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TECNOLOGIA MECANICA Estrutura e Propriedades das Ligas Metalicas 2° edicao VICENTE CHIAVERINI Professor Titular da Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo Membro Honorério da Associacéo Brasileira de Metais | TECNOLOGIA MECANICA ESTRUTURA E PROPRIEDADES { DAS LIGAS METALICAS VOLUME I i 2 edigao .KRON Books do Brasil Rditora Ltda. Kditora McGraw-Hill Ltda. Paulo ‘Tabapudi, 1105, Itaim-Bibi AP 04533, (O11) 829-8604 e (011) 820-8528 Rio de Janeiro @ Lisboa @ Porto © Bogoté ® Buenos Aires ® Guatemala © Madrid © México ® New York ® Panamé ® San Juan © Santiago Auckland @ Hamburg @ Kuala Lumpur ® London @ Milan © Montreal © New Delhi @ Paris @ Singapore @ Sydney © Tokyo ® Toronto CWAL OU NTU UNENOE OC Doprrtamests ao Adatulsteagho : Divino « cote Petindénto : SEC. Coa Tecnologia Mecanica — Estrutura e Propriedades das Ligas Metilicus Fiehr 69292 8 Copyright ©1977, 1986 da Editora McGraw-Hill, Ltda. Data do Lan » { Comprovante de Langamento vig re Todos os direitos para a lingua portuguesa reservados pela Editora McGraw-Hill Ltda. Nenhuma parte desta publicagao poderd ser reproduzida, guardada pelo siste- ma “retrieval” ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, seja este eletronico, mecdnico, de fotocépia, de gravacdo, ou outros, sem pré- via autorizacdo, por escrito, da Editora. ETFRN - UNED Editor: Alberto da Silveira Nogueira Jinior BIBLIOTECA Coordenadora de Revisdo: Daisy Pereira Daniel Supervisor de Produgao: Edson Sant’Anna Capa: Lay out: Cyro Giordano Arte Final: Jaime Marques i A minha esposa A meus filhos Dados de Catalogacdo na Publicagao (CIP) Internacional (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Chiaverini, Vicente, 1914— c458t ‘Tecnologia mecanica / Vicente Chiaverini. — v.13 2. ed, — Sao Paulo : McGraw-Hill, 1986, | 2.ed. Bibliografia. Contetido: v. 1. Estrutura e propriedades das ligas metélicas, — v. 2 Processos de fabricago e tratamento. ~ v.3. Materiais de construgdo mecénica, 1. Engenharia mecénica 2. Mecdnica aplicada I. Titulo, cpD-621 85-2045 620.1 Indices para catdlogo sistematico: 1, Engenharia mecdnica 621 2. Mecdnica apticada 620.1 | PREFACIO iL — ESTRUTURA METALICA - CARACTERISTICOS GERAIS DOS METAIS 1 -A constituigdo da matéria . 2-Mudangas de fases . 3 - Algumas definigées 4 -Natureza do étomo 5 -Associacao de étomos . . 5.1 - Ligagdo ionica . . . 5.2 - Ligagdo covalente . . . 5.3 - Ligagdo Van der Waals . 5.4 - Ligagdo metélica.... . / 6 -Materiais metdlicos ....... 6.1 - Ocorréncia dos metais . 6.2 - O estado metilico . : 7 -Caracteristicos gerais dos metais . 7A - Densidade......... 7.2 + Propriedades térmicas .. . . . 73 - Propriedades elétricas e magnéticas 15 7.4 - Propriedades éticas . 7 75 - Propriedades quimicas . . . 18 wut 1 tl iia anil Tecwologta Mecdnica ESTRUTURA CRISTALINA DOS METAIS 1 oo e reticulados cristalinos - Alotropia .... 2- meets do reticulado. . . 3 -Planos crstalogriticos,direg6es cristalogrficas Indices de Miller........ : 4. Imperfeigdes ou defeitos cristalinos . - Imperfeig6es de ponto . 4.2 - Imperfeigdes de linha... .... 4.3 - Qutras imperfeigdes cristalinas PLASTICIDADE DOS METAIS -Introdugfo ... 2... -Deformagao eléstica 3 “Deformagéo plastica - Deformagdo por escorregamento A 3. Escorregamento mediante movimento de discordancia 3.3 - Deformagao por maclagdo . . . . -Deformagao dos metais policristalinos . . . 7 NA, - Deformacdo a frio e deformacao a quente . 4.2 - Recristalizagao 4.3 - Crescimento de grdo .. . 4.4 - Medida do tamanho de grao . . 4.5 - Comentitios finais sobre a recristalizagao 4.6 - Trabalho a quente...... v > LIGAS METALICAS . . 1 -Imputezas nos metais 2-Solugses sélidas . 3-Difusio.. . 4 - Ligas metilicas . 4.4 - Lei das fases de Gibbs 5 -Diagramas de equilfbrio ou de constituigao 5.1 - Ligas cujos componentes sfo totalmente solaveis tan- to no estado Iiquido como no sélido 5.2 - Ligas cujos componentes so totalmente soliveis no estado liquido, porém insoliveis no estado s6lido . . . 5.3 - Ligas cujos componentes so totalmente soliveis no estado lfquido, mas apenas parcialmente soliveis no estado sélido ..... 5.4 - Ligas cujos componentes podem formar, em parte, compostos intermetélicos que podem, por sua vez, ser inteiramente soliveis, parcialmente soliveis ou inso- 19 ¢ 19 23 24 25 30 30 a 36 cs es 39 ~ 43 43 47 48 50 52 55 56 59 59 61 63 63 66 67 68 69 69 ze 7 v a Vill 1 Sumdrlo lévels em um ou em ambox ox excessos dos compo- nentes wee 7 5.5 - Ligas com mais de dois componentes . . PROPRIEDADES MECANICAS E SUA eee - DEFINICOES . 1-Introdugéo . . 2- Definigdes 3 -Coeficiente de segurangae tensdo admissivel de trabalho 4-Ensaios mecinicos, normas e especificag6es ......... 5 -Levantamento de dados obtidos nos ensaios . . . . RESISTENCIA A TRACAOE RESITENCIA A COMPRESSAO 1 - Resisténcia a tragdo. Grifico tensio-deformagao 1.1 - Alongamento ¢ estricgo, Ductilidade . 2-Diagrama tensio-deformagao verdadeiro - 3 -Curvas tensio-deformagdo para alguns materiais~ 4 - Tipos de fratura por tragiio : 5 -Corpos de prova empresados no ensaio de tragdo 6 - Resiliéncia e tenacidade . <7 -Observages finais sobre a resistencia a tragdo:e 0 ensaio de tragdo : 8 -Resisténcia a compressdo .. . . 8.1 - Ensaio de compressio . . RESISTENCIA AO DOBRAMENTO E RESISTENCIA A FLEXAO OU A RUPTURA TRANSVERSAL. ENSAIOS CORRESPONDENTES «0.0... 0200 0005 1-Dobramentos ........- 1.1 - Ensaio de dobramento . . . 2--Resisténcia a ruptura transversal... 2.0.0. e eee 3-ConclsOes . 0. eevee cece cece cece eee e eee ee RESISTENCIA AO CISALHAMENTO E A ToRchO . 1 -Introdugao 2 -Ensaios .. . 3 -Conclusses DUREZA ... 1 -Introdugto . .. 2.-Ensaios de dureza : 2.1 - Ensaio de dureza Brinell . . 2.2 - Ensaio de dureza Rockwell 80 82 84 84 85 86 87 88 7 _ 101 104 105 107 112 113 114 11s 116 118 118 120 122 124 126 126 es) 7 134, 134 137 138 141 XI XII Tecnologia Mecdnica 2.3 - Rockwell suy 2.5-- Dureza escle: 5 -Conclusées — FLUENCIA . . ] -Fendmeno da fluéncia 2-Ensaios de fluéncia 2.1 ~ Resisténcia a fluéncia : 2.2 - Resisténcia 4 ruptura por fluéncia .. .. 2.3 - Dispositivos para ensaio de fluéncia . . : 3 -Curvas representativas de propriedades de fluéncia 4 - Recuperagdo e relaxagaio 5 -Conclusdes ~ RESISTENCIA AO Cl 1 -Introdugao . 2-Ensaios de choque .. . 3 - Temperatura de transigao 3-Conclusdes .. . — FADIGA : 1-Introdugdo .. . 2-Ensaios de fadiga 2.1 - Corpos de prova para ensaio de fadiga : 3- ators que influem na resisténcia & fadiga dos metais . - Efeito da composiedo e das condig6es de fabricagao 32 - Efeito da freqiiéncia da tensio ciclica .. perficial . . 2.4 - Ensaio de dureza Vickers roscépica . . 2.6 - Ensaios de microdureza .. . 3 - Relages de conversao de dureza . . . 4 -Relagdes entre dureza e resistencia § tragdo ‘HOQUE. ~3.3 --Efeito da temperatura 3.4 - Efeito das dimensées . 3.5 - Efeito da forma 3.6 - Efeito das condigoes superficiais 3.7 - Efeito do tratamento superficial . 3.8 - Efeito do mei 3.9 - Efeito do atrito 4 -Relagdo do limite de fadiga com a resistencia a tragao dos metais .. 5 - Outros tipos de esforgos . 6 -Conclusdes “io 144 144 146 146 148 148 150 152 152 156 157 157 157 162 165 166 167 167 169 173 176 178 178 183 190 190 191 192 194 195 196 200 200 208 210 21 el 212 XIII PROPRIEDADES E ENSAIOS DIVERSOS . 1 -Capacidade de amortecimento........ 1.1 - Ensaios de amortecimento . . . \ 2 -Capacidade de embutimento 3- nei a0 desgaste . ae Tanne . Ensaios de usinabi dade | 4.- - Ensaios de desgaste . Sumdrto XIV — ESFORCOS COMBINADOS — TEORIAS DE RESISTENCIA 1 - Teorias de resisténcia - Teoria de RANKINE ov da “tensdo maxima” 1.2.- Teoria de SAINT-VENANT ou da “deformagao we Bl 1d 1.3 - Teoria de “ ‘eisalhamento maximo ARen Questdes e Exercicios . Bibliografia . Indice Analitico maxima’ = Teoria de BELTRAMI ‘ou da “energia-deformagao” ou “trabalho de deformagdo maximo” .....-...- 1.5 - Teoria de HUBER ou da “energia de empenamento” -Cargas eiclicas -Escolha de uma teoria de resisténcia . -Teoriade MOHR ....... - Ensaios sob tenses multiaxiais ; : 5.1 = Corpo de prova plano em forma de cruz . | 5.2 - Corpo de prova cilindrico oco, de paredes finas . 5.3 - Corpo de prova com compressao superposta em trac 6 - Tensdes de trabalho xr _ = 218 219 220 223 224 226 229 229 230 232 232 232 232 233 235 242 243 243 244 244 248 A industria moderna, em todos os seus setores produtivos, estd exigindo equipamentos e componentes mecdnicos cada vez mais sofisticados; daf a necessidade de conhecer-se, com razodvel profundidade, os materiais empre- gados no seu projeto e construgdo, sobretudo os metdlicos, os quais constituem ainda a principal fonte de suprimento da matéria-prima necesséria. © emprego das ligas metilicas na engenharia ¢ na industria é baseado, principalmente, nas suas propriedades meécénicas, embora, em muitas aplicagdes, além dessas, outras propriedades devam ser consideradas como resisténcia 4 corrosio, resisténcia ao calor, caracterfsticos elétricos e magnéticos etc. As propriedades mecdnicas estdo intimamente relacionadas com a estrutura, a qual, por sua vez, depende da composigdo quimica e das condi- Wes de fabricagGo das ligas. Porque esses conhecimentos sio fundamentais para a melhor compre- ensio do comportamento das ligas quando sujeitas as cargas de servigo, assim como para a selegGo correta das ligas para determinadas condigdes de servigo, 0 objetivo desta obra, de fins didaticos e como fonte dé consulta para profis- sionais da engenharia ¢ da industria, é analisar a estrutura e as propriedades dos metais ¢ suas ligas e estudar a correlacdo desses caracteristicos entre si e com as condigdes de fabricagao. XM XIV Tecnologia Mecdnica Os assuntos e os dados aqui apresentados sfo o resultado de uma oxtensa pesquisa bibliogréfica que cobre as principais publicagSes com eles relacionados. A sistemdtica adotada na exposigdo é baseada na experiéncia do autor de Jongos anos de ensino de engenharia, no seu contato constante com casos que ocorrem na indiistria e nas freqientes indagagdes que lhe sao feitas a respeito de muitos dos fatos que se verificam no emprego de pegas metdlicas em determinadas condigdes de servigo. ESTRUTURA METALICA — CARACTERISTICOS GERAIS DOS METAIS 1A constituigdo da matéria Os noventa elementos que constituem aTerra estdo presentes em quantidades muito diferentes e distribufdos de modo totalmente nao uniforme na atmosfera, na hidrosfera e na litosfera. A matéria do universo € constituida de étomos; mas somente os gases inertes, que constituem apenas uma pequena fragdo da atmosfera, sfo encon- trados no estado atémico. A maioria dos elementos existe na forma de moléculas consistindo em dois ou mais dtomos iguais ou diferentes; exemplos Op, Nz ou COp. ‘A hidrosfera ou os oceanos séo principalmente agua contendo substancias dissolvidas em quantidades varidveis. A maioria dessas substancias existe.no estado “idnico” ou “carregado”, de preferéncia ao estado at6mico ou neutro. As rochas, areias e argilas da litosfera ou da crosta terrestre so principal- mente agregados sélidos ou compostos envolyendo os elementos oxigénio, silfcio, alum{nio, s6dio, hidrogénio, ferro, calcio, magnésio, potdssio ¢ titanio mais comumente. ‘A parte da matéria estruturalmente homogénea & denominada “fase”. Um gis ou uma mistura de gases no possuem um arranjo molecular ou atémico internamente regular, devido ao movimento a esmo e grande separago de seus constituintes, Os gases puros ou uma mistura de gases so considerados um sistema de fase simples, como o estado gasoso. 2 ‘Tecnologia Mecdnica Os Ifquidos se parecem, de certo modo, com gases comprimidos. Con- tudo, as forgas interat6micas ou intermoleculares, responsdveis pela sua estabilidade entre as temperaturas de fusio e de ebuligo promovem uma “ordenagao local” no estado Iyquido. Aqui a relagdo espacial entre um dtomo ou molécula e seus vizinhos é regular a cada instante, mas muda continuamente com o tempo ¢ 0 movi- mento das particulas € suficientemente vigoroso para impedir uma “orde- nagio” em faixa mais longa. Ao contrdrio dos gases, os liquidos podem existir como fases distintas que nao se misturam, Uma combinaggo de éleo e dgua ou de merctrio e agua produz duas fases separadas por um contorno, ao passo que o alcool e a égua formam uma fase simples, devido 4 solubilidade total miitua, ou seja, estdo intimamente misturados numa escala de dimensdes atomicas, Alguns s6lidos como 0 quartzo cristalino (SiO2), a galena (PbS), 0 gelo (H,0) e um sélido ndo-cristalino como o vidro, so substincias de fase simples. Outros como o granito, a madeira e 0 ago sfo substincias de fases miltiplas, ou seja, so agregados de duas ou mais fases que se diferen- ciam pela composigao quimica e pela estrutura. Os s6lidos de fases miltiplas podem ser reconhecidos pela observaydo 6tica de sua “microestrutura”, com elevados aumentos. Como se verd, os dtomos de um s6lido possuem posigdes geometrica- mente fixas, um em relagdo ao outro, ao contririo dos liquidos e dos gases. 2 Mudangas de fase Praticamente todos os elementos puros so encontra- dos no estado sdlido (cristalino), Ifquido ou gasoso, dependendo das con- digdes externas de temperatura e pressio. Medindo-se o calor necessério para fundir ou vaporizar tais substancias, pode-se obter informagGes uteis. A Figura 17) mostra uma curva tipica de aquecimento; as linhas A, Ce E representam a modificagdo de temperatura com a adigGo de calor para os estados sdlido, liquido ¢ gasoso e as linhas B e D correspondem as chamadas “paradas térmicas”, associadas com a fusfo e a vaporizagao. A situagdo correspondente ao resfriamento do vapor ao Ifquido e em seguida ao sdlido envolve o proceso inverso. Contudo, nem todos os materiais se comportam desse modo, ou seja, nem todos apresentam uma evolugio bem marcada de calor na solidifi- cago: elementos formadores de vidro, como o selénio e compostos como a sflica SiO2 e muitos polimeros orginicos, quando resfriados a partir do estado Irquido, so exemplos em que a porgo Liquida da curva de resfria- mento continua sem descontinuidade até as temperaturas em que os ma- teriais se tornam sélidos. Ketrutura matdiica — Curucter(attoan garaly dox metate t a ‘lo aims Figural Curva de aquecimento tipica para uma substancia pura sob pressiio constante. Esse comportamento depende da velocidade de tesfriamento, como esté indicado na Figura 2; a * calor removido Figura 2 Curvas de resfriamento para substincias que ndo cristalizam imediatamente. 4 Tecnobyla Meatnica para resfriamento muito lento, os trechos A, B e C representam o Kiquido, 0 processo de solidificagao (cristalizagio) ¢ 0 solido (vidro), respectivamente; — para resfriamento relativamente répido, os trechos A, D e E represen- tam o liquido, o liquido superresfriado e 0 s6lido, respectivamente; — para uma velocidade intermedidria, os trechos A, F, G e H representam © liquido, 0 proceso parcial de cristalizagdo, as cristalitas em matriz de liquido super-resfriado ¢ as cristalitas em matriz. vidrosa, respectivamente. 3 Algumas definigdes Chama-se “entalpia”(1) a quantidade de energia de uma substancia sob aquecimento e sujeita a pressdo constante. A entalpia é¢ expressa por H = E + PV, onde H = entalpia Pp pressa0 V = volume E = energia interna, ou seja, a energia cinética média de todos os étomos. “Entropia” é a medida da distribuigdo a esmo ou do grau de desordem dos arranjos internos dos dtomos ou moléculas num sistema de materiais de fase simples" Para quantificar a entropia S, admite-se que a entropia de um cristal perfeito puro seja igual a O°K, corespondente a um estado de perfeita ordem!*). Assim como a entalpia, a entropia ou “desordem”.de um sistema aumenta com a temperatura. produto da entropia pela temperatura absoluta TS é chamado “fator de entropia’” e tem as unidades de energia. A diferenga entre a entalpia H de um sistema e seu fator de entropia € chamada “energia livre Gibbs G”: G=H-TS A Figura 3'") mostra a variagdo da energia livre G com a temperatura para as fases Iiquida e s6lida da dgua. ("9K (escala Kelvin) = —273°C (temperatura mininia absolut). Katrurura metditca - Caractertutlean garata dox metate 4 «enti ge G@ = Figura 3 Energia livre como funcdo da temperatura para as formas cristalina (gelo) & Hiquida (égua). Nota-se que abaixo de 0°C — temperatura de equilibrio de fusdo ou solidificagdo — ¢ a presséo atmosférica, a energia livre do gelo menor que a da agua; logo o gelo fase estdvel. Acima de 0°C, a dgua € a fase estavel. A qualquer temperatura, a diferenga de energia livre — DG — é representada pela separacdo vertical entre as duas curvas. No ponto de equilfbrio de fusio — 0°C — as energias livres sdo iguais ¢ tanto a dgua como o gelo sfo estaveis. 