar condições para a sua entrada em funções, no âmbito das
suas competências (n.ºs 2 e 3).
• No n.° 3 dispõe que a Unidade de Referência Processual equivale à Unidade de
Correcção Fiscal.
• A Lei n.° 39/20, de 11 de Novembro e o CPP que aprovou entraram em vigor 90 dias
após a data da sua publicação (art.° 6.°, L 39/20).
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21 2. — O DIREITO PROCESSUAL PENAL


ANGOLANO:
• 2.1. O processo penal, a Constituição e o direito internacional;
• 2.2. O Código de Processo Penal;
• 2.3. A legislação avulsa;
• 2.4. Estrutura do Código de Processo Penal.
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SUMÁRIO
1 – Menções introdutórias:
2. – O Direito Processual Penal Angolano
3. – Princípios orientadores do direito processual penal
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ESTRUTURA DO CPP
23 Título I Disposições preliminares
PARTE I Título II Sujeitos processuais
Disposições
gerais Título III Actos processuais
Título IV Prova
Título V Meios de obtenção de prova

PARTE II
Formas e
Título I Formas de processo
tramitação de Título II Tramitação do processo
processo
comum na 1.ª Instância
Título III Tramitação dos processos
especiais
PARTE III –
Recursos
Título I Recursos ordinários
Título II Recursos extraordinários
Título I Execução das penas e medidas
PARTE IV – de segurança
Execução de Penas
e medidas de
segurança
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3. — PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO
DIREITO PROCESSUAL PENAL

3.1. Relativamente à configuração do processo;


3.2. Relativamente ao impulso processual;
3.3. Relativamente ao andamento do processo;
3.4. Relativamente à prova;
3.5. Relativamente à forma;
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25 PRINCÍPIOS ORIENTADORES

• O direito processual penal, repousa em determinados princípios estruturantes cuja


obediência não é sequer questionável no sentido e alcance que cada ordenamento jurídico
decide traçar-lhes.

• função pedagógica, consentindo «apreender sinteticamente os valores fundamentais em


que assenta o sistema processual vigente

• função político-legislativa, «enquanto permitem confrontar o sistema processual com os


valores sócio-políticos dominantes»; e, finalmente,

• função prática, na integração de lacunas, que se faz «por aplicação analógica das
disposições do Código, em primeiro lugar, e pela aplicação subsidiária das normas do
processo civil que se harmonizem com o processo penal e, na falta delas» pelos princípios
gerais do processo penal (art.° 3, n.° 2, parte final, do CPP).
Manuel Simas Santos – Abril, 2023 – da jurisdição e do juiz natural
Configuração do processo – do acusatório e do inquisitório
– da igualdade de armas
26 – da defesa
– da lealdade processual
PRINCÍPIOS
– da oficialidade
– da legalidade e da oportunidade
FUNDAMENTAIS Impulso processual – da acusação

– do contraditório
– da investigação
Andamento do processo – da celeridade e da economia
processuais

– da presunção de inocência
– in dubio pro reo
Prova – da livre apreciação da prova
– da verdade material

– da publicidade
– da oralidade
Forma – da imediação
– da concentração
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27 QUANTO À CONFIGURAÇÃO DO PROCESSO

• 1. — Princípios da jurisdição e do juiz natural;


• 2. — Princípios do acusatório e do inquisitório;
• 3. — Princípio da igualdade de armas;
• 4. — Princípio da defesa;
• 5. — Princípio da lealdade processual;
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28 PRINCÍPIO DA JURISDIÇÃO

•O conhecimento dos feitos de natureza criminal só pode ser levado a cabo pela via
jurisdicional, cabendo aos tribunais, como detentores exclusivos do poder de julgar,
administrar a justiça, por forma a assegurar, por um lado, a realização, isenta e
independente, do interesse público na repressão da violação da legalidade e resolução dos
conflitos, e, por outro, garantir a defesa dos direitos e interesses dos cidadãos legalmente
protegidos (cfr. art.° 174.° da CRA)

• Art.os 6.°, n.° 1, 1.a parte, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, 14.° , n.° 1, do Pacto
Internacional Sobre os Direitos Civis e Políticos, 7.° da Carta Africana dos Direitos do Homem e
dos Povos e 10.° da Declaração Universal dos Direitos do Homem,
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29 JUIZ NATURAL OU LEGAL

•Segundo o qual o julgamento dos efeitos penais deve ser realizado pelo tribunal a que lei
anterior haja conferido competência para tal.

