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fa coms us, Hen ETODOSINOHICN, i O art. 1.707 do Codigo Civil veda a renuincia a0 direito de alimentos, quanto subsista 0 vinculo de diteito de familia Iso significa que o titular ddesse direito, embora néo o tenha exigido antes, pode vir a requeré-lo pos: teriormente, desde que preenchidos os requisites legais,jé expostos. gio de cana-de-acticar, tabaco, café, algodo.e oatras), ou nos oficios (negres © ie partes ou oficiais nos engenhos de aciicar, alfaiates, ourives, serralheiros, sapateires, barbeiros, ferreires, pedreiros, padeiros, marceneiros, seleiros, tropeiros, canoeiros, costureiras, obreiras etc), ou como domésticos (pajem, ‘ama, moco de recados, capanga, doceira, cria da casa, afilhado, homem de tonfianga, entre outros), ou eram negros de aluguel ou de ganho, O mesmo * caso também ocortia com criangas de cor branca, embora em ntimero menor, wae eram abandonadas, filhas de prostitutas ou drfas, Em eral, até 088 anos deidade, mais ou menos, as criancas nao exerciam © {arefas produtivas, mas logo passavam a trabalhar nas atividades rurais, domésticas ou como aprendizes, junto aos artesios Desde antes, @ Igreja Catolica jé havia criado as casas de recolhimento dos expestos (abandonados), mas em situagio precaria, Era entdo competén- ‘Ga da Camara de Misericordia ou de familias abastadas cuidar dessas crian- {28.Com a instituicio do juizapartado de defaos, em 1775, um alvaré retirow ‘ALein. 11.804 /2008 assegurou a mulher gestante o direito aos alimen. tos denominados de gravidicos em relagao ao pai: Os tribunais também vem concedendo os alimentos a filho adotivo, posteriormente abanconado em abrigo ou devolvido pelos pais adotivos, acrescidos de indenizagio por danos morais, se foro caso, 10. A Giianca eo Adolescente — OECA No Brasil colonial e imperial, a as abandonados era atribuida a entidades da Igreja e as irmandaces de miseri- ‘c6rdia, a exemplo da Europa, com cardter assistencialista ou benemérito, de sentido caridoso. isténcia a criangas e adolescentes: da Camara essa competéncia, 36 que a Igreja também acolhia criangas, con- sideradas 6rfés, abandonadas por mies solteiras de familias abastadas, no mandade das mais antigas do Brasil (Gomes, Santssimo Sacramento da 2007, p. 350). ‘As Ordenagées instituiram um juizespecial, denominado de juiz epar- tao de 6yfitos, nas vilas onde resiclissem pelo menos 400 vizinhos, junto a um escrivao de Orfaos, encarregado de saber seu mtimero na comarca, providenciarthes tutor, levantar seus bens, cuidar deles, investigar sua dade, seus nomes e de seus pais (Segurado, 1973, p. 115). Mesmo em con- digGes atualmente consideradas inadequadas, a maior parte das criancase adolescentes integrava-se precariamente A vida familiar ou comunitétia € em tarefas de trabalho, Com o aumento do ntimero de criangas abandonadas, principalmente negras emulatas, aLeiclo Ventre Livre (Visconde do Rio Branco, 28/09/1871) passou a proteger os chamados ingénuos (filhos de escravos) e, a Lei dos Sexagendrios (1885), os escravos velhos, Esse cendrio agravou-se coma abo- ligdo da escravatura e a formagio do capitalismo industrial brasileiro, que nao se capacitou a absorver essa mio de obra, Milhares de ex-escravos, ex- pulsos das fazendas, aglomeram-se, entio, nas periferias das cidades maio- 1es, aparecendo as primeiras favelas. De fato, no inicio do periodo colonial, além dos filhos de colonos, mui tas criancas indigenas (curumins) integravam-se ao sistema de catequese dos jesuitas, quando eram afastadas de suas tribos e abrigadas, junto as igrejas, como mentinos da terra. Formava-se um exército de pequenos j que passavam a colaborar na pregacio cristi pelas