(e-STJ Fl.

381)

Superior Tribunal de Justiça

S58

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.142.043 - SE (2017/0191497-4)

RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

AGRAVANTE : JOAO SUYAN SILVA SANTOS
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SERGIPE
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE

EMENTA
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO
MAJORADO. ART. 157, § 2º, I e II, CP. CAUSA DE AUMENTO DE
PENA. EMPREGO DE ARMA. APREENSÃO E PERÍCIA PARA A
SUA INCIDÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. COMPROVAÇÃO POR
OUTROS MEIOS DE PROVA. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO
RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRECEDENTES.
Agravo conhecido para negar provimento ao recurso especial.

DECISÃO
Trata-se de agravo interposto por João Suyan Silva Santos
contra decisão do Tribunal de Justiça de Sergipe que, em juízo de
admissibilidade, negou seguimento ao recurso especial por ele
apresentado.

Narram os autos que o agravante foi condenado pelo crime

previsto no art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal, ao cumprimento da pena
de 6 anos, 9 meses e 23 dias de reclusão, em regime inicial semiaberto,
além do pagamento de 12 dias-multa.

À apelação da defesa o Tribunal local deu parcial provimento, a

fim de diminuir a pena imposta, mantidos os demais termos da condenação.

O acórdão foi assim ementado (fl. 268):

APELAÇÃO CRIMINAL – ROUBO MAJORADO (ART. 157, § 2º, I,II DO

CP) – PLEITO ABSOLUTÓRIO – NÃO CABIMENTO – AUTORIA E
MATERIALIDADE SOBEJAMENTE COMPROVADAS PELOS
DEPOIMENTOS E DECLARAÇÕES COLHIDAS EM JUÍZO –
RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA, FIRME E COERENTE
-PLEITO DE AFASTAMENTO DA MAJORANTE DO USO DE ARMA
–APREENSÃO E PERÍCIA NA ARMA – DESNECESSIDADE –
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MAJORANTE COMPROVADA POR OUTROS MEIOS IDÔNEOS DE

PROVA – DOSIMETRIA- PEDIDO DE MINORAÇÃO DA PENA-BASE
PARA O MÍNIMO LEGAL – ACOLHIMENTO-AFASTAMENTO DA
CIRCUNSTÂNCIA DAS CONSEQUENCIAS- MODIFICAÇÃO DO
PERCENTUAL DE AUMENTO RELATIVO ÀS MAJORANTES DO
CRIME DE ROUBO – APLICAÇÃO DO - SUMULA PERCENTUAL
MÍNIMO DE 1/3 443 DO STJ- MINORAÇÃO DA PENA DE MULTA –
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE- APELO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.

Nas razões do especial, apontou a Defensoria Pública

divergência jurisprudencial e contrariedade ao art. 157, § 2º, I do Código
Penal e arts. 156, 386, VII e 617 do Código de Processo Penal. Sustenta
ser indevida a aplicação da majorante do roubo referente ao uso de arma
de fogo, uma vez que a arma não foi apreendida, nem periciada.

Aduz que o exame pericial se faz imprescindível para a

comprovação da materialidade nos crimes cujas infrações deixam vestígios.

Ao final, requereu o afastamento da majorante do emprego de

arma, já que não houve apreensão e perícia do objeto.

Apresentadas contrarrazões (fls. 307/315), o recurso foi

inadmitido pelo Tribunal de origem, por incidência da Súmula 83/STJ (fls.
319/322).

Contra essa decisão a defesa interpõe agravo (fls. 328/335).

Instado a se manifestar, o Parquet federal opinou pelo

desprovimento do agravo, nos termos da seguinte ementa (fl. 357):

ARESP. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO. USO DE

ARMA DE FOGO. APREENSÃO E PERÍCIA. PRECEDENTE DA 3ª
SEÇÃO DO STJ (EREsp n. 961.863/RS, Rel. p/ acórdão Min. Gilson Dipp,
3ª Seção, DJe de 06.04.2011). DESNECESSIDADE DE APREENSÃO E
PERÍCIA DA ARMA DE FOGO. SÚMULA Nº 83/STJ.
- Parecer pelo desprovimento do agravo.

É o relatório.

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Presentes os requisitos de admissibilidade do agravo, passo ao

exame das razões recursais.

A insurgência recursal direciona-se no sentido de que seja

afastada a causa de aumento de pena pelo emprego de arma de fogo, ante
a imprescindibilidade de apreensão e perícia da arma de fogo.

Sobre o tema, o Tribunal local teceu os seguintes argumentos

(fls. 271/272):

[...] No que concerne ao pleito de afastamento da majorante do uso de

arma, também não merece respaldo, posto que tenho que a apreensão e
a perícia da arma são prescindíveis para a incidência de dita majorante,
pois a sua utilização pode ser comprovada por outros meios de prova,
sobretudo a palavra das vítimas, tal qual restou comprovado na espécie, e
a sua lesividade é presumida, cabendo à defesa o ônus de provar que se
tratava de simulacro, o que não foi provado nos autos.
Conforme ensina Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado, Parte
Especial, vol II, p. 336), discute-se se a apreensão e a consequente
perícia da arma utilizada na prática do roubo são imprescindíveis para a
incidência da causa de aumento de pena.
O entendimento atual do Plenário do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de serem desnecessárias, para fins de aplicação da causa de
aumento de pena prevista no art. 157, § 2.º, inciso I, do Código Penal, a
apreensão da arma e sua respectiva perícia, desde que o emprego da
arma e seu potencial lesivo sejam provados por outros meios, tais como
declarações da vítima e depoimentos de testemunhas. Destarte, se o
acusado defender-se alegando não ter se valido do emprego de arma, o
ônus da prova de sua assertiva a ele será transferido.
[...]
Acertada e irretocável, portanto, a decisão proferida pelo Juízo ao
condenar o apelante pelo crime de roubo majorado, restando a a quo
evidenciado o emprego de arma, tendo sido comprovados através de
outros meios de prova, em especial os depoimentos da vítimas. [...]

No presente caso, portanto, o Tribunal de origem entendeu que a

majorante do emprego de arma de fogo pôde ser comprovada no
testemunho das vítimas.

Por sua vez, a Terceira Seção deste Superior Tribunal, ao julgar,

em 13/12/2010, os EREsp n. 961.863/RS, firmou entendimento de que é

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prescindível a apreensão e perícia da arma para a aplicação da causa de

aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, desde que
comprovada a sua utilização por outros meios de prova (EREsp n.
961.863/RS, Relator p/ acórdão Ministro Gilson Dipp, Terceira Seção, DJe
6/4/2011).

Sendo assim, não há que se falar em afastamento da referida

causa.

Ademais, para entender que os depoimentos das vítimas não

foram suficientes para comprovar a utilização de arma de fogo na
empreitada criminosa, seria necessário reexaminar os fatos e as provas
colhidas, o que encontra óbice no verbete sumular n. 7/STJ.

Ante o exposto, com fundamento no art. 253, parágrafo único, II,

b, do RISTJ, conheço do agravo para negar provimento ao recurso
especial.

Publique-se.

Brasília, 26 de abril de 2018.

Ministro Sebastião Reis Júnior

Relator

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