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Juiz de Garantias
Juiz de Garantias
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CURSO DE
JUIZ DE GARANTIAS
ANGOLA
MANUEL SIMAS SANTOS
Manuel Simas Santos – Abril, 2023
5 CRIMINOLOGIA
6 NOÇÃO DE PROCESSO
7 NOÇÃO DE PROCESSO
•que se destinam a dar conta do que foi feito e recolhido com vista ao esclarecimento desses
factos e à decisão sobre o seu merecimento jurídico-criminal.
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8 NOÇÃO DE PROCESSO
• Na vertente garantística
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12 A CONSTITUIÇÃO
13 A CONSTITUIÇÃO
14 A CONSTITUIÇÃO
15 A CONSTITUIÇÃO
16 A CONSTITUIÇÃO
18 DIREITO INTERNACIONAL
•O direito internacional enquanto fonte integrante do direito angolano (art.º 13.º CRA)
• «Tendo em vista a realização de uma justiça penal célere e eficaz, alinhada com a
necessidade de assegurar o exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais;
• Segundo a norma transitória do art.° 4.° da L 39/20, o M.° P.° cessa o exercício das
competências atribuídas aos juízes de garantia pelo novo CPP, logo que estes entrem em
funções, cabendo ao CSMJ, criar condições para a sua entrada em funções, no âmbito das
suas competências (n.ºs 2 e 3).
• No n.° 3 dispõe que a Unidade de Referência Processual equivale à Unidade de
Correcção Fiscal.
• A Lei n.° 39/20, de 11 de Novembro e o CPP que aprovou entraram em vigor 90 dias
após a data da sua publicação (art.° 6.°, L 39/20).
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SUMÁRIO
1 – Menções introdutórias:
2. – O Direito Processual Penal Angolano
3. – Princípios orientadores do direito processual penal
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ESTRUTURA DO CPP
23 Título I Disposições preliminares
PARTE I Título II Sujeitos processuais
Disposições
gerais Título III Actos processuais
Título IV Prova
Título V Meios de obtenção de prova
PARTE II
Formas e
Título I Formas de processo
tramitação de Título II Tramitação do processo
processo
comum na 1.ª Instância
Título III Tramitação dos processos
especiais
PARTE III –
Recursos
Título I Recursos ordinários
Título II Recursos extraordinários
Título I Execução das penas e medidas
PARTE IV – de segurança
Execução de Penas
e medidas de
segurança
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3. — PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO
DIREITO PROCESSUAL PENAL
25 PRINCÍPIOS ORIENTADORES
• função prática, na integração de lacunas, que se faz «por aplicação analógica das
disposições do Código, em primeiro lugar, e pela aplicação subsidiária das normas do
processo civil que se harmonizem com o processo penal e, na falta delas» pelos princípios
gerais do processo penal (art.° 3, n.° 2, parte final, do CPP).
Manuel Simas Santos – Abril, 2023 – da jurisdição e do juiz natural
Configuração do processo – do acusatório e do inquisitório
– da igualdade de armas
26 – da defesa
– da lealdade processual
PRINCÍPIOS
– da oficialidade
– da legalidade e da oportunidade
FUNDAMENTAIS Impulso processual – da acusação
– do contraditório
– da investigação
Andamento do processo – da celeridade e da economia
processuais
– da presunção de inocência
– in dubio pro reo
Prova – da livre apreciação da prova
– da verdade material
– da publicidade
– da oralidade
Forma – da imediação
– da concentração
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28 PRINCÍPIO DA JURISDIÇÃO
•O conhecimento dos feitos de natureza criminal só pode ser levado a cabo pela via
jurisdicional, cabendo aos tribunais, como detentores exclusivos do poder de julgar,
administrar a justiça, por forma a assegurar, por um lado, a realização, isenta e
independente, do interesse público na repressão da violação da legalidade e resolução dos
conflitos, e, por outro, garantir a defesa dos direitos e interesses dos cidadãos legalmente
protegidos (cfr. art.° 174.° da CRA)
• Art.os 6.°, n.° 1, 1.a parte, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, 14.° , n.° 1, do Pacto
Internacional Sobre os Direitos Civis e Políticos, 7.° da Carta Africana dos Direitos do Homem e
dos Povos e 10.° da Declaração Universal dos Direitos do Homem,
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•Segundo o qual o julgamento dos efeitos penais deve ser realizado pelo tribunal a que lei
anterior haja conferido competência para tal.
