Professional Documents
Culture Documents
Ricardo Furlanetto
Grupo de Monitoria e Pesquisa de Estudos Logísticos da Graduação (GRUMPELOGG-EPS), UFSC. Email:
rfurlanetto@ig.com.br
ABSTRACT: The economic globalization process intensified in the last decade – with its
positive and negative aspects – has not presented itself as an option, but as something
inevitable. Competitiveness is one of the premises for survival in this ever more demanding
environment. As businesses search for higher levels of competence, logistics has assumed a
greater importance, acquiring connotations not limited to its original operational
definitions. Anticipating the competitive edge logistics can provide organizations, there
arises the need to assess just how developed – in the business environment – are the
logistics related issues and also which are the leading logistic practices in organizations.
Aligned with this tendency, the Catarinense Business Logistics Program (PCLE) appears
with the objective of offering the industries of the Brazilian State of Santa Catarina a
reference picture of logistic performance, dividing the corporations by productive sectors.
The indicators for benchmarking presented by the research constitute as such an important
tool for increasing business competitiveness. In this paper shall be presented the
diagnostic methodology developed by the PCLE, the analysis of the obtained results and
some preliminary conclusions.
1. INTRODUÇÃO
surgiu o novo conceito de competitividade, que “deve ser entendida como a capacidade da
empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam conservar,
de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado” (COUTINHO, 1995).
Nesse contexto a busca por ferramentas de auxílio à gestão contribuiu para a ampliação
da abordagem conceitual da logística, não restrita ao seu papel simplesmente operacional
original – definido como uma combinação de operações de transporte, manuseio e
armazenagem em processos produtivos (FABBE-COSTES e COLIN, 1994).
A partir do momento em que tornou-se notório que a integração efetiva de toda a
cadeia produtiva poderia trazer benefícios, tais como redução de custo e aumento do nível
de serviço, a logística passou progressivamente a possuir uma importância maior.
Esta nova abordagem da logística figura em um plano estratégico. Este novo conceito
de logística vislumbra a maneira como as organizações podem responder de maneira mais
rápida e eficiente às exigências vindas do ambiente. Logo, a logística estratégica pode
auxiliar as organizações a encarar os seus desafios sob um novo prisma, para os quais a
logística pode propor soluções não antes visualizadas.
Portanto, neste mercado competitivo as empresas devem aperfeiçoar continuamente
suas práticas em logística. O nível de serviço deve ser melhor trabalhado e ganhar
respaldo nas decisões estratégicas.
Uma forma de se obter melhores resultados nas operações logísticas é através da
utilização do benchmarking, que surge como ferramenta dentro da esfera de decisão da
empresa e através da qual procura atingir níveis de eficácia maiores. O benchmarking é um
processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processos de trabalho de
organizações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas, com a
finalidade de melhoria organizacional (SPENDOLINI, 1992).
O benchmarking na logística é uma forma de desenvolvimento da mesma através da
comparação entre concorrentes ou não, em suas práticas logísticas. O grande fator de
utilização desta ferramenta é a possibilidade de se medir quantitativamente os esforços
logísticos e saber se são representativos ou não frente ao melhor praticante da classe.
Assim pode-se direcionar o foco na melhoria das atividades e na busca de vantagens
competitivas.
O presente estudo faz parte de um programa criado pela Federação das Indústrias de
Santa Catarina (FIESC), ao constatar um conhecimento superficial de gerenciamento
logístico nas indústrias catarinenses. Tal constatação foi realizada ministrando cursos de
capacitação em Gerenciamento Logístico para indústrias em várias regiões do estado,
cursos estes organizados também pela FIESC.
O principal objetivo do programa é oferecer às indústrias de Santa Catarina um quadro
de referência de desempenho logístico por setor contendo indicadores para benchmarking,
constituindo assim uma importante ferramenta para aumentar a competitividade
empresarial.
Inicialmente o Programa Catarinense de Logística Empresarial (PCLE) foi divulgado
junto às indústrias por meio de workshops com especialistas internacionais, publicação de
artigos e entrevistas em periódicos (como a Gazeta Mercantil) e visitas explicativas a
empresas. Esta pesquisa de desempenho logístico faz parte desta estratégia de capacitar a
indústria catarinense para o mercado competitivo internacional.
Atualmente o estado de Santa Catarina tem uma posição privilegiada, numa das regiões
de maior capacidade de consumo e de mais alta renda do país. O setor secundário é o de
maior peso na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do estado (aproximadamente
45,4% do PIB), mostrando a importância do seu parque fabril que emprega 387.747 mil
trabalhadores em 23.940 estabelecimentos (FIESC, 1999).
Em decorrência de sua formação histórica e da disponibilidade de recursos naturais, o
parque industrial catarinense pode ser dividido em seis grandes complexos industriais, com
características próprias e distintas, ainda de acordo com a FIESC:
- Complexo Agro-Industrial da Região Oeste: produção de alimentos (aves, suínos,
entre outros) e bebidas. São 2.577 empresas que representam 31% das exportações
catarinenses;
- Complexo Eletro-Metal-Mecânico da Região Nordeste: indústrias mecânica
(motocompressores), de material de transporte e de matérias plásticas. São 2.578
empresas que representam 25% das exportações catarinenses;
- Complexo Têxtil da Região do Vale do Itajaí: setores de vestuário, calçados e
artefatos de tecido. São 4.554 empresas que respondem por 11% das exportações
catarinenses;
- Complexo Madeireiro da Região do Planalto Catarinense: setores mobiliário, de
papel e de celulose. São 4.189 empresas que respondem por 23% das exportações
catarinenses;
- Complexo Mineral da Região Sul: extração das jazidas de carvão mineral (60% da
produção nacional), caulim e argila (matérias-primas para a indústria de pisos e
azulejos). São 1.757 empresas que representam 5% das exportações estaduais.
