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Kleber Daum Machado TEORIA DO ELETROMAGNETISMO Volume IIT Eflitora. UEPG © Editora UEPG Nenhuma parte deste livro, sem autorizagdo prévia por escrito da Editora, poderé ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrénicos, mecfnicos, fotograficos, gravago ou quaisquer outros. Revisiio: Hein Leonard Bowles Capa: Kleber Daum Machado Editoragdo eletronic Kleber Daum Machado Normalizagao técnica: Biblioteca Central Ficha catalogréfica elaborada por Cristina Maria Botetho CRB-9/994-UEPG/BICEN Machado, Kleber Daum Teoria do eletromagnetismo / Kleber Daum Machado. Ponta Grossa : Editora UEPG, 2006. vs il. 1-Ondas eletromagnéticas, 2- Radiagio. 1.T. CDD: 530.141 ISBN: 85-86941-77-8 Depésito legal na Biblioteca Nacional Editora filiada Associagao Brasileira de Editoras Universitarias Editora UEPG Campus Universitario Uvaranas Ay. Carlos Cavalcanti, 4748 Ponta Grossa — Parana — 84030-900 Fone/Fax: (42) 3220-3744 email: editora@uepg.br www.uepg.br/editora 2006 Sumario Prefacio Lista de Figuras Lista de Tabelas 20 21 Campos Eletromagnéticos, III: Potenciais, Campos e Transformagées de Calibre 20.1 Potenciais Escalares e Vetoriais ....- 0.027 20.2 Calibre de Coulomb... 5.22.02 2 eee 20.3 Calibre de Lorentz ..... 7 20.4 Solugdes da Equagao de Onda e Potenciais Retardados . 0... eee ee 20.5 Fungées de Green para as Bquagées de Onda 20.6 Equagies de Jefimenko .........--5 20.7. Potenciais e Campos de Liénard-Wiechert . . a 20.8 Lagrangeana e Hamiltoniana de uma Particula num Campo Eletromagnético . . . 20.9 Potenciais de Polarizagéo 20.10 Exercicios ....-..-- Campos Eletromagnéticos, IV: Leis de Conservagaio 21.1 Lei de Conservagao da Carga Blétrica. 6.622. 21.2 Lei de Conservacao da Energia 21.3 Lei de Conservacao do Momento Linear : 21.4 Lei de Conservagéio do Momento Angular... ..- 5+ - 21.5 Quantizagao da Carga Elétrica e Monopélos Magnéticos Bie Perce eC 11 17 25 27 27 39 48 52 54 94 103 158 173 186 191 191 194 212 238 258 277 VI RADIAGAO 279 22 Ondas Eletromagnéticas, I: Propagagéio de Ondas 281 22.1 Equag&o da Onda e Conceitos Iniciais 282 22.2 Ondas Eletromagnéticas Planas no Vécuo ..... . 301 22.3 Ondas Eletromagnéticas Planas em Meios Dielétricos 2... ee vee 325 22.4 Ondas Elotromagnéticas Planas em Meios Condutores | — a. 337 22.5 Dispersfioe Absorgio..... 369 22.6 Superposi¢ao de Ondas Monocromaticas 387 22.7 Causalidade e Relagdes de Kramers-Kronig . . 393 oe Brecon fe ye Te 416 23 Ondas Eletromagnéticas, II: Reflexdo e Refragéio 419 23.1 Reflexo e Refragao para Incidéncia Normal na Interface entre Dois Dielétricos. . . . 420 23.2 Refiexio ¢ Refragdo para Incidéncia Obliqua na Interface entre Dois Dielétricos . . . . . 429 23.2.1 Campo Elétrico Paralelo ao Plano de Incidéncia. 438 23.2.2 Campo Elétrico Perpendicular ao Plano de Incidéncia . . . : 447 23.2.3 Reflexdo Interna Total... |... . 452 23.3 Reflexdo e Refrag&o numa Interface entre um Dielétrico eum Condutor ....... rr) 28.3.1 Incidéncia Normal... 0... ee 461 23.3.2 Incidéncia Oblfqua Lecce 467 23.4 Exercfcios a . : . 8 482 24 Radiaco, I: Cargas Pontuais 485 24.1 Radiag&o Emitida em Baixas Velocidades. . . . . . 488 24.2 Radiacdo Emitida por uma Carga com Velocidade e Aceleracio Colineares.... . . 491 24.3. Radiag&o Emitida por uma Carga com uma Orientagdo Qualquer entre Velocidade e Aceleragdo .... 502 24.4 Radiagdo Emitida por uma Carga em Movimento Gireular Unione) 0 9 4 ) 24.5 Distribuigdio om Freqiiéncia da Radiagio Emitida por Cargas Pontuaisem Movimento............. 517 24.6 24.5.1 Wigglers . 2.0... ee eee 24.5.2 Unduladores....- Exercicios . . - oo —————— 25 Radiagao, II: Multipolos e Antenas 25.1 25.2 25.3 25.4 25.8 Dois Sistemas Radiativos Importantes , 25.1.1 Radiac&éo Emitida por um Dipolo Elétrico. Oscilante.......------- o 25.1.2 Radiacdo Emitida por um Dipolo Magnético Oscilante..... Radiag&o Emitida por Distribuigdes Localizadas de Cargas e Correntes . . : A Zona Estatica ou Préxima A Zona de Radiagio ou Distante 25.4.1 Dipolo Elétrico .......... 25.4.2 Dipolo Magnético .. . . 25.4.3 Quadrupolo Elétrico oe Expansao em Multipolos para os ‘Campos 25.5.1 Expansdo em Multipolos para os Campos para uma Regiaio sem Fontes . 7 : 25.5.2 Expansao em Multipolos para os Campos } para uma Regiao com Fontes Distribuicéo Angular da Poténcia Irradiada ie Momentos de Multipolo ... 2.6.0.0 00 eee : 25.6.1 Distribuicdo Angular da Poténcia Irradiada por um Multipolo Puro... . 25.6.2 Distribuigao Angular da Poténcia Inradiada por Multipolos com Mesmo @ . . 25.6.3 Distribuicéo Angular da Poténcia Irradiada por Multipolos com @ Quaisquer .. 6.0.2... Distribuicéo Angular de Energia e Momento Angular Associados aos Multipolos ........ Exercicios ©... 1.44. a 26 Radiagao, III; Guias de Ondas Eletromagnéticas 26.1 26.2 Propagagio de Ondas entre Dois Planos Condutores .. 2.2.2... 00 ’ Guias de Ondas Formadas por um Condutor Oco em Forma de Tubo : 553, 554 555 576 580 581 583 593 597 617 617 630 660 670 673 677 710 725, 729 730 739 26.2.1 Guias de Ondas de Seg&o Reta Retangular . . . 775 26.2.2 Guias de Ondas de Segdo Reta Circular... . . . 786 26.3 Cavidades Ressonantes...............000.. 793 26.4 Exercicios ....... Be ec 816 27 Radiagiio, IV: Difragao 819 27.1 Principio de Huygens e Visio Qualitativa da Difragéo... 820 27.2 Teoria Escalar de Difragdo ..... . beocaac 823 27.3 Difragéo de Fraunhofer........ 845 27.3.1 Difragéio por Fenda Unica 850 27.3.2 Difragdo por Fenda Duplae e por ae Fendas . . bop acc ecu s5c co. . 853 27.3.3 Fenda Retangular.... . 867 27.3.4 Fenda Circular. . 870 27.4 Difragiio de Fresnel . ' 880 27.5 Expansio de Ondas Bletromagnéticas Planas em Ondas Esféricas ee 889 27.6 Espalhamento por uma Bsfera Perfeitamente Condutora . 908 27.7 Espalhamento Thomson .... . 933 27.8 Exercicios .... 2.2.0.2... 940 28 Radiaciio, V: Reagao de Radiagao 943 28.1 Célculo Preliminar da Reagao de Radiagio Baseado na Conservagéo de Energia... .........-... 943 28.2 Cilculo da Reagdo de Radiagéo para um Modelo Dipolar para uma Carga Pontual ........ vee. 946 28.3 Célculo da Reagdo de Radiag&o para um Bletron : 960 28.4 Exercicios ............. 974 APENDICES 975 G Correntes Elétricas Varidveis 977 G.1_ Geradores e Motores Elétricos ... . . . ie G.2_ Circuitos de Corrente Continua . 986 G.2.1 Circuito RC em Série. . 987 G.2.2 Circuito RL em Série . . 993 G23 Circuito LC em Série... 2.0.2... Le. 998 G.2.4 Circuito RLC em Série... 2... see 1005 I Raizes Complexas Tl Rajzes Reais e Distintas IIL Raizes Reais e Iguais G3 Circuitos de Corrente Alternada . . . G4 Exercicios ... 22... H_ Equacdo de Helmholtz H.1 Equagio de Helmholtz e FungGes de Bessel Esféricas H.2 Expansio da Fungo de Green em Fungées de Bessel Esféricas . H.3 Exercicios I Lentes Esféricas 1.1 Lentes Esféricas Delgadas 12 Lentes Esféricas Espessas 13 Exercicios .. 1... - Referéncias Bibliograficas Indice Remissivo eo Método Matricial . . 1009 1011 1012 1016 1035 1037 1037 1051 1059 1061 1061 1072 1081 1083 1089 Prefacio Este é 0 terceiro volume do livro que trata da teoria classica do Eletro- magnetismo, sendo seqiiéncia dos Volumes I e II, j4 publicados. O primeiro volume abrange essencialmente assuntos relacionados com a Eletrostatica, en- quanto o segundo discute Eletrodinamica Elementar e Magnetostética e ter- mina fundamentando 0 Eletromagnetismo por meio da obtengao das quatro Equagdes de Maxwell, que retinem os quatro fundamentos basicos de todos os fendmenos eletromagneéticos. No presente volume, passamos ao estudo de “aplicacées” da teoria vista, discutindo varios assuntos de importancia tanto tedrica quanto pratica, dos pontos de vista cientifico e tecnolégico © volume inicia, no capitulo 20, com o estudo da extensiio dos poten- ciais elétrostaticos e magnetostaticos, j4 discutidos nos Volumes I e II, para seus equivalentes dependentes do tempo. O uso desses potenciais, e de certas condigdes auxiliares a que eles esto sujeitos, os chamados calibres, pode facili tar bastante a resolucéo das equagdes de Maxwell, que formam um sistema de equacées diferenciais acopladas bastante complicado, em geral. A partir desses calibres, definidos nas sees 20.1, 20.2 (calibre de Coulomb) e 20.3 (calibre de Lorentz), as equacées de onda eletromagnética associadas com as equagées de Maxwell podem ser resolvidas por meio de fungdes de Green, por exem- plo (secdes 20.4 e 20.5). A partir dos potenciais, os campos eletromagnéticos podem ser obtidos, 0 que envolve as equagées de Jefimenko, discutidas na seco 20.6, que sdo para distribuigdes macroscépicas de cargas e correntes. Na seco 20.7, estudamos o comportamento de cargas pontuais, cujos cam- pos de Liénard-Wiechert serio necessdrios posteriormente no capitulo 24, que trata da radiacéio emitida por cargas aceleradas. Na seqiiéncia, na segao 20.8 apresentamos a Lagrangeana e a Hamiltoniana de uma particula carregada sujeita a um campo eletromagnético e encerramos com a apresentacao, na segio 20.9, de uma forma alternativa para os potenciais eletromagnéticos. 12 PREFACIO O capitulo 21 , talvez, juntamente com o precedente, o mais importante do ponto de vista tedrico. Ele apresenta as formas das leis de conservagio obedecidas pelos sistemas eletromagnético-mecanicos, estendendo os dominios de validade das famosas leis de conservagio mecanicas para englobar também os fenémenos eletromagnéticos. Assim, iniciando com a lei de conservagao da carga, na segdo 21.1, temos a lei de conservacio da energia, na seco 21.2, a lei de conservagdo do momento linear, onde grandezas como o vetor de Poynting so introduzidas (segiio 21.3), ea lei de conservagio do momento angular, na segio 21.4. O tiltimo assunto, a quantizacio da carga elétrica e as implicacdes de uma possfvel existéncia de monopélos magnéticos, discutidas na seco 21.5, completa o capftulo. O capitulo 22 inicia nossas aplicages propriamente ditas, tratando do assunto ondas eletromagnéticas. Comegamos pela definigéo das grandezas principais necessérias ao estudo, na seo 22.1, estabelecendo as equacSes de onda para casos simples. O primeiro caso, o de ondas planas no vacuo, é estudado na segio 22.2, com a extensfio para meios dielétricos na segiio 22.3. Incluimos condutores na segio 22.4 e, em seguida, estudamos o primeiro mo- do de interagio da radiac&o eletromagnética com a matéria, por meio dos fendmenos de absorgao e dispersio, vistos na seco 22.5. Depois, permitimos que nossas ondas possam ter uma distribuigéo de freqiiéncias, o que é, na pratica, o caso mais comum, e discutimos, na segéo 22.6, uma superposicéio de ondas monocrométicas. Por fim, introduzimos as importantes relagdes de Kramers-Kronig, na segao 22.7, que participam do estudo de materiais disper- sivos, em que as grandezas eletromagnéticas caracteristicas do meio dependem de freqiiéncia. Apés 0 estudo de ondas, no capitulo 23 introduzimos uma condicéo de contorno ao problema de propagagio de ondas. Ou, em outras palavras, as ondas agora incidem numa interface, que pode ser um espelho ou a superficie da 4gua de um rio, por exemplo, quando entao ocorrem os fenémenos de re- fiexio ¢ refragéio. Na segio 23.1, discutimos inicialmente 0 que ocorre numa incidéncia normal a interface entre dois dielétricos, ¢ na segdo 23.2 6 feita a ex- tensdo a um Angulo qualquer de incidéncia. Os condutores sio acrescentados na segdo 23.3, Nesse capitulo, varios fendmenos interessantes sao discutidos, como reflexdo interna total, polarizac&o por reflexao, energia transmitida de um meio a outro e propagacio de ondas evanescentes em condutores, ¢ algu- mas idéias so resgatadas posteriormente em outros locais. O estudo da emissio de radiacao propriamente dito inicia no capitulo 24, que discute de forma detalhada a emissdo de radiagio por cargas pontuais. PREPACIO 13 Varios casos particulares importantes sio estudados, como a emissfio em bai- xas velocidades, na segio 24.1, ¢ a emiss%o quando velocidade e aceleragao so colineares, na secéio 24.2, a emissiio quando a particula executa um movimento circular, caracteristico da operagdo de sincrotrons (seciio 24.4). O caso geral é discutido na segio 24.3, Em seguida, estudamos a distribuigao em freqiiéncias da radiagéo emitida, na segdo 24.5, introduzindo também as idéias por trés de equipamentos como wigglers ¢ unduladores, comuns em laboratérios que utilizam luz sincrotron. O capitulo 25 trata da radiagéio emitida por distribuigdes de cargas ¢ correntes. Antenas transmissoras e receptoras, como antenas de TV ou radio, sio exemplos comuns de tais distribuigdes. O capitulo inicia com o estudo de sistemas simples radiativos, estudados na secio 25.1. Em seguida, as bases da emissdo para um sistema qualquer sdo fundamentadas na segdo 25.2, com o estudo dos casos particulares das zonas préxima (seg&o 25.3) e distante (se- cio 25.4). Na zona intermediéria a situagdo é mais complicada, e precisamos introduzir a idéia de expansio em multipolos para os campos de radiagio, 0 que é feito a partir da secdo 25.5. Obtemos nessa seg’o os campos em termos de multipolos radiativos e determinamos também grandezas como a distribuigao angular da poténcia irradiada pelos multipolos, na seg&o 25.6, e a energia eo momento angular irradiados pelos multipolos, na segio 25.7. Alguns exemplos importantes, como os de antenas de meia-onda, sao discutidos exaustivamente nessas secdes. O estudo de guias de ondas e cavidades ressonantes é desenvolvido no capitulo 26, iniciando com uma discussio simples sobre a propagacao de ondas entre dois planos condutores (seco 26.1) e continuando com o estudo de guias de ondas formadas por um condutor oco de segio transversal reta constante (seco 26.2). Em particular, os importantes casos de guias de ondas com seces transversais retangulares e circulares sio estudados em detalhe, nas secdes 26.2.1 e 26.2.2, respectivamente. O capitulo continua com a discus- sio de cavidades ressonantes, na segéo 26.3, incluindo o célculo da energia armazenada e da poténcia dissipada numa cavidade, com a determinagao, ainda, do fator de qualidade da cavidade. Os tépicos de difragao e espalhamento sao discutidos no capitulo 27, ini- ciando com uma descrigdo qualitativa do fendmeno em termos da construgao de Huygens (seco 27.1). Em seguida, na seco 27.2, a difragdo é descrita quantitativamente em termos da teoria escalar de difragao, sendo a teoria ve- torial apresentada e comentada. Na secio 27.3 particularizamos 0 estudo da difrag&o para a difragdo de Fraunhofer, com algumas aplicagées importantes, 14 PREFACIO considerando a difracio por fenda tinica (secéo 27.3.1), por fenda dupla e por muiltiplas fendas (segao 27.3.2), por uma fenda retangular (segdo 27.3.3) e por uma fenda circular (secao 27.3.4). Depois, a difracao de Fresnel é apresentada, na segéo 27.4, com o estudo do caso de uma fenda de difragdio. O capitulo continua com o estudo do espalhamento por objetos, sendo necessario inicial- mente obter uma importante expansio para ondas eletromagnéticas planas em termos de ondas esféricas, 0 que é feito na segao 27.5. Assim, na secao 27.6, © espalhamento de ondas eletromagnéticas por uma esfera perfeitamente con- dutora é estudado, incluindo-se as idéias de secio de choque diferencial e segiio de choque total de espalhamento. O capitulo finaliza com o estudo do espalhamento Thomson, na secao 27.7. O capitulo 28 trata de um assunto bastante interessante, a reagio de radiagao, que € a forca produzida pelos campos eletromagnéticos de uma carga. ao agirem sobre ela mesma. A existéncia dessa forca decorre do fato de 0s campos se propagarem com velocidade finitia, de modo que partes diferentes da carga interagem umas com as outras, produzindo uma reagdo associada, com a radiagdo. Um calculo baseado na lei de conservacdo de energia é feito na segéio 28.1, enquanto as segdes 28.2 € 28.3 estabelecem as grandezas relevantes para o caso de um modelo muito simples para uma carga pontual e para o modelo de Lorentz para o elétron, respectivamente. O volume contém ainda trés apéndices importantes. No apéndice G, discutimos a produgdo e o uso de correntes elétricas varidveis, enfocando cir- cuitos elementares ligados tanto a fontes de tenséo continuas como alterna- das. Os conceitos de fasores, reatancias e impedancias, além da ressonancia em circuitos de corrente alternada, sio introduzidos de forma simples mas bastante intuitiva, e o importante conceito de poténcia RMS é introduzido. No apéndice H, nosso objetivo principal é apresentar um método de resolugao das equagées de Helmholtz que dé origem as fungdes de Bessel esféricas, as quais sio muito importantes no estudo da radiagao de multipolos desenvolvido no capitulo 25. Sendo assim, esse apéndice complementa o referido capitulo. Por tiltimo, 0 apéndice I apresenta uma aplicagao das idéias de refragdo a sistemas de lentes esféricas, tanto delgadas quanto espessas. Em particular, 0 interessante método matricial para formagdo de imagens por meio de lentes espessas é apresentado, encerrando este volume. Como comentarios finais, cabe aqui um pedido de desculpa aos leitores pela demora em apresentar o terceiro volume. Apés a publicacio do Volume IL assumi um cargo de professor efetivo junto ao Departamento de Fisica da Universidade Federal do Parana e passei a executar todas as atividades de PREFACIO 15 ensino, pesquisa e extensio a que nés professores nos dedicamos, incluindo preparagao de aulas, orientagdes de iniciagées cientificas, mestrados e douto- rados, que realmente tomam bastante tempo. Assim, 0 tempo que podia ser destinado & escrita do texto do livro tornou-se pequeno, o que acabou atra- sando o seu término. Agradego, assim, aos leitores, que tiveram a paciéncia de esperar por este volume. Agradeco, também, & Editora UEPG, que sempre executa um trabalho editorial excepcional. Como das vezes anteriores, peco que possfveis sugestées, criticas e comentarios sobre o livro sejam enviados a ela ou diretamente a mim Kleber Daum Machado Lista de Figuras 20.2 20.3 20.4 20.5 20.6 _- 21.2 21.3 21.4 21.5 21.6 22.1 ae Um fio retilfneo muito longo, para o cdlculo dos potenciais e campos retardados... 