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‘Blow-Up (Michelangelo Antoni, 1966) PEQUENO ABECEDARIO PARA USO DO CINEMA” ARTE, © cing € uma a? Esser, ns el das quests mais fel, como a post dos plc sempre am) sees waar um eat fp gue dor era ca questo, Ou pla forma como cada um doses Himes [hespone: Ha aba cine (ons de Overy, por exempt) he so aravessdts pela ncesedae de consul una espa Pics» esta peu, Sto cleats gue iam a respsta © que Sinpcosnte «mm. como o rans pts ue pir, Hpssantoment «propia ptr, Tez lena ego o momento em ese dea deur de lar da uted ina’ anys Trae da ore do cna (oe Se no hare "elon Algun co nar —algo de mo porate pn o na ~ uno slr da ane de For, de Mguc de Giih ou de Hitcrock (uso de pont via € Ak cana, camo dse Dancy, como se fl edo Vogue, {Git de Man de Dosa ode Mozart O aie impr necesramen ous stead sb ede desc, Ain to cbeghmon nas aprxinemo 2 ‘raconteur ext ies. Eles so a fo ma ait (cao mrss nis ogee anit clo do noma, ix sae de un leno 9 ie. Hla psa plo ‘Blow-Up (Michelangelo Antonini, 1966) PEQUENO ABECEDARIO PARA USO DO CINEMA® ARTE, (0 cinema ¢ uma are? Esta 6, talvez, a mas bela das questbes| silo # mais diel, como a prosa dos politicos sempre arma). fe mesmo avalir-se um eineasta pelo tempo que demora a res ler «esta questo, Ou pela forma como cada um dos seus filmes esponde. Hi obras interas (como a de Oliveira, por exemplo) qe sio atravessadas pela necessidade de construir uma resposta Prcisaw esta pergunta, SSo cineatas que vam a respostae que Fimplesmente «filam... como o grandes pintores que pintaram, Incessantemente, a propria pintura. “Talveztenha chegedo 0 momento em que se deva deixar de fast (hare do cinema”, para pasar a falas 6a arte dos cineastas (por {qe mio ht arte “eolectva"). Alguma eolse mudaré ~ alyo de unto importante pera o cinema - quando se a falar da arte de Ford, de Mizoguchi, de Griffith ou de Hitchcock (questo de ponto de vista © de distineia, come disse Daney), como se fala da arte de Velasquez, td Giotto, de Manet, de Dostfevski ou de Mozart O gue implicar, necessariamente ous sistemas de saber e de desergdo. Ainda Ia ‘lo chegimos, ms aproximamo-nos. ‘Evientemente que exsiem fines, Eles slo a forma mais habitual (6d nocesariamente a mais orginal nem a mais actual) de manifest ‘90 do cinema, Mas arte do um fle no €o filme, Ela pasa pelo filme (4s vezes muito, outas vezes, muito powco) mas wlrapassa-. A arte do cinema 6, simplesmente, a matéiadetsas grandes imagens (que sfo também grandes sons, bem entendido), de que nos fal Deeize, «que foi quem mais perio esteve (para além dos textos rics de Godard) do que quer dizer 8 ane de um cncasta, [Em Portugal, defesa da arte do cinema - bern par alm des ‘quesides de estilo ~ como expressio de um conceito pessoal sobre a Vida, o mundo ¢ os seus movimentos, & um facto politico da maior importncia, até por esse esfrgo de redeneio da relidade sia (pra ‘tomar os belos termos de Kracauer plas capacidade de tse ‘ho, no préprio tempo, dos afecose ds emones. Em 1971, 0 cies Femando Lopes dise-o muito bem ma Pundasto Gulbenkian, quando da presenta de O Passado eo Present, de Manoel de Olive “Hoje que o cinema pasion o seu meio século de existéciae quando rnomes como os de Grifth, Eisenstein, Muras, Dreyer, Rome, Bergman, Jean Renoir u Godard, se contam etre or valores mas importantes da cultura ocidentsl, x0 lado de Joyce, Picasso © Savinsh, nbs poruguses ¢cinastas comecimos ave, cm mais slaridade © confianga, cinema, como facto cut, seconheide Piblica © ofiamene” ara uma grande pa dos ines portugues, eta declrso 6 verdadeimenteprgramdca © defi un capo de bata polis e cots o polics. _ Esme 6 io oz caplet pre 0 tna uma ate posta jad pelo menos &compresder pore ‘niio 4 uma industria. ot as aeneel BRESSON Para os cineastas portugueses, Bresson é um meste. Foi ele (€ mais tarde, e de forma mais misteriosa, Ozu) quem nos abriu 0 caminho para eseapar is regras e modelos do découpage elissco. Bresson esti para o cinema modemo como Preminger para o cine. 1a cisco, Sto mestres, e seri por causa dessa vortade de pedgo- ‘a que Bresson esereveu as suas Notas sobre o cinematégrafo. ‘A “escola portuguesa intemacionalizov-se(ndo se trata, como noutros casos, de um cinema regional) porque se formou {mais ou 20%0 MARIO GRILo intwitivamente) no cinematégrafo e na sua cult de oposi- 20 “cinema”. O real, ponto de vista ser sempre oda verdade,, ua procura. € isto, precisamente,o que fiz a iepreensvel © Ionumentaljusteza de Trds-os-Monies (Anténio Reis ¢ Margarida Cordeiro), © mais bressoniano dos filmes, com uma inluénca ex- Ine (como cto da Primavera ou Amor de Perdiedo) em todo © ‘inema portugus dos dtimes trina anes. comPosi¢Ao [Nama conversa “a tds", comigo e com Pedro Cost (publicada no catélogo da Mosia de Turim, em 1999), cineasta Jao Botelho Irmo que, no tendo o cinema portugués “os meios para a ac- 0", tnha “tempo para 8 composiglo". A verdade & que, mesmo {he a8 coisas paregam ter tendéncia para muda (ver, mais absixo, fm "Horério"), a composigio © a mise en Scdne so parimetos ex: ttemimente importantes para uma einematografia que sempre pen- tow o acto de flmar muito mais do lad do plano do que da sequénca. (plano 8 histri; em cada plano de um filme esti odo o filme (coma na obra de Jodo César Monteiro). A composigio ¢o signo teste fntasna transcendental que se manifesta n0 act de Dyformar ' plano, de Ihe dar forma. Neste sentido, tanto a obra de Oliveira, ‘como as grandes recospectivas de John Ford, Dreyer, Om, Stroeim, Hitchcock, Godard, que tiveram liga em Lisboa, no iniio da déca- «da de 80 (na Cinemateca Portuguesa e na Fundagéo Gulbenkian), sjudaram a reforgar esta etenea na composiqdo como instrumento tstlstico de resistencia &indiferenga do oar que earactrizao cine- ‘ma “normal” (de norma) e que o coloca simplesmente‘cegamente) ‘0 sevigo dos modelos estandardizados de narra de “hstrias inteiramente pensadas no seu exterior ‘Apds a Revolugio de 1974, foi através da composigdo que os cineasias portaguesesevtaram a via fil do militants, para operat f grande exoreismo formal da paisagem humana por guess. Esse tgesto~ sem paralelo, om qualquer outra arte ~ foi o grnde (ines mivel) contribute que o cinema portuguéslegou i historia eontem- pordnea de Portugal.

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