•Competente para julgar o ilícito penal será o juiz pré-constituído por lei e nunca o juiz
arbitrária e discricionariamente designado a posteriori para o caso concreto, ou seja, o juiz
“ad hoc”, escolhido “a dedo” e à revelia de qualquer critério minimamente consistente e
objectivo e legal.
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30 ACUSATÓRIO E INQUISITÓRIO

• O princípio do acusatório significa que o processo deve ser estruturado de modo a que
caibam a entidades distintas a função de investigar, a função de acusar ou de pronunciar e a
função de julgar.
• Essa diferenciação pode ser vista numa perspectiva bidimensional:

• objectiva ou referente às fases do processo – fase da instrução, fase da acusação e fase do


julgamento; e
• orgânica ou subjectiva, isto é, atinente aos órgãos actuantes em cada uma dessas fases – órgão
instrutor (juiz de instrução), órgão acusador (M.° P.° ou particular) e órgão julgador (juiz de
julgamento).
• Significa que só se pode ser julgado por um crime precedendo acusação por esse crime por
parte de um órgão distinto do julgador, sendo a acusação condição e limite do julgamento.
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31 ACUSATÓRIO E INQUISITÓRIO

• Já, o princípio do inquisitório consiste na concentração na mesma entidade de poderes de intervenção


processual, independentemente da fase em que o processo se encontra e do objecto dessa mesma
intervenção (v.g. instrução/acusação/julgamento, ou outras combinações consoante a filosofia
processual imprimida ao sistema).
• O CPP adoptou um modelo processual de estrutura fundamentalmente acusatória, e integrado pelo
princípio da investigação (art.º 174.º da CRA).
• Há uma separação total entre quem investiga e acusa por um lado, e entre quem julga, por outro,
erguendo-se como salvaguarda de tal separação duas fases processuais perfeitamente diferenciadas:

• – uma dedicada à investigação processual e prévia à acusação;

• – outra virada para o julgamento, limitada pelo teor da acusação (ou da pronúncia se tiver tido
lugar a instrução).
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32 PRINCÍPIO DA IGUALDADE DE ARMAS

• Devem ser facultadas à acusação e à defesa as mesmas oportunidades de intervenção processual, de


modo a que cada uma delas possa fazer valer, em igualdade de circunstâncias, os seus pontos de vista e
as suas pretensões.
• O princípio tendencial, com o sentido de que quer a acusação, quer a defesa, devem
poder dispor de meios, instrumentos e oportunidades suficientemente eficazes para que
logrem a efectivação dos direitos que a lei lhes atribui.

• Embora a acusação e a defesa nunca possam pesar o mesmo na balança processual


penal, o processo deve, todavia, ser estruturado de modo a que sejam ao menos atenuadas até
ao máximo limite possível as desvantagens da defesa frente à acusação, sem o que a
actividade processual deixará de cumprir o seu papel de garante dos direitos do acusado.
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33 PRINCÍPIO DA DEFESA

• De algum modo medida realiza e dá conteúdo ao princípio da igualdade de armas, o


princípio da defesa consiste em facultar ao arguido a possibilidade, plena e sem constrangimentos, de
exercitar no processo todos os seus direitos de defesa, pessoalmente ou através de um defensor escolhido ou
nomeado.

• Consagrado expressamente no n.° 1 do art.° 69.° CPP: o arguido pode constituir advogado em
qualquer altura do processo; o arguido deve ser assistido por advogado nos casos em que a lei a
isso obriga (art.° 71.° CPP).