2... 0. Grandezas importantes para o célculo dos potenciais retardados para uma carga pontual ......... : Vetores importantes para o célculo da expresso 20.164 . Campo elétrico de uma particula com carga Q movendo-se com velocidade v constante .......... Campo magnético de uma particula com carga Q movendo-se com velocidade # constante .:........ Fio para o exercfcio 20.2... . Um cabo coaxial para o calculo da poténcia transmitida por ele i Reprodugo do cabo coaxial da figura 21.1 Circuito retangular para demonstragao do momento linear mecdnico “escondido” ......... Solendide e duas cascas esféricas, para demonstrag&o da conservagao do momento angular. ...... 0.006 Duas representacdes para 0 monopélo magnético Duas curvas Ce C! ¢ drea definida por elas... ... Altura y de uma onda numa corda como fungao Gedey se este eee Visio ampliada de um elemento de comprimento dl de uma corda pela qual passa uma onda Uma onda transversal propagando-se na direcio demo te 88 104 150 156 187 210 224 226 250 269 274 282 291 18 22.4 22.5 22.6 22.7 22.9 22.10 22.11 22.12 22.13 23.5 23.6 23.7 23.8 23.9 23.10 23.11 LISTA DE FIGURAS Diagramas para ondas circularmente polarizadas .. . . . Vetor de polarizacdo para uma onda elipticamente polarizada . Vetor de propagagdo de onda em trés dimensdes Representacao do fluxo de energia transportado pela onda através de uma superficie de drea A . Graficos da densidade de corrente em fungao da distancia ao eixo dos fios de cobre descritos pelos parametros mostrados na tabela 22.3 ..........5 Grafico da funco descrita pela equacéio 22.113 para o intervalo de freqiiéncias de 1 Hz a 3 MHz . Modelo simples para um elétron para estudo da absorgio e dispersio oo Indice de refragio © coeficiente de absorgio préximo aumaressonancia........... Trajeto para integracao da funcao f Circulo para 0 teorema 22.1 Onda eletromagnética em incidéncia normal & interface entre dois meios dielétricos lineares. . 2. ees Vetores de onda para incidéncia obliqua na interface entre dois dielétricos . Diagrama para obtengio das leis de reflexio pelo principio de Fermat . 6... eee ee ee Diagrama para obtengio das leis de refracao pelo Ponca Fenmet ©9900 oe 3 Vetores de onda para incidéncia oblfqua na interface entre dois dielétricos . eee Vetores de onda para inc entre dois dielétricos Coeficientes de reflexdo para uma interface ar-dgua . éncia a obligua na interface Demonstrago da reflexao interna total frustrada .. . . Iustragao do efeito Goos-Hiinchen . . . Montagem da experiéncia de Wiener . . Diagrama para a incidéncia obliqua num condutor . . . . 363 368 370 376 405 407 421 430 434 436 439 447 452 458 459 466 468 LISTA DE FIGURAS 24.1 24.2 24.3 24.4 24.5 24.6 24.7 24.8 . 24.10 24.11 25.1 25.2 25.3 25.4 25.5 Padrao da radiagao emitida por uma carga movimentando-se em baixa velocidade .... . Radiagiio emitida por uma carga com velocidade e acelerac&o colineares.. 6... 0-0 eee Carga Q executando um movimento circular uniforme no plano zz... 0... Padro de emissao de uma carga movendo-se em movimento circular uniforme Bo oc becooGG Representaciio da radiagao emitida por uma carga em movimento circular uniforme irradiando em dirego a um observador O. . . . bee cece occ uooco oe Parte relevante da trajetéria da carga Q executando um movimento qualquer ¢ emitindo radiagéo em direcao a um observador capaz de analisar 0 espectro de freqiiéncias emitidas . . . Intensidade da radiagao emitida no plano da érbita (9 =0) para uma carga em movimento extremamente relativistico em funcgdo da freqiiéncia w e angulo sdlido . . Comparagao entre as intensidades da radiagao emitida em funcao de @ para os trés regimes de freqiiéncia Tntensidade da radiag&io emitida por unidade de freqiiéncia para os trés regimes de freqiiéncia Representagio do principio de funcionamento de um dispositivo de insergdo... 0... Trajetéria oscilante descrita pela carga sob a agio dos campos magnéticos de um dispositivo de insergio. . . . . Configuracao para o céiculo da radiagéo emitida por tm dipoloelética @ 9 80 ee re Espira utilizada para representiar um dipolo magnético . . Diagrama apresentando a distribuicao de fontes e as grandezas envolvidas . . Representagao do padrio da radiag&o emitida por um quadrupolo elétrico . 5... ee Modelo para uma antena linear alimentada pelo centro por um gerador que fornece corrente alternada . . . . 19 490 493 504 514 528 548 on & S on a & 20 25.8 25.12 26.1 26.2 27.1 27.2 LISTA DE FIGURAS Modelo para uma antena linear alimentada pela extremidade centro por um gerador que fornece corrente alternada 2. ee Diagrama da poténcia média por unidade de Angulo s6lido para uma antena de meia-onda alimentada pelocentro.............0- : Diagrama da poténcia média por unidade de angulo sdlido para uma antena de onda completa alimentada pelo centro... - Associaciio de N antenas ‘de comprimento r, alimentades pelo centro 0 Gréfico do quadrado da fungao de associagao de antenas dada pela equagao 25.357. Gréfico da equagio 25.368 apresentando a poténcia irradiada por unidade de Angulo sélido no plano cy (@ = %) para uma associagao de N antenas .... . Padrao tridimensional de emissao de uma. assoc de 5 antenas de meja-onda espagadas por X = 4 descrito pela equaciio 25.356 Guia de ondas cletromagnéticas formada por dois planos condutores perfeitos separados por uma distancia d Disposigdo dos campos para uma onda polarizada com campo elétrico transversal & direcdo de propagagao (modo ET) . poe ooo ees oc Grandezas relevantes para o estudo da propagagaio ag modo ET entre dois planos condutores . : Guia de onda oca formada por um condutor em forma de tubo de segio transversal arbitréria mas constante Guia de onda oca formada por um condutor em forma de tubo de segio transversal retangular ......... Guia de onda oca formada por um condutor em forma de tubo de segado transversal circular... 2.1... Frentes de onda plana, para a construgao de Huygens Uma frente de onda plana com minifontes.... 2... 656 697 698 699 708 709 730, 820 821 LISA DE FIGURAS 27.4 27.5 27.6 27.7 27.8 27.9 27.10 27.11 27.12 27.13 27.14 27.15 27.16 27.17 27.18 27.19 27.20 27.21 27.22 27.23 27.24 Miniondas obtidas a partir das minifontes e intersece! formando a nova frente de onda Construgéo de Huygens para difragao atrav orificio . Consideragoes iniciai . Superficies importantes para a difragio .. 0.0.0.0. Configuragao para o espalhamento de radiaco por um objeto de formato qualquer... ... . Diagrama para a difragdo de Fraunhofer... ..... . Diagrama para a difragdo por fenda tinica . . . Amplitude normalizada para a difracéio por fenda tinica Intensidade normalizada para a difragao por fenda tmica eee Diagrama para a difragio por fenda dupla . Lee Intensidade normalizada para difragao por fenda dupla para 0 caso b = 4D Diagrama para a difragao por miltiplas fendas para Nopat cece eee eee Intensidade normalizada para difragdo por miltiplas fendas para o caso b= De N=4 Diagrama para a difragdo por miltiplas fendas para (Nemper 2 te | Diagrama para a difrago por uma fenda retangular Intensidade normalizada para difragao por uma fenda retangular para o caso Dy =2Dy.......-. 0% Diagrama para a difragio por uma fenda circular . « Intensidade normalizada para difragéo por uma fenda circular de raio D Diagrama para a difragao de noe por uma. fue tinica o ooo Espiral de Cornu... . . Padrao de intensidade para a diftagéo de Fresnel por uma fenda semi-infinita, mostrando as oscilagées de intensidade em torno de Ip para x crescente. . . . Segao de choque diferencial para espalhamento por uma esfera perfeitamente condutora no limite de comprimentos de onda grandes em comparacdo com o raio da esfera . . ee eA) 821 822 823 826 835 846 870 ya 878 884 888 22 27.25 27.26 28.1 28.2 Gl G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 Gg G.10 GAL G.12 G.13 G.14 G.15 G.16 GAT G18 G.19 G.20 G21 LISTA DR FIGURAS Seo de choque de espalhamento para uma carga livre excitada por uma onda plana polarizada na diregio « incidente na diregio z 6... ee 937 Secao de choque de espalhamento para uma carga livre excitada por uma onda. plana ndo-polarizada na diregéo Gincddentene directo] oe 939 Modelo “dipolar” para uma carga pontual Q . . . - 947 Grandezas importantes para o cdlculo da reagao de radiagéo para um elétron 2... 2 ee 961 Esquema de um gerador elétrico de corrente alternada . 978 Grdfico da corrente induzida para o gerador de meia-onda... 2... ++ eee eee eee a 981 Grafico do fluxo magnético para o gerador de meia~ onda 982 Vista de um gerador com varios enrolamentos no rotor. 982 Tensio de saida do © gerador com varios enrolamentos MOTOtOr. ©... eee ee ee eee : 983 Esquema do sistema de anéis 5 deslizantes. ... « 984 Tens&o e corrente de safda do gerador de onda completa . 984 Um circuito RC em série 2... 1. ee ee es 988 Grafico Q(t) x t para os processos de carga e ie) do capacitor no circuito RC . ‘ | 992 Um circuito RL em série. . « a 993 Grafico i(é) x ¢ para a corrente no ircuito Reo. (87 Diagrama de um circuito LC em série... . . 2 998 Grafico Q(t) x wot para o circuito LC sem fonte = tensao externa... 6... oo c6 1003 Diagrama de um circuito RL C em série... 7 = L006 Grafico de Q(#) x t para o circuito RLC suberitico see. 1011 Grafico de Q(t) x t para o circuito RLC supereritico ... 1013 Grdfico de Q(t) x t para o circuito RLC critico ...... 1015 Um circuito de corrente alternada puramente resistivo .. 1017 Representagdo de um fasor ... 2... 00-0 | 07, Representagiio da tensdo alternada como um fasor . . 1018 Diagrama de fasores para o circuito da figura G18... 1018 LISTA DE FIGURAS 11 12 13 1.10 Um circuito puramente capacitive ©... 6... ee Diagrama de fasores para o cirenito da figura G.22 . Um circuito puramente indutive . 2... 0.22.0. Diagrama de fasores para o circuito da figura G.24 . Diagrama de fasores apalitasive para o circuito RLC em série da figura G.14 : craneuedehnidoh cra setae GGle | Esquema da focalizagéo de uma lente esférica . Esquema da focalizagao de uma lente esférica . Refracao na primeira superficie esférica da lente, onde 0 raio de luz passa do ar para a lente Refracao na segunda superficie esférica da lente ont raio de luz passa da lente para o ar Esquema dos raios de luz para uma lente convergente Esquema dos raios de luz para uma lente divergente . . Esquema da formagao da imagem numa lente Refragao numa — esférica entre dois meios de indices de refraglonen’ .. 0... ce ee Transmis proxima . so. Formacao de imagem ‘usando uma lente espessa Jo do raio de luz de uma superficie até a 23 1061 1062 1063, 1064 1068 1068 1069 1073 1075 1076 Lista de Tabelas 22.1 22.2 22.3 25.4 Espectro eletromagnético ... . . Espectro eletromagnético da luz visfvel Profundidades de penetragao para ondas eletromagnéticas com as freqiiéncias indicadas na tabela . Alguns coeficientes Cf, dados pela equagéo 25.207 para as antenas de meia-onda..........-0-00-- Alguns coeficientes Cf dados pela equagio 25.209 para as antenas de onda completa ....... Alguns coeficientes Cf, dados pela equagao 25. 221 para as antenas de meia-onda alimentadas pelo seuextremo. .. 2... ct eee ete eee Alguns coeficientes Cfo dados pela equagao 25.222 para as antenas de onda completa alimentadas pelo seu extremo 312 313 654 655 658 Capitulo 20 Campos Eletromagnéticos, JII: Potenciais, Campos e Transformacoes de Calibre Aaui veremos como a introdugio de potenciais escalares ¢ vetoriais apropriados pode facilitar a resolugdo das equages de Maxwell para 0 caso geral em que é dada uma densidade de cargas p(?,t) e uma densidade de correntes J(#, t) dependentes do tempo. Além disso, obteremos os potenciais © campos produzidos por essas distribuigdes de cargas. 20.1 Potenciais Escalares e Vetoriais As equagées de Maxwell na forma 20.1, vGa8 (20.1a) 0 vV-B=0 (20.1b) a 8. Vxé=-F (20.10) Ux B= pod + nore (20.14) formam um conjunto de equagdes diferenciais de primeira ordem parciais e acopladas. Em casos simples, clas podem ser resolvidas para darem os campos 28 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGORS DE CALIBRE clétrico e magnético de uma distribuigéo de carga p(7, t) e uma distribuicio de correntes J(F; t), especialmente quando ha simetrias envolvidas, de forma que as leis de Maxwell na forma integral possam ser utilizadas. Entretanto, a sua resolugao para um caso geral nao é tio simples, ou seja, nao é uma tarefa fécil determinar E(F, 1) e B(F, t) dados p(F,t) e J(F t) para um caso geral. No caso estadtico, tanto elétrico quanto magnético, as leis de Coulomb e de Biot- Savart podem ser aplicadas, e algumas técnicas (integragao direta, fungées de Green, método das imagens, potenciais escalares e vetoriais magnéticos Por exemplo) podem ser utilizadas para resolver a questéo. No caso geral, em que todas as grandezas relevantes podem depender do tempo, aquelas duas equagées, que sio vélidas para condigées estaticas, néio podem ser empregadas na forma usual em que as conhecemos. Precisamos entao estender a validade delas para o caso geral ¢ eventualmente obter novos métodos para resolugéo das equagées de Maxwell acima. No desenvolvimento dos métodos de resolugéo de problemas eletrosté- ticos e magnetostaticos, o conceito de potencial escalar on vetorial foi Gtil em varias situagoes !. Assim, podemos explorar esse fato e determinar potenciais escalares e vetoriais apropriados para o caso geral e verificar se, procedendo desse modo, conseguimos simplificar as equacdes de Maxwell 20.1. A primeira verificagéio com relagio aos potenciais é que a equagio de Maxwell 20.1b, vV-B=0 combinada com a relagao 1.58a, V-(vx4)=0 indica que o campo magnético B pode ser expresso em termos do potencial vetor magnético 16.1, B=vVxd (20.2) Iembrando que agora A = A(7, 1). A relacio entre Be A é direta, mas no caso do campo elétrico €'e do potencial elétrico V, hé uma pequena modifi- cago a fazer. Como agora os campos dependem do tempo, pela equacio de ————— * Bom, talvez mais titil na Eletrostatica do que na Magnetostatica, por causa da mensu- rabilidade do potencial elétrico. 20.1. POTENCIAIS ESCALARES E VETORIAIS 29 Maxwell 20.10, s__ 0B Vxé=- ot 0 campo clétrico no pode ser escrito simplesmente como & = —VV, que é valida apenas no caso estético, quando entao V x & = 0. Porém, se utilizarmos © potencial vetor magnético, podemos reescrever a lei de Faraday como - @ S VxE+ 5 (Vx A) =0 ou ou ainda, Para o termo entre colchetes podemos utilizar agora a identidade 1.58a e definir um potencial escalar, ou seja, 2 Be e entio, (20.3) que se reduz & expressio usual quando A nao é funcio do tempo (situagao magnetostatica), Assim, os campos elétrico e magnético ficam escritos em termos de potenciais por meio das equagées 20.2 ¢ 20.3. Pelo modo como eles foram definidos, os potenciais acima de acor- do com a lei de Gauss magnética e a lei de Faraday. Precisamos verificar 0 que ocorre com as outras duas leis, a lei de Gauss ¢ a lei de Ampére-Maxwell. Partindo da lei de Gauss 20.1a, 30 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, 111; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOBS DE CALIBRE e da expresso 20.3, obtemos ou que pode ser reescrita como v4 Jy. ay=-2 (20.4) Essa equagdo substitui a equagdo de Poisson 6.1 para o caso eletrostatico. Partindo agora da lei de Ampre-Maxwell 20.1d, > > fra VxB= pol + Hotome € utilizando 20.2 e 20.3, ficamos com oA at z z a Vx(VXxA) = pod + woen5g|-VV - — A identidade 1.58c estebelece que Vx(VxA)=V(V-A)-V?A Aplicando essa identidade na equac&o anterior, achamos . . y a afad V(V A) — VA = pod — woeoss(VV) ~ Hoeos: [] ou o ed . VAt Moeoapx = Hod zx av V(V-A) +0 [005 | 20.1. POTENCIAIS ESCALARES E VETORIAIS 31 ou ainda, 2a . é S VA- wore V/V A+ woos | = po (20.5) que 6 a equagao derivada da lei de Ampre-Maxwell. Note que as equagdes de Maxwell envelvem a determinagao de € e B, os quais tém, cada um, trés com- ponentes, ou seja, na verdade temos seis incdgnitas. As equacées 20.4 € 20.5, apesar de nfo serem t&o belas e concisas quanto as equagdes de Maxwell, contém todas as informagées fisicas destas. Elas envolvem a determinagao de quatro incégnitas, a saber, o potencial escalar V e trés componentes do potencial vetorial magnético A. As equacdes 20.4 e 20.5 podem ser eventualmente simplificadas em cer- tas situagdes, mediante o uso de transformagées de gauge (transformagoes de calibre), j4 que as expressdes 20.2 e 20.3 nao definem univocamente um potencial escalar ¥ e um potencial vetorial A. Para ver isso, considere nova- mente 20.2, B=VxA Pela identidade 1.58.b, temos que, para qualquer fungiio escalar A, vale VxVA=0 Assim, se considerarmos A'=A+VA (20.6) temos que o campo magnético correspondente serd ou seja, 0 campo magnético, que 6 a grandeza fisica relevante e observavel, permanece invariante sob a transformagio 20.6. Precisamos verificar agora o que ocorre com 0 campo elétrico 20.3, 32 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS £ TRANSFORMAGOFS DE CALIBRE quando submetido & mesma transformagao. Nesse caso, considerando também a possibilidade de que V possa ser transformado para um V’, temos &'=-VV- oat VA) ou aA a To VW 2h ey a ou entao, ou ainda, 2) _oly 4 0A] _ 94 El= oly +3 Bt Portanto, se definirmos a transformagao OA V=v-= 20. 