4 Naturezadodtomo Para explicar a natureza do dtomo, por muito tempo utilizou-se 0 modelo de BOHR, proposto em 1913, que compara o dtomo ao sistema solar: um nucleo (sol) e particulas ou corpisculos mo- vendo-se rapidamente, em Srbitas circulares ou elfpticas (planetas) em torno do micleo. As particulas em movimento sio os “elétrons”, carregadas negativamente. O niicleo, por sua vez, ¢ composto de dois outros tipos de particulas: 0 “néutron” com carga elétrica neutra e 0 “proton” com carga elétrica posi- tiva, do mesmo valor que a do elétron, cuja carga elétrica é negativa ¢ equivale a—1,602.1079 coulomb") , © conceito de BOHR, embora ainda utilizado pela sua clareza e simpli- cidade esté ultrapassado, devido as teorias da fisica moderna: “quantizagdo de energia” de PLANK, “‘dualidade ondacorpisculo” de DE BROGLIE, “indeterminago” de HEISENBERG e “equivaléncia entre massa ¢ energia” de EINSTEIN, as quais propiciam uma nova interpretagéo da estrutura atémica!?), 6 Tecnologia Meatnica Assim, os elétrons, em vez de serem-considerados meramente como particulas, possuem natureza dupla, comportando-se a0 mesmo tempo como particulas (ou corptisculos) ou como ondas e, do mesmo modo, nio se pode afirmar que um dado elétron se encontre, num dado instante, num determi- nado ponto com uma determinada energia. O niicleo do dtomo 6, pois, circundado por elétrons, os quais se movi- mentam rapidamente. O didmetro atémico é muito pequeno: da ordem de 107° m ou 10~* microns e 0 do micleo é da ordem de 107'5 m'"). 0 étomo de ferro'3), por exemplo, possui um raio de 1,241 Al"), Apesar do seu menor didmetro, o micleo contém a maior parte da massa atémica. O préton e o néutron possuem aproximadamente a mesma massa, cada uma das quais € 1.800 vezes maior que a de um elétron. © néutron é eletricamente neutro, mas o préton tem uma carga elétrica positiva correspondente a +1,602 x 107! coulomb, a qual é exata- mente a carga negativa de um elétron. © peso de um tomo é praticamente proporcional ao peso total de protons ¢ néutrons do niicleo. O peso de um elemento quimico é chamado “‘peso atémico”, o qual varia dentro de uma faixa muito ampla, desde 1,008 para o hidrogénio, até cerca de 250 para alguns dos elementos instaveis transuranianos'4), O peso atémico é expresso em gramas por dtomo-grama, Um dtomo-grama contém sempre 6,02 x 107? dtomos (nimero de Avogadro)(4), Assim ‘. eso at6mico peso do stome = EG O némero de protons no niicleo Z é chamado de nimero atémico caracteriza um elemento quimico!), O ndmero correspondente a massa at6mica de um étomo, expresso por A, édado por A=Z+N onde N éo numero de néutrons do nticleo. 7 mm = 10 microns. Karrutura matditea — Caractartatloan garcia dox metala 7 Um clemento quimico ¢ caracterizado pelo némero Z, de modo que ftomos de um dado elemento podem apresentar um ntimero vuridvel do néutrons. “Jsétopos” so considerados subespécies de elementos quimicos, com 0 mesmo nfimero Z, mas diferentes mimeros A e N. O peso atémico de um elemento corresponde a média das massas atémicas de vérios isStopor quo ocorrem naturalmente no elemento. A escala de peso atémico ¢ baseadu no valor do is6topo de carbono que corresponde a 12 ¢ que tem um némero do massa atémica equivalente a 12'1), niicleo de um dtomo pesa menos do que a soma dos pesos de sun partfculas componentes isoladamente. A diferenga entre a massa real ea dow componentes é chamada “defeito de massa’"'") e se relaciona com a energia ligadora do niicleo AE, por intermédio da equaco de Einstei AE = Amc? onde ¢ éa velocidade da luz. ‘As forcas nucleares que unem 0s protons e os néutrons so enormes ¢ a energia de ligagdo equivale a cerca de 8,5 milhdes de elétrons-volts (meV) por particula do nicleo!"), : ‘A maior energia de ligagdo por partfcula do micleo encontra-se em niicleos de ntimero atémico médio, como no do ferro. Nesses niicleos, N ¢ aproximadamente igual a Z. Para méicleos de mimero atémico maior, como no uranio, N é aproximadamente igual a 1,5Z e a energia de ligago por par- ticula do nticleo 6 menor. Em razo dessa estabilidade nuclear menor, alguns js6topos de urinio sao instaveis em relagdo A fissdo, ou seja, se 0 is6topo de urinio (Z = 92, A = 235) é bombardeado com um néutron, ocorre uma reagio que desprende grande quantidade de energia e resulta em produtos de reagio que so niicleos e néutrons de menores dimensdes. Pela teoria de Bohr, os elétrons se movem em torno do nicleo de um ftomo de acordo com Grbitas circulares ou elipticas. O elétron que gira na 6rbita mais vizinha do nticleo possui menor energia do que o que se move numa rbita mais externa. Desse modo, para mover um elétron de uma Grbita mais interna para uma érbita mais externa é necessirio realizar um trabalho e, inversamente, a energia ¢ liberada, na forma de radiagao eletro- magnética, se um elétron for capaz de movimentar-se de uma 6rbita mais externa para uma mais interna. () Um elétron-wlt corresponde a quantidade de energia que um elétron adquire a0 sec acelerado mediante a queda de voltagem de um volt. Isso equivale a 1,602 x 10719 (3,83 x 107° cal.). a Tocnologla Mecdnica Os elétrons da drbita mais externa sfo chamados “‘létrons de valéncia”. Outra propriedade importante dos elétrons 6 a de apresentarem um movimento de rotacdo. Eles podem ser visualizados como pides girando em tomo de um eixo que passe pelo seu centro. Os elétrons podem, pois, ser imaginados como pequenos mas, visto que uma carga elétrica girando cria um campo eletromagnético. Conforme esses imagindrios pides giram para a esquerda ou para a direita, dizse que eles possuem “spin” positive ou negativo. Na realidade, como jé foi mencionado e como ¢ afirmado pela mecénica das ondas (conceito de Heisenberg), um elétron no pode ser definido como uma particula girando numa érbita com um raio determinado. H4, a0 contrério, uma “‘probabilidade” de um elétron situar-se em certas regides espaciais, de modo que a sua localizagio é melhor descrita em termos de sua “probabilidade de distribuiggo de densidade”, o que € comumente chamado “nuvem de elétrons”. A teatividade quimica dos dtomos de diferentes elementos é devida a sua estrutura eletrOnica, ou seja, do nimero e da distribuiggo espacial dos elétrons mais externos. As ligagdes interatémicas resultam da interferéncia das ondas estaciondrias e eletronicas de dois ou mais dtomos. Algumas substancias atraem-se mutuamente muito pouco, como os gases inertes hélio, nednio e argonio e apresentam reatividade quimica muito pequena, Tais substancias condensam-se a temperatura muito baixa. Outras substincias, como o gés metano (CHy), sfo fortemente ligadas internamente, mas sua atragio, uma pela outra, é muito frac. Finalmente, substéncias como cloreto de sédio, silfcio e cobre, possuindo alto ponto de fusio, apresentam uma ligagZo forte no estado sstido. 5 Associaglo de dtomos —Esses.trés tipos de substéncias servem para exemplificar os trés tipos iniciais de associagdo atémica ou ligagdo quimica, a saber: ligagdo iénica (NaC!) também chamada heteropolar, ligagfo cova- lente (silfcio) também chamada homopolar e ligagdo metdlica (cobre)'5). Existe outro tipo de ligagfo, que é a mais fraca de todas, a chamada ligagdo Van der Waals. 5.1 Ligagéo iénica fi o tipo mais simples de ligago e o mais fécil de descrever: &tomos de elementos com um ou dois elétrons de valencia (da 6rbita mais externa) facilmente libertam esses elétrons, tornando-se fons carregados positivamente. O NaCl e 0 MgO so exemplos de sélidos em que predomina esse tipo de ligagdo. Para formarse o NaCI hé transferéncia dos elétrons de valéncia do dtomo de Na ao dtomo de Cl, Para remover os elétrons-valéncia de dtomos de s6dio livres, gastase uma certa quantidade de Kasrutura motdliea — Qaructertutionn garaty dos motate 0 cnorgla, que resulla om sons de sddio carrogudos positivamonte (eitlonn Na"). A. uquisigio dos elétrons por atomo de cloro livre corresponde a ww liberagtio de cnergia, formando-se fons de cloro carregados negativamonte (anions CI-). 5.2. Ligagdo covalente Neste caso, um dtomo compartilha seus elton com um dtomo adjacente. exemplo mais simples é encontrado na molécula de hidrogénio, em que so necessdrios dois 4tomos de hidrogénio para formar sua molécula. Atomos diferentes podem igualmente combinar-se para formu moléculas com ligagdo covalente. Exemplos: fluoreto de hidrogénio HF, dgun H, O, amOnia NH e metana CHg. Nesses casos cada dtomo fornece um elétron para formar uma ligagdo de um par de elétrons. 5.3. Ligagdo Van der Waals __E a ligacdo interatémica ou intermolecular mais fraca e que ocorre entre dtomos de gases inertes. Nestes gases, a Orbita mais externa (de valéncia) est4 completa e, em conseqiiéncia, os seus dtomos possuem atragio mitua muito pequena. Nessa ligacdo, ocorre apenas in- fluéncia mitua das ondas eletrénicas estaciondrias sem que os elétrons sejam compartithados. 5.4 Ligacdo metélica Nesta ligagdo, os elétrons sio compartilhados por indmeros étomos. Este tipo de ligagdo pode ser mais facilmente expli- cado da seguinte maneira: se num dtomo existirem apenas poucos elétrons de valéncia, eles podem ser removidos de modo relativamente facil, ao passo que os elétrons restantes sio mantidos firmemente ligados ao nticleo. Formase, de fato, uma estrutura constitufda de fons positivos e de elétrons de nio-valéncia, ou seja, pertencentes as drbitas mais internas, os que sio mantidos ligados ao nicleo. Em outras palavras, os elétrons de valéncia podem eventualmente abandonar a érbita do dtomo do qual participam para se incorporarem ao dtomo vizinho. Pode, por assim dizer, haver uma troca de elétrons-valéncia: se um dtomo pode perder um ou mais elétrons- valéncia do seu sistema, ele pode igualmente receber um ou mais elétrons- valéncia dos dtomos vizinhos, ou ainda compartilhar elétrons-valéncia com esses étomos vizinhos. Assim, admite-se que na ligago metélica, 0 dtomo se acha constante- mente no estado de perder, adquirir ou compartilhar elétrons-valéncia com 0 dtomos vizinhos. A Figura 4 constitui uma representago esquemética do fendmeno: uma nuvem de elétron em constante movimento, na qual se acham imersos 0s fons, A alta mobilidade dos elétrons-valéncia explica as relativamente elevadas condutibilidades elétrica e térmica dos metais. 10 Tecnologia Meatnica ons Positivos Nuvern de elétrons Figura4 —Representago esquemética do fendmeno resultante da ligagdo metélica. Do conceito acima, surge a definigso mais cient/fica de metal: ‘elemento que prontamente perde elétrons, de modo a criar uma ligagdo metélica ¢ resultar condutibilidade elétrica”. 6 Materiais metélicos Os metais constituem o mais importante grupo de materiais de construgo, gragas as imimeras aplicagdes nos varios campos da engenharia, O seu crescente emprego e importancia deve-se principalmente ao con- tino conhecimento que se tem adquirido de suas propriedades e do seu comportamento, sob a ago das diversas condigies de servigo, assim como ao constante aperfeigoamento dos métodos de fabricago e tratamento e 20 progressivo desenvolvimento de novas ligas. metal mais empregado é ainda o ferro. Outros metais, contudo, como © aluminio, o cobre, o chumbo, o zinco, o estanho, 0 niquel e o magnésio e outros menos comuns — cromo, tungsténio, titanio etc. — sfo imprescindiveis em muitas aplicagdes, de modo que sua importancia é igualmente considerdvel. 6.1 Ocorréncia dos metais Alguns metais sfo encontrados no estado chamado nativo, ou seja, na forma praticamente pura. Exemplos: ouro, platina e, mais raramente, cobre, prata e mercttrio. Na maioria das vezes, contudo, os metais sio encontrados na forma combinada com outros elementos, constituindo os chamados “minerais”, 0s quais so essencialmente compostos quimicos, tais como 6xidos, hidré- xidos, sulfetos, carbonatos ete., aos quais se dio denominagOes determinadas como hematita, limonita, calcita, quartzo, feldspato, cassiterita, mica etc Esses minerais so encontrados na superficie da terra, até determinadas pro- fundidades, isoladamente, ou em conjunto com outros minerais. Chamam-se “minério” os minerais dos quais se podem extrair os metais. Os minérios, quando em quantidades suficientes para serem explorados Katrurura metdilea — Curwetertetieat gerata dow metatr uw economicamente, formam os “depésitos™ ou “Jozidas”, definidos, pols, come um mingrio ou uma mistura de minérios dos quais elementos motit- lleos podem ser extrafdos mecanicamente. 6.2.0 estado metélico A definigZo mais simples ¢ usual de metal 6 que considera esse elemento “uma substéncia quimica elementar opacn, lustrosa, boa condutora do calor e da eletricidade ¢ boa refletora da I quando convenientemente polida’(6), Os metais, na sua maioria, caracterl- zam-se também por apresentarem certo grau de ductilidade e plasticidade e serem mais pesados que outras substincias elementares. Os caracterfsticos de maleabilidade, opacidade e condutibilidade térmica ¢ elétrica so resultantes da ligacdo metélica, a qual, como jé se mencionou, permite a definigdo mais cientffica para metal(6): “elemento que prontamente perde elétrons de modo a criar uma ligagdo metalica e resultar condutibilidade elétrica”’. A ligagdo mais forte corresponde a metais de maior ponto de fusio ou de maior ponto de ebuligio. 7 Caracterfsticas gerais dos metais Sob o ponto de vista pritico, as propriedades que tém maior importancia na engenharia sio as mecénicas, ou seja, aquelas relacionadas com a resisténcia que os metais oferecem quando sujeitos a esforgos de natureza ‘mecénica, como trago, compressio, torgio, choque, cargas cfclicas etc., porque, com base na sua determinagao ¢ conhe- cimento, so projetadas, calculadas ¢ executadas as estruturas metalicas, fixas ou méveis e todos os componentes metdlicos utilizados na indiistria. Essas propriedades serdo exaustivamente estudadas nesta obra De grande importancia 6, igualmente, o estudo de certos caracteristicos fisicos e quimicos dos materiais, cujo conhecimento pode ser de grande utilidade para sua selegdo e utilizagao. Essas propriedades que sero vistas a seguir, so, em sua maioria, um caracteristico do cristal perfeito, ao paso que as propriedades mecinicas dependem geralmente das imperfeigdes que ocorrem nos metais. Em outras palavras: enquanto as propriedades mecénicasse relacionam com uma amostra particular do material, sendo somente idénticas em varias amostras do mesmo material quando as condigdes de fabricagdo ¢ trata- mento forem perfeitamente idénticas, os caracteristicos gerais, fisicos, quimicos etc., se telacionam diretamente com o material, ou seja, si0 essencialmente idénticos em diferentes amostras do material. ‘As propriedades mecdnicas sfo “sensiveis”, na sua maioria, 4 estrutura do material. Os caracteristicos gerais so “ndo-sensiveis” 4 estrutura. 2B Tecnologia Mectnica A Tabela 1'7) relaciona as propriedades sensiveis e ndo-sensiveis 4 estrutura, TABELA1 PROPRIEDADES SENSIVEIS E NAO-SENSIVEIS A ESTRUTURA Nio-sonsiveis a Propriedades ostrutura Sonsfveis a ostrutura - Densidade Mecéinicas Médulo de elasticidade \cia mecdinica Plasticidade Térmicas Dilatagdo térmica Cond (a alta temperatura) (especialmente a baixas ‘temperaturas) Ponto de fuséo Calor especifico Calor de fuséio Elétricas Resistividade Resistividade (a baixa (a alta temperatura) temperatura), em semicondutores ¢ metais Potencial eletro-quimico Magnéticas Propriedades Propriedades paramagnéticas © ferromagnéticas diamagnéticas Supercondutibitidade | Temperatura de Capacidade condutora transiggo de corrente 7A Densidade A sua definigio clissiea ¢ “peso por unidade de volume”. O valor reciproco é chamado “volume especifico”. A Tabela 2 mostra a densidade, além da temperatura de fusio, de alguns dos metais mais conhecidos.. Nas ligas metélicas, a densidade muda devido a alteragdes da massa média dos dtomos e do parémetro do reticulado. 9 < s a 3 < # DENSIDADE E TEMPERATURA DE FUSAO DE ALGUNS ELEMENTOS Simbolo Elemento irodnio Ponto de fusio oc Densidade 2 i ZBLES5OBSCSSSBBRGLIE g slog & Pars: 4 $ eile 28 g i. E/Ellceichalestistdook wl 885888 S88SEESZ Scio, § 5 4 2 5 i g § i 5 8 i 3 3 —E 2 3 a g 3 8 : 7 3 titanio, vanddio, definidas. Os valores apresentados na Tabela sfo valores médios. Alguns elementos como bi o 4 Tecnologla Meatnica 7.2 Propriedades térmicas A elevagio da temperatura dos metais aumenta a amplitude de vibragdo dos 4tomos. Como conseqiiéncia, ocorre uma expansfo térmica do reticulado cristalino, traduzida na prética, por uma mudanga de dimens6es. Essa alteragdo dimensional 6 expressa em termos de “coeficiente linear de dilatagdo térmica”, medido em em/cm/°C. A elevagdo da temperatura leva 4 fuso do metal, cuja “temperatura de fuso” (indicada para alguns elementos na Tabela 2*), expressa em graus Celsius, representa um ponto de transigo importante em relago ao aco- modamento dos dtomos na estrutura do material. Por outro lado, a “mudanga de volume” de um metal, em fungio da temperatura, produz conseqiléncias importantes em varias operagOes metalir- gicas como fundigdo, forjamento, soldagem, tratamento térmico etc. Alguns valores estdo representados na Tabela 38), onde se nota que alguns metais, como o silicio e o bismuto, contraem ao fundir. TABELA3 MUDANGAS DE VOLUME, NA FUSAO, DE ALGUNS METAIS Elemento | Mudancade volume, % Elemento | Mudanca de volume, % ui 1,65 Zn 4,20 Na 2,50 cd 4,70 K 2.55 Hg 3,70 Gs 2,60 Al 6,00 cu 4A5 si —12,00 Ag 3,80 Sn 280 Au 510 Pb 3,50 Ma 4,10 Bi ~3,35 Outras propriedades témicas so a “capacidade ou poder calorific” € © “calor especifico”. O poder calorifico expresso em calorias/g/°C ou kgeal/kg/°C, sendo a “caloria” (cal) a energia requerida para aimentar de ee Katrutura motdlioa - Curwctertattoas geratt dox metals ts 1°C a temporatura de 1 g de dgua!