• Este princípio, não goza de igual amplitude em todo o seu caminho. Na fase do inquérito,
pode ser determinado o segredo de justiça (até ao despacho de pronúncia ou até ao despacho que
designa dia para a audiência, mantendo-se o expediente praticamente inacessível a pessoas
estranhas à investigação - art.° 97.° CPP), só sendo apenas permitidas consulta e obtenção de
certidões, mas sempre em termos limitados (art.° 102.° CPP).
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34 PRINCÍPIO DA LEALDADE PROCESSUAL

• Privilegia a ideia de que no desenvolvimento da actividade processual – investigatória,


instrutória ou de julgamento – devem ser sempre utilizados expedientes e meios legais, que sejam
respeitadores dos direitos de cada um e da dignidade da pessoa humana.
• Princípio de importância marcante, dada a frequência com que, perante o aumento da
criminalidade, vão aflorando abusos investigatórios e se refinam os métodos de actuação
dos actores judiciários, numa procura de elementos de prova que por vezes ultrapassa as
barreiras legítimas e admissíveis.
• Também diz respeito aos intervenientes processuais, nomeadamente em matéria de recursos,
onde deve imperar um especial cuidado na detecção rigorosa e objectiva dos erros
imputados à decisão impugnada, a levar com precisão e de forma sintética às conclusões
da respectiva motivação, de acordo com o que perceitua o art.° 476.° CPP.
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35 QUANTO AO IMPULSO PROCESSUAL

• 1. — Princípio da oficialidade;
• 2. — Princípios da legalidade e da oportunidade;
• 3. — Princípio da acusação;
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36 PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE

• O princípio da oficialidade (ou princípio monopolista) assegura que a iniciativa e o impulso


processuais cabem à entidade com competência para o esclarecimento do crime e a descoberta da
verdade e, se for caso disso, para o levar a julgamento, o que significa que essa entidade – em
regra o M.° P.° –, pode actuar sozinho logo que tenha notícia da existência de um facto
ilícito típico e para dar andamento aos seus termos consoante achar por bem, sem
necessidade da prévia intervenção de terceiros.
• Mas, nos crimes quase-públicos, o princípio da oficialidade sofre uma limitação, que se
traduz na exigência de uma prévia denúncia dos ofendidos; e nos crimes particulares,
verifica-se mesmo uma excepção ao princípio, que consiste na necessidade, além da prévia
denúncia, de uma acusação dos próprios ofendidos para que o feito suba a juízo.
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37 LEGALIDADE E DA OPORTUNIDADE

• De acordo com o princípio da legalidade é dever da autoridade pública competente – M.° P.° –
proceder criminalmente contra o autor de um facto que reúna os pressupostos substanciais e
processuais da incriminação.
• Não está nas mãos do M.° P.° optar ou não pelo procedimento, quando reunidos os
respectivos requisitos legais.
• O princípio da oportunidade, em oposição àquele, já confere ao M.° P.° de se abster de
promover o procedimento, ou, uma vez promovido, de se abster de o levar até juízo, não
deduzindo a respectiva acusação.
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38 PRINCÍPIO DA ACUSAÇÃO

• O princípio da acusação significa que o julgamento dos feitos criminais não ter carácter
oficioso, pressupondo sempre um pedido nesse sentido formulado por quem tem legitimidade para o
fazer, pedido esse que se consubstancia num acto a que se chama acusação.

• Não há, pois, julgamento sem acusação:

• E a acusação serve não só para introduzir o feito em juízo, mas também para delimitar o
objecto desse mesmo julgamento, pois, em regra, será dentro dela e só dela que o poder
jurisdicional vai actuar, não podendo, assim, condenar por factos distintos daqueles que lhe
foram levados através do petitório (regra da vinculação temática do juiz).
• No exercício da função jurisdicional, compete aos tribunais dirimir conflitos de interesses
público e privado, assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, bem
como os princípios do acusatório e do contraditório e reprimir as violações da legalidade
democrática art.º 174.º, n.º 2.
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39 QUANTO AO ANDAMENTO DO PROCESSO

• 1. — Princípio do contraditório;
• 2. — Princípio da investigação
• 3. — Princípios da independência da acção penal e da suficiência do processo penal;
• 4. — Princípios da celeridade e da economia processuais;
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40 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

•O princípio do contraditório traduz-se na faculdade concedida aos diversos intervenientes


processuais de discutirem o objecto do processo e as suas incidências fundamentais, permitindo a
uns que forneçam os motivos ou razões de facto ou de direito que julguem assistir-lhes e a outros
que rebatam ou contestem esses mesmos motivos ou razões.