3t (20.7) ficamos com x OA , ON OA "= -V]V- 24+] - = e of at zl at ou » oa. 'a-yv- = é Wl oe G de modo que 0 campo elétrico também fica invariante. Assim, a transformagao de calibre dada pelas equagdes 20.6 e 20.7, 20.1. POTENCIAIS ESCALARES E VETORIAIS 33 A'=A+VA (20.8a) 1 ay ON VeavV-> (20.8b) deixa os campos eletromagnéticos invariantes frente a transformagées de ca- libre, e essa invariancia é chamada de invaridncia de calibre. Dessa manei- ra, podemos escolher uma fungao arbitrdria A(7,t) de modo a ter, para as condigdes de um certo problema, a transformagao de calibre que seja mais adequada para sua resolugao. Existem varios calibres importantes. Os dois principais séo 0 calibre de Coulomb, também chamado de transversal ou de radiagao, € 0 calibre de Lorentz. Antes de estudar esses calibres, vamos resol- ver alguns problemas de aplicagéo Exemplo 20.1. Dados os potenciais VF) =0 A(r, t) = Apa?t ke determine os campos elétrico e magnético correspondentes, verifique se eles satisfazem as equacées de Macwell e ache as distribuigdes de carga e corrente que dariam origem a esses potenciais. Os campos so obtidos através das equacées 20.2, B=Vxd e 20.3, aA &=-W- 5 e ficam S a a E=-WV- 5 (Aov*th) E = -Apa?k 34 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMACOES DE CALIBRE B= Vx (Aox*tk) 8 38 8 = Alig +i RE x (2? k) k = 2Aprt —2Agttj B ‘A primeira equacéio de Maxwell fornece a densidade de carga associada aos potenciais acima, isto 6, de 20.1, achamos e ela é verificada. Passando agora A terceira equagdo de Maxwell, dada pela expresso 20.1¢, temos que verificar se pe 08, Vxé= | ou seja, a a | 5 Oa +g + ke x (—Apr* k) = ~ pl 2Aoet 5) ~2Agr ix k 2 2Agxj 2Agaj = 2Agrj ea terceira equagao é verificada. A quarta, expresso 20.1d, fornece a densi- dade de corrente associada aos potenciais definidos acima, ou seja, 2041. POTENGIAIS ESCALARES F VETORIAIS 35 VxB= Te 7 ou 78:9 8 4 7 a ps a thay t KS | x (-24oet) = Hod + woeo5,(—Aon” kk) —2WAgtixj= pot fa —2Aoty Ho Exemplo 20.2. Mostre que as equagdes 20.4 € 20.5, oO ~ rv Lig. Ay=-2 VV + FV: A) =- = e 7 VA = woot —¥ ov podem ser reescritas numa forma mais simétrica, utilizando 0 operador d’Alambertiano C2, definido no vécuo por =V?- tg (20.9) Hoo 555 . =V-A+ oso (20.10) Observando a equag&o 20.5, vemos que ela pode ser imediatamente es- crita em termos das grandezas definidas acima, de modo que ela fica OP A- VE —HoF ‘A equacio 20.4 precisa de algumas manipulacées adicionais. Vamos somar e subtrair 0 termo pipen $4¥ do lado esquerdo da equagao, ou seja, 36 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III; POTENCTAIS, CAMPOS B TRANSFORMACOES DE CALIBRE oy VV = peso + a Oy oto ae toe ae + 3p =o ou oo av p 2 all a . ae PV + 5 [moose + VAL = -2 ou ainda, ap Ov+Ss-F£ ye Reunindo as duas expressdes, temos (20.11a) (20.11b) que esté escrita agora de uma forma um pouco mais simétrica Exemplo 20.3. Sendo dados os potenciais V0 = e Alt) =0 a) Determine os campos & e B correspondentes, verificando se eles satisfa- zem as equagdes de Mazwell. Ache também as densidades de carga e corrente correspondentes. FE interessante notar que o potencial escalar acima corresponde ao po- tencial eletrostatico de uma carga estdtica —Q situada na origem. Portanto, esperamos obter o campo elétrico de uma carga pontual, um campo magnético 201 POTENCIAIS ESCALARES B VETORIAIS 37 nulo, pois a carga esta parada, ¢ os campos devem respeitar as equagées de Maxwell. Os campos sao obtidos das equagGes 20.2 e 20.3, e eles ficam B=vxA=0 ¢ (lembrando de usar o operador V em coordenadas esféricas) Greer =| que sio os campos de uma carga pontual —@ situada em repouso na origem, de modo que p = —@é(i*) e J = 0. As equagdes de Maxwell so imediata- mente satisfeitas para esse caso, jd que esse é 0 problema mais elementar da Eletrostatica. b) Faca uma transformagdo de calibre aplicando a fungdo Qt Freor € obtenha as mesmas grandezas do caso anterior, verificando também a vali- dade das equagées de Mazwell. Para transformar os potenciais, utilizamos as relagdes 20.8, de modo que 0 potencial magnético fica, por 20.8a, - | Aneor e entado, O potencial elétrico fica, aplicando 20.8b, 38 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, IIL: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE On W=v-= Vo ou — Ot| 4meor ou ainda, Gneor | Amegr ¢ entio, vy Os campos B’ e €' podem ser obtidos por meio das equagées 20.2 e 20.3. Note que esperamos que eles sejam id@nticos ao caso anterior, por causa da invariancia dos campos (nao dos potenciais) frente a transformacées de calibre. Verificando explicitamente, temos o 9 Qt. raen6 06 * Freqr?* ott seja, os campos realmente so invariantes sob a transformagao de calibre. ‘As densidades de carga e corrente so as mesmas que no caso anterior, j4 que 0s campos séio os mesmos, o que é bastante razodvel porque a transformacdo de calibre 6 um modo matematico de alterar as equaces de Maxwell para 20.2, CALIBRE DE COULOMB 39 facilitar sua resolugao, mas ela néo pode criar ou destruir distribuigdes de cargas ou correntes pois isso alteraria as condigées fisicas do problema. 20.2 Calibre de Coulomb O calibre de Coulomb, transversal ou de radiagao, consiste em conside- rar uma transformagao de calibre de forma que 0 potencial vetor magnético A fique sujeito & condigao : v-A=0 (20.12) que 6, na verdade, a condigdo implicita na Magnetostatica, jA que, nesse caso, como a lei de Ampére na forma 14.20 é valida sem corregGes, podemos utilizar 16.1 e escrever Vx(VxA) = Wot Utilizando agora a identidade 1.58c, vx(Vx4)=V(V-A)-V?A achamos V(V-4A)-VA= pol Supondo agora que V-A = 0, ¢ lembrando também que estamos considerando campos e potenciais independentes do tempo, temos VA = pot (20.13) Comparando esta equagao com a equagao de Poisson 6.1, vyva-2 €0 cuja solugao é dada por 5.2, 40 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE vemos que a solugao da equagio 20.13 é do tipo que é similar A expresso 16.5, deduzida na seco 16.1, valida para a Magne- tostatica. Com o calibre de Coulomb 20.12, a expressiio 20.4 para o potencial elétrico se torna viv =-£ (20.14) €0 que 6 uma equagio idéntica & equagéo de Poisson 6.1, de modo que a solugao 6 dada por : 1 olf", t) VGO= Ee i ror (20.15) Note que V nao estd relacionado ao campo elétrico por € = —VV. Isso sé ocorre na Eletrostatica. A relacao entre eles 6 dada pela equacio 20.3, aA f=-w-> on seja, é preciso determinar também A(7, t) para encontrar os campos. Um fato relevante a respeito do calibre de Coulomb 6 que, quando estamos considerando este calibre, 0 potencial elétrico 20.15 num ponto P(F*) do espago e num instante de tempo t é determinado pela distribuicdo de cargas p(F,t) no instante de tempo t, independentemente de quiio afastadas estiverem as cargas do ponte de observaglo P. Isso significa que o potencial elétrico no calibre de Coulomb propaga-se de forma instantdnea pelo espago, violando (em principio) a teoria da Relatividade. A questio é que a Relatividade diz que nenhuma informagdo pode viajar mais ripido do que a luz, mas nada impede algo que nao transporte informacio de se mover mais répido que a luz. O potencial elétrico 20.15 sozinho nao é uma grandeza mensurdvel (lembre que ele niio é rico usual da Eletrostética), mas sim o campo elétrico & derivado a partir de 20.3, 0 © potencial eld qual depende também de A. O potencial vetor magnético “compensa” o potencial elétrico no calibre lam a Relatividade. de Coulomb, de forma que os campos eletromagnéticos nao vio! O calibre de Coulomb facilita a determinagao de V, mas isso tem seu 20.2. CALIBRE DE COULOMB 41 preco. O potencial vetor magnético A fica sujeito a uma equacéo néo muito simples, j4 que, por 20.5, temos v? We 32 53 — wav || = Hod ou, em termos do operador d’Alambertiano 20.9, DA = oF + woeoV (e a | (20.16) Em principio, o termo que depende de V no lado direito da expressio acima pode ser calculado por 20.15. Além disso, como ele envolve um gradiente, sabemos por 1.58b que seu rotacional é nulo, ou seja, esse termo é irrotacional Isso sugere que, se separarmos a densidade de corrente J em dois termos, através de Tahth (20.17) de modo que Je seja a densidade de corrente longitudinal ou irrotacional, com a propriedade de que V x Je = 0, e J; seja a densidade de corrente transversal ou solenoidal, caracterizada por ter V+ J; = 0, a equagao para A pode ser simplificada. As densidades de corrente longitudinal e transversal sio obtidas da densidade total de corrente mediante 5 iodo Vis (20.18) v (20.19) como podemos ver se considerarmos, na relag&o 1.58c, vx(Vxd4) =v. d4)- V4 a fungi 42 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ‘Temos entao, = (2E8)] wf Vamos integrar agora esta relagdo num volume V, ou seja, [xv [Ae ]~- O operador V age apenas sobre as coordenadas 7, de modo que, para nossos propésitos, podemos escrever _ iy FF vf (Ea)w- [vee ]ar (20.20) Como J(F’) independe de F, a tiltima integral pode ser reescrita como IFO) ye | ae 1 [2 we [ seov'[ ¢, utilizando a equagao 9. VxvVx wv= achamos ou V = 40 IF 1) (20.21) 20.2, CALIBRE DE COULOMB 43 A integral Je, vi v-(4 3 (20.22) Loe pode ser reescrita se utilizarmos 1.58¢, v- (eA) =(Ve)- 44+ a(V- A) Obtemos, portanto, + (ZEB) - Geta) soe Sele? O tiltimo termo na expresso acima é nulo, pois JJ independe de 7. Além disso, por 10.2, temos onde V! age agora sobre as coordenadas com linha. Assim, achamos = (A) Leen) a Aplicando novamente 1.58e, s6 que agora para -| a ) podemos reescrever a pentiltima expresséio como Voltando agora & integral 20.22, ficamos com Tie vf v- (= sh) av = fh oat a / v. (ie v _v. (Head) , Mees FF 44 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, II!: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE A primeira integral do lado direito acima pode ser transformada numa integral de superficie mediante o uso do teorema do divergente 1.54, ¢ ela fica O volume V deve se suficientemente grande para conter toda a distribuig&o de correntes .J. Pode ser considerado infinito, de modo que a integral de superficie acima se anula. Obtemos, entao, (Fe _ v'- IF’, t) : vf (Ea)w-of oF w (20.23) Aplicando agora as expressdes 20.21 ¢ 20.23 em 20.20, ficamos com va f ie 4) Jej=tvxvx | 9 wedy | Ve) i F-F| mf, v ou Como queremos separar a corrente em dois termos como indica a equa- cao 20.17, Fahri sendo que devemos ter V x Je = 0 e V+ J; = 0, vemos que, comparando as duas equagées acima, achamos -_ fete [ MS a fT 20.2, CALIBRE DE COULOMB: 45 visto que o divergente de qualquer rotacional é nulo e o rotacional de qual- quer gradiente também é nulo. As expressdes acima sao justamente as rela- gOes 20.18 € 20.19, que foram portanto demonstradas. Voltando agora ao problema inicial, para simplificar 20.16, derivamos a equagio 20.15 com relag&io ao tempo, ou seja, olf.) “| Ot Amen Ot ove jf A iF raw Mediante 0 uso da equagéo da continuidade 12.21, aVv(Ft) - 3 < ou P4+v- JS=0 a * podemos escrever avimt) 1 “WS Ot Aen i onde V! é ° operador nabla escrito nas coordenadas de J(F’), ou seja, em termos de #”. Temos entao MD) at ane Jy, F Aplicando 0 operador V nesta expressio, ficamos com v{ men] 1 ot Are e usando a equagao 20.18, obtemos vA) on 46 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCTIAIS, CAMPOS F TRANSFORMAGOES DE CALIBRE de modo que a equagao 20.16 pode ser escrita como 27 7 ie (PA = -pod'+ poeo— Fe €0 ou PA = pol + pole Considerando agora a expresso 20.17, simplificamos a equagao para PA = -poh, (20.24) ou, explicitando 0 operador C?, 2 VA n0s0 5 = —podt (20.25) de modo que 0 potencial vetor magnético depende apenas da densidade de corrente transversal, 0 que explica o nome de calibre transversal dado a esse calibre. A denominagGo calibre de radiagio esta associada com a emissio de radiag&o por cargas, como sera visto no capitulo 24. O calibre de Coulomb 6 titil também em Eletrodinamica Quantica, sendo necessdrio quantizar ape- nas 0 potencial vetor magnético para estabelecer uma descrigo quantica dos fotons. Exemplo 20.4. Mostre que é sempre posstvel fazer V+ A = 0, ou seja, 0 calibre de Coulomb pode ser satisfeito por qualquer potencial vetor magnético A por meio de uma transformagao de calibre apropriada. Vamos inicialmente supor um potencial vetor magnético A para o qual ocorra v.40 ow seja, ele tem uma divergéncia nao-nula, nao satisfazendo o calibre de Gou- lomb. Entretanto, podemos utilizar a transformagio de calibre dada em 20.8a, A'=A+VA 202, CALIBRE DE COULOMB 47 que, como jé vimos, mantém inalterados os campos, para tornar o potencial vetor magnético adequado ao calibre de Coulomb. Tomando a divergéncia da equagao acima, temos vA =V-AtV-VA ou VA =V-AtVPA Para satisfazer 0 calibre de Coulomb, devemos ter © que implica em V-A+VA=0 ou VA=-V-A (20.26) Esta equagao é semelhante & equacio de Poisson 6.1, vy=-2 © a qual tem como solugao a expressio 5.2, ~_ 1 Y= Fe : de forma que a equagao 20.26 tem como solugio neo=z f Portanto, se A for dado pela expressio acima, o potencial vetor magnético A é transformado em A’ através de 20.8a e agora segue a condigao do ca- libre de Coulomb, isto é, V+ .A’ = 0. Assim, é sempre possivel transformar VW AF) 48 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, II: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE um potencial vetor magnético com uma divergéncia néo-nula num potencial equivalente sem divergéncia. 20.3 Calibre de Lorentz No calibre de Lorentz, escolhe-se a divergéncia do potencial vetor mag- nético de modo a desacoplar as equagdes 20.4, © 20.5, onde, pela expresso 20.9, a 2 v2 BE ~ Hotoa e, por 20.10, o ov V At nom, Observando as equacées, notamos que a escolha apropriada consiste em fazer vi At woe =0 (20.27) © que corresponde, por 20.10, considerar = portanto, 0 na forma 20.11, que fica, 203. CALIBRE DE LORENTZ 49 onde se percebe que as equagdes em pé de igualdade, pois esto sujeitos essencialmente & mesma equagao. Esse fato 6 particularmente importante na Relatividade, 0 que faz com que 0 cali- bre de Lorentz seja adequado quando se faz uma formulagio relativistica do Eletromagnetismo. As equagdes acima lembram a equagio de Poisson 6.1 para trés dimensdes e podem ser entendidas como sendo sua extensio para 0 pago em quatro dimensdes usual da Relatividade. O operador d’Alambertiano (2? 6, entao, a extensio do operador V? para o espaco tetradimensional. As equagdes 20.28 podem ser escritas explicitamente por av p 2 . . VY — nose = (20.29) y VPA 5 VA nocoae = —Hod (20.29b) Estas expressdes siio equac6es diferenciais semelhantes & equagao de onda nao- homogénea (veja a segiio 22.1), e os termos de “fonte” sio relacionados a p J. Resolver estas equagées é extremamente importante, pois elas fornecem V c A, que, por sua vez, determinam os campos & e B. Vamos estudar algumas situacdes importantes, mas antes devemos verificar uma questo relevante. Exemplo 20.5. Mostre que é sempre possivel fazer com que um potencial vetor magnético A qualquer satisfaca a condigéo de Lorentz 20.27, ov V-A+ uoe0 my, Vamos supor inicialmente que A nao satisfaca o calibre de Lorentz, ou seja, ov V+ Ad 1000 Podemos realizar uma transformacao de calibre mediante as equagdes 20.8, 50 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS £ TRANSFORMAGOES DE CALIBRE A'=A+VA On a. a at para transformar A em A’, cuja divergéncia é VA aV-AGVPA O novo potencial vetor magnético deve satisfazer a condig&o de Lorentz, ou seja, ov’ a 9 V-A' + p06 Portanto, transformando também o potencial escalar V, temos ] a on . 