*), Assim, o poder calorifico é a quuntl- dade de calor necesséria para elevar da temperatura unitéria a massa unlrla de um material homogéneo. O “calor especifico” & definido como a reluydo entre a capacidade de armazenar calor do material e a da gua, ou soja, quantidade de calor necesséria para elevar a massa unitéria de um materlul de 1°C de temperatura para a quantidade de calor necesséria para elevar lo 1°C a mesma massa de égua. © calor especifico determina a quantidade de calor necessfria nos processos metaltirgicos, tais como fundigao e tratamento térmico. Esse fato pode ser expresso pela formula 4Q = CpdT, ou seja, 0 calor especifico Cp controla o aumento de temperatura dT produ- zido pela adigdo de uma certa quantidade de calor dQ, numa grama do material. Finalmente, outra propriedade térmica importante é a “condutibilidade térmica”, indicada por um coeficiente k, expressa por cal/s.cm.°C, que define i capacidade condutora do calor de uma substdncia e que depende ndo s6 da propria substincia como também do estado em que ela se encontra. 7.3 Propriedades elétricas e magnéticas As primeiras correspondem ao comportamento dos metais sob a agdo de uma corrente elétrica e a sua capacidade de transmitir energia elétrica. As propriedades magnéticas cor- respondem ao comportamento dos metais sob a aco de um campo eletro- magnético externo. Chama-se “condutibilidade elétrica” a capacidade do metal transmitir ou conduzir corrente elétrica. Sob esse ponto de vista, os materiais podem ser classificados em condutores, isolantes (ou diclétricos) e semicondutores. Os metais se caracterizam, principalmente, por pertencerem ao primeiro grupo. A condutibilidade elétrica é devida, como se viu, 4 mobilidade dos elétrons e a sua facilidade de movimentar-se. & medida em (ohm-m)7!. ("Em unidades inglesas, 0 poder calorifico é expresso por BTU/Ib/°F; 0 BTU eq vaie a 0,252 keal, 10 Tecnologla Meciniea A roctproca da condutibilidade elétrica € a “resistividade elétrica”, propriedade que se exprime em microhm-cm e se relaciona com a “resisténcia elétrica”, por intermédio da formula: R=plla onde, resisténcia em ohm resistividade em microhm-cm comprimento da amostra do material em cm R p 1 A = secgdo transversal da amostra em cm? A resisténcia ctesce, com 0 comprimento e decresce com a secgdo transversal. A resisténcia ainda aumenta linearmente com a temperatura até a tempe- ratura de fusdo do metal. A Tabela 4 apresenta a condutibilidade elétrica relativa e a resistividade absoluta de alguns metais'®), TABELA4 CONDUTIBILIDADE ELETRICA RELATIVA E RESISTIVIDADE DE ALGUNS METAIS Condutibitidade elétrica retativa Por unidade de érea | Por unidade dade alétrica Metal de secedo transversal de peso rmicrohm-cm Prata 108 2 1,468 Cobre 100 100 16 Aluminio 61 201 26 Magnésio 37 180 44 Zinco 28 35 58 Nique! zB 23 63 Ferro 18 2 88 Estanho 12 4 13,0 Chumbo 8 6 204 No caso das propriedades magnéticas, o campo eletromagnético externo 6 chamado de “fora magnetizante”, designado pela letra H e expresso em oersteds. A grandeza da forga magnética induzida, também indicada como “densidade do fluxo magnético”, é designada pela letra B e expressa em gauss. Katrutura metdiica - Curucterturtoas gerats dox metat uw Define-se “permeabilidade 2” como a habilidade de um material sor mngnetizado ou a habilidade de conduzir linhas magnéticas de forgu oi comparagio com o ar e 0 vacuo, cuja permeabilidade equivale a um, Em relag&o as propriedades magnéticas, os materiais podem ser clasuifl- cados em ferromagnéticos, que possuem alta permeabilidade, como o ferro €'0 cobalto; diamagnéticos, cuja permeabilidade é inferior a 1 (hum) e para- magnéticos, que possuem permeabilidade ligeiramente superior a 1 (hum). 7.4 Propriedades éticas Quando se dirige um feixe de ‘luz sobre a superficie de uma substincia s6lida (ou liquida), nota-se que certa fragdo R da intensidade de luz incidente ¢ refletida. Nos metais (e suas ligas) 0 valor de R 6 elevado, aproximando-se, em alguns casos, da unidade, quando, para vidro inorganico, por exemplo, seu valor é de aproximadamente 0,05. Chamando-se I, a intensidade de luz incidente, a intensidade de luz que penetra no material sera(10) G-®I, Dependendo do tipo de material, uma parte ou a totalidade dessa luz é absorvida por intermédio de interagdes eletrénicas, ao passar através do s6lido. Desse modo, verificase uma intensidade continuamente decrescente 4 medida que a luz atravessa 0 s6lido. ‘A mudanga fracional de intensidade de luz, expressa por at numa disténcia dx é diretamente proporcional ao “‘coeficiente de absorgao linear @” do material l/l = —adx. Integrando-se essa equacao, tem-se 1=1,0-R)e** de modo que a intensidade da luz que atinge a superficie traseira de um material de espessura 1 é 1, =R)e 2 ‘A “opacidade” e a elevada “refletibilidade” dos metais revelam que os valores de R (fragdo da intensidade de luz incidente) e « (coeficiente de absorgo linear) sfo altos. Atribui-se esse fato 4 aco da radiagdo incidente que, numa vasta faixa de freqiiéncias, promove ou estimula elétrons a ocupar Petals a 18 Tecnologia Mecdnica ‘xonas vazias de maior energia, sendo a seguir absorvidos. Em outras palavras, no momento em que os elétrons sao estimulados, eles decaem para niveis de energia inferiores e ocorre reemissao de luz da superficie do metal. A reflexio & a combinagio da absorgiio e reemissdo. ‘As cores que 0s metais apresentam quando submetidos a ago da luz branca dependem da freqiiéncia ou do comprimento de onda da luz. incidente ¢ da refletibilidade. Por exemplo, a prata apresenta cor branca devido 2 alta refletibilidade ao longo de toda a regidio visfvel; j4 0 cobre ¢ 0 ouro absorvem, de preferéncia comprimentos de onda mais curtos, com uma refletibilidade mais baixa e apresentam coloraco avermelhada e amarelada respectivamente. 7.5 Propriedades quimicas _Relacionam-se com a resisténcia que 0s metais oferecem ao ataque pelo meio ambiente (corrosao) ou pelo efeito da temperatura (oxidagdo). As “resisténcia 4 corrosio” ¢ “resisténcia & oxi- dagio” sio, portanto, caracteristicas de grande importéncia, em vista da in- fluéncia que 0 meio circunvizinho (gasoso, liquido ou mesmo s6lido) e que a temperatura exercem sobre 0 metal, provocando diversos tipos de ataque corrosivo e oxidante, muitos dos quais sfio de cardter irregular e de determinagaio relativamente dificil. De fato, a reagdio dos meios corrosivos sobre os materiais pode ser afetada por muitas variiveis, como por exemplo, a verdadeira natureza quimica ¢ concentracao do meio corrosivo, o grau de exposicao (total ou parcial e constante ou cfclico), tempo de exposic&io, temperatura etc. Normalmente, a corrosio € medida em mm ou cm de superficie que se perde anualmente. Pode-se medir igualmente em gramas de peso perdido anualmente. © comportamento dos metais a elevadas temperaturas exige igualmente uma avaliagio cuidadosa, em face das condigdes extremamente criticas, em relagio & temperatura, a que muitos metais esto sujeitos, influindo na sua capacidade de resistir as cargas a que estao_submetidos. A necessidade de utilizar-se metais em condigdes de ambiente agressivo a temperaturas acima do ambiente levaram ao desenvolvimento de ligas especiais, resistentes & corrosio e ao calor, além do emprego de tratamentos superficiais que permitem aumentar sua resisténcia & corrosdo © & oxidagao. CAPITULO 11 --——--—-—--——---—- ESTRUTURA CRISTALINA DOS METAIS 1. Sistemas e reticulados cristalinos Qs metais, ao se solidificarem, “cris- talizam”, ou seja, os seus dtomos que, no estado Iiquido, estavam’ se movi- mefitando e distribuidos a esmo, localizam-se em posigbes relativamente definidas e ordenadas, que se |repetem em trés dimens6es, formando, uma figura geométrica regular que é 0 “cristal”. A Existem sete sistemas cristalino: hexagonal, trigonal, tetragonal e ciibico, iclinico, monoclinico, ortorémbico, De acordo com a disposiggo dos dtomos, originam-se desses sistemas 14 possiveis distribuiges dos referidos dtomos, formando os chamados “reticulados” (retfculos ou redes), designados com o nome de “reticulados Bravais”. Esses 14 reticulados esto representados na Figura 5!"), Cada cristal constitu{do por apenas um determinado grupo de dtomos é cllamado “célula unitdria’” ou “célula cristalina unitéria”. O modelo de cristalizagao pode ser melhor compreendido ao verificar-se ‘© que acontece quando um metal solidifica no interior de um recipiente (Figura 6). As principais células unitérias que se formam, em pontos diferen- tes, crescem geralmente pela absorgfo de outras, até se encontrarem for- mando um contomo irregular que delimita uma drea onde est¥o compreendi- das milhares daquelas pequenas células. 19 —_— 20 Tecnologia Mecdnica in IMPLES, MONOCLINICO DE BASE TRICLINICO MONOCLINICO Si CLINIC DE tif : RTOROMBICO DE ORTOROMBICO DE ORTOROMBICO DE ORR! GAGCENTRADA. “FACECENTRADA CORPO CENTRADO | ROMBOEDRICO TRAGONAL TETRAGONAL DE ee TEUIMBLES CORPO CENTRADO cUBICO DE CORPO cUBICO DE FACE COBICO SIMPLES CENTRADO CENTRADA Figura S Reticulados cristalinos Bravais. Metrutura crlatalina dos metate at bee Vigura 6 — Representagdo esquemdtica do processo de solidificapdo (cristalizagdo) de um metal. Um conjunto de células unitarias forma 0 “cristal” com contornos geo- métricos, o qual, ao adquirir os contornos irregulares pelo seu crescimento e devido aos_pontos.de contato de cada conjunto, passa a chamar-se “gro” Esses_griios so, ligados entre si por uma pelicula que geralmente no se considera mais cristalina, como se verd mais adiante (Figura 7). Figura 7 Representagdo esquemética da estrutura cristalina (granular) dos metais. 22 Tecnologia Meotnica Em resumo, cada grao € constituido por milhares de células unitérias: estas, por sua vez, consistem em grupos de dtomos que se dispuseram em posigdes fixas, formando figuras geométricas tfpicas. Essas disposig6es fixas dio, pois, origem aos “reticulados” ou “reticulos”, como a Figura 5 indicou. Os principais reticulados cristalinos, segundo os quais cerca de dois tergos dos metais cristalizam, esto indicados na Figura 8. CUBICO DE FACE v ITRADO CUBIC CEN CENTRADA HEXAGONAL COMPACTO Figura 8 Representagdo esquematica dos principais reticulados cristalinos. ” Netrutura crimatina dos metate = at ‘Sao clos: reticulado cibico centrado, em que os étomos se disp6em nos vértlcex © no centro de um cubo, Os metais que cristalizam nessa forma su: ferro a temperatura ambiente (forma alotrépica alfa), cromo, Iillo, molibdénio, tantalo, tungsténio e vanddio, entre outros; reticulado citbico de face centrada, em que os dtomos se dispdem nox vértices e nos centros das faces de um cubo. E 0 caso do ferro acini de 912°C (forma alotrépica gama), aluminio, cobre, chumbo, niquel, prata, entre outros; ~ reticulado hexagonal compacto, em que os étomos se localizam em cada vértice © no centro das bases de um prisma hexagonal, além de trés outros dtomos que se localizam nos centros de trés prismas triangulares compactos alternados. Os metais cujo reticulado ¢ o descrito so, entre outros, 0 zinco, 0 magnésio, 0 cobalto, 0 cadmio e 0 berilio.¢ 1.1 Alotropia “‘Alotropia” ou “polimorfismo” € a propriedade que certos metais, como o ferro, apresentam de possuirem reticulados cristalinos diferentes, conforme a temperatura. No caso do ferro, por exemplo, aque- cendose esse metal a cetca de 912°C, o reticulado cibico centrado (CC) passa a reticulado citbico de face centrada (CFC), A primeira forma alo- trépica que ocorre na faixa de temperaturas ambiente até 912°C € designada por “alfa” e a segunda forma, que ocorre acimade 912°C, é chamada “gama”. Essa mudanga alotrdpica 6 reversivel. A alotropia do ferro é muito importante sob o ponto de vista prético, porque a forma alotropica gama pode dissolver carbono até uma porcentagem de aproximadamente 2%, a0 passo que a forma alfa dissolve apenas uma quantidade minima de carbono, da ordem de 0,02% (a 727°C), Esse fato tem grande significado no tratamento térmico dos agos. Além do ferro, outros elementos metélicos podem apresentar formas alotrépicas diferentes. A Tabela 52) indica a alotropia de alguns metais, incluindo o ferro, as estruturas cristalinas e as temperaturas de transformagao correspondentes. As transformagGes alotrépicas que ocorrem com temperaturas crescentes sfo acompanhadas de absorgo de calor e as que ocorrem com temperaturas decrescentes, por desprendimento de calor. Verificamsse, igualmente, durante a transformagdo alotrépica, mudangas no volume especifico, as quais podem ser positivas ou negativas, no aqueci- mento ow no resfriamento. As mudangas de volume, na maioria dos casos, s0 da ordem de 1% ou menos. ee annnnitnl 4 ‘Tacnologla Mectntca TABELAS FORMAS ALOTROPICAS DE ALGUNS METAIS Metal Forma alotropica a Forma alotropica a temperatura ambiente outras temperaturas Ca CFC ec (> 447°C) Co He cre (> 427°C) Hf HC cc (> 1742°C) Fe cc CFC (912°— 1394°C) cc (> 1394°0) ui cc HC (< — 193°C) Na cc He (<— 233°C) Tl He cc (> 234°C) Ti HC cc (> 883°C) zr HC ec (>872°C) CFC = cibico de face centrada HC = hexagonal compacto CC = aiibico centrado 2 Parametro do reticulado Corresponde as dimensdes da célula unitéria. No reticulado cibico, por exemplo, o pardmetro é representado pelo com- primento da aresta da célula unitéria cibica, o que significa que, nesses reticulados, hd somente um parimetro de reticulado. ‘Ao contrério, os metais que cristalizam com outros reticulados apresen- tam mais de um pardmetro. Os resultados da medida dos pardmetros de reticulado sio expressos ‘em angstrons (1 A = 10~ *cm) e valores tfpicos de parametros de reticulados sdo os seguintes: Al — 4,04. Mo — 314A Fe alfa — 2,9 A Fe gama — 3,6A Em relagdo ao ferro, nota-se que, embora o ferro gama apresente uma aresta mais longa (3,6 A) do que o ferro alfa (2,9 A), a estrutura do ferro gama é mais densa do que a do ferro alfa. De fato, 0 ntimero de dtomos diferente em ambos os reticulados como se pode observar a seguir: oT. Hatrutura ortstalina dos metais as Fe alla — cubo centrado - 1 dtomo no centro mais 8 x (1/8) Atomos nos vértices = 2 dtomos Fe gama — cubo de face centrada —8 x (1/8) 4tomos nos vértt- ces mais 6 x (1/2) dtomos nas faces = 4 dtomos'"), Como os volumes desses reticulados so expressos por Fealfa = (2,9)? Fe gama = (3,6)° 24,4 03 46,743 © ferro alfa possui 24,4/2 = 12,2 A? por étomo ao passo que o ferro gama possui 46,7/4 = 11,7 A? por dtomo. 3. Planos cristalogréficos, diregdes cristalogréficas. Indices de Miller Um cristal contém “planos” de dtomos que constituem os “planos cristalogréfi- cos” e que exercem uma grande influéncia nas propriedades dos metais. Figura 9 Representagdo esquemética do sistema de eixos perpendiculares que permi- tem especificar os planos e as diregdes cristalogréficas. () No cubo centrado, cada dtomo do vértice é comum a oito cubos; no cubo de face centrada, cada dtomo do centro da face é comum a dois cubos. 20 Tecnologia Meotnica Os planos cristalogrificos mais faceis de identificar so os que constituem a célula unitéria. Hé, contudo, outros planos. A identificagao desses planos feita admitindo-se arbitrariamente, na célula unitéria cristalina, trés eixos perpendiculares entre si, como mostra a Figura 9, de modo que a orientagdo desses planos possa ser designada por um conjunto de trés mimeros, chama- dos “indices de Miller”, representados por (hkl). Em outras palavras, os indices de Miller especificam os planos cristalo- graficos em termos de comprimento de suas intersecgdes com 0s trés eixos, a partir da origem F. Por exemplo: — plano ABCD é paralelo aos eixos X e Ze intercepta o eixo Ya uma dis- tancia interatémica; os indices de Miller desse plano sto indicados por ‘A sua representagio é a seguinte: (hkl) = (010) — plano EBCF intercepta os eixos ¥ ¢ Z e pode ser considerado a uma distancia interatomica ao do eixo X!"). Logo, seu indice de Miller sera a T = ou 1, 0, 0 ou (hkl) = (100) (*) Podese, para isso, deslocar a origem do eixo de coordenadas, a uma disténcia ‘Ag, a0 longo do eixo X, do ponto F ao ponto G. Ketrutura orittalina dox metals ” Com o mesmo raciocfnlo tem-se para os plunos EHGE, HAGD, ABI © FGDC os soguintes (ndices de Miller, respectivamente: (hkl) ~ (O10); (hkl) = (100); (hkl) = (110) e (hkl) = (110). Os {ndices de Miller especificam nfo apenas um Gnico plano, mas todo © conjunto de planos paralelos. As Figuras 10, 11 ¢ 12''9) mostram os mais importantes planos cristalo- grificos dos cristais cibicos, Chibico de face centrada Figura 10. Planos cristalogrificos (010) em estruturas ctibicas. chibico eentrado chibico de face contrada Figura 11 Planos cristalogréficos (110) em estruturas ctibicas. 