• No exercício da função jurisdicional, compete aos tribunais dirimir conflitos de


interesses público e privado, assegurar a defesa dos direitos e interesses
legalmente protegidos, bem como os princípios do acusatório e do contraditório e
reprimir as violações da legalidade democrática art.º 174.º, n.º 2.
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41 PRINCÍPIO DA INVESTIGAÇÃO

•O princípio da investigação dá ao Tribunal, o poder/dever de, por sua iniciativa e


independentemente dos contributos dados pela acusação e pela defesa, proceder à realização das
diligências que cuidar pertinentes no sentido do esclarecimento dos factos e da descoberta da verdade
a respeito dos mesmos.

•Não tem carácter absoluto, na medida, tendo as limitações que decorrem do objecto
do processo (o tribunal não pode ir além do que se contém na acusação ou no despacho de
pronúncia) e dos métodos de prova (só são permitidos métodos de obtenção de prova
legais, isto é, aqueles não sejam proibidos por própria lei não proíba).

•Não se aplica só à fase do julgamento (cfr. art. os 388.°, 302.° CPP), pois que também
tem expressão na fase da instrução contraditória (cfr. art.° 334.°, n.° 2 CPP).
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INDEPENDÊNCIA DA ACÇÃO PENAL


42 SUFICIÊNCIA DO PROCESSO PENAL

•Princípios da independência da acção penal e da suficiência do processo penal: o


processo penal, em regra, se basta-se a si próprio, ou seja, a sua promoção é independente e
autónoma de qualquer outro processo e que nele se podem e devem, também em regra, decidir todas
as questões que interessem à decisão da causa penal: obrigatoriamente se forem de natureza
penal, sempre que possível se tiverem outra natureza.

•A regra é a de que o juiz ou tribunal, competente para processar um facto delituoso,


deve ser igualmente competente para processar todos os elementos que o constituem»,
donde que se diga, «que o juiz da acção é o juiz da excepção.

•Trata-se das chamadas questões prejudiciais - art.° 6.° CPP.


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43 CELERIDADE PROCESSUAL

•O princípio da celeridade impõe que o processo penal se desenvolva e conclua no mais


curto espaço de tempo possível, de modo a poder dar realização efectiva ao direito penal de que é
instrumento.

• Objectivos:
• (i) - evita um desnecessário «sofrimento para o próprio arguido, porque a incerteza da decisão e
a ameaça da pena que sobre ele paira pode significar e frequentemente significa o
condicionamento da sua vida pessoal e profissional e até mesmo a sua liberdade»;
• (ii) - furta o ofendido a consequências perniciosas, na medida em que quanto mais cedo houver
decisão (e decisão justa) «mais cedo ele retomará a paz, mais cedo ele retomará confiança na
sociedade que lhe fez justiça»; e
• (iii) - tranquiliza a sociedade, uma vez que «a paz social assenta em grande parte na certeza de
que os criminosos são condenados e os inocentes absolvidos», não deixando, pois, que germine a
«ideia de impunidade e o descrédito da justiça»
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

44 ECONOMIA PROCESSUAL

• Princípio da economia: o processo penal deve levar a cabo as diligências indispensáveis ao


esclarecimento dos factos com o maior proveito possível, o que se traduz, assim, na obrigação de se evitarem
actos inúteis e formalidades não essenciais, surge o.

• O M.° P.° na instrução preparatória (ou as polícias sob o seu controlo) devem limitar-se à
realização das diligências indispensáveis à investigação da existência do crime, à determinação dos
seus agentes e da respectiva responsabilidade, bem como à descoberta e recolha das provas, em
ordem à decisão sobre a acusação (art.° 302.°, n.° 1);

• Na instrução contraditória o juiz só deve implementar diligências que se destinem em exclusivo


à comprovação judicial da decisão de deduzir acusação ou de arquivar o inquérito (art.° 332.°, n.° 1);

• No julgamento o juiz deve circunscrever-se ao objecto do processo (delimitado pela acusação


ou pelo despacho de pronúncia), só dando curso à produção de meios de prova cujo conhecimento
se lhe afigure necessário à descoberta da verdade e à boa decisão da causa (art.° 388.°, n.° 1).
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

45 QUANTO À PROVA

• 1. — Princípio da presunção de inocência;


• 2. — Princípio in dubio pro reo;
• 3. — Princípio da livre apreciação da prova;
• 4. — Princípio da verdade material;
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

46 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

•Até haver uma decisão penal condenatória, com trânsito em julgado, todo o arguido se
presume inocente, não recaindo sobre ele, por isso, o ónus de provar que não é responsável
pela prática do facto ilícito típico que porventura lhe seja imputado, antes cabendo à
acusação fazer prova de que o cometeu e assim merece ser censurado.