2 —— -—)= Vv T+ v4 wos(¥ =) ou - ov OPA : 2. SS —= = Vi At V°A + po€o Be” Moko HE 0 ou ainda, PA = ov 2A lee ge ee pall VPA — noc F V-A~ woe 5, Utilizando 0 operador d’Alambertiano, ficamos com 7 ov (PA = ~V-+ A= poeos Hoeo Ot que 6 uma equaco do tipo 20.28. Supondo que ela possa ser resolvida, a fungéo A seria conhecida e os novos potenciais A’ e V’ seriam determinados, e eles satisfariam a condigdo de Lorentz, como querfamos inicialmente. Exemplo 20.6. Ache a condigdo necessdria para que uma transformagéo de calibre dada por 20.8 feita nos potenciais A e V, 0s quais satisfazem a con- digéo de Lorentz 20.27, resulte em potenciais A' e V’, que também satisfazem a condigdo de Lorentz. 203, CALIBRE DE LORENTZ 51 Os potenciais A e V satisfazem a condigdo de Lorentz 20.27, 7 Vv Vv A+ noo =0 Vamos submeté-los a uma transformagio de calibre 20.8, A'=At+Va a ao que faz com que os campos permanegam invariantes. Queremos que, em ter- mos dos novos potenciais, a condig&o de Lorentz seja satisfeita, ou seja, de- vemos ter 7 ov’ v-A’ = A’ + LWo€o BE 0 ou 7 a on V-(A+VA) + woe . o) ou entio, 7 ov OA ViA+V-VA+ pocose — Moco =0 ou ainda, : OV oa aA V- At woom, + V A— oer = 0 Como JA e ¥ satisfazem a condigio de Lorentz, a equago acima se simplifica para PA 2 S Vv A Hoeomp =0 ou A=0 52 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE que 6 a condig&o para que os potenciais A e V continuem satisfazendo a condigao de Lorentz quando eles sao sujeitos a uma transformagao de calibre 20.4 Solugdes da Equagao de Onda e Potenciais Retardados Nosso objetivo agora é resolver as equagées de onda 20.29 ?, ev p Vv oe (00a ~~ 6 ee vA Motor = =o T para obter os potenciais V(F,t) e A(F,t) associados As distribuigdes de car- ga e corrente p(7,t) e J(#,t), respectivamente, e, a partir deles, determinar as grandezas fisicas relevantes, que sio os campos €(7,t) e B(F,t). No caso estdtico, as equagdes 20.29 tornam-se simplesmente vay 2 (20.30a) €0 VA = -poS (20.30b) que sdo quatro equagées de Poisson (uma para o potencial escalar V e trés para o potencial vetor magnético A) cujas solugées so w= ef eo av (20.314) (20.31b) Note que, no caso estdtico, as fontes dos campos e potenciais, ou seja, as densidades de carga p e corrente J, sio fixas no tempo. Por outro lado, no caso geral, elas no so constantes no tempo, de modo que variagées temporais nas fontes vao produzir alteragdes nos potenciais por elas gerados. Como as ? Lembrando que elas implicam no calibre de Lorentz, 204, SOLUGOES DA EQUAGAO DE ONDA E POTENCIAIS RETARDADOS 53 fontes estado localizadas nas posicdes F’ ¢ o ponto de observacio dos potenciais situa-se na posigéo *, a “informag&o” de que houve uma alteragao nas fontes deve percorrer a distancia |*'—7’| com uma velocidade finita, a qual, no caso dos potenciais eletromagnéticos, corresponde & velocidade da luz c. Isso indica que ha uma diferenga de tempo entre o instante em que as fontes emitem uma “informacao” eletromagnética da posicdo 7” e 0 instante em que ela é recebida na posigao 7, cujo valor é dado por (20.32) Assim, os potenciais observados no ponto # no instante de tempo t néo de- pendem instantaneamente da configuracio de cargas ¢ correntes no tempo*t, mas sim de como clas estavam num instante de tempo t, anterior, quando a “informagao” eletromagnética foi emitida. Esse tempo t,, chamado de tempo retardado, 6 dado por meio de oleate (20.33) c E importante ressaltar que 0 tempo retardado acima nao tem sentido no calibre de Coulomb, pois nele o potencial escalar V viola a Relatividade, j4 que tem velocidade infinita de propagagio. Com 0 uso do tempo retardado acima, as solugdes das equagdes 20.29 tornam-se, mediante uma extensio natural de 20.31, x z lf", tr) ona VF) = zal, omy Y (20.34a) e ae wo f SF ste) : A(F, t) if av (20.34b) Observe que p e J sfio determinados no instante de tempo retardado t,. Por causa disso, os potenciais acima sio chamados de potenciais retardados. Além disso, as expressdes acima sio relativamente simples, talvez até surpreenden- temente simples. Nesse ponto surge uma questiio dbvia: estardo elas corretas? Elas foram apresentadas mediante a utilizagdo de uma argumentagao légica, mas nao as deduzimos nem resolvemos explicitamente as equacées diferen- ciais 20.29, 0 que pode levantar diividas a respeito de sua consisténcia. De fato, j que os potenciais so corrigidos apenas levando-se em conta o tempo 'ROMAGNETICOS, IIT: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE retardado, poderfamos pensar, em analogia com 0 exposto para os potenciais, que os campos sejam dados por _ i [ Tee te) x F=F) gy Vv FFP que sfio as extensGes naturais de 4.5 e 14.14. Porém, apesar de os poten- ciais 20.34 estarem corretos, como veremos em seguida, 03 campos acima estao totalmente errados, o que indica que é preciso ter cuidado ao fazer analogias e que nem sempre as argumentagées “Idgicas” sao verdadeiras. Para verificar a veracidade das solugdes 20.34 para as equacdes de on- da 20.29, oT WA hoeoaer = pot vamos proceder de dois modos. Primeiro, vamos estabelecer um modo de re- solucio dessas equagées utilizando fungdes de Green. Depois, vamos verificar explicitamente que as solugdes resolvem as equagées diferenciais 20.5 Fungodes de Green para as Equagoes de Onda ‘As equagées de onda 20.29 no calibre de Lorentz, av p Vv - =e-£ Hoo Bee © ae 27 PA WA Moco = —pod © a equagao 20.25 para o potencial vetor magnético no calibre de Coulomb, . aA . VA hoo par = —Hole 205, FUNGOBS DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 55 partilham todas da mesma. estrutura matematica, e elas podem ser escritas como 1#Y 2 _ . . WT — aoe = ~ArvlF) (20.35) onde Y(F,t) representa os potenciais, c = 7b= é a velocidade da luz no vacuo e u(F;,t) indica as fontes dos potenciais (cargas ou correntes). A equagdo acima é uma equacdo de onda néo-homogénea, e podemos utilizar a técnica de transformadas de Fourier para resolvé-la. Vamos supor que T e v possam ser escritas como )= T(Fw)e* dy 20.36 160 = Fee fT e u(t) =a fe Jeni dw (20.37) com transformadas inversas . T(F,w) = i TE tet dt (20.38) e v(F,w) = ze fe Jel" dt (20.39) Aplicando as expressdes 20.36 e 20.37 na equagao diferencial 20.35, ficamos com wee een oii 2 at ou 56 20. CAMPOS BLETROMAGNETICOS, II: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE 1 a le VT (F w)e™t dws ou ainda, |. se | Vt eye ds Lf wis + se tele tt dy = = ie —4nu(#w)e™* dw Definindo o ntimero de onda k por meio de (20.40) e reunindo as integrais em uma s6, temos 1 2 2: 2. it — WL (Fw) + kL (Fw) + 4rru(F, w) Je dw = 0 aoe [IP Tu) + OTR w) +4 Fa] Para que a integral seja sempre nula é preciso que ocorra WY (Fw) + PYF, w) = —A70(F,w) (20.41) que 6 uma equagao diferencial conhecida como equagéo de Helmholtz na homogénea. A funcio T(F,w) deve satisfazer essa equagio, que se,reduz & equagao de Poisson quando k = 0 Uma idéia para resolver a equagéo 20.41 consiste em considerarmos fungdes de Green apropriadas para esse caso. Seguindo os passos da segiio 9.2, vemos que as fungdes de Green adequadas devem estar sujeitas & equacdo (compare com a equagio 9.4) VE F) + PBF F) = —406(F — 7") (20.42) 295, FUNGOBS DE GREEN PARA AS EQUAGOES DB ONDA 57 Quando nao ha superficies limitantes que formam fronteiras entre duas regides distintas, a fungéo de Green acima deve ter uma simetria esférica (veja a se- cdo 9.4), de modo que ela deve depender apenas de R = |’ — #"|. Nesse caso, a equaco diferencial 20.42 pode ser simplificada se considerarmos 0 operador V? em coordenadas esféricas, dado pela equagao B.20, pe ae 72 sen 0 0 936 sen? ag A equagio diferencial torna-se, entio, 1 & 1 a i pom) + R650 (snes) + Fe sen?6 a 5u(R) + k°34(R) = —4706(R) ou 1 _ a (Rx) +S, = —476(R) ou ainda, a = (RB) +k (R3,) = —405(R) A fungdo delta sé contribui quando R = 0, ieto 6, quando 7 = 7”. Quando #7", a equacdo acima torna-se ERs.) + PRG) =0 que é uma equacdo homogénea, a qual pode ser simplificada se definirmos a(R) = HD) Assim, a equagao fica @ felR), | 2, pfe(R)) _ gph) + (RE) = 0 ou 58 20, CAMPOS BLETROMAGNETICOS, IT POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE @Phe(R) dR? + WR(R) = que é resolvida mediante a suposig&o de que fe(R) = Ae™® e que, portanto, eh dR? Substituindo estes dois valores na equagio diferencial, achamos = Ame® Ame? +k? Ac™ = 0 ou Ae™® (m? + k?) = 0 Para que a equacdo acima seja sempre verificada, é preciso que ocorra m +k? =0 m= tik Portanto, as solugées da equacio diferencial sio dadas pelas fungdes fE(R) =e" fy (R) = eR e assim, as fungées de Green ficam @ikR (20.43) (20.44) 205. FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGORS DE ONDA 59 resultando na fungio de Green geral AeikR — BeWikR R * R Fe(R) = (20.45) em que os coeficientes A e B dependem das condigdes auxiliares para o pro- blema. Os dois termos do lado direito na equagdo acima representam ondas esféricas. O primeiro indica uma onda partindo da origem, em # = 7”, ao passo que o segundo esté associado a uma onda esférica dirigindo-se para a origem. Quando uma fonte de potencial (carga ou corrente) é ligada num instante t = 0, a onda emitida por ela deve divergir a partir do ponto em que esta a fonte, de modo que a fungdo de Green § tem uma interpretacdo fisica bastante simples. A outra funcéio de Green, $;, associada com uma onda convergindo para a origem, nao tem uma interpretagao tao direta, mas dependendo das condigées de contorno no tempo 3, ela pode também ser utilizada. O comportamento das duas fung6es de Green acima é mais claramente entendido quando consideramos a fungo de Green dependente do tempo, que deve estar sujeita, por analogia com 20.35, & equagao Cashin) ce or ~ VFR, Ft) —4n6(F7-#")5(t-t') (20.46) Podemos definir as transformadas de Fourier SelF 370) [. Se(Fw; FP w')e™" dw (20.47) e ] at pt P)\piwt se | Bae Fe dt (20.48) Além disso, o termo de fonte em 20.35 pode ser identificado com as fungées delta em 20.46, ou seja, Ulf, t) = 6° F)5(t = #) (20.49) 3 Nao no espago, pois, por hipétese, ndo hé fronteiras delimitando duas regides espacial- mente diferentes. 60 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, Ill: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE de modo que, por 20.39, temos 7 ge vu) = ee [Hr Fate thet at v(F,w) = 5(F— Fem 1 7 Assim, pela equacio 20.37, obtemos u(t) F— Feit ett yy 1 tr Ly Vim Joo Von ou, pela expressiio 20.49, OF —F)6(t-t') = SF Fe) yy (20.50) ou entao, — co 5@°—r)oe~ 0) = EP) flere as e assim, 1 ; é(t-t/) = xf el) day (20.51) T Joo que € uma equagdo importante, indicando que a fungao delta de Dirac pode ser escrita em termos de uma integral semelhante a uma transformada de Fourier. Retornando ao problema de obter a fungao de Green dependente do tempo que esteja sujeita & equacao 20.46, vamos substituir as expressdes 20.47 © 20.50 na equacio diferencial, ou seja, oft fe ny it Vv aa FelF wi 7 w")e a] 92 a [ 1 i Bu wir ale du] ~ 2aR 20, 2 a oe el aR 205. FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 61 Fe [var Phere 1 eis - 1 Praca Bien du = af = —4n S57 FM ds rd Utilizando a definigéo 20.40 e reunindo as integrais numa tinica, temos _ / . [2s wirel) + ar w) aL de modo que obtemos a equagio diferencial WF wi, w") + PF wi Fw’) = ~4n ~ ye] (20.52) que pode ser comparada com a equacio diferencial 20.42 para a fungo de Green independente do tempo, WSF) + PTF F) = —405(F — F') Assim, supondo que a fungdo de Green $,(7,w;7%,w") possa ser escrita na forma de um produto entre uma fungao de Green independente do tempo (e da freqiiéncia) ¢ uma fung&o que tenha apenas dependéncia da freqiiéncia, isto 6, BaF wi Fw) = FF Pw, w') (20.53) e substituindo 20.53 em 20.52, ficamos com VFR FP) Uw, w')] + OFF FAW, w')] = 40d (F —7 ou 62 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Dw, w!) [VFR 7) + HK F)] = 40d (F- de onde extrafmos eit! Ow, w') (20.54) Von VG RFF) + PBA FY) = 405 (F— 7") sendo que esta tltima é a equagao 20.42, cujas solugées j4 determinamos, dadas por 20.45, AekR — Be-ikR Be(R) = —S- + Voltando agora & equagao 20.53 e aplicando 20.54, temos a fungao de Green dependente do tempo (ou da freqiiéncia), ou seja, AeikR Fel w; Fw") = [ (20.55) que é formada pela funcdes ikR piwt! Hat att Nh ee Wir = SS 20.56 BE Rait wo!) = (20:56) e (20.57) combinadas com coeficientes A e B apropriados. Retornando agora A trans- formada de Fourier 20.47, obtemos. stent on f AR gil it ay a © Vm Joc Ro Vin ou 20.5. PUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 63 gt(rt atl [™ pere-int—e) ae IRI rt) Note que devemos ter cuidado na expresso acima, pois, pela relacdo 20.40, koe e Temos, portanto, 11? wk ; ea iw8 .~iw(t-t’) HRM) = 5] ere dw ou a Ae HRM) = oF Le (#2) da ow ainda, numa forma para nés mais interessante, wg py LL iw[-v40-8)] + het) == tH 2) Hear =ra] e du e, finalmente, ery LL f® su freek HRM =r ARl be-0-9] ay Definimos agora uma mudanga de varidvel dada por Q=-w dQ. = —dw w— co = 2 00 w— —00 => 2 00 de modo que RAG) = aa, e-m["-0-8)] (a) oo ou, trocando os limites de integracio, o que troca o sinal da integral, ae 11 [® -i9[v—@-8)] RR O=—a] e 21 dQ (20.58) i ( HR Jeo 64 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Pela relagao 20.51, temos 1 (2 . o(t-t)=— ttt) day eas [ie Alternando ¢ com t’, obtemos sya bf et ay 20.59 _ ss d (20.59) T J—oo Comparando agora com 20.58, vemos que aR urie) = Fale - (-4)| (20.60) Além disso, fazendo a mesma mudanca de varidveis definida acima em 20.51, achamos set) = =[- eM) (_ a0) 2 Ino ou d(t-¢)= _ € entio, por 20.59, ficamos com 6-1) = 6-2) (20.61) A outra fungao de Green, equacéo 20.57, tem a transformada -ikR pict! Com ean | el diy ef. R Vin ou Hegre bh [” whe) ay ETT ORR Ic e entao, ee pp B i eviwlt-t'+2) gy 00 205. FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 65 ou ou ainda, RFR) = Aplicando agora a mudanga de varidveis que troca w por —9 ¢ realizando as devidas simplificagdes, obtemos, como resultado final, (tr t) = Re! S (e + 4)| (20.62) Lembrando que R = podem ser escritas como F|, vemos que as fungdes de Green 20.60 e 20.62 r,t) (20.63) (20.64) RAGML) Assim, em termos das funcdes de Green, as solugdes da equagio diferenci- al 20.35, 2" FY _ _anu(Ft) 1 ay _ 8 at sao dadas mediante | lf BEG GF) ture) aVae ty ; ou ainda, utilizando-se explicitamente as fungées de Green 20.63 e 20.64, Tet) = / / : )| v(7", t) Vas! 66 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, 111: POTEN' AIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE a ordem em que as integrais so fe ou, trocando- t= e definindo um tempo avangado ta por meio de teat¢ Oo (20.65) vemos que as solugées acima podem ser escritas como " a _ ' rR vt) ay (20.66) 1 FoF e TFs (20.67) A introdugao dos tempos retardado e avangado ¢ a andlise das fungées de Green dependentes do tempo 20.63 ¢ 20.64 facilitam a interpretagao das solugdes acima. A solugao referente ao tempo retardado indica uma “infor- magio” propagando-se a partir de # que foi emitida no tempo t! e que, por causa da velocidade finita da luz, leva um certo tempo até atingir um ponto de observacio # no espaco, sendo percebida num instante de tempo t posterior at’. A outra solugio, referente ao tempo avancado, é uma solugo matematica que eventualmente pode ser utilizada como artificio de calculo em algum pro- blema especifico, mas que apresenta dificuldades quanto a uma interpretacao fisica porque representa uma informagao emitida num tempo ¢’ a partir de um ponto #’ e que é recebida num ponto 7 e num instante ¢ anterior aU, violando, portanto, a questao de causalidade dos fenémenos fisicos. Os efeitos precederiam as causas, e isso nao parece ser fisicamente muito légico. Assim, a situagdo mais comum em problemas fisicos envolve apenas a solugdo 20.66 para Y*(7,1). FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 67 Essa questo talvez nao seja tdo clara quanto parece, No mundo microscépico e submi- croscépico no ¢ raro interpretar quanticamente algumas particulas elementares como sendo produ- zidas por meio de reagdes envolvendo aniquilagées ou criages de outros tipos de partfculas, algumas delas movendo-se para tras no tempo. Isso ocorre basicamente porque o conceito de entropia, que, através da segunda lei da termodinamica, estabelece um sentido natural para o fluxo do tempo, macroscépico ¢ perde 0 sentido quando aplicado a sistemas mictoscépicos. Assi, microscopi- camente, para um dado processo fisico os dois sentidos de tempo sio igualmente provaveis, mas estaticamente mais processos ocorrem no sentido “correto” do tempo do que no outro sentido, fa- zendo com que macroscopicamente os processos naturais sejam da forma como nés os pereebemos & estamos acostumados. Essas questées fisicas ¢ até mesmo filosdficas nao sio de forma alguma simples ou dbvias, ¢ elas requerem muito estudo e reflexdo para serem compreendidas ou mesmo aceitas, |j6 que vivemos e interagimos com um mundo macrosedpico em que tais fendmenos nfo ocorrem Bventualmente, com novos avangos cientificos tanto experimentais quanto tedricos, assimilaremos com mais facilidade as idéias acima, Tendo resolvido a equagao genérica 20.35, 18r 2 Ye 2 ae = —4rv(F,t) podemos agora retornar as equagdes de onda 20.29 no calibre de Lorentz, ev ye WY ~ wooo =~ PA VA poco sr = —Hol € A equacio 20.25 para o potencial vetor magnético no calibre de Coulomb, VA