2 Tecnologia Mectnica cbico de face centrada Figura 12. Planos eristalogréficos (111) em estruturas ctibicas. ‘A “directo cristalogréfica” € dada pelo raio que parte da origem e passa através de um ponto a uma distincia unitéria da célula, em cada uma das trés diregdes axiais. [As direg6es so representadas por mimeros entre chaves e expressas da seguinte maneira: [uvw]. O procedimento indicado para especificar essas diregdes é 0 seguinte!"4) — tome-se a diregao FD, por exemplo, na Figura 9. Os indices sao obtidos, movendose, a partir da origem, uma distancia a, a0 longo do eixo X e movendo-se uma disténcia idéntica na diregfo positiva do eixo Y. Os ee Hutrutura oristalina dox metais aw {ndices dessa diego sfo: [uw] = [110]. Essa directo corresponde a dlregffo da diagonal da face inferior do cubos - diregfo FA — corresponde 4 diregdo da diagonal central do cubo, (On indices sio obtidos movendo-se, a partir da origem, a uma distdnula interatémica, em diregao ao dtomo situado na mesma distancia dow (16x eixos. Seu indice sera: {uvw] = [111]; — dirego FH, correspondent a uma das faces laterais do cubo. Seu indice 6 obtido, movendo-se, a partir da origem ao dtomo situado na mesma distancia em relagGo aos eixos Xe Z. Seu indice é: {uvw] = [101]; — diregdo FG, correspondente a uma das arestas do cubo. Seu indice é obtido movendo-se em diregdo ao dtomo situado 4 mesma distincia em relagdo aos eixos Y e Z, Corresponde a [uw] = {100}. A importéncia do estudo dos planos cristalogréficos dos metais est relacionada com a maior ou menor capacidade de deformagio destes ou com sua plasticidade. Esse fato pode ser melhor explicado da seguinte maneira: — nos cristais hd planos de maior densidade atémica, ou seja, que contém maior mimero de tomos. Veja-se, por exemplo, os reticulados ciibico de face centrada (CFC) e cibico centrado (CC) (Figura 8). © cristal cibico de face centrada possui planos contendo seis ¢ cinco Atomos, 20 paso que 0 cébico centrado possui planos contendo cinco ou quatro étomos. Assim, 0 primeiro possui um maior ntimero de planos de maior densidade at6mica. Essa é a primeira consideragdo. A segunda consideragdo esté relacionada com o fato de que a deformagio dos cristais se dé segundo planos paralelos aos planos de maior densidade atémica; esses planos, a0 longo dos quais ocorre a deformago cristalina, s40 chamados “planos de escorregamento”. Desse modo, os cristais que possuem um maior ntmero de planos de maior densidade atémica so os que possuem um grande mimero de planos de escorregamento. Jo Tecnologia Mecdntca A teroeira consideragio diz respeito ao fato de que os planos de maior densidade atémica so igualmente os mais espacados do reticulado. Basta Iembrar, no caso dos reticulados CFC e CC, que os comprimentos das arestas so diferentes: a aresta do primeiro é maior (3,6 A) que a do segundo (2,9 A). Esse maior espagamento pode ser traduzido por uma menor resisténcia a0 escorregamento desses planos em relaco a quaisquer outros. Em conse- qiéncia, os metais que possuem reticulados céibicos de face centrada (CFC), como aluminio, cobre, chumbo, prata e ferro na forma alotrépica gama so mais faceis de deformar que os metais com reticulado ciibico centrado (CC), ‘como cromo, molibdénio, tungsténio, ferro a temperatura ambiente (forma alotrépica alfa) ete. ‘A deformabilidade ou plasticidade dos metais é ainda influenciada pelos chamados “‘defeitos” ou “imperfeighes cristalinas”. 4 Imperfeigdes ou defeitos cristalinos As consideragSes até agora feitas foram baseadas na existéncia de um cristal perfeito, ou seja, numa célula unitéria ou conjunto de células em que os étomos se dispoem regularmente, de acordo com os modelos estudados. Muitas propriedades como densidade, ponto de fusio etc, so estimadas ‘ou previstas na base da definicao de um “cristal ideal”, sem defeitos ou imperfeigoes. Outras propriedades, contudo, sobretudo as que mais interessam sob © ponto de vista de aplicagdo dos metais, como as propriedades mecanicas, desviam-se apreciavelmente das que se poderiam prever na base de um cristal perfeito. £ comum, por exemplo, a presenga de étomos que provocam impurezas, © que constitui, de certo modo, uma imperfeigao cristalina, embora seja comum adicionarse propositadamente dtomos impuros para modificar as propriedades do metal. [As imperfeig6es cristalinas so, em principio, de dois tipos: “imperfeigoes de ponto” e “imperfeigdes de linha”. 4.1 Imperfeigdes de ponto Correspondem 4 falta de um ou mais éto- mos ou presenga de dtomos extras ou ao deslocamento de étomos. ‘A mais simples é a “lacuna”, a qual se origina quando falta um étomo no reticulado normal. Se faltarem dois atomos, 0 defeito chamar-se-4 “bi- lacuna”, Mais dtomos podem estar ausentes, A origem dessas imperfeigdes pode ser atribufda quer a um empacotamento defeituoso durante o proceso original de cristalizagio, quer a vibrag6es térmicas dos étomos a temperatu- ras elevadas''5), As lacunas podem mover-se, trocando de posigfo com os 4tomos vizinhos, Essa movimentagdo fornece um meio para os dtomos mi Ketrutara ertatatina dow metate a grarem ou difundirse no estado sélido a tomperaturas elevadas, 0 que tn vorece 0 mecanismo de difusto, tdo importante em determinados procemon metaldrgicos. Outro defeito de ponto é a “intersticialidade”, que se caracterizu poln ocupagfo por um dtomo de uma posigdo intersticial, dentro do reticuludo cristalino, Se o dtomo, por assim dizer intruso, for menor que os dtomon restantes do reticulado, o efeito da imperfeigéo é pequeno; caso contrirla, haveré uma distorgdo atémica. A Figura 13 representa os principais defeitos de ponto. 20000 00000 o0000 00000 68888 CC o9ag00 oe@000 oo0o0°0 o000°0 (88) (29/3) 3. oe o0000 o0000 Figura 13 Imperfei¢des de ponto: (a) lacuna; (b) intersticialidade; (c) étomo impuro. Quando os defeitos de ponto envolvem lacunas de pares de fons, eles so chamados “imperfeigdes Schottky”, comuns em muitos cristais de natureza i6nica. Outio defeito de ponto é a “imperfeigéo Frenkel” que envolve o des- Jocamento de um ion do reticulado para uma posigao intersticial' 15), 4.2 Imperfeigdes de linha A mais importante 6 a “discordancia”, por- que se atribui a esse defeito a principal responsabilidade pelo fendmeno de escorregamento, segundo 0 qual a maioria dos metais se deforma plastica- mente ou de modo permanente. __ Gileulos te6ricos indicam que para se deformar permanentemente um cristal perfeito, o esforgo cortante ou de cisalhamento necessdrio é muito grande, A Figura 14 representa esquematicamente o processo de deformagao permanente de um cristal perfeito. A parte (a) da figura mostra a posigfo inicial, antes da aplicagio do esforgo de deformagio e 0 deslocamento resultante de um plano at6mico do cristal de uma distincia interatémica pela aplicagdo do esforgo de cisalhamento. 32 Tecnologia Mectnica Figura 14 Proceso de deformagdo permanente num cristal perfeito. ‘A parte (b) da figura mostra o resultado do esforgo de deformagao. Como a pritica demonstrou que o esforgo necessirio para produzir esse deslocamento de planos atdmicos em relagfo a planos vizinhos ¢ muito menor que 0 previsto pelos cdlculos tedricos, deve-se admitir a presenga de uma imperfeigao. Essa imperfeigdo corresponde a um plano extra de dtomos no interior da estrutura cristalina e é chamada “discordéncia de aresta”” ou “plana” ¢ estd representada esquematicamente na Figura 15, onde se nota a presenga de uma aresta de um plano extra de dtomos, donde a denominacao “dis cordéncia de aresta”. Katrutura ertetalina dox metale a Na figura, o plano do papel corresponde ao plano (100) do um reticuludo cbico; a aresta do plano extra de Aomos é indicada, na figura, pela llnha OC. A aresta indica que 0 plano extra de étomos termina no interlor do crlatal, em vez de atravessé-lo totalmente. A discordancia de aresta ¢ acompanhada por zonas de compresstto 6 ile tensflo, 0 que resulta em aumento de energia a0 longo da discorddncl Submetendose o cristal da Figura 15 a um esforgo de cisalhamento suficientemente elevado e perpendicular a discordincia, esta se move como mostra a Figura 16, ocasionando uma deformago permanente. {orga de clsslhamento — . a = — a = Pers sees? oe amen a Erte wr siaso - domed LY » . (o Figura 16 Deformagdo permanente que resulta do movimento de uma discordancia de aresta. Em (a) da figura, mostra-se 0 arranjo atémico nas vizinhangas da dis- cordancia de aresta, antes de se aplicar 0 esforgo; em (b), indica-se 0 arranjo atémico, depois de aplicado 0 esforgo que provocou o movimento da dis- cordancia de uma distancia interatémica; em (c) est4 indicado 0 aspecto do cristal, durante e aps a aplicagao do esforgo de deformagao. Verse, pois, que a aplicaggo do esforgo de cisalhamento ocasionou o movimento da discordancia de aresta; a continua aplicagdo do esforgo provoca deslocamentos sucessivos, de modo que se a discordancia se movi- mentar através de um cristal inteiro, a metade superior do cristal serd des- Jocada de um espacamento atémico, como mostra a parte (c) da Figura 16. Costuma-se dizer, nesse caso, que o deslocamento foi correspondente a um “vetor de escorregamento”, também chamado ‘‘vetor Burgers b”, 0 qual define a quantidade e a diregdo do deslocamento verificado!'4), 4 ‘Tecnologia Mectnica Na discordéncia de aresta, a grandeza do vetor Burgers corresponde a0 espagamento at6mico. O vetor Burgers, no deslocamento de aresta, ¢ sempre perpendicular A linha de discordancia Normalmente, os metais apresentam ambos os tipos de imperfeigdes: de ponto e de aresta, os quais interagem entre si. Nas vizinhangas de uma discordéncia de aresta, os étomos ficam compri- midos acima da linha ou plano dedeslocamento e, abaixo desse plano, ficam mais separados. Essas regides do cristal se caracterizam, pois, por estarem sob compressio ou sob tensio, como ja foi mencionado. Nessas condigdes, Atomos intersticiais de maior didmetro que os étomos de reticulado normal tendem a segregar-se na regio sob tensfo, onde ha mais espago para a sua localizago. Do mesmo modo atuam os étomos substitucionais, porque os interst{cios na regio de tensio sdo maiores. Contudo, dtomos substitucio- nais menores tendem a segregar na regifio sob compressio. De qualquer modo, a interago dessa impureza resulta numa maior difi- culdade de se movimentar uma discordéncia, o que significa que para deformar um metal impuro (ou liga metilica) sfo necessirios maiores esforgos de cisalhamento. ‘A Figura 17!) elucida melhor a produg#o de uma discordancia de aresta devida ao escorregamento em um teticulado cibico simples. O escorregamento ocorreu sobre a area ABCD. A discordancia de aresta AD é perpendicular a diregGo de escortegamento. Figura 17 Representagdo esquemdtica da discordancia produzida por escorregamento num reticulado cibico simples. Hatrutura oittalina dox metate as © segundo tipo bisico de discordfincla 6 a “discordéncla om osplru ou “em hélice”, representada esquematicamente na Figura 18!74), para um teticulado ebico simples. Figura 18 Representagdo esquemdtica da discordéncia em hélice produzida por escorre- gamento num reticulado ciibico simples. Nota-se que a linha de discordancia AD é paralela a dirego de escor- regamento, ao contrdrio do que ocorre na discordancia de aresta Como resultado, a parte superior do cristal, A direita da linha AD, move-se em relagdo a parte inferior, na diregdo do vetor de escorregamento. A esquerda da linha AD no ocorreu qualquer escorregamento. Esse tipo de imperfeigio ¢ melhor compreendido, se, na Figura 18, tragar-se um circuito ao redor da linha de discordéncia, na face frontal do cristal, Partindo do ponto X e completando o circuito, chega-se ao ponto X’, situado a um plano at6mico atrés daquele que contém X. Ao completar esse circuito, tragouse o curso de uma espiral. Cada vez que se completa um circuito em redor da linha de discordéncia, um novo curso em espiral é tracado; desse modo, os planos atémicos ficam disposto em redor da discordancia na forma de uma rampa em espiral ou de um parafuso. 46 ‘Tecnologia Mecdnica A denominagao “em hélice” deve-se também a essa disposigao, A Figura 19'78) constitui outra representagdo da discordéncia em espiral, com o percurso do vetor Burgers indicando que o movimento de deslizamento ocasiona a formagao de uma tampa em espiral ou em hélice. Figura 19 Vetor Burgers para uma discordéncia em hélice num reticulado ctibico simples. Finalmente a Figura 2015) mostra a formagio da discordincia pelo cisalhamento. A parte (a) da figura corresponde a discordancia de aresta; a parte (b), 4 discordancia em espiral e a parte (c) indica o circuito completo com as componentes de “aresta” e “‘em espiral”, ou seja, 0 cisalhamento resultante da agdo conjunta dos dois tipos de discordancia. 4.3 Outras imperfeigdes cristalinas Além das imperfeigoes vistas e que ocorrem no interior do reticulado, outros tipos de defeitos devem ser considerados. Ketrutura eristalina dos metats Figura 20 Representagdo esquemdtica da formagdo de uma discordincia por cisalha- Thamento. Figura 21 Representagdo esquemética do defeito de superficie. we Tecnologla Mectnica Esses defeitos estdo relacionados com as superficies externas dos cristais ou com os cristais adjacentes, ou seja, com os contornos de grao. A Figura 21 constitui uma representagdo esquemdtica do chamado “defeito de superficie”, relacionado com os étomos da superficie, os quais nao se encontram totalmente cercados por outros 4tomos, como acontece no interior do reticulado. Em outras palavras, esses dtomos possuem vizinhos somente de um lado, por isso eles apresentam maior energia que 0s dtomos interiores. Outro defeito ou imperfeig#o se relaciona com o “contorno de gro”. Esse contomo 6 caracterizado por ser uma zona de transi¢o, em que os étomos nao pertencem claramente a gro algum, ao contrério do que ocorre no interior do grio, onde os dtomos estdo perfeitamente acomo- dados, de acordo com o reticulado cristalino correspondente. Ao longo do contorno de gro nao existe, portanto, um empacotamento atémico perfeito. Essa zona de transigdo € caracterizada por possuir uma energia maior que a que existe no interior dos grios, fato esse que explica a maior rapidez de ataque do contorno de gro, quando o metal é submetido 4 ago de um reagente quimico, para observagdo da estrutura, pois os étomos da zona de transigfo ou do contorno do grao se dissolverfio mais rapidamente que os outros. O resultado é o aparecimento de uma linha perfeitamente visivel a0 microscépio. O contorno de grado interfere na progressio dos movimentos das discordancias. CAPITULO Il — PLASTICIDADE DOS METAIS. 1 Introdugdo Os materiais, quando submetidos a um esforgo de natureza mecanica, tendem a deformar-se. Conforme sua natureza, 0 seu comporta- mento, durante a deformagfo, varia. Assim é que alguns apresentam uma deformagao eldstica até ocorrer.a sua ruptura. Exemplos: materiais plisticos do tipo elastomeros. Outros, como os metais e os polimeros termoplisticos, podem softer uma considerdvel deformago permanente antes da ruptura. Essa deformag&o permanente é precedida pela deformagio elistica. Os metais assim se comportam devido a sua natureza cristalina que caracterizada, como se vit, pela presenga de planos de escorregamento ou de menor resisténcia mecdnica no interior do seu reticulado. Esse caracteristico de “deformabilidade permanente” ¢ muito impor- tante na pratica, pois permite a realizag4o da “conformagdo mecinica”, ou soja, das operagdes mecinico-metalirgicas muito empregadas na fabricagao de pegas metdlicas, A capacidade dos metais poderem ser deformados de modo permanente 6 definida como “plasticidade”. 2 Deformagio eléstica No caso da “deformagio elistica”, representada esquematicamente numa célula unitéria na Figura 22, esta muda de dimen- s6es, alongando-se, se o esforgo for de tragdo, ou comprimindo-se, se 0 esforgo for de compressdo. 