- Complexo Tecnológico do Litoral: 8.600 empresas, R$ 1,8 bilhão de faturamento
anual.
A tendência nas indústrias catarinenses é ampliar suas condições de competitividade,
gerando inovações que permitam o aumento de valor por unidade vendida ao exterior.
Além disso, a indústria catarinense precisa superar alguns desafios, como as negociações
para a implantação da Área de Livre Comércio das Américas, o fortalecimento do
Mercosul, buscar mecanismos de redução dos custos de logística internacional, além da
constante atuação diante de setores governamentais para o financiamento das exportações e
a redução da carga tributária, que onera as exportações.
Nos últimos 10 anos sua produção industrial cresceu 32,2%. Somente no mês de março
de 2002 as exportações catarinenses cresceram 9,32%, indicando o crescimento da
produção catarinense e a manutenção da competitividade de seus produtos no mercado
internacional. Considerando o primeiro trimestre do ano 2002, as exportações catarinenses
alcançaram o valor acumulado de US$ 725,2 milhões, correspondendo a 6,10% das
exportações brasileiras e ocupando a 5ª posição em termos nacionais (FIESC, 2002).
De outro lado, com uma redução de 12,02% em relação ao primeiro trimestre do ano
passado, as importações catarinenses totalizaram 210,2 milhões de dólares de janeiro a
março de 2002, o que possibilitou um saldo positivo na balança comercial de 515 milhões
de dólares.
O estado apresenta assim um excelente potencial industrial, que precisa ser
desenvolvido para que os produtos se tornem mais competitivos no mercado internacional.
Para isto é necessária uma política empresarial de integração, unindo empresas,
fornecedores e clientes, todos com uma visão de cadeias produtivas competitivas, e não
simplesmente de empresas competitivas. É necessário que todo o potencial verificado no
parque fabril catarinense seja transformado em lucro para as organizações e em produtos
de maior valor agregado para os mercados consumidores. Para tanto, um escoamento
eficaz da produção torna-se imperativo, fazendo assim da logística um elemento chave do
desenvolvimento da indústria catarinense.
O primeiro passo em busca desta mudança de mentalidade empresarial foi a de
integrar as hierarquias organizacionais, tanto interna quanto externamente, em torno dos
objetivos do Programa. A segunda fase consistiu no levantamento da situação logística do
estado, separado por pólos para facilitar a comparação com as melhores práticas das
empresas líderes de cada pólo.
Alguns resultados eram esperados da análise da situação logística das empresas, como
a hipótese de que não há uma plena integração dos atores das cadeias logísticas, ou seja,
que não há uma concordância de objetivos entre fornecedores, produtores, clientes e
governo. Outra hipótese levantada foi a de que os conceitos de logística não estão bem
enraizados na prática organizacional, havendo ainda um desconhecimento por parte das
organizações dos benefícios que a logística pode oferecer.
3. METODOLOGIA
Visto que seria extremamente dispendioso fazer a coleta de dados através de uma única
equipe, considerando-se as limitações de locomoção e de tempo, optou-se pela utilização
de facilidades tecnológicas de comunicação para divulgação e assessoramento da coleta de
grande parte dos dados. A metodologia de utilização deste questionário para a
operacionalização total do levantamento das informações foi a seguinte:
1. em um primeiro instante foi lançado o Programa em algumas empresas consideradas
líderes de setor, lançamento este realizado pela coordenadoria do PCLE através de
uma visita a tais empresas;
2. obtido o comprometimento de tais empresas com o Programa e valendo-se da
motivação que isto traria para as demais, partiu-se para o levantamento no restante
do setor;
3. para atingir-se o restante das empresas utilizou-se o contato telefônico como via de
acesso e comunicação com as empresas, e o remetimento por meio eletrônico do
questionário como canal formal de envio de documentação;
4. o preenchimento do questionário era realizado por funcionários da própria empresa,
cabendo à coordenadoria do programa o assessoramento, via canal telefônico.
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
Para uma melhor compreensão dos benefícios que podem advir do PCLE, apresentam-
se a seguir alguns dos índices logísticos levantados pelo estudo, abrangendo os primeiros
quatro momentos da pesquisa (até o item Logística de Suprimento).
a) Área de logística: das empresas participantes do levantamento preliminar, 50%
apresentam uma área dedicada à logística. Este dado pode levar a um otimismo em relação
à situação logística das empresas do estado de Santa Catarina, porém o restante dos índices
levantados não confirmaram esta expectativa. Inclusive estas áreas de logística podem ter
surgido em decorrência do recente "modismo" que tem cercado a logística. Suas funções,
porém, devem continuar sendo as dos setores de compras e expedição antigos.
b) Forma de contrato com os fornecedores: como mostra a figura 2, constatou-se um
índice de contrato pontual de 80%, o que comprova a primeira hipótese levantada no início
do estudo, da falta de integração entre os agentes das cadeias produtivas. Em contratos
pontuais não se observa um planejamento conjunto - e sistemático - de necessidades de
materiais. A relação existente é de compra e venda, sendo que a relação de parceria, como
a que existe quando o contrato é na forma Just-in-Time, é utilizada por apenas 7% das
empresas. Este distanciamento pode provocar altos índices de erros no recebimento de
materiais, como será verificado a seguir.
5. CONCLUSÕES
6. BIBLIOGRAFIA
Santa Catarina em dados. Federação das indústrias do estado de Santa Catarina - FIESC
(Org.). Florianópolis: FIESC, 1999.