que terdo, como solugao, as expressdes x 1 PF te) YOO = tre FoF ue Age) = 4 f Het av an fy, FFT 68 20. CAMPOS ELE'TROMAGNETICOS, I1f: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE (20.68) vélido para o calibre de Coulomb. Portanto, demonstramos que as equa- Ses 20.34, que foram obtidas através de uma argumentagao qualitativa, esto corretas. Além disso, obtivemos o potencial vetor magnético no calibre de Coulomb, em que aparece o tempo retardado, de forma que ele nao viola a Relatividade, como faz o potencial escalar V. O aparecimento do tempo retar- dado nas solugées para o calibre de Lorentz jd era esperado, mas a existéncia de um tempo retardado no calibre de Coulomb é um fato inusitado. Note que a fonte do potencial vetor magnético no calibre de Coulomb é a densidade de corrente transversal J; ¢ niio a densidade de corrente total J. Por isso, os potenciais vetores magnéticos nos calibres de Lorentz e Coulomb serao, em geral, diferentes. Conforme dissemos no final da seco anterior, tinhamos dois objetivos Primeiro, querfamos deduzir as solucdes das equacbes de onda 20.29 e verificar que elas correspondem &s expressdes 20.34. Segundo, pretendiamos verificar explicitamente que as solugdes mencionadas acima resolvem as equagées dife- renciais. A primeira parte jé foi feita, e agora iniciamos a segunda. Comecamos com a equagio diferencial para V, dada por 20.29a, ev WV — Hotoge = —£ €0 Precisamos tomar cuidado, pois V, dado por 20.34a, viaje hf Oe ay ane J, FF depende de # tanto de forma explicita, no termo |#"—#"|, como implicitamente, no tempo retardado t, = t—'=*"l ¢ isso precisa ser levado em conta na hora de calcular set: Laplaciano. Vamos iniciar considerando 0 gradiente de V, ou seja, 005. FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 69 z v= v [< aby = eae Gre J, ‘FF ] dv Pela identidade 1.58d, temos V(Sv) = (VO)¥ + O(VH) de modo que Vol", tr) + pF’, wy (20.69) Além disso, para calcular Vp(r", t,), precisamos de uma regra da cadeia. Em coordenadas retangulares, temos ad oO a 3a t55y +R] tr) ou ot OOF ste) Oty, BOCs te) te, 2 PCF "ste) Or Vol?" tr) =i a de 3a, ay +k a, Oe (20.70) Como de modo que podemos escrever Op(F", tr) oe Vols ty) = (20.71) 70 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, IT: POTENCIAIS, CAMPOS F TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Vales te) = AF te) Vt (20.72) onde f representa a derivada temporal de p. Comparando as expressées 20.70 € 20.71, chegamos a uma propriedade importante, isto é, Op(7",t! a onde o termo entre colchetes é calculado e depois aplicado no tempo retardado t,. Essa elagéio vale em geral, de modo que, para qualquer fungao f(7’, t’), temos (r? |, = gue. (20.73) Como achamos _ a Vt, = -tv(r- F) (20.74) Precisamos agora de Foeltyitek wityj+ek =(e-0')it y-y)j+(e-2)k = Va 2) +y-y P+ 2? , .0) ——_ ip +ko| Vena Uo HEP 203. FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 7 (ea WEED ena Uae +p 2) 2 Je a2? + (y-y) +(e - 2? 7 Az - 2) fo ee 9 Tene uP te ou entao, gyre ty = eemitw-wi+e=2k ow ainda, ViF-F') = Eos (20.75) Com 0 uso da expresso acima, achamos (20.76) . VolF", tr) = (20.77) Portanto, a expressio 20.69 fica e desse modo, vv-— | |-? (20.78) - Are0 | C 7 Vamos tomar agora a divergéncia da expresséo acima, para obter o Laplacia~ no, ou seja, 72 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE viweav- {if [- Areg v vye v-[- Ameo Jy, Pela identidade 1.58e, temos ou V+ (A) =(V)-44 (9-4) de forma que lhe (20.79) Para o primeiro e terceiro fatores dentro da integral, precisamos de 20.72, VF", tr) = AF", tr) Vt, e de 20.76, de forma que (20.80) O tltimo termo faz uso de 4.18, 205. PUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 73 (20.81) lero ou . Aa--2')i [(@-aP + y-¥P + (e- 29)" ' 2y-y)i 2+ (yy t (2-2)? Az—2/)k P+ (y+ (2-2) l ou entao, _pfenw)it y= V)j+@-z)k [(@=2) + (yy) + (= 2]? ou ainda, Portanto, achamos 74 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou ou ainda, (20.82) rp", tr)5(F — “} av (Ft )5F— oh av vv=4 ales : [2 a] - Loe dt | dre J, =F] 20.5. FUNGOBS DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 75 Note que a funcao delta faz com que 7” = 7, de modo que |7—F"| = Oe tr = t Aplicando agora a expressio 20.34a, _ veneo 0st) gy treo Jy, FF temos 18V 1 2 « ss Me ot ae) ou oF) Loe a . que 6 justamente a equagao diferencial 20.29a, comprovando que o potencial escalar dado pela expresso 20.34a 6 solugéo da equagao diferencial. Vamos iniciar agora a demonstracdo referente ao potencial vetor magnético A dado por 20.34b, _ vo f We ~ any que deve ser solug&o da equagao diferencial 20.29b, oe eA . WA = woeoa > = — HoT Hoeo Hes Ho Aqui nao podemos utilizar 0 mesmo raciocfnio feito no caso anterior, pois terfamos que calcular o gradiente de um vetor, e esta é uma operagao que nao esta definida. Poderfamos tentar partir para uma transformagio, como a que 6 sugerida pela identidade 1.58¢, vx(Vx4)=V(V-A)- VA que também seria muito trabalhosa e talvez infrutifera. E mais interessante fazer uso do seguinte argumento, que também ¢ valido para o potencial escalar Y. Vamos considerar que o volume V no qual é feita a integragio em 20.34b pode ser dividido em duas regides, Vi e V2, de modo que VaVi+ 76 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, 111: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DB CALIBRE sendo que Vi é uma pequena regio em torno do ponto definido pelo vetor #, que define o ponto em que o potencial vetor magnético A seré avaliado (0 ponto de observacio). O potencial A pode entiio ser escrito como A= A, +A, e para cada um desses potenciais vale a relago ie Aen = fe f Mee ou, como podemos escrever Podemos fazer 0 volume Vj ser tao pequeno quanto se queira. Quando fazemos isso (formalmente teremos V; — 0), os efeitos de retardo gerados pela regido dentro de V; tornam-se despreziveis, de modo que podemos considerar que, dentro de Vj, a densidade de corrente fica Je, Portanto, o potencial vetor magnético gerado pela regio Vi pode ser escrito como _. SF, Airs) = & E Oy, ; Comparando essa expresso com a equagio 20.31b, 205, FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 7 ato f Te dn Jy |F dv vemos que 0 potencial gerado pela regiao Vj € idéntico ao do caso estiadtico. Para 0 caso estético, temos a equagao de Poisson 20.30b, VA = -Wo JF) de modo que, para o potencial A), teremos a equag’o de Poisson V2Ai = -Ho0 (Ft) (20.83) Esta é a primeira equagdo de que precisamos. A segunda vem do potencial vetor magnético Ay, que é dado por Ayr, t) = ef oli) Precisamos calcular V2.4). Podemos utilizar o operador Laplaciano em coor- denadas esféricas, considerando também que hé uma simetria esférica em torno do ponto 7, ja que o tempo retardado depende de R = |F'—7"|, ou seja, do médulo da diferenca entre os dois vetores. Assim, na verdade precisamos apenas da parte radial do Laplaciano, 0 qual é dado pela expressao B.20, 1e 173 2 ye 2 7, (+ aeen0 a6 isto 6, Como # # so independentes, or OR de modo que precisamos calcular 78 20. CAMPOS ELETROMAG! 10S, It: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou dpa, By _ Odt-2 a]. PR anit = aot 0 | 1s, RB ape oc . a = — I t- 2) Agora, tomamos a préxima derivada com relago a R, ou seja, 00a R a 1+_, R aROR rt BN = onl a ot *| a 18S F 4) a R Bose By eB a8 ou entao, que pode ser re 8) Voltando ao potencial A2, temos watatre = Hef = Jv: 205. PUNCOES DE GREEN PARA AS BQUAGOES DE ONDA 79 4a Be onli FG VRAlh) = 5p i. Note que, quando Vi — 0, Vs — V, 0 que faz com que nesse limite a integral acima tenda ao potencial A dado por 20.34b. Portanto, no limite, ficamos com ou 1 PAF, t) 7) = V2. Vi, AalF, t) = V? Ay = a2 (20.84) Somando agora as expressdes 20.83 ¢ 20.84, obtemos V2A, + V2Ay = 0 SF, t) + 1 ord 1 in = — Hod (F, OE ou 7 1eA * 2 - V?(Ai + Aa) — ZOE po J (Ft) ou, finalmente, ; 1A . cl ee a ph r. VA aap = Holl t) que € a cquagao diferencial 20.29b, lembrando que ¢ = Lz. Demonstramos, portanto, que as equagées 20.34 so de fato as solugdes das equagdes diferen- ciais 20.29. Note que as demonstragées acima so igualmente vélidas quando se considera o tempo avancado t, = t + £, de modo que a troca de t, por ta es 20.34 nfo invalida matematicamente as solugées. Elas ainda respeitam as equagdes de Maxwell, apesar de violarem o principio de causali- dade. Portanto, a questo aqui é fisica e nao mateméatica, conforme discutimos 80 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGORS DE CALIBRE anteriormente, ¢ a escolha usual recai sobre as fungdes que envolvem o tempo retardado ¢,. Vejamos agora alguns exercicios Exemplo 20.7. Prove que a fungdo de Green que é solugdo de 20.42, VGA) + RGEC) = An —F") é adequada para resolver a equacdo 20.41. Para demonstrar que a fungio de Green sujeita & equacéio 20.42 é apro- priada para resolver 20.41, WTF, w) + PT (Fw) = —drv(F,w) procedemos do mesmo modo como fizemos na. secio 9.2. Vamos considerar, no teorema de Green 1.62, as fungées v= e $= KF) de modo que obtemos | {rvs F)— HRPIV'T} aV = fi $ {rv5W(F Pr) -FF mvt} -adA s Como nao hé superficies limitantes, a integral de volume é feita sobre todo © espaco, e a integral de superficie se anula. Além disso, por 20.41 20.42, temos WY (Fw) = —kY(F,w) — 4rv(F,w) WRF) = —k? TRF F) — 4d (F— 7") © que faz com que achemos [ {r[-5 = 4n6(F — 7)| . 3% [-Pr . anv(Fw)| } dv =0 205. FUNQOES DE GREEN PARA AS BQUAGOES DE ONDA 81 ou | {- ~K GEL — An LSP — 7") + PGT + Ane w}av =o v ou ainda, -an [ Y6(F- 7) dV = aan f Bev(F,w) dV Vv v e entado, [seer oeayav (20.85) Lembrando agora que, por 20.36, temos ren= af” [[% ‘uli av |e ou, como a ordem em que as integrais sao feitas pode ser alterada, achamos TF) = [ BAF) lz five w)e tut a] av Pela expresso 20.37, vt) = ef uF wer das obtemos, finalmente, (Ft) -[ SelM FP )ulF, t) dV (20.86) que 6 a expresséio que relaciona T(F,t) com a fungdo de Green apropriada, sujeita A equagdo 20.42. 82 20. CAMPOS ELETROMAGNETIOOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Exemplo 20.8. Mostre que os potenciais retardados 20.34, ae 8 oF", tr) WOE Roe Aer, 1) = #2 f Fob) ay © an jy FoF satisfazem o calibre de Lorentz 20.27, z av v- — =¢ A+ Hoeo Ot 0 © problema principal aqui consiste em calcular o divergente de A, ou seja, VAG) =V- [x f SF", te) «| r=F4 ou (20.87) Pela identidade 1.58e, V+ (€4) = (VO)A+ O(V- A) de forma que o termo entre colchetes pode ser escrito como 9. [Ae] 2 Fete) 9 FoF y of JE" ste) Fro] Note que t, depende de Fe 7”, j4 que, por 20.33, e, por causa disso, o divergente de J no tiltimo termo da pemiltima equagao acima nao é nulo. Pela identidade 10.2, temos 208. PUNCOES DE GREEN PARA AS EQUAGOKS DB ONDA 83 sendo que V’ é 0 operador nabla agindo sobre as coordenadas *’. Utilizando a relagao acima, podemos escrever (20.88) Agora aplicamos novamente a identidade 1.58e para a fungdo We IG, t Fee) tag] + Selita | Obtemos, portanto, STF" te) + vie € a equagiio 20.88 torna-se v(z (Ea) Precisamos calcular em seguida os divergentes de 7 que aparecem na equagio acima. Comegamos com ved 828-8 Od PZ +5 Z + RS] ews eat earn + Lee) a «Fee tg) = Oe Rate), Boy) OI (Ft) Oy Oz ou ainda, como t, a V+ SF tr) = a = OIF", tr) Oty, Oly (F", tr) Oty yt) | OE Set) = dee) € entao, Re oe ae, Fe tal belay + delst) 84 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, 111; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMACOES DE CALIBRE onde J; indica a derivada temporal de Jj. A expresso acima pode ser reescrita se considerarmos que _ stp, 2Ote , ite Vie = 157 Say t+ az © entdo, fazendo o produto escalar com J, temos Fe Vite = [Jur Ft) E+ Sy Pte) + Jul te) K+ [ig pot, ot Ob dy Oz ou = . ES a Spel Ot, FeV = San Ps tr) BE + Sy, t dust) ae Portanto, temos V+ SF tr) = T+ Vt (20.90) A expressio 20.76 nos diz que Vip =- e assim, (20.91) O préximo passo é calcular V+ J(", ty), observando que agora J depende de *” explicitamente e também implicitamente, através de t, a a] « [Jer te) 1 dyed, te) ] + Je (te) fd 203, FUNGOES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 85 70 +k2|- [Jor ", te) T+ Sy (F", te) I+ Jer F", tr) il, 200 oO : Saar + liga thay t Bay i] [Jarl te) E+ Jy (Pte) + Jor", tr) (20.92) onde as derivadas no primeiro termo do lado direito sao feitas considerando- se t, constante e as derivadas no segundo sao calculad m F’ constante. O primeiro termo é simplesmente a divergéncia usual de J, e ele pode ser reexpresso por meio da equagao de continuidade 12.21, me J= ficando, portanto, La (Fs by) B+ Sy (br) + Jer", tr) | (20.93) O segundo termo é idéntico ao que foi calculado no caso do fator V+ J deter- minado anteriormente. Pela expressio 20.90, achamos Js V'ty Da expresso 20.74, temos : Vit, = —-0'(F- 7" WlF-F') De 20.75 extraimos (lembrando que o médulo da diferenga entre dois vetores independe da ordem em que é feita a subtracao) de forma que a equagio 20.76 fica 86 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, I1l: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMACOES DE CALIBRE e entao, (20.94) Vi IG tr) Com as expressdes 20.91 ¢ 20,95, a relagéo 20.89 fea -. [72 “] 7 |F - [Ba] . Utilizando essa expresso em 20.87, achamos ie vo f V- AF t) = - an fy A primeira integral do lado direito pode ser transformada numa integral de superficie, mediante o uso do teorema do divergente 1.54, de modo que dA to f gy JED av =H SF ty) 4n Jy YF=F 4nJg \F-F' O volume V pode ser considerado como sendo todo o espago, de forma que & integral de superficie acima se anula. O divergente de A fica, portanto, 20.8. FUNGGES DE GREEN PARA AS EQUAGORS DE ONDA 87 que pode ser escrito como vdig= Bf 5] av FF ou ainda, hep 0.2 falta te) VAG =— Tal, Foro O potencial escalar é dado pela expresso 20.34a, olf, te) ie gal h Foe Y de modo que ou e entdo, av(Ft) V+ AF) + noeo ot que 6 a condigao do calibre de Lorentz 20.27 Exemplo 20.9. Um fio retilineo muito longo é percorrido por uma corrente i(t) = at, para t > 0, onde a é uma constante. Determine os potenciais e os campos eletromagnéticos gerados por ele a uma disténcia p do fio A figura 20.1 ilustra a situagdo acima. 88 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Figura 20.1: Um fio retilineo muito longo, para o célculo dos potenciais e campos retardados is retardados séo determinados através de 20.34, 7 VF, t) = — ane Jy 7 bo f = Ae = 12 f Como o fio é eletricamente neutro, 0 potencial escalar V deye ser nulo, ou seja, V = 0, Resta determinar o potencial vetor magnético A, que fica, em termos da corrente elétrica, Os potenci uo file Jen 2 fo Como R = |F'— 7"| e dé'= dz’ k, temos No entanto, nem todas as partes do fio contribuem para o potencial vetor magnético em 7 no tempo ¢, por causa da finitude da velocidade com que a informagao é transmitida para este ponto. Para determinar a parte do fio que contribui para o potencial, temos que considerar que o tempo retardado deve ser ndo-negativo, ou seja, 20.5, FUNGGES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 89 achamos Da figura, temos Entao, (Fae Vea é ou ct > Vp tz? ou ainda, de modo que e assim, le] < Vo Portanto, apenas a parte do fio que fica na regiéo fet p <2 < fer—p 90 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, I1t: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE pode contribuir para o potencial vetor magnético no tempo ¢ na posigao 7. Voltando agora & integral, temos oh dz _ jaan PR ou VERRR ,_ Vorea? a JRF y/p? + 2! [een SEE dwt) = sooth fv e dz! - Hak f an Aa ; an S_yamae JP + Ane J_ yaaa ou Ae. 2uactk [°° dz 1a 4x Jo [P+ ame” |_ papa ou ainda, pootk p¥O" dana o book agape an Jo |p? +z" 2Qre A integral acima pode ser resolvida por meio da substituigao A(F,t) = z= ptgd dz' = psec? 0d0 de modo que temos dz 62 p fet} [ Ver +z Sa, Vp? + p? tg? ou sec? 6d On Wea a -{ “seco 205, FUNGGES DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 91 ou ainda, Jett? — p? dz! 2 [ Tr | sec6 dé 1: e entao, dz! _ o Oa Jaa [In(sec 6 + tg )] 5° Da mudanga de varidveis, temos S ? de modo que > te => tgo= Da relagio tg?6-+1= sec? temos sec; = le sec” 2 = 1+ tg” 2 ¢ 2p ot sec? B = a de forma que ee p Voltando a integral, achamos 92 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSPORMAGOES DE CALIBRE dz! = In(sec 4) + tg 02) — In(sec 0 + tg 61) a LGR nf ' we) ~In(1 +0) p p ou ainda, f ee at ; [2 + fer— 2| SS = ny 0 Vp +z? Pp Retornando ao potencial vetor magnético, temos . i Dz 2 i Ae = uae, VOR =p’ ] / mek jae i p me ou - t+ (OB pe 72 2). A = Mf nf et VEEP a |- FE Fhe ‘Tendo determinado os potenciais retardados, podemos calcular os campos, iniciando com o campo elétrico, que é dado por 20.3, &=-W-= que se reduz a ct _ Hoot n[ OP =) c+ Tage _ et k Qn pe ct + /c?t? — cet? ‘05, FUNGOBS DE GREEN PARA AS EQUAGOES DE ONDA 93 ey.) = toe wf 2 =A oy + Se ct - Qn p d+ Jer p Ver—p O campo magnético 6 obtide por meio de 20.2 B=Vxd Utilizando 0 rotacional em coordenadas cilindricas dado por B.9 ~ _[10A, OAp)., [Ap 9Az] g , [2 OAp] k | a. Aa) - a2] = _- [3 30 | 0+ [5 ap [8 [ap (e4e) — ae] @ e lembrando que A tem apenas a componente A,(p), achamos OAz SF ou ou ainda, Br, t) = 2S Qn ou entao, d Bey, = ee ates) + le eee , Qn pict + /2#? = p' ? ow, finalmente, 5G) = wel - os VV c2t? — p?