39 0 Tecnologia Mecinica Sem detormacdo | Deformacao Deformagio por trago por compressio, Figura 22. Representagdo esquemética da deformacao eléstica. Cessados 0s esforgos, a célula volta a forma e dimensoes originais. Dentro dessa chamada “fase elistica”, a deformagdo € proporcional 4 tensGo correspondente ao esforco aplicado; a relagdo entre a tensio e a defor- magdo € chamada “médulo de elasticidade” (médulo de Young) que é um caracteristico t{pico de cada metal e que, como se viu, é uma propriedade “ndo-sensivel & estrutura”. O médulo de elasticidade ¢ tanto maior quanto maior a forga de atragZo entre os atomos. A Tabela 6 indica os médulos de elasticidade de alguns metais, os quais dependem da diregdo cristalina. TABELA6 MODULO DE ELASTICIDADE DE ALGUNS METAIS Modulo de etasticidade, kfg/mm? (MPa) Metal Maximo Minimo Médio Aluminio 7.700 (75.500) 6.300 (61.800) 7.000 (68.600) Ouro 11,200 (109.800) 4,200 (41.200) 8.400 (82.400) Cobre 19,600 (192.200) 7,000 (68.600) 11.200 (110,000) Ferro (CC) 28.700 (281.400) 12.600 (123.600) 21.000 (206.000) Tungsténio 39.900 (391.200) iL 39,900 (391.200) 39,900 (391.200) —— Plasticidade dos metals a“ Por oxemplo, no caso do ferto etbleo centrado, o valor méxima no vorifica na diregto [111] e o minimo na dirego [100]. Esse fato 6 multo importante quando se considera que os metais sfo materiais policristalinon, ‘© que pode ser melhor demonstrado pela Figura 23!17). a) g 2 tb) Figura 23 Representago esquemdtica da variacdo das tensdes elisticas com a direcdo ou orientagao dos grdos. a Tecnologia Mecdnica (Os grdos, como mostra a figura, so orientados a esmo, de modo que cada um deles apresenta um médulo de elasticidade diferente e o médulo de elasticidade médio (a esmo) € 0 indicado pela linha tracejada da parte (b) da figura. ‘A figura anterior, 22, permite ainda definir uma outra relagdo — 0 “médulo de Poisson” — que é a relagdo negativa entre a deformagao lateral, indicada por E,, devida A compressfo e a deformagao longitudinal, repre- sentada por E,, devida a tragdo: Ey yor® Ey Finalmente, é comum nas aplicagdes prdticas dos metais ocorrerem esforgos de cisalhamento, ou seja, esforgos que tendem a deslocar um plano de dtomos em relagdo ao plano adjacente, como estd indicado na Figura 24(17), 38888 Le (a) tb) Figura 24 Representagdo esquemética da deformagéo eléstica por cisalhamento: (a) sem deformagao; (b) deformagdo por cisalhamento. ‘A “deformagio eléstica por cisalhamento” & definida pela expresso y = taga onde @ é 0 dngulo de cisalhamento. Define-se ainda “‘médulo de cisalhamento” ou “médulo de rigidez” pela expresso get 7 onde v é a tensio de cisalhamento e y é a deformagdo elistica por cisalhamento. Plurtteidade dos mataty a 3° Doformagto plastica Ultrapassuda w fuse elfstica ou o “limite obfstten" do muterial sob doformagio, este deformase permanentemente, dentro dit chanuda “fase pléstica”. Um dos significados priticos da deformagfo plastica jé foi visto, ou xojn, possibilidade do material ser submetido, no estado sdlido, a operages de con- formagdo mec4nica (laminagdo, forjamento, estampagem, estiramento etc,), Outro significado estd relacionado com o comportamento dos motuln, quando empregados em estruturas fixas ou méveis, que, ao ficarem sujeltox aos esforgos mecanicos normalmente presentes nessas estruturas quando em. servigo (tragiio, torgfo etc.), nfo devem deformar-se em cardter permanento, A deformagdo plistica dos metais efetivase por intermédio de doly processos fundamentais: — deformaga6 por escorregamento ~ deformagao por maclagao. 3.1 Deformagio por escorregamento A deformagio por escorrega- mento resulta de esforgos de cisalhamento. O “‘cisalhamento” 6 um tipo de tensGo resultante de esforgos de tragio ou compressio, como a Figura 25 mostra claramente. ttt RO Figura 25 Componentes de cisalhamento resultantes de esforcos de tragao e compressio. “ ‘Tecnologia Mectnica escorregamento resultante dessas tensOes de cisalhamento ocorre pelo deslizamento de blocos de cristal, uns sobre outros, ao longo de planos orlstalinos definidos, chamados “planos de escorregamento”, numa diregdo arlstalogréfica, chamada “‘diregio de escorregamento”. A combinagio de um plano de escorregamento e de uma diregdo de escorregamento compoe ‘0 chamado “sistema de escorregamento”. ‘A maioria dos metais apresenta um nimero elevado de sistemas de excorregamento, geralmente igual ou superior a doze. Por exemplo, os metais coin teticulado cibico de face centrada, como aluminio, niquel, cobre, ferro gama, possuem doze sistemas de escorregamento, porque neles hd quatro planos de alta densidade atOmica, cada um dos quais contém trés diregdes do alta densidade at6mica. Embora alguns reticulados cibicos centrados possam apresentar maior nimero de sistemas de escorregamento, estes no compreendem planos com densidade atémica tao elevada, de modo que os metais com esses reticulados exigem maior esforgo de deformagdo para softerem escorregamento. O escorregamento em cristais simples esté a na Figura 26'18), ‘4 0 4 e Figura 26 Representagio esquemitioa do fendmeno de escorregamento em cristais sim ples Essa figura mostra o fenémeno de deformagao num cristal simples ao aplicarse um esforgo de tragdo. A parte (a) da figura representa o cristal antes da deformacdo, com a indicagao dos planos de escorregamento, orien- tados segundo o angulo Xo. A parte (b) representa a deformagio livre, ou soja, sem que as extremidades do cristal estejam presas: verifica-se 0 movi- mento de segmentos do cristal, um em relagdo ao outro, sem rotagao do plano de escorregamento. A parte (c) da figura, com as extremidades presas, indica que ocorreu rotagao do plano de escorregamento, com x, menor que Xo- Phattoidacte dox metaie 4s Essa soqiéncia de figuras mostra, em resumo, o seguinte: ao ser upll- cudo um osforgo de tragHo, os planos deslizam um eri relagfo ao outro, sem. mudar sua orlentagHo relativamente ao eixo axial, correspondente a upll- cagfo da carga. Poder-se-ia comparar o fendmeno ao que ocorre quando se manuseia um baralho de cartas. Esse movimento dos planos cristalogni- floos no sentido lateral ¢, contudo, impedido pelas garras que seguram 0 cristal, como se este fosse uma amostra submetida a um ensaio de tragfo, lo modo que os planos de escorregamento so obrigados a girar em torno do eixo axial. Andlises por intermédio de difragdo de raio-X mostraram que, de fato, os planos cristalinos sofrem uma rotagfo na faixa mediana da amostra, sofrendo por sua vez, rotagZo e dobramento nas vizinhancas das extremidades. Cada um dos segmentos individuais mostrados na figura é chamado “pacote de escorregamento”, o qual pode apresentar espessuras de 107° a 107 cm(26), © escorregamento ocorre, em resumo, quando a tensio de- comiposta do plano de escorregamento, na diregdo do escorregamento, atinge um determinado valor, designado por “tensfo decomposta critica de cisalhamento”. A Figura 27'17) mostra, para um cristal simples, um sistema de escor- regamento compreendendo o plano de escorregamento e a diregdo de escorregamento. so plano ae Figura 27 Representagio esquemdtica de um sistema de escorregamento para um cristal simples 4 Tecnologia Mectnica Angulo ¢ corresponde ao Angulo entre a normal ao plano de escor- regamento e 0 eixo de tragdo; o Angulo A corresponde ao Angulo entre esse eixo e a diregdo de escorregamento. ‘A componente da forga aplicada P atuando na dirego do escorrega- mento € dada por Pcosh Sendo S a secgdo transversal nominal do cristal, a tensto ¢ dada por o =P/S ou as = Multiplicando por cosa temse Poosh = oScosh ‘A rea do plano de escorregamento ¢ igual a Sloos$ Assim, a componente da tensfo de escorregamento ¢ dada por — Posh o, = Pook. 7 Ss cosf =Z cosr eos$ = acosh coss ‘onde cosh cos$ representa um fator de orientagdo, as vezes chamado “fator Schmid”. © escorregamento ocore com uma forga axial quando \ = 45° ¢ § = 45°, o que resulta em o, = 1/20. Plasttotdade dox mataty ” 3.2 Excorregamento mediante movimento de discordincia JA fol comentado que o mecanismo simples de cisalhamento que leva d deformngto plistica dos metais faria supor que a resisténcia que esses materiais oferovem 4 deformagtio deveria ser muito maior do que o que se verifica na pnftlen Assim, a0 procurar-se uma explicago para esse fato, conclui-se quo wi mecanismo mais complexo deve estar interferindo. A experiéncia lovou a considerago de um mecanismo envolvendo o movimento de discordénclus, De fato, como o deslizamento de planos internos de dtomos significarla a ruptura simultanea de um enorme ntimero de ligages atOmicas, exigindo forgas excessivamente grandes para a deformagdo, tornou-se mais ldgico admitir que 0 escorregamento ocorre em etapas ou degraus, de modo a envolver apenas pequenos segmentos de um plano atémico em cada degrau. A presenga ou 0 aparecimento de discordéncias no cristal permite esse escorregamento, como a Figura 28 mostra, ) Figura 28 Movimento de uma discordancia de aresta no escorregamento pléstico. © escorregamento ocorre na parte inferior do cristal. Essa explicaggo torna-se mais clara acompanhando a Figura 29'20). Para um reticulado perfeito, todos os étomos no plano inferior esto em posigdes em que hé uma energia minima. Assim, se os étomos do plano superior so deslocados para a direita, por exemplo, em relagZo aos do plano inferior, cada dtomo encontra a mesma forca que se opde ao deslocamento. O reticulado imperfeito mostra uma discordancia em aresta, traduzida por um plano extra de dtomos, entre 4 e 5. Os dtomos mais distanciados do centro da discordancia, posig6es 1 ¢ 9 ou 2 € 8, estéo em posicdes corres- pondentes a energia minima; os do centro, nfo. Se se considerar, agora, pares de dtomos, 4 e 5, 3 e 6, localizados simetricamente em lados opostos do centro da discordancia, verifica-se que eles encontram forgas que sio iguais e opostas, Em conseqiiéncia, se os dtomos préximos do centro da “ ‘Tecnobogla Mecdntea Campo de energia Oocec oo 0 8 3 8 O° O° ©O0 0000 8 OD Perfeito reticulado cristalino oO ° oO ° oO Oo fo} Oo ° Reticulado cristalino contendo uma discordancia em aresta Figura 29 Representagdo esquemética do movimento de uma discordéncia através do rreticulado cristalino. discordancia so forgados a deslocar-se de disténcias iguais, metade encontra forgas que se opdem ao deslocamento e metade forgas que ajudam esse deslocamento. Assim, a tensfo exigida para deslocar a discordancia de uma disténcia atmica é muito pequena. 3.3 Deformagio por maclagéo Outro mecanismo de deformagdo que ocorre em alguns metais é amaclagdo”, As Figuras 30 ¢ 31 representam esse me- canismo que leva a formagdo de “gémeos” num cristal, quando sujeito a determinada tensfo. Esses gémeos so chamados “maclas”. A Figura 30!2") mostra o plano de maclagfo (111) num reticulado ciibico de face centrada. Esse plano é um dos de maior densidade at6mica no reticulado em quest4o. O plano hachurado (110) é interceptado pelo plano (111) na linha ce. Admitindo que o plano (110) seja o plano do papel ¢ admitindo um conjunto de varias células unitérias, resulta a Figura 31, que y EO Plaitioldade dos metate oT plano de rmaclago (191) an Figura 31 Representagio esquemética da maclagdo num reticulado citbico, representa o mecanismo de maclagdo. Nessa figura, o plano de maclagdo (111) contém a diregio MN. Cada um dos planos (111) na secgdo de maclagio atua em cisalhamento ao longo da diregao indicada; o primeiro plano UV movese um tergo da distancia interatOmica; o segundo WX move-se dois tergos e 0 terceiro YZ move-se segundo a disténcia interatémica inteira. Resulta uma secefio do cristal que é imagem especular da outra. A Figura 32 mostra esquematicamente a madagio de um cristal de calcita. 50 Tecnologia Mecdnica Figura 32. Representacdo esquemdtica da deformacao por maclaco de um crisial de calcita, ocorrida pela introducao de wma tdmina de faca numa aresta. Em resumo, a maclagiio pode ser descrita como 0 mecanismo por intermédio do qual uma parte do cristal adquire uma orientago que se relaciona com a otientacio do resto do reticulado nfo maclado de um modo simétrico, re- sultando, assim, que a parte maclada do cristal € uma imagem especular da parte ndo maclada. ‘As “maclas” podem ser produzidas por outros mecanismos, além da deformagao mecfnica, como, por exemplo, 0 recozimento posterior a uma deformagio pléstica. ‘As maclas produzidas por deformagio mecfnica sio chamadas “maclas meciinicas”. As outras so chamadas “maclas de recozimento”. ‘As maclas meciinicas so produzidas em metais com reticulados cibicos centrados e hexagonais compactos, mediante a aplicagiio de carga de choque ¢ temperaturas decrescentes. Alguns exemplos incluem o ferro alfa, 0 tntalo, metais de reticulados ctibicos centrados e 0 zinco, o cédmio, 0 magnésio € 0 titanio, de reticulados hexagonais. Sob certas condigdes, a formagao de maclas é acompanhada por um estalo ou série de estalos, chamados comumente “grito de estanho”??), Essas maclas podem formar-se em tempo muito curto, da ordem de 30 microssegundos ou menos?2), Nos metais de reticulados ctibicos de face centrada, a maclagio ocorre somente em circunsténcias de temperaturas muito baixas — criogénicas — ¢ altas velocidades de deformagao(?), 4 Deformacao dos metais policristalinos A presenca de contornos de grdo interfere, como seria de prever, no comportamento dos metais, quando sujeitos A deformagao, Assim sendo, nos metais policristalinos, como ocorre geralmente, © tamanho de griio € um dos fatores importantes a considerar na sua deformacao plastica, assim como nas suas propriedades mecdnicas. Plastiodade dos metats ut Como j4 se mencionou, 0 contorno de griio pode ser considerado como uma regifo conturbada da estrutura cristalina dos metais. Sua espossurn & de apenas alguns didmetros atémicos! 14), A deformagao, quando aplicada nos metais policristalinos, ocorre no Interior dos grdos, de acordo com os prinefpios j4 estudados. Ao pasuir dle um gro para outro, a orientagdo cristalogréfica muda abruptamento, Ox gros mais favoravelmente orientados em relagio 4 direggo do eslorga aplicado, deformam-se em primeiro lugar, o que causa um aumento da resisténcia para ulterior deformagio, devido a um fendmeno chamado “encruamento”, que seré estudado mais adiante. Em seguida, deformaniwo os gros menos favoravelmente orientados. A deformagdo, em geral, nfo prossegue através dos contornos dos grios. Numa primeira aproximagio, pode-se dizer que esses contornos constituem uma regido de maior resisténcia mecanica, Na realidade, pode-se explicar essa maior resisténcia a deformagio pelo fato de tratarse de uma regido extremamente conturbada, devido ao quase embaralhamento dos dtomos provenientes dos reticulados adjacentes a0 contorno. A mudanga de orientagao de um grao para outro explica igual- mente a maior resisténcia do contorno. Do mesmo modo que a policristalinidade confere aumento de resisténcia & deformagao, o tamanho de gro atua de modo idéntico, no sentido de que, 4 medida que diminui o tamanho de grio, aumenta a resisténcia a deformagdo meciinica (Figura 33). XA I Nc Figura 33 Efeito do tamanho de gro na ruprura de metal. 52 Tecnologia Mecintca De fato, somente a componente da forga paralela ao plano de escor- regamento atuante em cada grado ¢ eficiente e quanto menor o tamanho de grdo mais freqiente ¢ a mudanga da diregaio de escorregamento, o que torna mais diffcil a deformago. Em outras palavras, sendo os contornos de gros mais resistentes, quanto maior a quantidade de contornos — ou seja, quanto menor o tamanho de gro — maior a resisténcia do metal ao esforgo de deformagio. Contudo, a ruptura dos contornos pode ocorrer em determinadas con- digdes, como por exemplo por agdo da corrosdo. 