•É uma das grandes conquistas da Humanidade, legado pela França e transposto para
a Declaração Universal dos Direitos do Homem:“toda a pessoa acusada de um acto delituoso
presume-se inocente até que a culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas” (art.° 11.°, n.° 1).

•CRA: “presume-se inocente todo o cidadão até ao trânsito em julgado da sentença de


condenação” (art.° 67.°, n.° 2).
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

47 PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO

• Como corolário da presunção de inocência, o princípio “in dubio pro reo”, obriga a que,
instalando-se e permanecendo dúvida àcerca do objecto do processo (existência dos factos, forma
de cometimento e responsabilidade pela sua prática) deve a mesma sempre ser desfeita em
benefício do arguido relativamente ao ponto ou pontos duvidosos, podendo mesmo conduzir à sua
absolvição (n.° 2 do art.° 67.° da CRA).
• «Um non liquet na questão da prova – não permitindo nunca ao juiz ... que omita a
decisão ... – tem de ser sempre valorado a favor do arguido», sendo «com este sentido e
conteúdo que se afirma o princípio in dubio pro reo»
• Restrito à questão de facto.
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

48 LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA

• O que o princípio diz é que «o julgador tem a liberdade de formar a sua convicção sobre os
factos submetidos a julgamento com base apenas no juízo que se fundamenta no mérito
objectivamente concreto desse caso, na sua individualidade histórica, tal como ele foi exposto e
adquirido representativamente no processo (pelas alegações, respostas e meios de prova utilizados,
etc.)».
• Não que que o julgador goze de um poder absoluto e discricionário na apreciação e v
• A apreciação há-de ser, em concreto, reconduzível a critérios objectivos e, portanto, em
geral susceptível de motivação e de controlo ...
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

49 PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL

•O princípio da verdade material impõe ao tribunal que, por si só e sem ter que esperar por
contributos alheios, proceda à produção de prova dos factos que são sujeitos ao seu julgamento por
forma a que através dela tente alcançar a sua exacta reconstituição e, consequentemente, a
verdade acerca deles.

•É obrigação do tribunal não se acomodar à mera verdade processual ou probatória


(isto é, à verdade resultante da prova que lhe é levada pela acusação ou pela defesa), mas
prosseguir no sentido da verdade histórica ou material (o mesmo é dizer, daquela
verdade que coincida ou pelo menos se possa aproximar daquilo que realmente
aconteceu), e essa tarefa já cabe ao próprio tribunal.
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

50 QUANTO À FORMA

• 1. — Princípio da publicidade;
• 2. — Princípio da oralidade;
• 3. — Princípio da imediação;
• 4. — Princípios da continuidade e da concentração;
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

51 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

•O princípio da publicidade significa que, salvo os casos em que a lei o impeça, todos
os actos processuais – com especial destaque para a audiência de discussão e julgamento –
estão submetidos à regra da publicidade, isto é, decorrem ou devem decorrer na presença ou sob o
controlo de pessoas estranhas à sua directa condução, isto é, não só dos interessados, mas em certas
circunstâncias, do público em geral.

•Garantir aos diversos intervenientes processuais – arguidos, ofendidos, assistentes,


partes civis – a possibilidade de sindicar e vigiar a forma como o tribunal se incumbe da
condução do caso concreto; de facultar à comunidade avaliar o modo como as suas
instituições administram a justiça; e ao tribunal ganhar apoio para poder convencer os
cidadãos da bondade das suas decisões.
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

52 PRINCÍPIO DA ORALIDADE

•Transmite o princípio da oralidade a ideia de que só podem servir de fundamento à


decisão as provas produzidas, discutidas ou apreciadas de forma oral na audiência de julgamento.

•O princípio flúi indirecta mas claramente do disposto no art.° 400.° CPP, ao


prescrever-se que não valem em julgamento, nomeadamente para o efeito de formação da
convicção do tribunal, quaisquer provas que não tiverem sido produzidas ou examinadas em
audiência.