•Competente para julgar o ilícito penal será o juiz pré-constituído por lei e nunca o juiz
arbitrária e discricionariamente designado a posteriori para o caso concreto, ou seja, o juiz
“ad hoc”, escolhido “a dedo” e à revelia de qualquer critério minimamente consistente e
objectivo e legal.
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30 ACUSATÓRIO E INQUISITÓRIO
• O princípio do acusatório significa que o processo deve ser estruturado de modo a que
caibam a entidades distintas a função de investigar, a função de acusar ou de pronunciar e a
função de julgar.
• Essa diferenciação pode ser vista numa perspectiva bidimensional:
31 ACUSATÓRIO E INQUISITÓRIO
• – outra virada para o julgamento, limitada pelo teor da acusação (ou da pronúncia se tiver tido
lugar a instrução).
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33 PRINCÍPIO DA DEFESA
• Consagrado expressamente no n.° 1 do art.° 69.° CPP: o arguido pode constituir advogado em
qualquer altura do processo; o arguido deve ser assistido por advogado nos casos em que a lei a
isso obriga (art.° 71.° CPP).
• Este princípio, não goza de igual amplitude em todo o seu caminho. Na fase do inquérito,
pode ser determinado o segredo de justiça (até ao despacho de pronúncia ou até ao despacho que
designa dia para a audiência, mantendo-se o expediente praticamente inacessível a pessoas
estranhas à investigação - art.° 97.° CPP), só sendo apenas permitidas consulta e obtenção de
certidões, mas sempre em termos limitados (art.° 102.° CPP).
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• 1. — Princípio da oficialidade;
• 2. — Princípios da legalidade e da oportunidade;
• 3. — Princípio da acusação;
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36 PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE
37 LEGALIDADE E DA OPORTUNIDADE
• De acordo com o princípio da legalidade é dever da autoridade pública competente – M.° P.° –
proceder criminalmente contra o autor de um facto que reúna os pressupostos substanciais e
processuais da incriminação.
• Não está nas mãos do M.° P.° optar ou não pelo procedimento, quando reunidos os
respectivos requisitos legais.
• O princípio da oportunidade, em oposição àquele, já confere ao M.° P.° de se abster de
promover o procedimento, ou, uma vez promovido, de se abster de o levar até juízo, não
deduzindo a respectiva acusação.
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38 PRINCÍPIO DA ACUSAÇÃO
• O princípio da acusação significa que o julgamento dos feitos criminais não ter carácter
oficioso, pressupondo sempre um pedido nesse sentido formulado por quem tem legitimidade para o
fazer, pedido esse que se consubstancia num acto a que se chama acusação.
• E a acusação serve não só para introduzir o feito em juízo, mas também para delimitar o
objecto desse mesmo julgamento, pois, em regra, será dentro dela e só dela que o poder
jurisdicional vai actuar, não podendo, assim, condenar por factos distintos daqueles que lhe
foram levados através do petitório (regra da vinculação temática do juiz).
• No exercício da função jurisdicional, compete aos tribunais dirimir conflitos de interesses
público e privado, assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, bem
como os princípios do acusatório e do contraditório e reprimir as violações da legalidade
democrática art.º 174.º, n.º 2.