4.1 Deformagio a frio e deformagao a quente O esforgo mecinico que leva A deformagao e que se traduz pela realizagfo de um trabalho mecinico, pode ser levado a efeito em condigdes diferentes de temperatura, desde a temperatura ambiente até altas temperaturas, inferiores, entretanto, as de fusdo dos metais. Costumase distinguir o “trabalho mecinico a frio” do “trabalho mecanico aquente”, por uma temperatura indicada como “temperatura de recristalizagio”, caracterfstica de cada metal e definida como “a menor temperatura na qual uma estrutura deformada de um metal trabalhado a frio 6 restaurada ou € substituida por uma estrutura nova, livre de tenses, ap6s a permanéncia nessa temperatura por um tempo determinado”. A deformagdo plastica resultante do trabalho mec4nico a frio abaixo da temperatura de recristalizagio — ainda que superior 4 ambiente — pro- voca o chamado fendmeno de “‘encruamento”, cujos efeitos sio traduzidos por uma deformagio da estrutura cristalina e modificago das propriedades mecénicas do material, efeitos esses tanto mais intensos, quanto maior a intensidade do esforgo mecanico a frio. 0 trabalho a frio produz, pois, uma deformagio geral dos grios, como estd demonstrado na Figura 34. | SSeS Estrutura no estado de intenso estiramento a frio. Estrutura no estado recristalizado Estrutura no estado laminado a frio Figura 34 Representagdo esquemdtica do efeito do encruamento na estrutura metdlica. i a - oe Plaxticdade dox metals wt Os grifos ulongumese na diregtio do esforgo mecénico uplicado, monon Intensamente (laminado a frio) ou mais intensamente (severamente estirady), Como resultado da deformacdo mecinica a frio intensa, ocorrem aprecidveis movimentos das imperfeigdes cristalinas, principalmente discor- déncias, ao longo dos planos de deslizamento. Forma-se como que um rett- dilhado tridimensional de discordancias que, juntamente com a distorgto dos planos de escorregamento impedidos de avancar pelos contornos don gros adjacentes, provoca uma desordem no modelo cristalino normal, tor- nando mais dificil o escorregamento ulterior e afetando assim as propricdudox mecdnicas. £ esse o fendmeno de “‘encruamento”, A Tabela 7'23) mostra o efeito do encruamento sobre alguns dow caracter{sticos mecanicos de diversos metais ¢ ligas metdlicas. TABELA7 EFEITO DO ENCRUAMENTO SOBRE CARACTERISTICOS MECANICOS DE ALGUNS METAIS E LIGAS Propriedades mecdnicas” Rosistancia a tre6d0] atongamento | Dureza Liga Estado kgf/mm? | MPa % ‘Ago doce doce {AISI 1010) Normal 33,6 336 38 120 Trabalhado a frio, 90% 91,0 910 2 265 ‘Agp inoxidével (301) Normal ly) 770 60 165 Severamente laminado afrio 129,5 1295 9 380 Aluminio puro Normal on a1 40 2B ‘Severamente trabalhado a frio 16,8 168 10 44 Latdo para cartuchos Normal 33,6 336 55 70 Trabalhado a frio 70 | 770 14 155 Como se vé, a resisténcia mecnica e a dureza aumentam, ao passo que © alongamento, um dos caracteristicos representativos da ductilidade, diminui. uM Tacnologla Mectnica Do mesmo modo que as propriedades mecinicas, certos outros carac- terfsticos fisicos so alterados pelo encruamento. A condutibilidade elétrica, por exemplo, decresce. No estado encruado, verificase aumento da energia interna do material, © que leva a uma diminuiggo geral da resisténcia a corrosio. Em certas ligas, pode-se verificar um fendmeno de fissuragao chamado “fissuragao sob tenso por corrosio”. Finalmente, resulta no material encruado um estado de elevadas tensdes internas, explicado pelo aumento do ntimero de discordincias e sua interagao. Admite-se, de fato, que um metal no estado normal (recozido) contém cerca de 10° a 10° discordancias por centimetro quadrado, enquanto que um metal severamente encruado contém cerca de 10’? discordancias por centimetro quadrado!24), ‘A Figura 35 representa esquematicamente a variagdo das propriedades de resisténcia a tragdo e de ductilidade (alongamento e estricgao), em fungdo do encruamento. Propriedade 70 80 90 Redugio de secgio pelo trabalho a frio, % Figura 35 Representagio esquemética do efeito de encruamento nas propriedades resisténcia mecdnica e ductilidade. Plattioldade dos metats 33 4.2 Recristalizagio As propriedades © a estrutura do motal alteradax polo trabalho a frlo podem ser recuperadas ou devolvidas ao estado anterior wo encruamento mediante um tratamento térmico de “recristalizaglo" ou “recozimento”. De fato, A medida que se aumenta a temperatura, 0 estado encruido toma-se cada vez mais instével: a condigo de elevada energia internu tone a desaparecer e o metal tende a voltar 4 condigdo livre de energia, resullundo num amolecimento (queda de dureza) e isengio paulatina das tonsOox Internas. Na realidade, o processo de recozimento compreende trés etapas: — recuperagio — recristalizagao — aumento do tamanho de gro. Essas trés etapas esto representadas esquematicamente na Figura 36'24), Recuperag3o ___Recristalizagio _Crescimento de gro oS | Propriedade ‘Temperatura Figura 36 | Modificagdo das propriedades mecénicas ¢ do tamanho do gra pela recupe- ragdo, recristalizagdo e crescimento de gréo. O principal efeito da recuperagdo € o alivio das tensdes internas, restau- rando-se ao mesmo tempo certos caracteristicos fisicos alterados, sem que ‘a microestrutura do metal sofra qualquer modificagdo; a condutibilidade elétrica aumenta rapidamente. Embora nfo haja modificaedo estrutural sensivel durante a recuperagio, nota-se aparentemente um pequeno rearranjo das discordancias a confi- guragdes mais estdveis, sem muita modificagA0 no mimero total de discor- dancias presentes. 56 Tecnologta Measnica © alivio de tens6es mencionado corresponde principalmente as macro- tensbes, ou seja, as tensGes elisticas que existem, em estado de equilfbrio, em grandes dreas do metal. Se esse equilibrio é rompido, haver4 uma redis- tribuigio das tenses, representada, na pratica, por um empenamento. Um tubo estirado a frio, se for cortado, abre no corte, aumentando de diimetro. Metais encruados e aquecidos na faixa de recuperagdo sofrem o trata- mento térmico conhecido com o nome de “recozimento para alivio de tensdes”. Na etapa da recristalizagdo, decresce a densidade das discordéncias e as propriedades relacionadas com a resisténcia mecdnica, inclusive a dureza, caem, rapidamente, a ductilidade melhora e todas as tensdes so totalmente eliminadas. A estrutura é inteiramente reconstitufda (recristalizada). A Tabela 827) mostra a temperatura de recristalizagdo de alguns metais, em comparagdo com sua temperatura de fusio. 4.3 Crescimento de gréo A temperatura continuando a aumentar, os gtdos cristalinos, agora inteiramente livres de tensdes, tendem a crescer. Esse crescimento de grdo é também favorecido pela permanéncia a tempera- turas acima da de recristalizagdo. Um excessivo aumento de gro pode afetar as propriedades dos metais, pois, como se viu, gros grandes so desfavordveis, A Figura 37 esquematiza 0 efeito do recozimento sobre a estrutura do metal encruado. Recuperacio | Recristalizagio | | Aumento do grdo ‘Tamanho de gro Temperatura Figura 37. Efeito do recozimento sobre a estrutura de metal encruado, A forca que leva ao crescimento de gro & a energia que é libertada a medida que os dtomos se movimentam através dos contornos de grio. Essa movimentago de dtomos se dé em diregdo A superficie cOncava onde eles sf mais estveis. Em conseqiiéncia, hé uma tendéncia do contorno de grdo movimentarse em diregio ao centro de curvatura do gro, como a Figura 38 mostra esquematicamente'25) TABELA8 TEMPERATURA DE RECRISTALIZAGAO DE ALGUNS METAIS Plartioidade dos metate te alae ie: 858 see (Soo SS RBe8SRnase S22 |&skosccssscsscs ge8 | 258 B3 is é i z 5 i o 2g 4 fe 3 22 : bebe ge |S PS8888R288988 5 Hae = ose bo o|ceek fo lheas i a4 2 ge oe estanho cédimio ‘chumbo zinco prata cobre ferro platina ‘ouro = MOVIMENTO DOS ATOMOS MOVIMENTO —— bo conTorNo Figura 38 Representagio esquemética da tendéncia de movimentagdo do contomo de gro. Como os gros menores tendem a apresentar superficies de convexidade. mais aguda do que os gros maiores, eles tendem a desaparecer, alimentando assim os gros maiores (Figura 39). Figura 39 Grescimento de grdo. Do mesmo modo que o tempo a temperatura, um aumento desta acelera a vibragdo térmica dos dtomos, 0 que facilita a sua transferéncia dos grios menores para os maiores, através da interface. Um decréscimo da temperatura diminui a velocidade ou interrompe 0 processo, mas ndo o inverte. Plasticldacte cox metal w Desse modo, a (inica maneira de diminuir ou refinar 0 tamanho de grdo consiste em deformar plasticamente os grios existentes ¢ iniciar a formagdo de novos grios. 4.4 Medida do tamanho de grio Devido 4 importéncia do tamanho de grio sobre as propriedades mecanicas dos metais, foi necessério ostube- lecer-se pardmetros indicativos do tamanho de gro. A American Society for Testing Materials (ASTM) criou um indice do tamanho de grao, que é universalmente adotado, sobretudo em relagdo no tamanho de gro austenitico dos agos. © mimero de tamanho de grio ASTM n é obtido mediante a seguinte equacdo: N=. onde N é © mimero de gros observados por polegada quadrada quando 0 metal ¢ examinado ao microscépio com um aumento linear de 100 vezes. Com uma rede comparadora adaptada 20 microscspio, 0 observador pode determinar rapidamente o tamanho de grio. A Tabela 9'75) indica as faixas de tamanho de gréo ASTM. 4.5 Comentdrios finais sobre a recristalizago O fendmeno de recris- talizacdo esta representado na Figura 40(21), TABELAQ FAIXAS DE TAMANHO DE GRAO ASTM Numero de grdos por poleyada Shimer. so quadrada a um aumento de 100 X tamanho de gro f Fai Médio 1 = 1 2 15- 3 2 3 3 - 6 4 4 6 ~ 12 8 5 12 — 24 16 6 24 — 48 32 a 48 = 96 64 8 96 —192 128 60 Tecnologia Mectntca Figura 40 Representagdo esquemdtica do fenédmeno de recristalizagdo num metal. Quando a temperatura atinge dreas possuindo energia suficiente para ultrapassar a rigidez do reticulado encruado distorcido, formam-se “micleos” que promovem © aparecimento de novos cristais, livres de tensdes. Quanto mais alta a temperatura, um maior mimero de dreas fica sujeito a formagdo de nticleos. A primeira érea a formar um nticleo ¢ a que se caracteriza por possuir a mais elevada concentragdo de energia. A recristalizagdo é afetada pelos seguintes fatores'?5) - — quantidade de deformagao (ou encruamento) inicial; — temperatura; — tempo a temperatura; — tamanho de grao inicial; — composi¢ao quimica (do metal ou liga); — quantidade de recuperagdo inicial. Em relagdo a essas varidveis, pode-se estabelecer os seguintes fatos: — para ocorrer recristalizag#o, € suficiente uma quantidade minima de encruamento; entretanto, quanto menor o encruamento inicial mais elevada deve set a temperatura para promover a recristalizagdo; — aumentando 0 tempo, diminui a temperatura de recristalizagdo; a temperatura, contudo, ¢ fator mais importante do que o tempo; — quanto maior o grau de encruamento e quanto menor a temperatura de aquecimento, menor o tamanho de gréo resultante; — a temperatura de recristalizagdo diminui, a medida que o metal é mais puro; assim, ligas do tipo “solugio sélida” apresentam maiores tem- peraturas de recristalizacao. Plasttoldade dos metate ol A grande Importancia do recozimento dos metais encruados reside no fato de que as operagdes de conformag#o mecinica podem ser lovudne a extremos, interpondose operagdes de recozimento que restauram a ductl- lidade do material ou sua capacidade de deformagao. 4.6 Trabalho a quente Sendo o trabalho a quente realizado a tompo- ratura acima da de recristalizagdo, os fendmenos de aumento de durozn devido 4 deformagio e amolecimento, devido ao recozimento, ovorrem simultaneamente. A estrutura cristalina, em outras palavras, deformao 0 permanece deformada somente enquanto o metal estd sendo submetido no trabalho meédnico, ficando totalmente restaurada assim que este cessar, I ‘© mesmo ocorre com as propriedades mecinicas. A importéncia prética do “trabalho a quente” reside no fato de que ele constitui a primeira etapa do processo metaliirgico de conformagio mecinica, As razdes, muitas das quais Sbvias, so as seguintes: — a energia necesséria para deformar é menor; — 0 metal adquire maior capacidade de deformar-se sem fissuragio; — algumas heterogeneidades das pegas (ou lingotes) como porosidade, bolhas etc., so praticamente eliminadas pelo trabalho a quente; —-a estrutura granular “dendritica”, ou seja, grosseira, colunar e pouco uniforme, tipica de pecas fundidas, € rompida e transformada em gros menores; — alguns metais dificilmente so deformados a frio sem fissurar; exem- plos, tungsténio, molibdénio e outros. © trabalho a quente, embora nao exerca a mesma influéncia que o trabalho a frio sobre a estrutura e as propriedades mecénicas, produz uma estrutura superior a correspondente de pegas fundidas. A temperatura para o trabalho a quente ndo deve situarse muito acima da temperatura de recristalizago da liga, principalmente no que diz respeito a temperatura de “fim de trabalho”. Isso porque, durante o resfriamento posterior, pode-se verificar crescimento de gréo, enquanto o metal. estiver a uma temperatura superior a de recristalizagdo. Do mesmo modo, a temperatura de “fim de trabalho” ndo pode cair abaixo da temperatura de recristalizagdo, sob pena de, a partir desse instante, © material estar sendo submetido a trabalho mecdnico a frio e, se sua plasti- cidade nao for suficiente, ele podera romper. 02 Tacnologla Mecdnica Existem, pois, temperaturas limites — maxima e mfnima — para que 0 trabalho a quente seja aplicado com éxito. Dirseia que o limite inferior de temperatura para o trabalho a quente 6 a menor temperatura para a qual a velocidade de recristalizagdo € suficien- temente répida para eliminar o encruamento, enquanto o metal estd sendo trabalhado a temperatura considerada. O limite superior é determinado pela temperatura na qual pode comegar a ocorter excessiva oxidagao. CAPITULO IV LIGAS METALICAS 1 Impurezas nos metais Os metais puros possuem intimeras propriedades que os tornam importantes sob 0 ponto de vista de aplicacdo industrial. Os processos metaliirgicos geralmente produzem os metais com uma quantidade de substancias estranhas que varia, em geral, de menos de 0,01% até cerca de 2,0% em peso. Essas substdncias estranhas ou “impurezas”, freqiiente- mente dificeis de serem removidas durante a fabricagao, afetam mais ou menos as propriedades dos metais. Se essa influéncia 6, entretanto, minima ou nula, diz-se comumente que © metal é “comercialmente puro”. Na pritica, pois, um metal puro nao necesita ser 100% elemento metélico, mas sua pureza pode ir de 99,0 a 99,999% de elemento metilico, Alguns metais como 0 cobre, zinco ¢ chumbo podem, por exemplo, ser produzidos com uma pureza préxima ou superior a 99,99%. Na maioria dos casos, entretanto, elementos estranhos sdo intencional- mente adicionados a um metal, com o fim de melhorar as propriedades usuais, ou obter certas propriedades especificas. 2 Solugdes sélidas Se tal adigdo se tomar parte integral da fase sélida, a fase resultante 6 chamada “solugdo sélida”; nesta, portanto, o metal puro dissolve o elemento adicionado propositadamente. 63 of Tecnologia Mectnica Quando os atomos de um elemento podem substituir totalmente os do outro elemento, a “‘solugdo s6lida” chama-se “substitucional” (Figura 41). Figura 41 Solugdo sélida substitucional a esmo (zinco em cobre). Para que se forme uma solugio sélida é preciso haver entre os elementos envolvidos — solvente e soluto — uma certa semelhanga das dimensdes da estrutura atémica e semelhantes estruturas eletrénicas. A solugio do cobre ¢ do niquel é 0 exemplo mais caracteristico. Qual- quer frago dos dtomos da estrutura original dv cobre pode ser substituida por nfquel, ou seja, as solugdes sdlidas substitucionais Cu-Ni podem variar desde praticamente 0% de Nie quase 100% de Cu até quase 100% de Nie praticamente 0% de Cu. A Tabela 10'28) mostra a influéncia da relagdo das dimensdes atémi- cas de metais de mesmo reticulado cristalino (ctibico de face centrada) na solugo sélida. Verificase, por exemplo, que o cobre ¢ 0 niquel — cuja relagfo de tamanho € 1,246 A/1,278 A =0,98 — mostram 100% de solubilidade méxima. Quando a diferenga de dimensdes aumenta, a solubilidade diminui, como a tabela mostra, Outros exemplos podem ser considerados: cobre e zinco na liga latdo. O cobre, como se vé pela tabela, tem raio atémico de 1,278 A; 0 zinco de 1,332 A. Ambos apresentam 28 elétrons de subvaléncia. O Zn, ao ser adi- cionado ao Cu, o substitui prontamente até que um maximo de 40% de dtomos de Cu seja substituido no reticulado. Por outro lado, no bronze — liga de cobre e estanho ~ somente uma menor porcentagem de estanho pode substituir 0 cobre. Ligan metatloan os TABELA 10 EFEITO DA RELACAO DE DIMENSOES ATOMICAS SOBRE A SOLUBILIDADE SOLIDA lade maxima, % Relagio de dimensdes Soluto | Solvents dos raios atémicos Ni cu 1,246/1,278 = 0,98 Al cu 1,431/1,278 = 1,12 Ag cu 1444/1278 = 1,14 Pb cu 1,750/1,278 = 1,37 Ni Ag 1,246/1,444 = 086 cu Ag 1,278/1,444 = 0,88 Pb Ag 1750/1444 = 1,21 cu Ni 1,278/1,246 = 1,02 Al Ni 1,431/1,246 = 1,14 Ag Ni 1,444/1,246 = 1,16 Ni Al 1,246/1,431 = 0,87 cu Al 1,278/1,431 = 0,90 Ag Al 1,444/1 431 = 1,01 ‘A Figura 41 mostra uma solugio sélida substitucional a esmo na liga lato (Zn e Cu), que € 0 caso mais comum. Eventualmente, pode ocorrer ‘uma “solugio s6lida substitucional ordenada” que se verifica, porém, somente a baixas temperaturas. Outro tipo de solugio sblida ¢ a “intersticial” (Figura 42), em que menores étomos de um determinado elemento se localizam nos interst{cios existentes entre 0s dtomos maiores do outro elemento, O exemplo mais conhecido é 0 da liga Fe-C (ago). Nesse caso, acima de 912°C, o ferro adquire a forma alotrépica correspondent ao reticulado cibico de face centrada (gama), que se caracteriza por um vazio no centro da célula unitaria. 0 carbono, cujo dtomo é muito pequeno, pode penetrar nesse vazio ¢ pro- duzir solugio sdlida de carbono no ferro. No estado alotrépico alfa, abaixo de 912°C até a temperatura ambiente, o reticulado sendo ctibico centrado, 0s intersticios entre os étomos de ferro tornam-se muito pequenos, difi- cultando a acomodagio de dtomos de carbono. Como conseqiiéncia, a sol bilidade do carbono no ferro alfa é praticamente nula. 00 ‘Tecnologia Mectnica Figura 42 Solugao sélida intersticial (do tipo Fe-C). 