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INSTITUTO RRASILEIRO DE FILOSOFIA IBN KHALDUN OS PROLEGOMENOS ou -JLOSOFIA SOCIAL TRADUCAO INTEGRAL E DIRETA DO ASRABE DE JOSE KHOURY yoembre de INSTITUTO BRASILEIRO DE FILOSOFIA E ANGELINA BIERRENBACH KHOURY Catearatica de Cléncias na Escola Normal Alexandre de Gusmio, desta Capital TOMO TERCEIRO $kKO PAULO 1960 Aprectagdo da Inwprenea Hrasileira abre thn Khaldan, it. 1900, Diatlo da Nolte — Dire de Hao Paulo — 18-0 MIO BKCULO ENTIUG ALIS MIL, VOLUMES PARA ‘TRADUZIn “PROLEGOMENOS" Texto de Yonne Sophia Forceltin; km seu pequeno gabinete de trabalho, entulhado de livros, Jose Khoury passou a mator parte de sua vida, Apés 40 anos de intenso trabalho, o sr. José Khoury devera lan. ¢nr, dia 31 proximo, o terceiro e ultimo volume de sua versio por. tuguesd dos “Prolegomenos” de'Ibn Khaldun. A respeito dessa obra de filosofia social, ponderou .A. Toymbee em seu tratado “A Study of History": “Nos prolegomenos, concebeu e formulou Ibn Khaldun uma filosofia da histéria, induvitavelmente, @ malor trabalho deste genero jamais etlado por qualquer mentalida- de, em todos os tempos e em todes os paises”. Xm seu gabinete de estudo entulhado de. livros, onde passou a maior parte de sua vida, declarou’o sr. José Khoury: — “Em 31 de outubro de 1960, completo 50 anos de Brasil. Che- guei & terra abengoada de Santa Cruz, em 1910, desembarcando no Rio de Janeiro com minha unica mala, contendo pouca foupa e mui- tos livros. . Ibn Khaldun inclusive. Nao quero que esta data passe Quero marcd-la com um marco de ouro,.se em branca nuvem. possivel; e, ¢omo o oure @.a -prataandam escassos nestes tempos, contento-me, como os peregrinos antigos, de trazer em oferenda e em homenagem ao Brasil, sobre o altar das letras, 0 fruto de melo século de labuta, Ibn Khaldun na versao portuguesa, simboliza, pela perfeita adaptacdo do arabe ao portugués, 0 amalgama de duas ragas, de dois espiritos e de duas civilizagées.;, assim como a sua harmonl- e a sua irmanacdo total sob o céu do’ Brasil.’ Eis 0 zagao integral significado deste trabalho para mim”. —~ “Nos Prolegomenos encontrei 1.800 citagdes.de nomes préprios " — prossegue o entrevistado — e, para melhor compreensdo dessa obra monumental fui obrigado a consultar 6.000 volumes, deles extra- Alguns dos livros que “indo biografias resumidas dos nomes citados. possuo e que me foram enviados da Franca, da Hollanda.e do Egito, constituem, atualmente, verdadeiras raridades bibliograficas. .Li com atengdo tudo 0 que se refere &.vida_e as obras dos estudiosos citados por Ibn Khaldun, e, tive ainda que compilar um dicionario dos ter- mos filosdticos e um vocabulario do Alcor4o. Dentre os volumes que adguirl, enccntra-se o “Dictionaire des Noms des Vétements Chez Les Arabes”, de Dozy; Prairies d’Or, de Macudi, e a Encyclopedie de I'ls- Jam que custaram 700 dolars. ‘Aos 22 anos de idade, ao concluir 0 curso de seminarista, no “Grand Seminaire de Sant’Anne” em Jerusalém, parti para o Brasil, iniciando a " ‘ hn Prove dmenos a francés, tdjoma que domino com certa facilidade. A versio, posterior para o portug: elt plo, coma exeteicio de gramatiea 9 de Unguancm, tmeste at guts anos depois é que pensei em publica-la, Hoje, aos 74 anos de idade e com 4 netos tenha a satisfacdo de poder apresentar, final- mente, 0 trabalho que julguei ndo poder concluir. A fim de editar o primeiro volume desta versao, em 1957 tive que vender a colecdo G2 maquinas fotograficas que possuia, num total de 16 aparelhos. Para o segundo volume recebi apoio da colonia siria e libanesa, conseguindo reunir 860 mil cruzeiros gastos na publi- cagao do livro. © terceiro e ultimo volume sera langado dia 31 com a colaboracao dos srs. Camilo Ansarah e Taufik Abujamra, consul da prin RAU em Porto Alegre. Quero, portanto, ressaltar o quanto devo as comunidades libanesa e siria aqui radicadas e sobretudo a valiosa contribuigdo Gos patri- cios de Séo Paulo e A colaboragds de minha esposa, Angelina Bier- renbach Khoury. Levado per um sentimento de gratiddo, doe os primeiros 500 exemplares do I, e IL, vols. (e do futuro III) desta edi- Ao as instituicdes culturais. brasileiras em nome das cclonias citadas, e, recebi ha pouco, a noticia auspiciosa de que o Congresss Mundial de filosofia, reunido em Colonia, resolveu por unanimidade tratar da difusdo desta tradugdo portuguésa no plano internacional. —“O minimo que se pode dizer desta traducdo, e que se trata de um acontecimento de primeira grandeza na propria bibliografia Uni- versal — afirmou Jamil Almangur Haddad, ao lér a obra de José Khoury. ‘Tecendo consideragées em torno de Ibn Khaldun e dos prolego- menos, disse-nos ainda o tradutor bn Khaldun, filosofo do século XIV, é considerado como um dos precurscres da sociologia, e, como Santo Agostinho e Anibal, é originario de Tunis. Até agora, ninguem se deu ao trabalho de a- profundar, aqui, o estudo desta obra que na Europa mereceu a atencao de eruditos como Hermann Frank, Duncan Mac Donald, Van-Den- Fago questio de chamar a Bergh, R. Maunier, L. Nashat e outros. atengdo para as anotagées marginais - em numero de 1.800 - que dis- cretamente ilustram e documentam textos cheios de nomes, fatos, da- tas e dados do mundo medieval e orjental. Pode-se dizer da versio de Ibn Khaldun, 0 que Leonardo Arroyo disse tao bem de Brito Bro- ca: “Suas paginas sdo o desentranhamento de um mundo” Mundo éste, absolutamente desconhecido de nossos intelectuais, quanto mais dos outros. As notas e os comentarios, sintéticos, constituem um re- sumo da histéria da civilizacdo, das letras e das artes entre os arabes, de conformidade com os ultimos e mais recentes dados do orientalis- mo mundial. Eis 0 meu presente de amigo. Eis o meu preito ao Bra- sil, ao celebrar, com a maior alegria, meio século de permanéncia no seu solo tao hospitaleiro e tao propicio a todos 0s grandes empreen- dimentos”.

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