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• 1. — Princípio do contraditório;
• 2. — Princípio da investigação
• 3. — Princípios da independência da acção penal e da suficiência do processo penal;
• 4. — Princípios da celeridade e da economia processuais;
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40 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
41 PRINCÍPIO DA INVESTIGAÇÃO
•Não tem carácter absoluto, na medida, tendo as limitações que decorrem do objecto
do processo (o tribunal não pode ir além do que se contém na acusação ou no despacho de
pronúncia) e dos métodos de prova (só são permitidos métodos de obtenção de prova
legais, isto é, aqueles não sejam proibidos por própria lei não proíba).
•Não se aplica só à fase do julgamento (cfr. art. os 388.°, 302.° CPP), pois que também
tem expressão na fase da instrução contraditória (cfr. art.° 334.°, n.° 2 CPP).
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43 CELERIDADE PROCESSUAL
• Objectivos:
• (i) - evita um desnecessário «sofrimento para o próprio arguido, porque a incerteza da decisão e
a ameaça da pena que sobre ele paira pode significar e frequentemente significa o
condicionamento da sua vida pessoal e profissional e até mesmo a sua liberdade»;
• (ii) - furta o ofendido a consequências perniciosas, na medida em que quanto mais cedo houver
decisão (e decisão justa) «mais cedo ele retomará a paz, mais cedo ele retomará confiança na
sociedade que lhe fez justiça»; e
• (iii) - tranquiliza a sociedade, uma vez que «a paz social assenta em grande parte na certeza de
que os criminosos são condenados e os inocentes absolvidos», não deixando, pois, que germine a
«ideia de impunidade e o descrédito da justiça»
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44 ECONOMIA PROCESSUAL
• O M.° P.° na instrução preparatória (ou as polícias sob o seu controlo) devem limitar-se à
realização das diligências indispensáveis à investigação da existência do crime, à determinação dos
seus agentes e da respectiva responsabilidade, bem como à descoberta e recolha das provas, em
ordem à decisão sobre a acusação (art.° 302.°, n.° 1);
45 QUANTO À PROVA
•Até haver uma decisão penal condenatória, com trânsito em julgado, todo o arguido se
presume inocente, não recaindo sobre ele, por isso, o ónus de provar que não é responsável
pela prática do facto ilícito típico que porventura lhe seja imputado, antes cabendo à
acusação fazer prova de que o cometeu e assim merece ser censurado.
•É uma das grandes conquistas da Humanidade, legado pela França e transposto para
a Declaração Universal dos Direitos do Homem:“toda a pessoa acusada de um acto delituoso
presume-se inocente até que a culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas” (art.° 11.°, n.° 1).
• Como corolário da presunção de inocência, o princípio “in dubio pro reo”, obriga a que,
instalando-se e permanecendo dúvida àcerca do objecto do processo (existência dos factos, forma
de cometimento e responsabilidade pela sua prática) deve a mesma sempre ser desfeita em
benefício do arguido relativamente ao ponto ou pontos duvidosos, podendo mesmo conduzir à sua
absolvição (n.° 2 do art.° 67.° da CRA).
• «Um non liquet na questão da prova – não permitindo nunca ao juiz ... que omita a
decisão ... – tem de ser sempre valorado a favor do arguido», sendo «com este sentido e
conteúdo que se afirma o princípio in dubio pro reo»
• Restrito à questão de facto.
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• O que o princípio diz é que «o julgador tem a liberdade de formar a sua convicção sobre os
factos submetidos a julgamento com base apenas no juízo que se fundamenta no mérito
objectivamente concreto desse caso, na sua individualidade histórica, tal como ele foi exposto e
adquirido representativamente no processo (pelas alegações, respostas e meios de prova utilizados,
etc.)».
• Não que que o julgador goze de um poder absoluto e discricionário na apreciação e v
• A apreciação há-de ser, em concreto, reconduzível a critérios objectivos e, portanto, em
geral susceptível de motivação e de controlo ...
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•O princípio da verdade material impõe ao tribunal que, por si só e sem ter que esperar por
contributos alheios, proceda à produção de prova dos factos que são sujeitos ao seu julgamento por
forma a que através dela tente alcançar a sua exacta reconstituição e, consequentemente, a
verdade acerca deles.