3 Difusio A movimentagao dos dtomos no interior dos reticulados cris- talinos dando origem as imperfeigdes de ponto correspondentes aos atomos intersticiais, aos dtomos substitucionais (que constituem solugGes sdlidas) e, inclusive, as lacunas, é devida a um fendmeno denominado “‘difusio”. Se se tiver a movimentagdo de apenas um tipo de dtomo, como num metal puro, © termo utilizado para indicar 0 fenémeno é “autodifusio”'29), ‘A lei que rege a difusio é conhecida como “lei de Fick”, Segundo a mes- ma, “a quantidade de substincia m que passa, por unidade de tempo t, através de uma unidade de drea A, a um plano em Angulo reto em relagfo a direggo de um ponto x, é proporcional ao gradiente de concentragao de/dx (c =concentrago) da substancia em difusao”. Essa lei € expressa pela seguinte equagio: | dx onde D € 0 “‘coeficiente de difusdo”, medido, geralmente, em cm?/seg. A condigéo mais estdvel que se encontra numa solugio sélida corres- ponde dquela em que os dtomos solutos estdo estatisticamente distribuidos de modo uniforme no reticulado solvente. Como, nessa condig&o, a solugdo s6lida se aproxima de seu estado de mais baixa energia livre, a difusio dos dtomos solutos no reticulado solvente tende a acontecer das porgdes mais concentradas para as menos concentradas do reticulado. lp i aes Lear merditear “7 Um fator importante a considerar na difusto é a “‘velocidade de difustto”. Esta depende de(30): — dimensGes relativas dos dtomos solutos e solventes: 4 medida que a diferenga dessas dimensdes aumenta, a velocidade de difusio aumenta, em- bora isso nao signifique necessariamente a obtengio de solubilidade total. ‘A menor velocidade de difusdo ocorre quando isétopos radioativos de um metal se difundem através do cristal normal do mesmo metal; — gradiente de concentragdo: a velocidade de difusio aumenta a medida que aumenta o gradiente de concentragio; — temperatura: a velocidade de difusio aumenta com a temperatura, porque aumenta a amplitude de oscilagio at6mica; — tamanho de gro em metais policristalinos: granulagdo fina apresenta maiores velocidades de difusdo, porque esta é maior através dos contornos de gro do que através do interior do grio. 4 Ligas metélicas Os metais sfo geralmente empregados na forma de ligas, ou seja, “substancias que consistem em misturas intimas de dois ou mais elementos quimicos, dos quais pelo menos um € metal, e possuindo propriedades metélicas”. As ligas constituem, pois, uma combinagdo de duas ou mais variedades de dtomos, resultando numa substéncia que apresenta alteragdes as vezes muito profundas, tanto nas propriedades fisicas como quimicas, em relagao aos elementos correspondentes. O niimero de posstveis combinagdes de apenas dois componentes, dos quais um deve ser sempre metal, é muito grande. Por outro lado, para cada composigao especifica de uma liga, procura-se determinar as modificagdes estruturais que podem ocorrer as diversas temperaturas, a partir da sua temperatura de fusio. Um diagrama relativamente simples permite descrever esses fendmenos, em fungao dos teores dos elementos presentes na liga. Esses diagramas — chamados “‘diagramas de equilibrio”, “diagramas de constituigao” ou “‘diagramas de fase” — so obtidos por método de raio-X, de andlise térmica (ou seja, “‘curvasde resfriamento”), medidas dilatométri- cas, medidas de condutibilidade elétrica ete. Considerando-se apenas as ligas bindrias e as possiveis combinagdes entre elementos metilicos e entre elementos metilicos e elementos ndo-me- télicos, € muito grande o mimero de diagramas de equilibrio que podem on Tecnologia Meainica ser tragados, Entretanto, muitos deles possuem uma grande correspondéncia entre si, de modo que para o estudo dos princfpios bisicos que norteiam a constituigdo das ligas, eles podem ser agrupados em apenas alguns tipos baseados em certos caracteristicos comuns. Esses diagramas obedecem a uma lei geral chamada “‘lei das fases de Gibbs”. 4.1 Lei das fases de Gibbs A lei permite predizer 0 nimero de fases P que podem estar presentes num sistema de C componentes, sob condigdes determinadas de temperatura, pressfo e volume (grau de liberdade). Cabem, agora, algumas definigdes, de modo a terse uma melhor compreensio da referida lei(31): “Fase” — & uma porgdo da matéria, homogénea, de composigao fisica e quimica uniforme. Por exemplo, num sistema contendo gelo, 4gua e vapor d’dgua em equilibrio, h4 trés fases. Ndo importa quantos pedagos de gelo existam flutuando na agua: hd somente uma fase gelo. “Componente” — € 0 constituinte quimico que deve ser especificado de modo a descrever a composi¢ao de cada fase presente. Por exemplo, no sistema Cu-Al que contém os compostos CuAl e CuAl,, todas as composigSes podem ser expressas pelas espécies moleculares Cu e Al; assim tratase de um sistema de dois componentes; no sistema gelo, Agua e vapor d°4gua, hd somente o componente HO. “Grau de liberdade” — corresponde as varidveis independentes — tem- peratura, pressdo e volume especifico (ou concentragio) — condigoes sob as quais uma fase pode existir; quanto maior o mimero de substan- cias quimicas presentes, maior 0 nimero de varidveis; quanto maior 0 niimero de fases, menor o ntimero de varidveis. Allei de Gibbs é expressa pela equagio F=C-P+2 © mimero 2 € vélido somente no caso de existirem duas varidveis, comumente temperatura e pressio (além da concentragéo). Se as condigdes sdo tais que a pressdo nfo € uma varidvel, entdo a lei de Gibbs ¢ expressa por oe Sy A lei de Gibbs ser4 exemplificada durante o estudo dos varios diagramas de equilibrio. Ligar mardtioan av 5 Dingramas de equilfbrio ou de constituigfo 0 seu estudo sort folto considerando-se apenas as ligas bindrias. A linha bésica do diagrama, ou seja, a linha de abscissas,.corrospon- de a composiggo da liga, indicando-se os teores de todas as combinagOox possiveis, desde 0% de um metal B e 100% do outro componente A numa extremidade do diagrama, até 100% do metal B ¢ 0% do outro componente A na outra extremidade (Figura 43). Assim, é possivel estudarse qualquet composigdo da liga. No eixo vertical das ordenadas, representa-se a tompe- ratura, podendo-se pois estudar qualquer tipo de liga a uma temperaturn especifica. Inicialmente, admite-se que os componentes das ligas so inteiramente soliveis no estado liquido. Na solidificag#o, contudo, 0 comportamento dos componentes pode alterar-se, originando-se fases distintas. Dada a correspondéncia que os diagramas de equilfbrio possuem ¢ em fungdo do comportamento dos componentes na solidificagdo, os diagramas de equilibrio das ligas bindrias podem ser agrupados segundo a classificagao que é dada a seguir e que abrange os principais grupos de ligas bindrios: I — ligas cujos componentes sfo totalmente soldveis tanto no estado Ifquido como no sélido; II — ligas cujos componentes so completamente insoliveis no estado s6lido; III — ligas cujos componentes so parcialmente solaveis no estado sdlido; IV — ligas cujos componentes podem formar, em parte, compostos intermetdlicos, os quais podem, por sua vez, ser inteiramente soliveis, parcialmente soliveis ou completamente insoliveis em um ou em ambos os excessos dos componentes. 5.1 Ligas cujos componentes so totalmente soldveis tanto no estado Liquide como no sélido A liga, neste caso, corresponde a conhecida “so- lugdo sélida”. O diagrama de equilibrio esté representado na Figura 43. Como se vé, admite-se que os componentes sejam dois metais A e B. No sentido da esquerda para a direita, A varia de 100% a 0% e B de O% a 100%. No centro do diagrama, tem-se pois uma liga contendo 50% de A © 50% de B. 70 Tecnologla Mecdatea t”A Temperatura 1 Aa bo x co dB A (100%) B (100%) 8 (0%) Compories A(0%) Figura 43. Diagrama de equilibrio de um sistema de ligas bindrias em que os dois componentes séo soliveis tanto no estado liquido como no estado sélido. © metal A tem ponto de fusdo ty ¢ 0 metal B tp. As varias ligas entre as extremidades do diagrama caracterizam-se por possuirem pontos de inicio de solidificagao e fim de solidificag#o, a0 contrétio dos metais puros A e B, para 05 quais as referidas temperaturas coincidem, Uma liga X, por exemplo, inicia sua solidificagdo no ponto t, ¢ a solidificagio termina no ponto t}. Numa temperatura intermedidria — t. — a liga X se encontra nos dois esta- dos, liquido e s6lido (estado pastoso). Determinando-se 0s varios pontos correspondentes ao inicio de solidi- ficagdo e unindo-os tem-se a linha tqtxtp que indica o inicio de solidifi- cago de todas as ligas representadas no diagrama, Determinando-se os varios Pontos correspondentes ao fim da solidificagfo ¢ unindo-os tem-se a linha tatktp que marca o fim da solidificagdo. A primeira linha chama-se “liqui- dus” e acima dela todas as composigées encontram-se no estado liquido. A segunda linha chamase “solidus” e abaixo dela todas as composigdes en- contram-se no estado sdlido. Entre as linhas liquidus e solidus, as ligas esto no estado pastoso. O tragado das curvas “liquidus” e “solidus” do diagrama permite veri- ficar que hd uma diferenga fundamental de comportamento na solidificagio de metal puro e de uma solugdo s6lida, como esta demonstrado na Figura 44. ee a oF Légay merdttews Nquido solugdo sélida Viquido: solugio sblida Temperatura 4 METAL PURO SOLUGAO SOLIDA Tempo Figura 44 Representagdo esquemética das curvas de resfriamento de um metal puro de uma solugdo sélida, ‘Ao passo que o metal puro solidifica —e funde, portanto — a uma tinica e definida temperatura (faixa 2-3 da figura), a liga solugao sélida solidifica ou funde dentro de um intervalo de temperatura (faixa 2-3 da segunda curva). No caso da liga, portanto, 0 trecho 1-2 corresponde ao resfriamento do liquido até o inicio da solidificagdo. O que se nota no trecho 2-3, no caso da soluggo sélida, € uma mudanga da inclinagGo da curva de resfriamento, © que se explica pelo fato de 0 fendmeno de cristalizagdo corresponder a um proceso exotérmico, de desprendimento de calor, o que se traduz por uma queda menor da temperatura ou um atraso na velocidade de resfriamento. Terminada a solidificagio, a curva readquire a inclinagZo normal — trecho 3-4 — até atingir a temperatura ambiente. Para melhor compreender o diagrama da Figura 43 ou 0 comportamento das ligas tipo solugdo s6lida durante o resfriamento, admita-se 0 que ocorre com a liga X. Essa liga, pela sua posigdo na figura, é mais rica em metal A do que em B. ‘Acima da linha liquidus ela se encontra totalmente no estado liquido. No resfriamento lento — condigdo essencial para que fiquem plenamente assegu- radas as condig6es de equilfbrio — ao atingir a temperatura correspondente a0 ponto ty forma-se o primeiro cristal. Quimicamente analisado, esse cristal ir revelar a presenga de ambos os metais A ¢ B, maior quantidade de A porém. Sua composiciio exata 6 obtida tragandose uma paralela, a partir de tx ao eixo das abscissas, até encontrara linha solidus, no ponto a. Desse ponto, traga-se uma vertical aa’ até o eixo das abscissas no ponto a’, Acom- posigdo desse primeiro cristal separado ser Aa'% de B e Ba’ %ode A. Obtém-se, assim, a primeira regra para interpretago dos diagramas de equilibrio: Saree eres 22 nologla Mecdntea “A fase s6lida que se separa na solidificagio ¢ sempre mais pobre do metal que abaixa 0 ponto de solidificago do que liquido original”. Observe-se no diagrama que o metal B tem ponto de fusio inferior ao do metal A. A adiggo de B em A, portanto, abaixa 0 ponto de fusio da liga correspondente. Assim sendo, 0 liquide torna-se mais rico ou mais concentrado de B ¢ isso significa que, para continuar a solidificagdo, € necessério uma nova queda da temperatura. Surge, entdo, uma segunda regra: “Quando a fase s6lida que se forma a partir de um Iiquido tem a mesma composicdo que este, a solidificagdo ocorre a uma tnica e constante temperatura, mas se a composigdo da fase que se precipita for diferente da do Ifquido original, a temperatura muda (cai) durante a solidificagdo”. Continuando o resfriamento lento, suponha-se que a temperatura tenha atingido o ponto t'x. A composicdo do sélido percorre a linha ab de ty a t% @ a composicao do Iiquido, que est gradualmente se enriquecendo do metal B, a linha tye, de modo que, na temperatura correspondente a t'x, a composigiio da fase s6lida em equilibrio com a fase Iiquida é Ab! % de B, a0 passo que ado liquido é Ac’ % de B. Com ulterior queda da temperatura, chega-se 4 temperatura ty, corres- pondente ao fim da solidificagZo. A composigdo do liquido restante move-se ao longo da linha cd ¢ a temperatura t'x, a composigGo do liquido sera Ad’ % de B, a0 passo que 0 sdlido em equilfbrio com essa tltima parcela de liquido possui Ax % de b. Os dois limites extremos de composigao quimica da solu- go sélida X sfo, portanto, Aa’ % de B, para o primeiro cristal a formar-se e Ad’ % de B para a filtima parcela de liquido. es de equilibrio, terminada a solidificagio, a composigao da liga, agora completamente solidificada, é exatamente a do liquido original, como, alids, seria de esperar e a constituigdo estrutural corresponde a uma solugdo slida perfeita: no caso exemplificado da liga X, o metal B, em quantidade menor, est totalmente dissolvido em A, em quantidade maior. Se a liga X estivesse localizada mais préxima da ordenada de B, este metal seria 0 componente predominante; em conseqiéncia, A, em menor quanti- dade, estaria dissolvido em B. Uma observagdo microscépica nfo iria fazer distingdo entre os metais puros A e B e as solugdes sélidas correspondentes, ‘Uma terceira regra importante, no estudo dos diagramas de equilibrio, refere-se 4 determinagdo da composigao das fases em equilibrio a uma dada temperatura, Essa regra pode ser enunciada da seguinte maneira: Lax motdlicas ns “Para obter a composlgfo das fases em equilibrio, a uma certa lempe- ratura, traga-so uma horizontal do ponto de intersec¢o da composigo da liga com a temperatura, até encontrar os limites da zona heterogénea (liquido mais s6lido, no caso do diagrama solugio s6lida da Figura 43). Desses pontos de encontro, tragam-se perpendiculares ao eixo horizontal; as disténcias, neste eixo (de abscissas), da origem aos pontos de inter- secedo das perpendiculares com este eixo de abscissa, dio as compo- sigdes das duas fases em equilfbrio”. Finalmente, uma quarta regra, chamada “relagio de alavanca”, permite determinar quantitativamente as composig6es das fases em equilfbrio. Essa regra estabelece: “Para uma liga de composigfo geral X, as quantidades relativas das duas fases que coexistem em equilibrio, a uma dada temperatura t’, 6 ex- pressa pela relagio x quantidade de liquide _ bt quantidade desdlido ct onde bt’ é ct’, so os comprimentos dos dois bragos de alavanca dentro do campo de heterogeneidade”. Exemplos de ligas que apresentam diagramas de equilfbrio andlogos ao descrito so: Cu-Ni, Mo-W, Ag-Pd, Cd-Mg. 5.2 Ligas cujos componentes sdo totalmente soltiveis no estado Ifquido, porém insolfiveis no estado s6lido A Figura 45 representa o diagrama de equilibrio correspondente a esse grupo de ligas. primeiro caracteristico do diagrama é que a linha liquidus consiste de dois ramos caindo das temperaturas de solidificagio (ou fusfo) tq e tp dos metais componentes até um ponto de interseceao, na linha solidus, indicado por E e conhecido como “ponto eutético”, correspondente a temperatura “eutética” tg; a liga correspondente 4 composigio do ponto eutético cha- masse “liga eutética”. Dentre todas as ligas situadas entre as extremidades do diagrama & a que possui a menor temperatura de fusio (ou de solidificagao). Outro caracteristico do diagrama 6 que a linha solidus & horizontal, 0 que significa que as ligas cujo diagrama de equilfbrio tem a forma da figura acabam de solidificar (ou comegam a fundir) a uma Gnica e constante tempe- ratura, correspondente 4 temperatura do eutético tg, ou seja, a temperatura de fim de solidificago (ou inicio de fusio) é independente da composicao da liga. iinet 4 Tecnologia Mectntca TEMPERATURA 800) 008) ‘comPosi¢xo Figura 45 Diagrama de equilibrio de um sistema de ligas binérias em que os dois com- Ponentes sdo insoliveis no estado sélido. Por convenedo, as ligas situadas 4 esquerda de E, entre A e E, portanto, sio chamadas “hipoeutéticas” e as ligas 4 direita de E, entre Ee B, so chamadas “hipereutéticas”. A liga X, por exemplo, & hipoeutética ¢ caracteriza-se por ser mais rica de metal A do que de metal B. Pelo resfriamento lento, a liga X, ao atingir 0 ponto indicado na figura por tx, comeca a solidificar, formando-e o primeiro cristal, cuja composi- gfo, pela regra j4 conhecida, é dada pela horizontal tragada de tx até o ponto a, no eixo de ordenadas. Verifica-se que a composiggo dessa fase sdlida inicialmente formada € 100% de A e 0% de B, ow seja, o primeiro cristal formado € metal puro A. Esse fato seria previsivel, porque, tratando-se de ligas cuja solubilidade sélida ¢ nula, os cristais que se separam na solidi- ficagdo 0 fazem na forma de metal puro. Continuando o resfriamento, resultara continua e crescente separagio do metal A e a composig&o do Ifquido remanescente acompanha a linha txE em diregao a E, enriquecendo-se assim de