•Mesmo em recurso a audiência pode assumir a forma oral.


Manuel Simas Santos – Abril, 2023

53 PRINCÍPIO DA IMEDIAÇÃO

• O princípio da imediação assenta na «relação de proximidade comunicante entre o tribunal e os


participantes no processo, de modo tal que aquele possa obter uma percepção própria do material que haverá de
ter como base na sua decisão». Trata-se, pois, de um princípio que procura fazer repousar a decisão
final numa prova que foi produzida perante o próprio autor dessa decisão.

• Daí que a lei faça depender o valor das provas indispensáveis à formação da convicção do
julgador essencialmente da sua produção em audiência (art.° 400.°, n.° 1 CPP), por forma a permitir
que o tribunal tenha a possibilidade de receber directamente essas mesmas provas e apreciá-las no
decurso do julgamento.

• É essa análise ao vivo e directa não só dos dados informatórios fornecidos pelos intervenientes
processuais, particularmente pelo arguido, mas também da personalidade e da conduta de quem os
produz, que vai habilitar o Tribunal a confrontar os contributos de cada um e ajuizar da respectiva
segurança e credibilidade e, consequentemente, decidir em consciência.
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

54 CONTINUIDADE E DA CONCENTRAÇÃO

•Os princípios da continuidade e da concentração: dentro das possibilidades, os actos


processuais devem ter lugar numa só audiência, e, quando tal não for exequível, o mais próximo
possível uns dos outros, de molde a que, não só os intervenientes processuais, mas
especialmente o tribunal, tenham sempre presente o que se passou em cada um desses
actos, sem lapsos de memória prejudiciais ao desfecho da lide (art. os 366.º a 368.º).

• A obediência estrita a a este princípio cessa se conduzir a prejuízos irreparáveis para a


defesa, como acontece quando a concentração impeça o exercício pleno e em condições
adequadas dos direitos que cabem aos intervenientes processuais.
LEGISLAÇÃO AVULSA REVOGADA
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

Diplomas Matérias

55 DL n.° 26.643, de 28/05/39


Dec.° n.° 34.553, de 30/04/45
Reforma Prisional
Organização dos Tribunais de Execução das Penas
Dec.° 35.007, de 13/10/45 aplica com emendas, PRT n.° 17.076, de 20/03/59
DL n.° 39.672, de 20/05/54 Regula aspectos específicos dos autos de notícia, da prisão preventiva e do exercício da acção
cível em conjunto com a acção penal

DL n.° 21/71, de 29/01 Depósito das quantias em dinheiro apreendidas e dos objectos e quantias não reclamados,
apreendidos em Proc. Penal

DL n.° 292/74, de 28 de Junho Execução pelo M.° P.° das indemnizações arbitradas oficiosamente aos ofendidos, quando
não têm Advogado constituído

DL n.° 185/72, de 31/05 Altera o CPP de 29 quanto à prisão preventiva, liberdade provisória e execução das penas

Lei n.° 11/75, de 15/12 Disciplina do Processo Produtivo


Dec.° n.° 3/76, de 3/02 Regulamento da Lei n.° 11/75, de 15 de Dezembro
Lei n.° 11/77, de 11/05 Assessores Populares nos tribunais criminais e do trabalho
Lei n.° 11/82, de 7/10 Participação Popular na Administração da Justiça
Dec.° n.° 231/79, de 26/07 regras especiais de processo para as infrações cometidas no domínio da condução automóvel

Lei n.° 20/88, de 31/12 Ajustamento do processo Civil e Penal ao Sistema Unificado de Justiça
Lei n.° 23/12, de 14/08 Altera o art.° 56.° do CPP de 29
Lei n.° 2/14, de 10/02 Revistas, Buscas e Apreensões
Lei n.° 25/15, de 18/09 Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

56 LEGISLAÇÃO AVULSA QUE SE MANTÉM

• Legislação avulsa, mais relevante, que se mantém:

• – Decreto n.° 6/03, de 28 de Agosto, Código do Processo do Julgado de Menores

• – Lei n.° 1/20, de 22 de Agosto, Lei de Protecção das Vítimas, Testemunhas e Arguidos Colaboradores
em Processo Penal.