[ct + /c?t — p?] que é 0 campo magnético gerado pelo fio retilineo muito longo. Alguns outros problemas so tratados nos exercicios. Vejamos agora um modo alternativo de determinar os campos eletromagnéticos partindo dos potenciais retardados. 94 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, Ill: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE 20.6 Equagées de Jefimenko Partindo dos potenciais retardados 20.34, vie) = Lf Ob) ay Tre Jy FF Tie) — to [ IR te) AF) = a FoF Fy dV podemos determinar os campos elétrico e magnético dependentes do tempo através das relages 20.3, 7 aA E=-W-= e 20.2, B=VxA Note que é preciso tomar cuidado nas derivagdes porque o tempo retardado t, nas expressdes 20.34 depende de #, de modo que p e J tém dependéncia explicita e implicita nessa varidvel. Utilizando as equagées acima para E e B, 6 possivel generalizar as leis de Coulomb e de Biot-Savart para a situagao dependente do tempo. O gradiente de V jé foi calculado, e ele 6 dado pela expressio 20.78, ya [-£2 tra J, er € agora precisamos determinar ou m a =f f 3 [AES av ow ainda, 20.6. EQUAGOES DE JEFIMENKO 95 aA _ Ho ot anJy que pode ser escrita como aA _ yo ou ainda, utilizando ¢= ze, achamos naa ge f [or aiats v que 6 a extensio da expresso 4.5 para a situagdo dependente do tempo. Note que, quando p e J independem do tempo, os dois ultimos termos na integral se anulam e o primeiro perde a dependéncia temporal, e assim, a equagdo 4.5 é reobtida. O campo magnético é obtido mediante IG", ty) ay FPR elr—F | (20.96) ou ou ainda, 96 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Pela identidade 1.58f, V x (®A) = (V8) x 44+. (Vx A) ex ER] Pela expresso 5.9, temos obtemos (20.97) | FoF] FFP Precisamos agora calcular V x J(7’,t;), lembrando que t; = t — O rotacional em coordenadas retangulares fica = (OJ, Oly\>, (OJe _ OJz\ >, (OJy Ov) > vx Sa (Ge-S)ig (Ge Be) 54 (Se Oe k (20.98) Cada uma das derivadas espaciais segue uma regra da cadeia. Por exemplo, Adz _ Adz Btn Oy Oty Oy ou Ode _ Oil, Bt Bty Oy dt dt, By Como temos ot Ot 206. EQUAGOES DE JEFIMENKO chy de modo que ficamos com O outro fator que aparece na componente x é -— fF Be =e aD € agora, reunindo os dois, temos _. dy Oz) AJ, _ ASy\ 3 _ 1, 8 Op By bz)! el "By A expressiio acima pode ser reescrita considerando que ou Zur- pli (20.99) vile a , Oe ey a poe gt aglh-* D+ig (FF + Rede 1) de forma que Tx V(F-F") = : : z 2O on 32 [ici + jji+ Jk] x figdr-F'p +3 ) +35, FP + RZD resultando em. Fx VRP) = beZ = FY DR AZ F3 i, 2qr—r ee dee pi +h Aer pi bee FI ou 98 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE , 0 y a Bll F') des “pli + [sgeetr- 79 - Jeger Pv] i a + eR, , @ . wry -agor-r'p]k Comparando a componente « do produto vetorial acima e a expressao 20.99, vemos que podemos escrever Efetuando os célculos para as outras componentes da equagdo 20.98, obtemos ole Vx Js =Jx V(\F-F") c A equago 20.75 nos diz que de forma qué achamos |-| 206. EQUAGOES DE JEFIMENKO 99 de modo que 0 campo magnético B fica dV (20.100) para a situagio em que J depende do tempo. As expressdes 20.96 e 20.100 séio conhecidas como equagoes de Jefimenko para. os campos eletromagnéticos dependentes do tempo. Elas podem ser utilizadas na sua determinagao, ape- sar de ser mais facil em geral obter primeiro os potenciais retardados e cm seguida determinar os campos através de derivagées apropriadas dos poten- ciais. Essas expressdes so interessantes porque mostram que, para obter os campos eletromagnéticos dependentes do tempo, nao basta substituir t por t, nas expressdes usuais para os campos, ao contrério do que ocorre quando se trata dos potenciais. A situacio é mais complicada no caso dos campos, porque aparecem termos que envolvem as derivadas temporais de p e de J. Um fato interessante sobre essas expressdes 6 mostrado a seguir. Exemplo 20.10. Conforme foi dito no exerctcio 19.2, quando a densidade de corrente J é independente do tempo, a densidade de carga p é dada pela expressdo 19.43, AF, t) = p(F0) + AF, O)t Nesse caso, demonstre que 0 campo elétrico é dado por @-*) p(t) dv onde p é calculada no tempo atual t, ¢ néo no tempo retardado t-, fazendo com que a situagéo acima seja idéntica a uma situagao eletrostdtica. Para realizar a demonstragao acima, vamos partir da expresso de Je- fimenko 20.96 para 0 campo clétrico dependente do tempo, 100 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, IJ: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE a, =f own AAT, tr) = plr,0) + pr, O)tr de modo que éey=2 [ { lt?" 0)+ ae", 0)) f Grey Como temos. trey 20.6, EQUAGOES DE JEFIMENKO 101 ou ainda, ate't) - 1 Cae ey Be = ae | OTHE] 1 f a,0) * . =/ ¢| Fore 1 7,0 +a f 2m 4megJy © érj- [ ol?) Ane Jy e entao, que 6 a expressdo que queriamos demonstrar. Exemplo 20.11. Demonstre que a lei de Biot-Savart 14.14, HM aj, w-Fe vo permanece vélida mesmo para o caso em que a densidade de corrente J seja funcdo do tempo, desde que a variagdo temporal de J seja suficientemente lenta para que se possa utilizar a aprozimacao em primeira ordem S(t) = It) + (tr — I(t) (20.101) o que faz com que J possa ser calculado no tempo atual, ndo no tempo retar- dado. O campo magnético 6 obtido mediante a equagao de Jefimenko 20.100, i") av v Na equagio acima vamos precisar da derivada temporal da expresso 20.101, I(t) = I(t) + (tr — I(t) 102 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS £ TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Aqui é preciso tomar cuidado, pois a derivada deve ser feita da seguinte forma: 1 AI te) _ OFtty) Dee _ OTe) tte OE Op e entao, Je) = Ho Além disso, cr—F'P +2 TE) E=F9 gy ow ainda, 207. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 103 resultando em que éa lei de Biot-Savart, vélida na Magnetostatica. A expresso acima indica que pelo menos até primeira ordem a aproximagao magnetostdtica é muito boa, porque ha um cancelamento entre os dois fatores que sfio desconsiderados na equagéo acima, que sao o efeito do retardamento introduzido no campo magnético e a derivada temporal da densidade de corrente J, que compensam um ao outro em primeira ordem. Vejamos agora como ficam os potenciais retardados e os campos eletromagnéticos gerados por cargas pontuais. 20.7 Potenciais e Campos de Liénard-Wiechert Atéo momento as expressdes para os potenciais e campos que obtivemos so validas para distribuigdes macroscépicas de cargas e correntes, que serio iteis quando tratarmos da emissio de radiac&io por essas distribuigdes, por exemplo. Precisamos determinar também o comportamento dessas grandezas para 0 caso de cargas pontuais em movimento, o que seré importante quando estudarmos a radiagao emitida por cargas com velocidades préximas & da luz. Para isso, vamos considerar uma particula de carga Q movendo-se no espacgo de modo que sua posigao atual seja descrita por Fa(t), como mostra a figura 20.2. 104 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, II: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGO! SDE CALIBRE posigo retardada La posicaio Q- atual Figura 20.2: Grandezas importantes para 0 célculo dos potenciais retardados para uma carga pontual. A posic&o no tempo retardado t, é dada por #9(t,), ¢ © ponto onde queremos determinar os potenciais retardados é indicado por #, que independe de t. O vetor f representa a diferenga entre #*¢ a posigao retardada 9(t,), ou seja, R=F-Fo(tr) Conseqiientemente, o tempo retardado é determinado por meio da expresso R=|F-Fo(t-)| = elt - ty) (20.102) jd que R éa distancia que a informagao transmitida pelos potenciais no tempo t, deve percorrer para chegar ao ponto de observagaio # no tempo t. E interes- sante notar que um observador situado em # n&o pode ver a carga em dois ou mais locais diferentes num tinico instante de tempo t. Desenvolva o raciocfnio como se isso fosse possivel, de modo que dois pontos da trajetéria descrita pela carga emitissem potenciais retardados que chegassem no mesmo tempo t no ponto 7. Essas duas informagées seriam emitidas nos tempos retardados ty € ta, de modo que terfamos Ry = c(t — t1) 20.7, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 105 © Rg = c(t - te) e assim, Ry — Ro = c(t — ty) — c(t — t2) ou Ry — Ry = c(t, —t) que faz com que a velocidade média da particula entre t; ¢ tz seja dada por Ri— Ro ta — th Assim, a particula teria uma velocidade média igual & velocidade da luz. Nenhuma particula carregada pode ter essa velocidade, de modo que nao é permitido que dois (ou mais) pontos da trajetdria emitam potenciais retarda- dos que atinjam o ponto 7 no mesmo instante. Como esses potenciais so a base das ondas eletromagnéticas que chegam em f, eles dardo origem & ima- gem da carga, e o observador sé pode ver a carga num nico lugar de cada vez (eventualmente ele pode até nao ver a carga). Note que é possivel ouvir ao mesmo tempo um objeto situado em dois locais diferentes. Por exemplo, se a fonte sonora emitir um som num certo local e se mover em sua diregiio com a velocidade do som, ela pode emitir o mesmo som noutro local, mais préximo de vocé, e ambos os sons sero percebidos ao mesmo tempo, apesar de terem sido emitidos em locais diferentes. Voltando & questo da determinag&o dos potenciais retardados, temos que 0 potencial escalar retardado 20.34a é alr’, tr) Isso sugere que o potencial de uma carga pontual Q seja dado por 1 Q VO = Tre Fro) 106 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE. de modo que a diferenga para a situagao eletrostdtica seria o fato de que 0 denominador é calculado na posigio retardada da carga. No entanto, essa hipétese demonstra-se incorreta. Para entender o motivo do erro, é preciso notar que a carga da particula é dada por uma integral do tipo a= f olvet). nav em que p(7Q(t), t+) 6a densidade de carga calculada no tempo retardado t,. Se a particula nao estivesse em movimento, a integral acima seria calculada sobre toda a distribuic&o de cargas num tinico instante de tempo, e terfamos o valor normal da carga. Como a particula esté em movimento, as contribuigdes de diferentes partes da distribuic&o de cargas so calculadas em tempos retarda- dos t, = t— "ell diferentes, ¢ isso altera o valor da carga total observada por um determinado fator geométrico que iremos deduzir em seguida. Esse fato permanece mesmo quando as cargas so pontuais, porque elas devem ser interpretadas no Eletromagnetismo usual como sendo uma distribuigdo de cargas contida num volume que tende a zero, eo fator geométrico mencionado acima aparece mesmo nesses casos. Na discussio a respeito da dilatagéio geométrica produzida pelo movi- mento de um objeto, vimos que o comprimento de um objeto em movimento com velocidade # quando é visto na posicao 7” por um observador situado em # 6 dado por ae -" @ = onde L é 0 comprimento do objeto em movimento e L’ é 0 comprimento com que ele é percebido 4, Os comprimentos perpendiculares & diregao do movimento no sao alterados pelo fator acima, j& que nio hd movimento nessas diregGes. Portanto, o volume do objeto é alterado por um fator L =zf1- i + Vv vo onde + Nao hé nenhuma relagio aqui com a contragio de Lorentz ou efeitos relativisticos, j4 que © comprimento em repouso do objeto nao é de nosso interesse. 20,7. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIBCHERT 107 B a a 20.103) 7 (20.108) ‘Assim, o elemento de volume de um corpo em movimento torna-se diz (20.104) de modo que a carga da particula é dada por meio de dV (Falt);)) fe a(t) 7 Para realizar a integral, é preciso escrever a densidade de carga para uma carga pontual. Nesse caso, utilizamos uma fungio delta de Dirac, ou seja, alFa(t), tr) = Q5(Fa(t) — Falte)) (20.105) e ent&o a carga percebida & sendo que agora R c J = 22 sio calculados no tempo retardado. Podemos entdo calcular 0 potencial retardado mediante ed P(F Q(t), tr) 7) = Greely Fol) o substituindo os devidos fatores, de modo que 108 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE VOO= Fe 1 [ Begone a. vy F-Fel : (20.106) lembrando que R = 7 —7Q(t,) e que # = =. © potencial acima é 0 po- tencial escalar retardado para uma particula pontual de carga Q movendo-se no espago com velocidade o(t,) no tempo retardado t,. O potencial vetor magnético pode ser determinado por meio da equag&o 20.34b, A(F,t) = fa [ Fete) gy Para determinar a densidade de corrente J(7", t,), partimos de dQ = pdV = pdA|db| onde dA 6 a drea perpendicular ao movimento da carga dQ que ocupa um volume dV = dAldé], e |dé| orienta-se na direg&o e sentido da velocidade de dQ. Derivando com relagéo ao tempo, temos 49 =, galdel cat O lado esquerdo corresponde & corrente elementar produzida pela carga dQ, ea fragio no lado direito 6 a velocidade da partfcula. Portanto, di=pdAv A densidade de corrente é obtida mediante di J=a= pv ou, na forma vetorial, Sy "1 3 & 20.7. POTENCIAIS B CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 109 de modo que achamos Jolt), tr) = pFalt), tr) Her) (20.107) O potencial vetor magnético torna-se, sem esquecer o fator geométrico, pai | elFa(t).tr)e,) _aV a F-Fo@®| 1-R-B ou ou ainda, Ag) = Ho Gale) (20.108) RRB que pode ser reescrito como Agee) = 49% _ 2st, 4neoR— RB ou, utilizando c? = —— e também a expressfo 20.106, be v@y=t—o 4ne R-R obtemos (20.109) Os potenciais retardados dados pelas equagées 20.106 e 20.108-20.109 sio conhecidos como potenciais de Liénard-Wiechert para uma carga pontual em movimento. Eles foram deduzidos aqui ressaltando-se 0 fator geométrico que aparece por causa do movimento da densidade de cargas. E interessante deduzi-los também através de uma forma alternativa, cujo desenvolvimen- to seré titil posteriormente, além de ser mais consistente do ponto de vista formal. Para tanto, percebemos que, em 20.34a, 110 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE = 1 P(r", tr) = og VOO= Fah, FoF a densidade de carga pontual pode ser escrita como em 20.105, plFalt), tr) = Q5(Falt) — Faltr)) ea integral é feita sobre um volume V. Por outro lado, como ha uma relagao direta entre 0 tempo retardado t, e a posigéo da carga 7Q(t-) no tempo retardado, dada por 20.102, R= — Falt)| = c(t — t) a densidade de carga também pode ser escrita em termos de uma fungao delta de Dirac no tempo, nfo no espago como ocorre em 20.105, € a integracio volumétrica em 20.34a pode ser substituida por uma integracao no tempo, isto 6, ou Q 5(¢ -1+ Fly) at! (20.110) ~ Fal lembrando que 7g = *@(t’), 0 que impede a integral de ser calculada na forma em que cla esta, pois existe um fator FQ(t’) dentro do argumento da delta de Dirac. Precisamos realizar uma mudanga de varidveis, por meio de Forel (20.111) de modo que achamos 20.7, POTENCIAIS B CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT il. dt” =dt'-dt+ Le (F- Fa(t’)|)dt’ ou, considerando que o tempo ¢ em que a observacdo dos potenciais e campos é feita é fixo, de modo que dt = 0, temos dt" = at’ [1+ Zl Fawe)| (20.112) Precisamos agora calcular o fator Jor-raten) = Sf Vie sate + b— v0) + fe 20000 } ou, como temos uma derivagao implicita, Sr-Fott))) = Se {Vie= ate + b= vote) + s0te) | GP a dy + 2 { Vle— nate} + fy volt) + [e— s0(00 } $8 Bo Vie= 200) + (v= nat] + Ee - 000} GP As derivadas temporais na expresso acima dao as componentes da velocidade da carga, de modo que a expressao pode ser reescrita como (Vr —Fale)!) = va Vie~ =a + lv voll + F— e0(0F} a ou a , Fill? Fole)!) = onde Vg indica que as derivadas so feitas em relagdo &s coordenadas 7g. Da expressio 20.75, 112 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, IIt: POTENCIAIS, CAMPOS TRANSFORMAGOES DE CALIBRE temos e entao, d gill 7 de forma que a relagio 20.112 fica dt" = dt |1—= (20.113) ou, definindo e 7 Rv’) Rit’) = @) = além de usarmos a expressio 20.103, ga? é temos dt" = at'(1— R(t’) - 8] (20.114) ou ® dt! 1 RY) -B 5 Note o aparecimento do fator geométrico. 20.7. POTENCIAIS E CAMPOS DB LIENARD-WIECHERT 113 de modo que a integral do potencial escalar 20.110 torna-se a oe VG t) = Z| RIA A af wy V(F,t) = ro | Re) — RW) Be) Be) que, integrada, resulta em .,__Q 1 VOD = Tres Law — A(t) Blt) =o sendo que ¢” = 0 implica, por 20.111, OH -t+— ¢ ou at pane RF c que 6 0 tempo retardado, ¢ assim, 1 Q V(t) = ——4— eo) 4neoR—R-B que 6 a expressiio 20.106. Para o potencial vetor magnético usamos a re- lag&o 20.107, IQ), te) = e(Falt), trot) considerando que a densidade de cargas é dada por allt): te) = Qalt ~ te) o que faz com que 114 20. CAMPOS BLETROMAGNETICOS, III; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMA GOES DE CALIBRE I(Falt), tr) = Q6(t — tr) T(t) (20.115) de modo que a expresso 20.34b fica _ He [* Q5(t ~ tat) Aeo-F] a Bfetuando as mesmas substituigées acima, 0 que 6 deixado como exercicio (veja o exercicio 20.1), 0 resultado final é AG) = woe B que corresponde & expressao 20.108. Partimos agora para a determinagao dos campos gerados pela particula de carga Q em movimento. Novamente, aqui nao ha um tinico modo de proceder. Podemos partir das equacées 20.2, © 20.3, juntamente com as expressdes 20.106, |... Virb = anon e 20.108, Aer 1) = He Qik) 4n RRB ou entao, podemos iniciar com as equagdes de Jefimenko 20.96, 20.100, 20.2. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 115 Esta tiltima opgio pode ainda ter (pelo menos) duas variantes. Na verdade, qualquer uma das alternativas é bastante trabalhosa, envolvendo uma grande quantidade de manipulacées algébricas. O uso das equagées de Jefimenko nos fornece como resultado intermedidrio as equacdes de Heaviside-Feynman para 08 campos gerados por cargas pontuais, e vamos iniciar com essa alternativa. O primeiro passo a ser considerado consiste em reescrever as equacdes de Jefimenko de uma forma mais adequada, utilizando a relagao 20.73, [2a : ‘ ot Com essa relag&o, obtemos ME) = POT 2] Além disso, nas equagées de Jefimenko, #” independe do tempo, de modo que © campo elétrico pode ser escrito como ou 116 20. CAMPOS BLETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou ainda, oeeUa Treo Ot Da mesma forma, 0 campo magnético 20.100 fica ou ainda, BUF, t) = ) x (FF iE ar] (20.117) As expressdes 20.116 e 20.117 so 0 ponto de partida para o préximo passo, que consiste em aplicé-las para uma particula de carga Q em movimento. Nesse caso, a densidade de carga pode ser escrita por meio de 20.105, plFalt), tr) = Q5 (Felt) — Foltr)) enquanto a densidade de corrente fica, por 20.107, TFalt), tr) = plFalt), tet) = Q5(Falt) — Folte)) H(t) sem esquecer que, como a carga est em movimento, hé uma alteragdo geo- métrica do elemento de volume, 0 qual 6 dado por 20.104, a 207, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIBCHERT dV! = a 7 1-R-p de modo que o campo elétrico 20.116 torna-se Q5(Fa(t) ~Faltr)) * a wv +aeai c lF- ro? 1- Re _ 1 a f Q5(FQ) = Folt))H) av ie a er FoHl 1 RB ou ER2) = smal ou ainda, como temos a R t Grepe Ot fi k-Aye ord) Treo dt | [1 — ou 118 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Note que nessa expressio R, R e # sao todos calculados em t,. Além disso, como R(t;) = 7-79(t-) eFa(t+) depende do tempo retardado, a relagao 20.73, ofr'st) 8 ay SN pre [?], - alr Ol. deixa de ser vélida nessa forma simples, pois hé derivadas implicitas que precisam ser consideradas. Por causa disso, as derivadas temporais em 20.118 nao sio simples de serem efetuadas, e essa 6 uma das causas da complexidade algébrica mencionada anteriormente. Continuando com a obtengio dos campos, devemos achar agora o campo magnético 20.117, que fica, efetuando as devidas substituigdes, Bit) = ah Ae gs (F-7o)) av ou Birt) = Quo Blt) x 4m f1-R-B]R ou ainda, — Gro Be) = no BxR +a en ral \ (20.119) As expressdes 20.118 e 20.119 so uma das formas das equagées de Heaviside- Feynman. A forma usual da equag&o de Feynman para o campo elétrico é 20,7, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT pe eR oer ere 20.1 +25 [3)} (20.120) enquanto a expressio de Heaviside para o campo magnético 6 _ Quo ox 10, Bx : y= (won etal eo il} (20.121) BEF, Tay] onde @, f, Re R sao todos calculados em é;. A equivaléncia entre as for- mas 20.118 € 20.119 ¢ as formas usuais 20.120 e 20.121 necessita de uma Algebra cuidadosa, ¢ cla seré deixada como exercicio (veja 0 exercicio 20.4). Conforme dissemos no inicio do proceso de obtengio dos campos, a utilizago das equagdes de Jefimenko tem pelo menos duas variantes. Utiliza- mos uma delas, que consiste em interpretar a densidade de cargas e corren- tes através das fungdes delta de Dirac espaciais em 20.105 e 20.107, de mo- do que realizamos integragées volumétricas. Podemos também realizar uma integracéio temporal, como fizemos na obtenciio dos potenciais de Liénard- Wiechert mostrada a partir da pagina 110. O procedimento é 0 mesmo que foi feito 14, e o resultado sao as expressdes 20.118 e 20.119, e isso também serd deixado como exercicio (veja 0 exercicio 20.6). Nos dedicaremos agora a calcular as derivadas temporais nas expressées para os campos € e B referidas acima. E preciso ter cuidado com as derivadas temporais, pois R = *—Fo(tr) depende de ¢ de uma forma nfo muito simples, visto que t, = t - Sa 6 Iniciamos calculando DFaltr) OF ltr) tr ot Ot, Ot ou (20.122) OR ot © Em particular, 4+ # 1, por causa da dependéncia complicada de 79(tr) com tr: 120 20. CAMPOS BLE (COS, III: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou an _R aR ot R Ot ou ainda, utilizando 20.122, OR = Oty Sake 20.123 a = RSE (20.123) Por outro lado, por 20.102, temos também aR_ a at, = = <[e(t-¢,)] = ae E ie ot [et -t,)] efi at ) (20.124) Reunindo 20.123 e 20.124, achamos ps at, -(R aoe ( (-#) ou Oty a. a) tr cate ajo at (2-8) yt : ou ainda, at, = (20.125) ot 1-R-B que € 0 fator geométrico em 20.104, de modo que 20.122 fica oR v aa zi (20.126) e 20.123 fica (20.127) 207, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 121 Vamos precisar também de O8 _ 10% _ 1dd(t,) at, at cat c dt, a que fica, utilizando 20.125, ag la ot cl-Rk-B onde @ 6 a aceleragaio da particula no tempo retardado t,. Definindo aif @=- (20.128) obtemos (20.129) Por fim, precisamos também de a =« 7,_OR dh , 3 ap Crm age dg i ce ce ey ary ees Utilizando 20.126, 20.127 e 20.129, temos ou ou ainda, JiR k B)= (20.130) ot . Agora estamos prontos para voltar As equages dos campos. Iniciamos com 0 campo elétrico 20.118, que fica 122 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCTAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ze. @ R Q ae) ares [R—-R-A]R? 4meoc Lok Rog [R-R-A)R ot [R-R-B)R? ot RiR- R.A)? ot ] _2 ee Sled [R-R- [R aa} ou, substituindo as derivadas temporais, 60)- Cae ea -B)R” Trece R EF) = x [R- ou on oo). Z{ [R- 207. POTENCIAIS CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 123 ou ainda, Agora, vamos comegar a colecionar termos que resultario no resultado final, isto 6, O termo pode ser reescrito como 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, II: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE 124 a € a Seo P= — A(R: 8) = [R-(R- RB)]} ‘Temos, entdo, simplificando também a primeira fracao, Q fR-RR-B)-8 Fazendo as identificagdes a= b= R- RG e=4 temos B)\x =| = [A =] a= 88) - (B-(R- Ray|= (20.131) que corresponde exatamente aos numeradores das duas tiltimas fragdes na expresso do campo elétrico, Assim, ficamos com Rx [(R- RB) x [R- RAP ou 207. POTENCIAIS CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 125 Q a ER, t = Te ou aen= 21S RA)O~ 6%) | Rx [R= RA) * E {R-R-A)° {R-R- A] que 6 0 campo elétrico de Liénard-Wiechert produzido por uma. particula pontual em movimento contendo uma carga Q. Devemos obter agora o campo magnético B, através de 20.119, Be 2) = Ge uxk a Birt) = tn { [RoR AyRe* 126 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou ___Sxi ar [R-R. BR? ot ou, substituindo as derivadas temporais dadas por 20.127-20.130, achamos ou ainda, como f || 3, ¢ jé iniciando com algumas manipulagées, 20.7, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 127 _ Gx Fo8-B) , Gx RR) , Gx RY(R-a) (R-R- BI? [R-R-A]* [R-R- Bl? (6x R)(R-cB)[R- RB] axk Rese [ROB a} ow entao, . eR(B x R)(R-f) ~ cRGX RF AR- [R- 8-8)” que fica 5,1) = def (old A) - ae a2) [RA] 4 2eR(Gx RMR: A) -cR(Bx R\(R- BY — 68x R) [R-#-Ap (8x RY R-&) axk *"R-sy [RR iw} ou 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, II: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE 128 Ben = 2 Sue ok(Bx ht) [R- R- By (Bx R)(R-B) + cRGBx RY(R-B) - (Fx RY R- BYR: B) [R-R-6]* 4 20R(B x RRB) ~ RG RR BY = Hx K {R-R- By ou entao, ou ainda, fazendo as simplificacées. o(8 x R)(a - 6°) = ik | [R- #3] Bt) = = que pode ser reescrito como et) = “ela =#) an [R-R- By Lembrando que c? = =~, temos jigc = ;, e entio, snk | (20.133) (6x RR: 2) ; “Tk Q Bt) = (6x R)(1 - 6?) 4megc [R-R- By 207, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 129 que 60 campo magnético de Liénard-Wiechert para uma particula pontual de carga Q em movimento. le pode ser relacionado ao campo elétrico 20.132, como pode ser visto se efetuarmos o produto vetorial de &, aplicado no tempo retardado, com &(7,t), isto é, 2 _ Rx [(R- RB) x 4] [R- R.A onde todas as grandezas do lado direito na expresso acima so calculadas no tempo retardado. Efetuando os produtos, temos Alte) xe) = tne Como & || &, o primeiro termo do lado direito é nulo. Além disso, pela equagéo 20.131, temos Ae) x7.) = REE ee [R- Ray ou lotr — ou ainda, 130 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS & TRANSFORMAGOES DE CALIBRE e entio, Rip) x EF, t) = Q {axe = 6) , Gx Ak 4neg R. 6 [R-R-BP ” [R-R-Ay Comparando esta relagdo com a expressiio 20.133, temos R(t,) x E(F, t) = cB(F, t) ou Bw) = AER EES (20.134) Podemos agora analisar as expressées 20.132, 20.133 e 20.134. O campo elé- trico 20.132, = R-RB)1-6?) Rx [(R- RF Et) = 2] BRA I= 6") , Bx [(R— RB) xe] tra | [R-#-] [R-R- 6] 6 dado por dois fatores, o primeiro deles dependente apenas da velocidade @ = cf da particula, enquanto o segundo dependente também da aceleracio = ca. Por causa disso, 0 primeiro fator é conhecido como campo elétrico de velocidade, ao passo que o segundo é 0 campo elétrico de aceleragéo. O campo de velocidade tem componentes nas diregdes de A e da velocidade 7 da particula, e quando @ = 0, ele se reduz a 20.7. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIBNARD-WIECHERT 131 | QR EF, t) = (= Free RB que 60 campo elétrico usual de uma carga pontual Q. Por essa razdo, 0 campo elétrico de velocidade também é chamado de campo de Coulomb generalizado. Em geral, ele pode ser reescrito como ou (20.135) © que ressalta sua dependéncia com o inverso do quadrado da distancia, a partir do ponto de emiss&o, que é 0 comportamento usual do campo elétrico coulombiano. Por outro lado, 0 campo elétrico de aceleragao, R a 20.136. i ( ) de modo que ele tem uma dependéncia com o inverso da distancia, diferente- mente do que ocorre no caso coulombiano. A grandes distancias da carga, essa parcela 6 a que domina o campo clétrico, e ela sor importante na emissio de radiagao por particulas carregadas. Por causa disso, ela também é chamada de campo elétrico de radiagao © campo magnético 20.133, 132 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, Ill: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMACOES DE CALIBRE sin) - 2 {Gx A) - 6) que pode ser relacionado ao campo elétrico por 20.134, - R E(r, Bey = Red xe) c também apresenta duas componentes. O termo de velocidade & oP Q @xka-s? ary 2 Ox B02) mene [R- R- A] que pode ser reescrito como Sey = 2 BBX RYO - 6%) BA") = Treen AP [R- -] ou Fy ee OxRCee > 4mege [R—R-B]*[1- R- 8] que tem também uma dependéncia com o inverso do quadrado da distancia. Esse termo é uma generalizagio da lei de Biot-Savart para cargas pontuais em movimento. O termo de aceleracao do campo magnético, 207. POTENCIAIS CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 133 que explicita a dependéncia com o inverso da distancia, de modo que esse campo 6 importante a grandes distancias da carga. Ele também é chama- do de campo magnético de radiag&o. E interessante ressaltar que, por causa de 20.134, Bey = Rd xed ¢ o campo magnético é perpendicular ao campo elétrico e também ao vetor R(t,) calculado no tempo retardado. De posse das expressdcs para os campos elétrico ¢ magnético, a forca de Lorentz agindo sobre uma carga de prova q causada pela carga pontual Q em movimento é dada por 15.25, =e + 9%, xB onde dy é a velocidade da carga q. Substituindo as expressdes para os campos, temos ou + ByX \ (20.137) que é a forga de Lorentz produzida por Q sobre a carga de prova q, na situagao geral em que ambas esto em movimento. Nessa expressiio, apenas §, = % calculada no tempo atual ¢. As outras grandezas, a saber, fi, R, 6 e G, so todas calculadas em t,. Note que n&o hé em todas essas expressdes nenhuma restrigo a respeito das velocidades das particulas, ou seja, elas sao corretas do ponto de vista relativistico. Além disso, como existe a questao do intervalo de tempo em que as informag6es sao emitidas por uma das cargas e 0 recebimento dessas informagées pela outra, a terceira lei de Newton nao é 134 20, CAMPOS BLETROMAGNETICOS, Ill: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIDRE em geral respeitada na forma usual, pois a forca de Lorentz produzida por Q sobre q nio 6, em geral, igual & produzida por q sobre Q, no mesmo instante de tempo. Isso indica uma violagao do prinefpio de conservagao de momento linear, ¢ ficam as questées: qual a real importancia do principio de conservagao de momento linear em Fisica? Seré que ele pode ser violado? Seré que ele pode ser descartado? Pense a respeito dessas perguntas, ¢ compare suas respostas com as que sao dadas no capitulo 21. Por ora, vamos retornar ao estudo dos campos gerados pela carga @ em movimento. Na dedugiio que fizemos para a determinagao dos campos retardados, utilizamos as equagées de Jefimenko 20.96 e 20.100. No entanto, conforme dissemos no in{cio da obtengao dos campos, poderfamos ter partido das rela- goes 20.2, e 20.3, juntamente com as expressdes 20.106, . 1 Q VF t) = — @) 4negR—R-6 e 20.108, Sips) = #2 Gales) 4 R—-R-B ou 20.109, Ue Ute) yp Aga = Sven) Como j4 temos os campos, e por uma questdo de completeza, é interessante efetuar a dedugdo seguindo esse caminho. Vamos iniciar calculando VV, ou seja, 20.7, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 135 Note que o operador V age sobre #e sobre 79(t;), j& que Temos, ent&o, WG) = aga pV FA = = over) = - aoa apie va A (20.138) Da equagao 20.102, lF- Fa(tr)| = c(t - t) temos VR=cV(t-t,) =—cVtp (20.139) Por outro lado, achamos também vR=9[ RR 7 V(R- RB) (20.140) 2VR-R Pela identidade 1.58h, V(A- B) = (4-9) B+ Ax (Vx B) + (B-V)At Bx (Vx A) de modo que V(A- R) =(R-V)R4+Rx(V xR) 4+ (RVR + Rx (Vx R) V(R- R) = (A- V)R+2Rx (Vx R) (20.141) Primeiro, determinamos 136 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III; POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou (BR. V)R= (Re V)F- (KR: VF ltr) (20.142) Definindo R= Rit Ryj+ Rk Ferityjtzk Foltr) = zoltr)it voltr) J+ zoltr) k ¢ lembrando que 79 1e - oO Vain tigtks temos (Reval [rit ryt rk (2432 482] etsyie eg . : a. 07) Oz ou a OV teeta ot + ys + Rez ]fei byl + ef ou ainda, (R-V)F = Rei+ Ryj + Rk de modo que (RiV)FHaR (20.143) Além disso, temos também (RB: V)Fo(tr) = {leat Ris R.k}- fi 20.7. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 137 ou ao a a Ol (R- V)Foltr) = [Regs + Rudy + Rage |Folt) ou ainda, Fa (tr) Oty drQ(tr) Oty arg tr) dtr B-vVFalte) = Ree a, on ta, dy 1 at, bz ou (BR: VFolt,) = Rad (ty oe Ry atin) + R.6) que pode ser reescrito como (RB: V)Foltr) = (R- Vir) (20.144) Reunindo 20.143 e 20.144 em 20.142, achamos (A. V)R= R- OR: Vt) (20.145) Temos que calcular agora oO = —_ Vx R= Vx (F—Foltr)] = 7 xP -V xFolt,) =-V xFaltr) (20-146) Entretanto, Vx Fltr) = (égtte — ugh Axaltr) _ Ozalt)) +, (valle) _ Azalte +( dz Ce )i+( a ou . _ (dzq(tr) Oty — dyg(tr) Ite \ vxFa(e) = ( dt, dy dt, dz)' (degen dzg(tr) dt di, Oz dt, zs dualtr) Bt _ dal tr) dtr dt, Ox dt, dy 138 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou ainda, . ot, Oty \ = V xFo(tr) = (3 - w 5) Oty Oty \ = Oty Otr\ » + (mGe nF) 5+ (un Gt —e$E) k que pode ser reescrita como (veja 0 exercicio 20.7) V x7o(t,) = -0x Vi, (20.147) Voltando agora para 20.146, obtemos Vx R=0x Vi, (20.148) Utilizando 20.145 e 20.148 em 20.141, ficamos com V(R- R) =2[R - aR. Vt,)] +28 x (7x Ve,) e, por fim, retornando a 20.140, obtemos R-@R- Vt.) + Rx (Tx Vet.) R VR= Pela propriedade 1.19a do produto tripio vetorial, temos de modo que Rx (6x Vt,) = (R- Vi,)o— (R-T)Vt, e ent&o, vpn RoR: Vt) + (Ae Vt)o- (R-T)V R ou 207, POTENCIAIS CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 139 Utilizando agora a equagdo 20.139, obtemos ou R-(R-T)Vt, = -cVt, ou ainda, R= (-c+ R-T)Vt, € entiio, vi, =-—4 c-ko ou Vi, = (20.149) de modo que a equagao 20.139 fica VR= ou VR= a (20.150) Precisamos agora calcular V(R-), que fica, utilizando a identidade 1.58h, VR: A) = (Re VE + Rx (V xB) + (G-V)R+8x(VxR) (20.151) primeiro fator, (R- V)G, € obtido mediante 0 mesmo processo realizado para se obter a equagao 20.144, e assim achamos (R-V)8 = a(R: Vir) 140 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE ou, utilizando 20.149, ou ainda, (20.152) © termo V x @ pode ser calculado seguindo-se os passos realizados para a determinagao da expresso 20.147, de modo que achamos Vx f=-ax Vt, ou ainda, (20.153) e assim, 20.7. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 141 ou ainda, ou entio, que resulta em — (20.155) R-R-B Por fim, por 20.148, temos Vx R=0x Vt, ou ou ainda, wee ee 142 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE de modo que ou Bx (Ox R) =(8-R)B- PWR e entao, ax (vx a) = -G-RB- wR R-R-g8 ou (20.156) Voltamos agora & equacio 20.151, utilizando as expressées 20.152, 20.154, 20.155 e 20.156, assim achamos VR. 8) = Cl va.f)= Se eee (20.157) Voltando agora a 20.138 e aplicando 20.150 e 20.157, achamos vv) = - 2 4reo(R-R-B]? 207, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 143 ou ou ainda, Q A-B)R+(R 4m€9 [R- vvEr,t) = — Precisamos agora determinar a derivada temporal de A dado por 20.108, Ary = Quit) 4m R-R-B ou seja, BA _ woeQ 2 _Bltr) ot 4n “OtLR—-R-B ou dA _ pocQ 1 ap a a ae aoe aoe apa a} Utilizando as equagées 20.129 e 20.130, achamos aA _ wocQ 1 a@aca B Be & at 4n | R-R-P1-R-B [R-R-BP 1-k-B ou aA _ pocQ 1 Ra a 4r |R-R-BR-H-B e€ entao, 144 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, IIT: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE odemos escrever pe = +. Além disso, temos também oy He ea aA __Q f[Ra(R-R-f)_ cRAG-B at 4mec| (R—R-BY3 (R- ou oA __Q [RE(R-R-B) RAP -R- ) dt 4neo| (R- RB) (R- RB)? ou ainda, ag 2a R.#)2-— réer R. 6 R.G ad __Q RE RUBE Bip + RA 6) + RAR: 2) (20.159) Ot dren (R-R-Bys Podemos agora calcular o campo elétrico por meio da equagao 20.3, — Ra Rip? + RAR: B) + RAR 4me9 (R-R. By 207, POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 145 ou entio, __@ fa—6)R- RBU - 6) Ameo (R-R- By? Utilizando a equagiio 20.131, ficamos com sen 9 J (R-RA)I- 6) | Rx [(R- RB)x aan= 24 [R-R-AP * (R-R- AS que 60 campo elétrico de Liénard-Wiechert calculado em 20.132, como deveria ocorrer. Podemos agora determinar 0 campo magnético, através de 20.2, B=Vxd empregando, para o potencial vetor magnético, a equagao 20.109, Temos, entao, ou Pela identidade 1.58f, x (64) = (VO) x 44 0(9 x 4) de modo que temos V x (BV) = (VV) xB + VV xB) 146 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, It: POTENCIAIS, CAMPOS © TRANSFORMAGOES DE CALIBRE oe (VV) x B+ V(V x 8) c Utilizando agora as equacdes 20.106, 20.153 e 20.158, achamos __@ UP )R+ (A )A Ameoe R-R- (GR) - RB y x6 al + * Tree RB Z Q a Greve onde nos valemos do fato de que fx f = 0. A expressio acima pode ser escrita como c entio, = __@ [Gx has), GxAye Ix 00~ aa ROR IT Rae Ee que corresponde & expresso 20.133 para o campo magnético de Liénard- Wiechert, como deveria ser. Vejamos agora alguns exemplos de aplicagio dos potenciais ¢ campos de Liénard-Wiechert para cargas pontuais. Exemplo 20.12. Determine os potenciais de Liénard-Wiechert para uma particula de carga Q em movimento retilineo uniforme com velocidade @ par- tindo da origem emt = 0. Os potenciais de Liénard-Wiechert sao dados pelas expressdes 20.106, 1 Q ~ dreo R— V(r, t) 20.7. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 147 © 20.109, Portanto, vamos precisar determinar a grandeza R— R- §, sendo que Faltr) A posic&o da particula em movimento retilineo uniforme é dada por F(t) = st = ctf € 0 primeiro passo consiste em determinar o tempo retardado tr, 0 que pode ser feito através de 20.102, R= |F—Foltr)| = c(t — tr) que fica — eftt,| = oft — tr) ou (F — ct.) « (F — cBt,) = elt — tr) de modo que (F — cBitr) + (F — efit) = P(t — ty)? ou ainda, 7? + 026742 — 2cF + Bt, = c(t? — 2tt, + #2) que fica cpt? — ct? + 2tc7t, — 2c(F*+ GB) +r? -— 7H? =0 ou (e268? — ct? + 2(c*t — c#* Bt, +1? - 148 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSPORMAGOES DE CALIBRE ou ainda, (6 —1)t2 + 2c(ct — + Bt +r? — 7t? =0 Resolvendo para f,, achamos (ct — #8) + V/4c%(ct — FB)? — 4c2(82 — 1)(r? — #2) n= PT (t= 7+ BYP + (1 ~ BP)? — 242) oH (20.160) Para determinar o sinal correto, podemos considerar o limite em que v vai a zero, bem no infcio do movimento da particula, e assim. ate (ptr —eP) ou 1a tt Ver? +r? — Pt? t= 7 ou ainda, - hetpe ¢ Quando a particula inicia o movimento, ela est4 na origem, de modo que FQ(0) = 0c assim & = 7, de forma que o tempo retardado deve ser dado por R r t=t-—=t c c © que fixa o sinal negativo na equag&o 20.160, ou seja, ty (ct — #8) — (ct -F + B)? + (1 — B2)(r? — c?#?) = a (20.161) Agora podemos determinar 20,7, POTENCIAIS 8 CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 149 R-R-fa ct) — (Fete) 8 onde fizemos uso da relagao 20.102. A equag&o acima pode ser reescrita como R-R-B=clt-t,)-F- B+ ct 8? ou R-R-G=ct-F-f-ct(1- 6?) Utilizando agora 20.161, ficamos com — (1-6?) (ct —#+ B) — (ct —F+ B)? + (1 — B)(r? — 04) e(1 — 8?) B— (ct FB) + (ct FB)? + (1 — 2) (0? — 2H?) ou ainda, VED= 5 —————— (20.162) TO (ct — FB)? + (1 — 82)(r? — ct?) € 0 potencial vetor magnético 20.109 torna-se Aw) -—2 ff (20.163) B+ (1 Br? 22) que sao os potenciais retardados para uma particula de carga pontual Q em movimento retilfneo uniforme. 150 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, It: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Exemplo 20.13. Mostre que 0 potencial escalar 20.162 para uma particula de carga Q movendo-se com velocidade constante pode ser reescrito como VRE ——— (20.164) )= Gree RQ VT = Bsn Gt é calculado no tempo atual, néo no tempo retardado, ¢ 8 of e Rit). A figura 20.3 apresenta as grandezas relevantes para 0 nosso caso. onde R(t) =7 € 0 dngulo entre @ Figura 20.3: Vetores importantes para o cdlculo da expresso 20.164. Da figura, temos R(t) = R(t) + (t-te) Pela equagao 20.102, obtemos Rt) = R(t) + R(t,)8 (20.165) ou 20.7. POTENCIAIS E CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 151 R(t) = R(t) — Ret) B (20.166) O potencial escalar é dado por 20.106, = Q tno RoR Vb) onde as grandezas sao calculadas em t,. Portanto, precisamos determinar R(t,) — Alt) - A = V [Rlt) - Ret, BP (20.167) Assim, comegamos com [Rlr) — Att.) - BY? = R(t) — 2R(t,) (BG) 8] + [R-)- FP (20.168) Em seguida, elevamos 20.166 ao quadrado, para determinar R(¢,) «J, ou seja, R(t) - Ri) = (A(t,) - REA] - [Rlte) - RGB] ou R(t) = (tp) + R2(ty)G? — 2R(tr) [A(t,) - F] ou ainda, R(t) [R(t-) « 8] = (1+ 6?) R(t) — R(t) a qual, substitufda em 20.168, nos dé a. i. ges ou [R(t,) — Rety)- 8]? = R() — BP RP(ty) + [Rlte) « BY? (20.169) Agora, dos triangulos da figura 20.3, temos senbp = b=R(t)send our Ri) de modo que R(t) 1 — cos? 6, = R(t) send ou R?(t,)(1 — cos? ,) = R?(t) sen? @ (20.170) Além disso, utilizando a definig&o 1.4 para o produto escalar, achamos R(t.) -B = R(t,) 8.008 6, ou R(t) -B R(tr)B cos 6, = 0 que faz com que 20.170 fique 2 _ (Rt) BY?) _ . wf! ( Re } | = (A(t) - BP R(t,) 8? 2 (4) sen? 6 ou R(t) — R(ty) = R(t) sen? 6 ou ainda, e entao, [Rlte) - B]? = 6° (t,) — R2(t)6 sen? @ Substituindo essa expressdo em 20.169, ficamos com [Rltr) — R(t.) « 8]? = R(t) ~ 6? R(t,) + G?R2(t,) — R2(t) 8? sen? o 20.7. POTENCIAIS B CAMPOS DE LIENARD-WIECHERT 153 ou [RUr) — Alt.) A]? = R2(#)(1 - 6 sen 4) (20.171) de modo que 20.167 fica R(ty) — R(ty) 8 = V RAH — HP sen? 6) ou R(t,) — Rltr) B= RY) V1 — BP sen? 6 (20.172) © que faz com que o potencial escalar 20.106 torne-se —e VFt) = —— =) Amey R(t) /1 — B? sen? que 6 a equagéio 20.164 que querfamos demonstrar Exemplo 20.14. Determine os campos E e B produzidos pela particula de carga Q do exemplo 20.12. A particula do exemplo 20.12 estA em movimento retilfneo uniforme com velocidade # = c@ constante, de modo que ela nao tem aceleragéo (@ = ca = 0), e sua posigdo 6 dada por F9(t) = efit. Assim, o campo elétrico 20.132, AB\ I~) | Rx [ea ol RB ] EF) = torna-se lembrando que todas as grandezas sao calculadas no tempo retardado. Utili- zando agora as equacées 20.166, RQ) = Re) - R()S e 20.172, 154 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, Ill: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE R(tr) — R(t,) - B= RVI — HP sen?d o campo elétrico pode ser escrito como Q Rwa- 6?) 7 Ameo RS(e)[1 — A? sen? 6 mn iGy= 21 RO (20.173) © 4re0 [1 — g2sen29]! 1) que 6 0 campo elétrico de uma particula de carga Q em movimento retilineo uniforme. Note que ele depende de F(t) medido no tempo atual, néo no tempo retardado. Assim, quando a particula se move com velocidade constante, a informag&o emitida por ela no tempo retardado ¢, “antecipa” qual seré a sua posicaéo no tempo f e o campo elétrico se ajusta de tal forma que ele se comporta como se fosse emitido pela carga na sua posigéo atual. Quando # é muito pequena em comparagao com c, temos a situagao néo-relativistica em que @ <1, eo campo elétrico torna-se ss £9) = Ta Be) (20.174) que é 0 campo elétrico usual de uma carga pontual em repouso. Por outro lado, quando 8 -» 1, 0 campo elétrico dado por 20.173 perde a simetria esférica que ele apresenta no caso néo-relativistico. Sua intensidade aumenta em comparacio com o campo 20.174 nas diregdes perpendiculares & diregao do movimento, em que @ = 5, por um fator 1-6? il [L-Bsen2 gz]? VI-# ao passo que sua intensidade diminui na diregéio de # (6 = 0,7) por um fator 1-6 [1 - 6? sen2(0, n)]? Be como ilustra a figura 20.4 para uma particula de carga Q positive. 155 My POTENCIAIS E CAMPOS DE LISNARD-WISCHERT sentido do movimento S &E 207. sentido do movimento v=0,95¢ v=O,lc Figura 20.4: Campo elétrico de uma partfcula com carga Q movendo-se com velocidade @ constante, sendo v €c (esquerda) e v + ¢ (direita). _f ~ ce O campo magnético pode ser determinado por meio de 20.134 Be, = Red xe) Nesta expresséio, podemos escrever ‘ Ret) R(t) = Ch) = Re) R(t) = Re) + R)B e, utilizando 20.165, ficamos com a, RU + Rt) _ Rt). 5 Re) = “Ray = RG) +6 e assim, fazendo uso da equagao 20.173, Sie Rt) | Q 1- #? RE | Birt) = | 54 +B] x | — en ia [a ?|* Treas [1 — B?sen? qi BO ou, como R(t) x R(t) = 156 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS B TRANSFORMAGOES DE CALIBRE a. Be) = 2-1 Be) (20.175) Sree fy — prsenrg] PO As linhas de campo magnético circulam em torno da diregéo do movimento da particula, e a mesma anilise feita com relacéo a intensidade de E pode ser efetuada para B. A figura 20.5 ilustra o campo magnético para uma particula de carga Q positiva. sentido do movimento Figura. 20.5: Campo magnético de uma particula com carga Q movendo-se com velocidade @ constante. Utilizando os campos 20.173 ¢ 20.175, podemos determinar a forga de Lorentz produzida por uma carga Q em movimento retilineo uniforme sobre uma carga de prova q com velocidade @, arbitraria. Partimos de 15.25, Fy = q€+qixB que se torna dg 1-8? RQ). [ 1-8 Bxke | F, + : tre foe BO * Smee f—Penrg? PO ou oQ 1-8 (re Axe Roly (20.176) a y FH) © deo [1 — 2 sen? 6] 9 7 sendo que, na expresso acima, todas as grandezas sao calculadas no tempc atual t, e ndo no tempo retardado t,. Note que 0 movimento da carga q, que sofre a ag&o da forga de Lorentz acima, 6 arbitrério, ou seja, J, = cf, nao precisa ser constante. O resultado acima é explorado no préximo exercicio. 20,7, POTENCIAIS E CAMPOS DE LiiNARD-WIECHERT 157 Exemplo 20.15. Uma particula de carga Qy estd em repouso na origem en- quanto uma particula de carga Qz move-se ao longo do eio z com uma velo- cidade constante To, = vk. Sua equagéo de movimento € dada por 7Q,(t) = otk. a) Determine a forea de Lorentz produzida por Qi sobre Qo, como fungao de t. Como Q; estdé em repouso, sua velocidade é nula e constante, e a expres- 20.176 pode ser utilizada imediatamente. Nessa expresséio, devemos fazer =" =0e si Dw Rd) = Fo, (8) ~ Fa,(t) = vtk de modo que achamos < Q1Q2 vtk F, . = an(t) rey v3t ou fn 1 Q1Q2; Fo,(t) = k 20.177 Qa(t) Tre ve (20.177) b) Determine a forga producida por Q sobre Qi, como fungdo de t. Novamente aqui podemos utilizar a expresséio 20.176, pois Q2 esté em movimento retilfeo uniforme. Nesse caso, porém, temos A) = Fo, — Fond) = —vtke = Bo, =0. A forga fica Fo,(t) = 221 nut Om “dre Ty pasent ot ME ou Fo,() = 1-6 Q1Q2 ek 20.178 deo fy — g2sen2 6]? UP : ’ Comparando as expressdes 20.177 € 20.178, vemos que 158 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE Fo,(t) # Fa, (t) © que indica que a terceira lei de Newton nao é valida na forma usual nesse caso. JA haviamos comentado essa situagdo anteriormente, e voltaremos a discuti-la no capitulo 21. 20.8 Lagrangeana e Hamiltoniana de uma Particula num Campo Eletromagnético O movimento de uma particula carregada sujeita a um campo eletro- magnético pode ser descrito em termos da fora de Lorentz 15.25, F=Q€+Q0xB ‘Temos entéio um formalismo essencialmente newtoniano, e equagdes de mo- vimento envolvendo forcas. Podemos, também, introduzir os formalismos la- grangeano e hamiltoniano, que esto relacionados com as formas de energia presentes no sistema, Esses formalismos sio mais indicados quando os campos so tratados do ponto de vista relativistico e quantico, e por isso vale a pena discuti-los neste momento. A questio central do formalismo lagrangeano 6 escrever uma funcdo lagrangeana para o sistema dada por L=L(2;,4;,t)=K—-U (20.179) onde K indica as diversas formas de energia cinética presentes no sistema e U corresponde As energias potenciais, que podem ser funcdes das coordena- das generalizadas «;, das velocidades generalizadas ¢; e do tempo t. A forca generalizada associada & coordenada generalizada a, é relacionada A energia potencial U através de au. a/au 5B + ae) (20.180) onde 3 é a velocidade generalizada associada & coordenada ;. No caso ele- tromagnético, a forga de Lorentz 6 a forga generalizada, e queremos obter a lagrangeana do sistema. Para tanto, vamos reescrever os campos em termos dos potenciais, por meio de 20.2, 208, LAGRANGEANA E HAMILTONIANA DE UMA PARTICULA NUM CAMPO ELETROMAGNETICO- 159 B=vVxA e 20.3, . ak é=-W-F Vamos calcular agora o fator VxA= Oy oz : [24 2a) ie [2a Oz e também ix [Vx A] = (writ witb) x [OAs Oy © que resulta em ny] Ii ~ 84 ox (Oy , [OAs _ PAu] G4, [OA — PA] 3 -»| . a + | - li eosf@: 24a) 5g, [Ode 242]; Oy G2 | Ge Oe ou 160 20. CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMAGOES DE CALIBRE . 7 OAy OA. ox [VxA] ~ {|e Be + olBe- 2] -uB-9} Oy Oz Ox dy aA, OA, A, Oy) \ « + {u[% . | - »| ez | f* ow ainda, ax [vx 4] = [oe ey pot — y, OAw — y 2Av aAs)§ "Oy Oz ® 7 BAy OAn OAs 249]; dA, OA: (ods dAy) ¢ + [Atay — elk Vamos considerar a componente z da grandeza acima, que pode ser reescrita como {ex [vxA]} = gO At 4 y2Ae 4 y OAs OAn OAs OAs to, Te TG, Fe Oy Oz (20.181) sendo que somamos e subtrafmos o fator v, 24. A derivada temporal total de Az é _ OAz a. OA, dx | OA, dy | OA, dz 2 0% Ox dt ' Oy dt Oz dt dA, OA; OA, OAz OA, ty a ot +" Or By + ** Oe de modo que fA OA, 0A, _ dA, OA; 2) et Way tae = a OE (20.182) 208 LAGRANGEANA E HAMILTONIANA DE UMA PARTICULA NUM CAMPO ELETROMAGNETICO 161 Além disso, Ze aaa ad 3.28 fz Como no formalismo lagrangeano a velocidade generalizada # é independente das coordenadas generalizadas x;, a equacao acima simplifica-se para dAy , OA: are Ua ~ = a2 (20.183) Substituindo as expressdes 20.182 e 20.183 em 20.181, obtemos {ax [vx A]} = A componente z da forga de Lorentz fica sendo, entdo, _ dA, | OAL “dt * Ot av OA; 7 F. = -05, - 0G? + 0{ax (vx A}} ou ov ons . OA, =-05, - 95 +02@-A)-@ +05 ou ainda, dA, dt o -~ 7 F,=—5,[@V- Qa: 4] -Q Agora, vamos considerar o fator As B= Ag + Aydy + Artz e tomar sua derivada com relagao a v2, ou seja, on. a Fob -8] = Gey lAeve + Avy + Azz] © potencial vetor magnético nao depende das velocidades. Além disso, cada componente da velocidade ¢ independente das outras, de modo que achamos Aa ee 5 1 = Arey, — =A. 162 20, CAMPOS ELETROMAGNETICOS, III: POTENCIAIS, CAMPOS E TRANSFORMACOES DE CALIBRE Derivando agora essa expresséio com relagéo ao tempo, ficamos com ie [A- al} ~ oe Portanto, a forca de Lorentz pode ser escrita como a | d{ dO .e =F lav-08- 4-05 (5, 14-4)} Por fim, como V independe das velocidades, podemos escrever também r= -Ztav-on-4]+4{ 2 (av-ca-a]} Comparando esta expresso com a equacio 20.180, aaa aU a 85; vemos que 0 potencial U7 pode ser escrito como v=QV-QA-8 (20.184) e assim, a lagrangeana 20.179 para uma particula carregada de massa m num campo eletromagnético torna-se mu? ca _ovigda (20.185) No formalismo lagrangeano, 0 momento conjugado a uma coordenada gene- ralizada 2; 6 dado por aL a (20.186) Assim, da lagrangeana 20.185 acima podemos extrair 0 momento generalizado conjugado & coordenada 2, utilizando a equac&o 20.186, ou seja, a 2 my a yl a Vt OA a qj © que resulta em 208. LAGRANGEANA E HAMILTONIANA DE UMA PARTICULA NUM CAMPO ELETROMAGNETICO 163 Tj = mvj + QA; Como 0 momento linear (cléssico) mecanico da partfcula ¢ dado por pj = moj, vemos que, na presenga de um campo eletromagnético, o momento total da particula é a soma do momento cléssico e um fator associado ao campo eletromagnético. Vetorialmente, temos Tl p+ Qa (20.187) A fung&o lagrangeana 20.179 6 titil no formalismo lagrangeano, e a partir dela as equagdes de movimento podem ser deduzidas. Entretanto, em Mecdnica Estatistica e Mecdnica Quantica, ela nao é tao utilizada quanto a fungdo hamiltoniana e o formalismo hamiltoniano. A fungdo hamiltoniana de um sistema pode ser derivada da lagrangeana através de A(z; Tj, t) SU yey - L(x;, 45, t) (20.188) 7 sendo que a hamiltoniana é fungio das coordenadas generalizadas ;, dos momentos generalizados Hj ¢ do tempo. Assim, é preciso transformar a la- grangeana para varidveis apropriadas para obter a hamiltoniana. Essencial- mente, as velocidades generalizadas da lagrangeana devem ser substituidas por funcdes das coordenadas ¢ momentos generalizados. Lembrando que o mo- mento generalizado para uma particula carregada num campo eletromagnético 6 dado por 20.187, podemos extrair dessa expressiio a velocidade como sendo Ti=mi+QA on mi =T-QA e entdo, n-QA m a i Retornando agora A hamiltoniana 20.188 e utilizando a lagrangeana 20.185, ficamos com

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