matase sertoes eserviam de intérpretes aos jesuitas, como Iinguas. Criow-se a roda dos expastas ¢ enjeitades, instalada nas casas de familias abastadas, conventos, hospitais, santas casas ¢ instituigbes publicas, para receberem recém-nascidos, assim abandonados sem identificagao civil, acreditando-se que, com isso, se protegeria a maioria deles. A roda (cujo exemplar esta exposto no museu paulistano do Ipiranga) era um cilindro, instalado verticalmente, em uma janela da parece externa, com uma abertu- suitas, Entre os séculos XVI e XIX, juntamente com milhées de escravos negres, ascriancas que chegavam da Africa eram separadas de seus pais, assim como ‘as aqui nascidas, imediatamente apos seu nascimento. Ficavam a cargo, em eral, de outros negros, que eram forros ¢ libertes (Juntas de Alforria e it~ mandades de Rosario e Sao Benedito), ou trabalhavarn no campo (na produ nascido era abanconado, girando-o para dentro, por meio de um eixo perpendicular ¢ tocando um sino. Fra dividida em quatro partes triangulares, uma das quais se abria sempre para o lado externo, m om. ‘Ao quese sabe, a primeira roda foi instaladano Ospedale degli Innocent ‘© primeiro orfanato da Europa, criado em Florenga (Itélia) em 1444, en Salvador (Brasil) em 1726 (Aries, 1981) e depois no Rio de Janeiro em 173¢ ‘Ada Santa Casa, na cidade deSao Paulo, instalada em 1825, ficava na entr da da rua Dona Veridiana, no atual bairro de Higiendpolis. As criangag cresciam no asilo Sampaio Vianna, no bairro do Pacaembu, alimentadas amas de leite contratadas, indias ou negras, mediante remuneracao, e est davam no colégio Sao José, na rua da Gléria. Em 1944, iniciou-se 0 debati para a extingdo da roda em Sao Paulo, sendo decretado o seu fim na ata d reunio de 1948. A roda configurou-se na primeira forma do denominad pparto andnsimo, como veremos adiante sobre a adosio Na cidade de Sao Paulo, foi criada a Casa dos Expostos em 1895, Pacaembu, porato consignadonas atas da mesa administrativa da Irmandad a Santa Casa de Misericérdia, devido aoaumento de criancas abandonadasy atondidas pela roda e para suprir a deficiente protecio dada pelas amas. A regra era o assistencialismo das elites, nas vilas, cada vez mais preci rio, A medida que se transformavam em cidades, coma imigracio de milha: res de trabalhadores e os processes de rapida urbanizagaoe indust como nocaso de Sio Paulo, sem a instituigao de po licas. No inicia do século XX, as iniciativas de benemeréncia social, muitas vezes, apenas} camuflavam mecanismos de formagao de mio de obrabaratae de prevencao! contra a prostituigdo feminina, que entao se alastrava ¢ afrontavaa paisagem’ urbana (higiene social). ‘Apés a epidemia de febre amarela em Campinas-SP, por exemplo, em. 1889, um grupo de senhores de terras, intelectuais, profissionais liberais ¢ sacerdotes levantou um orfanato para meninas 6rfis, em anexo a Santa Casa, ‘campincira, que comegavam a se prostituir, nas ruas da cidade. Mas, apro- veitando-se dessa situacio, oscampineiros abastados levavam essas meninas, aos domingos, para as suas propriedades, para faxina nas mans6es. O orfa- nato transformou-se, assim, em um educandirio de servicais domésticas, muito proximas da servidao, no contexto de inexisténcia de qualquer regu- Jamentagao legal a respeito (Negro, 2005). ‘A partir da Constituig’o de 1824, 0s municipios assumiram fungées mncialistas. Até entio eram regidos pelas Ordlenagdes do Reino, que Ihes atribuiam, além das fungées legislativase executivas, também as judiciarias. Mas a Lei de 1” de outubro de 1828, chamada de Regimento das Camaras ipios até a Republica © escongéneres paul = Tautaté Introduziu-seo ensino profissional,como medida de reinsergao social, ps0 