• – Lei n.° 2/20, de 22 de Janeiro, Lei da Vídeo Vigilância

• – Lei n.° 11/20, de 23 de Abril, Lei da identificação ou Localização Celular e da Vigilância Electrónica
(o acórdão n.° 658/2020 do T. Constitucional declarou inconstitucionais os art. os 17.°, 18.°, 19.°, 20.°,
21.° e 22.°).

• – Lei n.° 5/94, de 11 de Fevereiro, Lei Sobre a Justiça Penal Militar.


Manuel Simas Santos – Abril, 2023

57 BIBLIOGRAFIA

• SANTOS, MANUEL SIMAS, SANTOS, JOÃO SIMAS SANTOS,Direito Processual Penal de


Angola, Rei dos Livros, 2022
• SANTOS, MANUEL SIMAS SANTOS, LEAL-HENRIQUES, MANUEL, SANTOS, JOÃO
SIMAS, Noções de Processo Penal, Rei dos Livros, 3.ª ed. 2021
• SANTOS, MANUEL SIMAS SANTOS, LEAL-HENRIQUES, MANUEL, Recursos Penais,
Rei dos Livros 9.ª ed., 2020
• SANTOS, MANUEL SIMAS SANTOS, SANTOS, JOÃO SIMAS, Recursos Penais Angola,
Rei dos Livros, 2021
• SANTOS, MANUEL SIMAS SANTOS, LEAL-HENRIQUES, MANUEL, CPP Anotado, Rei
dos Livros, 3.ª ed. 2008
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

58 BIBLIOGRAFIA

• SANTOS, MANUEL SIMAS, FREITAS, PEDRO, Breviário de Processo Penal Militar de Angola, Rei dos
Livros, 2016
• SANTOS, MANUEL SIMAS, LEAL-HENRIQUES, Manuel, Noções Elementares de Direito Penal, 8.ª Ed., 2022
• SANTOS, MANUEL SIMAS, SANTOS, JOÃO SIMAS, Direito Processual Penal Angola, Ed., 2022
• SILVA, GERMANO MARQUES DA, Curso de Processo Penal, I,
• FERREIRA, CAVALEIRO DE, Curso de Processo Penal, Lições proferidas na Faculdade de Direito de Lisboa no ano
lectivo de 1954/55, reimpressão da Universidade Católica, Lisboa 1981
• DIAS, JORGE FIGUEIREDO, Direito Processual Penal, 1988-9,
• GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA, Constituição da República Portuguesa Anotada,
• CUNHA RODRIGUES, Sobre o Princípio da Igualdade de Armas, Revista Portuguesa de Ciência Criminal (RPCC),
Ano I, Vol. 1, págs. 77 e segts
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

59

• FERNANDO GONÇALVES, MANUEL JOÃO ALVES e MANUEL GUEDES VALENTE,


Lei e Crime – O Agente Infiltrado Versus o Agente Provocador – Os Princípios do Processo Penal,
• MANUEL MONTEIRO GUEDES VALENTE, Processo Penal, Tomo I
• JOÃO SIMAS SANTOS, Formas de Processo Penal Especiais e Institutos de Consenso e
Oportunidade, Gaia, 2005,
• FREDERICO DA COSTA PINTO, Segredo de Justiça e Acesso ao Processo, Jornadas de Direito
Processual Penal e Direitos Fundamentais, Livraria Almedina, Coimbra 2004
• FRANCISCO J. DUARTE NAZARETH, Elementos do Processo Criminal, 5ª ed., Augusto
Orcel, Coimbra, VIII, 1870
Manuel Simas Santos – Abril, 2023

60

• CASTANHEIRA NEVES, Curso de Processo Penal, I, ed. policopiada, Coimbra.


• PAULO SARAGOÇA DA MATTA, A Livre Apreciação da Prova e o Dever de Fundamentação
da Sentença, Jornadas de Direito Processual Penal e Direitos Fundamentais, Livraria
Almedina, Coimbra 2004.
• A. PALMA CARLOS, Direito Processual Penal – Lições ao 5.° ano jurídico de 1953/54, ed. da
AAFDL
• LUÍS OSÓRIO (Comentário ao Código de Processo Penal Português, I,
• COSTA PIMENTA (Código de Processo Penal Anotado, 2.a ed.
• GIL MOREIRA DOS SANTOS, O Direito Processual Penal,

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