50 QUANTO À FORMA
• 1. — Princípio da publicidade;
• 2. — Princípio da oralidade;
• 3. — Princípio da imediação;
• 4. — Princípios da continuidade e da concentração;
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51 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
•O princípio da publicidade significa que, salvo os casos em que a lei o impeça, todos
os actos processuais – com especial destaque para a audiência de discussão e julgamento –
estão submetidos à regra da publicidade, isto é, decorrem ou devem decorrer na presença ou sob o
controlo de pessoas estranhas à sua directa condução, isto é, não só dos interessados, mas em certas
circunstâncias, do público em geral.
52 PRINCÍPIO DA ORALIDADE
53 PRINCÍPIO DA IMEDIAÇÃO
• Daí que a lei faça depender o valor das provas indispensáveis à formação da convicção do
julgador essencialmente da sua produção em audiência (art.° 400.°, n.° 1 CPP), por forma a permitir
que o tribunal tenha a possibilidade de receber directamente essas mesmas provas e apreciá-las no
decurso do julgamento.
• É essa análise ao vivo e directa não só dos dados informatórios fornecidos pelos intervenientes
processuais, particularmente pelo arguido, mas também da personalidade e da conduta de quem os
produz, que vai habilitar o Tribunal a confrontar os contributos de cada um e ajuizar da respectiva
segurança e credibilidade e, consequentemente, decidir em consciência.
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54 CONTINUIDADE E DA CONCENTRAÇÃO
Diplomas Matérias
DL n.° 21/71, de 29/01 Depósito das quantias em dinheiro apreendidas e dos objectos e quantias não reclamados,
apreendidos em Proc. Penal
DL n.° 292/74, de 28 de Junho Execução pelo M.° P.° das indemnizações arbitradas oficiosamente aos ofendidos, quando
não têm Advogado constituído
DL n.° 185/72, de 31/05 Altera o CPP de 29 quanto à prisão preventiva, liberdade provisória e execução das penas
Lei n.° 20/88, de 31/12 Ajustamento do processo Civil e Penal ao Sistema Unificado de Justiça
Lei n.° 23/12, de 14/08 Altera o art.° 56.° do CPP de 29
Lei n.° 2/14, de 10/02 Revistas, Buscas e Apreensões
Lei n.° 25/15, de 18/09 Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal
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• – Lei n.° 1/20, de 22 de Agosto, Lei de Protecção das Vítimas, Testemunhas e Arguidos Colaboradores
em Processo Penal.
• – Lei n.° 11/20, de 23 de Abril, Lei da identificação ou Localização Celular e da Vigilância Electrónica
(o acórdão n.° 658/2020 do T. Constitucional declarou inconstitucionais os art. os 17.°, 18.°, 19.°, 20.°,
21.° e 22.°).
57 BIBLIOGRAFIA
58 BIBLIOGRAFIA
• SANTOS, MANUEL SIMAS, FREITAS, PEDRO, Breviário de Processo Penal Militar de Angola, Rei dos
Livros, 2016
• SANTOS, MANUEL SIMAS, LEAL-HENRIQUES, Manuel, Noções Elementares de Direito Penal, 8.ª Ed., 2022
• SANTOS, MANUEL SIMAS, SANTOS, JOÃO SIMAS, Direito Processual Penal Angola, Ed., 2022
• SILVA, GERMANO MARQUES DA, Curso de Processo Penal, I,
• FERREIRA, CAVALEIRO DE, Curso de Processo Penal, Lições proferidas na Faculdade de Direito de Lisboa no ano
lectivo de 1954/55, reimpressão da Universidade Católica, Lisboa 1981
• DIAS, JORGE FIGUEIREDO, Direito Processual Penal, 1988-9,
• GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA, Constituição da República Portuguesa Anotada,
• CUNHA RODRIGUES, Sobre o Princípio da Igualdade de Armas, Revista Portuguesa de Ciência Criminal (RPCC),
Ano I, Vol. 1, págs. 77 e segts
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