xT POINCOSOCHL » (Constituigao de 1891), retirou-thes essas fungbes, No entanto entre as fungoes ecutivas, no Titulo III sobreas posturas policiais das Camaras, nos arts. 69 atributi-lhes a fungao decuidar doestabelecimento conservagodas casas caridade, para que se criert exposios, se curem os doentes necesstados e vacinem dos os mentinos do distitoe adultes que no otiverem sido; a inspegio das escolas deprniras letras, eeducago, edestinodos orp pobre, emcujo numero entra Gs expostos. ‘A Lei n. 844, de 10/10/1902, de Candido Mota, criow 0 Instituto Disci- iar, depois Unidade Educacional Modelo e Colénia Correcional, com a correcional de adolescentes infratores. Em 1931 foi reorganizade como fio de servicos de reeducacéo, “Jestinados i fiscalizacio e orientagio pedagdgica e administrativa, das institui- 'as, como 0 Instituto Disciplinar de Mogi-Mirim e ode stituigio de educagao e protegio, coma ci Fm 1924, a Liga das Nagdes proclamou a primeira Carta dos Direitos Universais da Crianga, aperleigoada, pela ONU, em 1959, conclamando os Fstadosa instituirem, como politica publica, a responsabilidade pela assistén- cia e protecio a infancia necessitada, No Brasil, essa politica expressou-se no Cédigo Civil de 1916, que i troduziu importantes alteragGes, se comparadas com a ordem juridica her dada das Ordenagées Filipinas. Substituiu o conceito de pesse dos fills por protegdo @ pessoa dos filhos; disciplinou os institutos da adogao e do patrio poder; possibilitou o reconhecimento da filiagao natural a qualquer tempo; na falta de impedimento do pai,assegurouo exercicio do patrio poder mae + Jegitima, em certas condigd lade da agio de inves agi da paternidade, Estas alteragoes,emborajé expressassemas mud, sociais em curso, nao eram aleangadas, de fato, & populagao, sem condigies de acesso a0 Judicisrio. Em 12/10/1927, por meio da Lei n. 17.943-A, comegou a vigorar 0 Cédigo de Menores (também conhecido como Mello Matos), Em seu art 15, jd exeluta o sistema das rodas para a admissio dos expostos a assisténcia pelas institui Jo civil. Ses, porque Ihes impedia a identifica Em 1931, foi criado 0 Servigo de Assisténcia a0 Menor —SAM —, vin- culadoao entio Ministério da Justica e Interior, para atendimento dos menores ‘carentes c infratores da lei penal, de natureza mais restritiva e corretiva do que protecionista, embora com alguns objetivos de assisténcia psicopedagdgica O SAM nio recebeu os recursos necessrios, nao raro atuando mais repressi- vamente, até com dentincias de maus-tratos. Foi extinto em 1964, send criada, em seu lugar, a Fundacio Nacional do Bem-Estar do Menor — FUNABEM —, 6rgio normativo sobre a Politica Nacional do Bem-Estar do Menor (Lei n.4.513/1964), cujaexecugio foi atribuida as Fundagbes Estaduais| do Bem-Estar do Menor — FEBEMs —, administradas pela Secretaria de Justiga e Defesa da Cidadania (Francisco Pereira de Bulhoes Carvalho, 197) A pretensiio era passar do modelo correcional-repressivo para um mo- delo assistencialista, assente na concepgio do menor como feixe de caréncias psicobiolégicas, sociais culturais. Qatendimento passoua ser efetuado por ppostos de triagem ¢ redes oficiais de internatos. Nessa linha veio onovo Cadigo de Menores (Lein. 6.697, de 10/10/1979), de cardter nio universalista, porque restrito a0 menor em situacto irregular, ‘uma conceituagio juridica que se referia especificamente as criangas e ado- lescentes das familias operdrias que, por desagregogio familiar, nao estives- sem se adequando sua formagiocomo futuros trabalhadores (Simdes, 1983) Nesse Cédigo, 0s infratores nao eram mais tratades, formalmente, como: delinquentes, e sim como autores de atos infracionais ¢ tinha a integra familiar como finalidade relevante, embora,na pritica das FEBEMS, isso nao. se verificasse, prevalecendo a politica carceréria e punitiva, No entanto, em sew art. 4°, inciso I, jf havia instituido a Politica do Bem-Estar do Menor — FUNABEM —, cujasdietrizes deviam ser cumpridas na aplicagio do Cédigo, inclusive pelas entidades assistenciais (arts. 9° e 60), Estas deviam registrar-se no Grgao estadual responsével pelo programa respectivo e este devia comunicar esse registro ao Juizado de Menores e & FUNABEM (art. 10), No final dos anos 1970, com o inicio do processo de abertura e de de- mocratizacio, iniciaram-se movimentos de reforma institucional, centrados na critica ao conceito de menor, em prol da concepeo integral ¢ universal da crianga edo adolescente, como sujeitos de direitos, como o Plano de Integragio Menor-Comunidade eo Acordo UNICER-FUNABEM e a Secretaria de Agito. Social para o trabalho comunitario de cunho social e educative para meninos(as) de rua, Em 1984 realizou-se, em Brasilia, 0 1 Seminario Lati -Americano de Alternativas Comunitérias de Atendimento a Meninos(2s) de jo EORETODD SIUKRSOC, 2s Rua ¢, em 1985, foi eleita a Coordenagio Nacional do Movimento dos(as) “Meninos(as) de Rua. Fm 1985, 0 governo da deneminada Nova Reptiblica “anunciou programas de prioridade da crianea, na faixa de até 6 anos de istoncia. dade, a serem efetivados pela Legiao Brasileira de As No ano seguinte, a Portaria Interministerial n, 449 criou a Comissi0 ‘acional Criangas eConstituinte (Educa¢io, Satide, Previdéncia e Assisténcia Social, Justica, Trabalho e Planejamento),Organizou-se o MovimentoCrianca "= Prioridade Nacional e 0 Férum Nacional Permanente de Entidades Nao Governamentais em Defesa dos Direitos da Crianga e do Adolescente. Em 1987, aComissio Nacional da Criancae Constituinte elaborou uma lista de recomendagdes, propondo-a a Assembleia Nacional Constituinte, "sobre os direitos da crianga e do adolescente, que resultaram, com alteragdes secundérias, nos atuaisarts.227 e 228da Constituigéo de 1988, Anteriormente, jahavia sido instituida a politica do bem-estar do menor, para o biénio de | 1987-1989, com prioridade para criangas de7 a 12 anos de idade, marginali- zadas, em situagdo de risco social ¢ pessoal, submetidas a explo trabalho ou. profissionalizacio irregular, induzids \sa0 do a furto, roubo, tréfico de entorpecentes, mendicincia e prostituigio ou morando nas ruas Em20/11/1989, aONU proclamoua Convengio dos Direitos daCrianga, ratificada pelo Brasil no ano seguinte, priorizando a integragio familiar. E, ‘em 1990,no Encontro Mundial da Cuipula pela Crianga, aprovou a Declara Mundial sobre Sobrevivencia, Protecio e Desenvolvimento das Criangas. Finalmente, em 13/07/1990, fei aprovado o Estatuto da Crianga e do ‘Adolescente — ECA (Lei n. 8.069/1990) —, regulamentando os arts. 227 228 da Constituigio Federal, para a protecao dos seus direitos, articulado ‘com os paradigmas internacionais de protecao integral, como pessozs em desenvolvimento, com prioridades absolutas. A concepgio de menor em si- twagio irregular do Cédigo de Menores de 1979, revogado pelo ECA, foi substituida pela protecao integral, de natureza universal, abrangendo todas ascriangas e adolescentes do pais, de qualquer dasse social (José LuisMénaco da Silva, 2000). Em seu art. 2°conceitua as criangas até aos 12 anos eos adolescentes dos 12 a0s 18 anos de idade, Também se refere, embora excepcionalmente, aos, jovens adultos, entre 18 e 21 anos (art. 104), assim como ao pupilo (act. 129) € 20 nescituro (arts. 8° € 10 do ECA e art. 2* do CC). Ads 16 anos oadolescente pode ser emancipado (art. 1.517 do CC) — ver item 15.

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