B. A temperatura correspondente ao ponto t', existirdo em equilfbrio duas fases: uma s6lida, cada vez mais rica em metal A ¢ outra liquida cada vez mais rica em metal B. A temperatura tz, existirdo em equilibrio a fase s6lida separada e a wltima parcela de liquido restante, cuja composigio correspondem 4 da liga eutética, ou seja Ae%de Be Be% de A; e nese momen- to, 0 liquido remanescente solidifica. Abaixo da linha solidus tem-se, portanto, para aliga X, metal A precipitado e a liga eutética, a qual constitui uma “‘mistura intima dos metais A e B”, nas proporgdes respectivamente de Be% e Ac%, Ligas metdltcan ” Para uma liga sltuada a direita do eutético, liga Y por exemplo, in mesmas consideragdes podem ser feitas. Assim, 4 temperatura de Infclo de solidificagdo — ty — separase o metal puro Be a medida que a tompo- ratura cai, mais metal B se separa e o liquido remanescente percorre a linha liquidus tyE em diregéo a0 ponto E, enriquecendo-se em A. A temperatura tp, 0 liquido restante tem a composigdo do eutético e termina a solidifl- cago. Assim, abaixo da linha solidus, as ligas hipereutéticas, do tipo da liga Y, sdo constitu/das de metal puro B e do mesmo eutético A mais B das ligas hipoeutéticas. Em resumo, o diagrama da Figura 45 apresenta os seguintes campos: — liquide — Iiquido mais metal s6lido A — liquido mais metal s6lido B — metal s6lido A mais eutético E — metal s6lido B mais eutético E. A curva de resfriamento de ligas desse tipo apresenta o aspecto da Figura 46. Temperatura Tempo Figura 46 Representagdo esquemética da curva de resfriamento de ligas de solubili- dade solida nula © trecho 1-2 representa o resfriamento normal do Iiquido até o inicio da solidificagao; 0 trecho 2-3, a separagdo do constituinte em excesso da composigéo eutética (metal A ou B); essa separagdo tem natureza exotérmica, © que explica a mudanga da inclinagdo da curva; o trecho 3-4 representa a solidificagio do eutético; o trecho 4-5, 0 resfriamento final até a tempera- tura ambiente. ———— 76 Tecnologia Meatnica A estrutura dessas ligas est4 representada esquematicamente na Fi- gura 47. As ligas hipo ¢ hipereutéticas vdo-se aproximando cada vez mais da estrutura do eutético a medida que caminham para a composigao cor- respondente ao eutético. eutético metal B + metal eut6tico eutético METALA uGA UGA METALB HIPOEUTETICA EUTETICA HIPEREUTETICA Figura 47 Representagdo esquemética das posstveis estruturas de ligas insoliveis no estado sélido. Exemplos de ligas que apresentam diagramas de equilibrio semelhantes a0 estudado, ou seja, cujos componentes so insolveis no estado sélido. Sw - Zw, As- Pb. Aplicando a lei das fases num sistema eutético simples, tem-se: — na regio acima do liquidus. nO de componentes ~ Ae B;C =2 nO de fases ~ liquido; P =1 nO de varidveis ou fatores do meio ambiente — temperatura ¢ pressio = 2 Logo F =2—1 +2 =3 graus de liberdade — na regio entre o liquido e o sélido: nO de componentes — Ae B;C =2 nO de fases — liquido e s6lido; P =2 n9 de varidveis = 2 Logo F =2~ 2 +2 =2graus de liberdade — na temperatura eutética: nQ de componentes ~ Ae B;C =2 nO de fases — Kiquido e cristais de Ae B;P =3 nO de varidveis = 2 Logo F =2— 3 +2 =1 grau de liberdade Liga matdltoan ” 5.3. Ligns cujox componentes sfo totalmente sohiveis no estado Iquido, mas apenas parcialmente solfveis no estado s6lido A Figura 48 conslltul a representagao esquemdtica desse diagrama de equilibrio. Temperatura Figura 48 Diagrama de equiltbrio de um sistema de ligas bindrias em que os dois com- onentes sio inteiramente soliweis no estado liquido e apenas parcialmente sollaveis no estado sbtido. Nota-se que, como no diagrama anterior, a linha liquidus tem a forma de um V, sendo constituida de dois ramos que, a partir das temperaturas de solidificagdo dos metais A e B, se encontram num ponto correspondente a um eutético E; a linha solidus ¢ horizontal apenas no trecho central rEs, subindo dos pontos e s até as temperaturas de fusio ty e ty. Nessas condigdes, ¢ como seria de esperar, o diagrama da Figura 48 poderé ser considerado como composto de uma parte do Diagrama 43 (Solubilidade s6lida total) e de uma parte do diagrama da Figura 45 (solu- bilidade solida nula). ‘Assim sendo, a fase que se separa durante o resfriamento nao é mais constituida de metal puro, mas sim de uma solugdo sélida, ou seja, de um metal contendo, em solugfo, certa quantidade do outro metal. Em outras palavras, a fase que cristaliza é uma solugo s6lida de solubilidade limitada. 74 Tecnologia Mectntca Essa solubilidade limitada é representada no diagrama pelas linhas rr! e a linha rr’ répresenta a solubilidade solida parcial de B em A, a qual 6 méxima 4 temperatura do eutético tg e corresponde ao ponto re minima a tempe- ratura ambiente e corresponde ao ponto r’, Do mesmo modo, a linha ss’ representa a solubilidade sdlida parcial de A em B, a qual é maxima 4 temperatura te e corresponde ao ponto se : minima 4 temperatura ambiente e corresponde ao ponto s’, Essa variagdo da solubilidade de um metal no outro, conforme a temperatura, é, portanto, indicada pela inclinagao das linhas ir’e ss’. Para comodidade de exposi¢ao a solugdo sélida de B em A é chamada alfa e a solugdo sdlida parcial de A em B & chamada bera. eutético, em conseqiiéncia, € constituido das solugées sdlidas alfa e beta, cujo teor de soluto (A em B ou B em A) varia com a temperatura. As ligas idénticas a X, cuja composigao varia de A a r’, comportam-se, no resfriamento, exatamente como as ligas do diagrama de solubilidade sblida total (Figura 43). Do mesmo modo, comportam-se as ligas entre s' e B, Isso significa que, 4 temperatura ambiente, a liga X é constituida da solugo sélida alfa. O mesmo raciocfnio se aplica para a liga entre s' e B, na extremidade direita do diagrama, que serd, pois, constituida de solugdo sélida beta. Considere-se, agora, 0 grupo de ligas entre r’ er”, a liga Y por exemplo. A solidificagdo ¢ iniciada no ponto y’ e os primeiros cristais separados apre- sentam a composicao Am! de B (dissolvido em A). A medida que a tempe- ratura cai, separam-se mais cristais sdlidos, cuja composigdo varia a0 longo da linha solidus até o ponto y", a cuja temperatura a liga termina a solidi- ficagdo. Assim, abaixo de y” — entre y" e y” — a liga solidificada é cons- titufda de uma solugio s6lida de B em A (alfa), Ao atingir 0 ponto y”, na linha rr’ que marca o limite de solubilidade solida de Bem A, a liga ¥ apre- senta, 4 temperatura cortespondente a t’”, a mdxima solubilidade de B em A. A partir dessa temperatura a liga Y comega a precipitar 0 excesso de B que nao pode ser mais mantido em solugdo solida. Esse excesso de B, contudo, ngo é precipitado na forma de metal puro B, mas sim como uma solugdo s6lida rica em B (ou seja, beta). A porcentagem de B nessa solugio Sdlida que comega a se precipitar 4 temperatura correspondente a y” €dada pela horizontal nesse mesmo ponto y”. Essa precipitagdo prossegue até se atingir a temperatura ambiente, quando a solugdo sélida precipitada teré por composigao As’ % de B e Bs’ de A (solugdo s6lida beta com concentragées de A ¢ B correspondentes a temperatura ambiente). Esse precipitado pode localizar-se nos contornos dos gros ou dissemi- narse no seu interior. Ligon metaltcas 7] A liga Y, & temperatura ambiente, seré pois constituida de uma solugio sblida de B em A (alfa) mais um precipitado que é uma solugdo sélida de A om B (beta). As ligas colocadas do outro lado do diagrama, em posigdo idéntica a Y, comportam-se na solidificagdo do mesmo modo, com a diferenga que, temperatura ambiente, so constituidas de uma solugao sélida de A em B (beta) mais um precipitado que é uma solugio sélida de B em A (alfa). Finalmente, suponhase uma liga de composigdo P. O inicio de soli- dificagio dé-se no ponto p’, separando-se cristais que constituem uma solugio sélida alfa. A composigfo dessa solugdo silida a temperatura cor- respondente ao ponto p’ é An’ % de B. A medida que o resfriamento se processa, a composigéo da fase sdlida separada varia ao longo da linha solidus tyr € a do liquido ao longo da linha liquidus t,E, de modo que 4 temperatura tp cortespondente ao cutético, existem em equilfbrio uma fase sdlida constituida de uma solugdo s6lida rica em A (alfa) contendo Ar” % de B e uma fase liquida que, nesse momento, se solidifica na forma do eutético, constituido de uma mistura das duas solugGes s6lidas alfa (rica em A, contendo Ar” % de B) e beta (rica em B, contendo Bs” % de A). Abaixo da linha solidus, continuando o resfriamento, verifica-se: — © primeiro sdlido separado (solugio sélida rica em A, ou seja, alfa) se divide em duas solugdes s6lidas alfa e beta, cuja composigao varia de acordo com a inclinagio das linhas rr’ e ss; — as solugdes sdlidas do eutético se empobrecerdo gradativamente dos metais B e A, até a temperatura ambiente, quando apresentarfo a compo- sigdo Br’ % de A ¢ Ar’ % deB dissolvidas em A (alfa) e As’ % de Be Bs’ % de A dissolvido em B (beta). A temperatura ambiente, as ligas semelhantes a P serao, portanto, cons- tituidas de duas solugdes sdlidas beta e alfa envolvidas por um eutético (alfa mais beta), do mesmo modo que uma liga idéntica a P, porém situada no outro lado do diagrama, 4 direita de E, entre e e s”, com a diferenga que © primeiro solido a formar-se é a solugao sdlida beta (rica em B). © eutético ou liga eutética ¢ constituido, como se viu, das duas solu- Ges sélidas alfa e beta, cuja concentragio em B ou em A varia, segundo as linhas 77’ e ss’, conforme a temperatura cai de tz até a temperatura ambiente. As estruturas dessas ligas, 4 temperatura ambiente, assemelham-se as estruturas das ligas da Figura 47, com a diferenga que os metais puros ndo estdo presentes isoladamente, mas sim na forma de solugdes sOlidas alfa beta e 0 eutético é uma mistura das duas solucGes s6lidas alfa e beta. ao Tecnologia Mectnica Entre as ligas cujo diagrama de equilibrio se assemelham 20 exposto incluem-se Ag-Cu e Bi-Sn. Voltando-se ao diagrama anterior da Figura 45, em que os componen- tes sfo insoliiveis no estado sdlido, devese fazer uma observagdo: a linha solidus, na realidade, no abrange a extensdo total do diagrama, porque, a rigor, no hé solubilidade sdlida totalmente nula, Em outras palavras, sempre existe uma solubilidade parcial, em quantidades tais, entretanto, que a escala do diagrama ndo permite representar. As ligas em que os componentes sio insoliveis no estado s6lido podem, assim, ser consideradas como casos extremos das ligas que apresentam solubilidade s6lida parcial, isto é, pode-se imaginar a solubilidade s6lida miitua dos metais A e B decrescendo paulati- namente até tornar-se praticamente nula. 5.4 Ligas cujos componentes podem formar, em parte, compostos inter- metilicos que podem, por sua vez, ser inteiramente soliveis, parcialmente soliiveis ou insoltiveis em um ou em ambos os excessos dos componentes A Figura 49 ¢ a representado esquemitica desse diagrama é ‘Temperatura z 100% A ae 100% B 0% B Composicéo O%A Figura 49 Diagrama de equilibrio de um sistema de liga cujos componentes formam um compost, AxBy que é totalmente insolivel em ambos os excessos dos componentes. Aigan metdlivca at Os metals componentes A e B formam um composto Intermetiflico A,By, cuja composig&o corresponde ao ponto ¢ e cuja temperatura de fuxto bite A composig#o do composto intermetdlico AxBy é, como se v8 polo diagrama, Ac% de B e Bc% de A. Esses compostos intermetdlicos como ‘0s compostos quimicos comuns (NaCl por exemplo) so de composigio fxn e possuem um ponto de fusdo fixo ¢ constante. Sua curva de resfriamonto 6 idéntica a de um metal puro, de modo que para o estudo do diageanu Ue equilibrio em que eles aparecem, costuma-se considerd-los do mesmo modo que um elemento metilico. O diagrama de equilibrio comp6e-se de duas partes (Figura 49), conti: guas a linha Cc. No caso do diagrama representado, considerou que ox componentes formam um composto intermetélico que é totalmente inso- lavel em ambos os excessos dos componentes. Esse diagrama se assemelha, portanto, ao diagrama da Figura 45, com a diferenga que, de fato, trata-se de dois diagramas contiguos a linha Cc (ou A,By). De um lado, tem-se um diagrama em que os componentes sio Ae A,By, insoliveis no estado sélido e formando o eutético E,; este eutético 6 constituido de uma mistura do metal puro A e do composto intermetdlico AxBy. Do outro lado, tem-se o diagrama cujos componentes sio AyBy ¢ B, insolaveis no estado s6lido e formando 0 eutético Ey que, por sua vez, ¢ uma mistura do composto intermetélico AxBy e do metal puro B'"), Uma liga composi¢ao correspondente a C consiste, naturalmente, de 100% do composto intermetélico, no estado s6lido. Em resumo, o diagrama mostra as seguinte regides: 1 = liquido I~ liquido mais sélido A Il — lfquido mais s6lido AxBy IV — liquido mais s6lido AxBy V — liquido mais s6lido B Via — s6lido A mais eutético E, (A mais AxBy) Vib — sdlido AxBy mais eutético E Vila — sélido AxBy mais eutético E> (B mais AxBy) VIlb — s6lido B mais eutético E>. (*)Atgumas férmulas quimicas de compostos intermetilicos so Ou3Al, CuZn, MgpSn. Esses compostos ou fases intermedidrias apresentam propriedades muito diferentes das dos metais consttuinte ¢ freqiientemente cristalizam segundo sistemas crists- lograficos complexos. teeter ea Eee Ee 82> Teenologla Mecdniea TAgas metdltoas ay Entre as ligas cujos diagramas de equilfbrio se assemelham ao exposto contam-se Ca-Mg, Nb-Ni, Nb-Si, Cd-Sb, Mo-Si. A Figura $1 mostra um exemplo prdtico, correspondente a ago inoxl davel contendo 18% de cromo e 8% de niquel. Como jé foi mencionado, ao iniciar-se o estudo das ligas, os grupos de diagramas de equilibrio apresentados so apenas representativos dos diagramas reais, 08 quais, na sua maioria, embora obedecendo ais regras gerais explicadas, sio bem mais complexos. scigieies Um dos exemplos mais importantes corresponde ao das ligas ferro-carbono, as quais sio as mais utilizadas dentre todas as ligas metilicas. Essa liga seré discutida em outro volume desta obra. 5.5 Ligas com mais de dois componentes _ Geralmente, os mais im- portantes materiais metélicos utilizados na engenharia compreendem sistemas com um niimero maior de componentes: o ferro fundido (Fe-C-Si) € 0 ago inoxidével (Fe-Cr-Ni, além de carbono) sfio apenas dois exemplos. Uma maneira de representar um sistema ternério seria mediante uma figura tridimensional ou, tomando como base essa figura, um triangulo eqiilétero, ety como © mostrado na Figura 50. Figura 51 Secedo isotérmica, a 650°C, do sistema Fe-Cr.Ni Costumase também estudar as ligas terndrias, tomando como base diagramas de equilfbrio bindrios, tragados para uma seccfo relativa ao teor constante de um dos componentes, os outros dois variando. OOD A Figura 52 mostra 0 efeito do niquel sobre uma liga Fe-Cr com 18% ALTA... Gece cisdee ea ntn eae oversee ASIISY * eee IA COO e DADA 7 —— ts auido °c Figura 50. Representagdo esquemdtica de composigdo de um sistema terndrio. Nessa figura, a soma das composigdes dos trés componentes deve perfazer ASKS 100%. Num triingulo eqiiilétero, a soma das distancias tragadas de um ponto 400 perpendicular aos trés lados é igual A altura do triangulo. O ponto D da figura representa uma liga contendo 20% de A, 60% de B e 20% de C. Essa representagio é obtida mediante cortes isotérmicos, Figura $2 Sistema Fe-OrNi A esquerda, efeito do niquel numa liga com Fe-Cr, man- tendo 0 cromo a 18%: d direita, efeito do cromo, mantendo o niquel a 8% CAPITULO V PROPRIEDADES MECANICAS E SUA DETERMINACAO — DEFINICOES 1 Introdugdo As propriedades mecénicas constituem os caracteristicos mais importantes dos metais para sua aplicagZo no campo da engenharia, visto que 0 projeto e a execueao das estruturas metélicas, quer méveis, quer fixas, assim como a confecedo dos componentes mecinicos so baseados no seu conhecimento. As propriedades mecdnicas definem 0 comportamento de um material quando sujeito a esforgos mecinicos e correspondem. as propriedades que, num determinado material, determinam a sua capacidade de transmitir ¢ resistir aos esforgos que Ihe so aplicados, sem romper ou sem que se verifi- quem deformagées incontrolaveis, Esses esforgos mecanicos so os mais variados. Fles podem significar a aplicagdo de uma carga de modo lento e gradual; neste caso a natureza do esforgo é “estdtica”, como tragdo, compressio, dobremento, torgio ete, A aplicacdo da carga pode ser feita de modo repentino, como 0 choque. Sua natureza é “dindmica’. Finalmente, os esforgos podem ser repetidos, « carga variando repeti- damente, seja em valor, seja em dirego, como na “fadiga”. Para ter-se uma melhor visio do comportamento dos metais quando sujeitos a esses tipos de esforgos — para o que se utilizam os chamados 84 eel s Proprindader mecdnicar ¢ sua determinagdy -- Definigaer aS “onaalos mecinicos" 6 necessério definir com preciso alguns concoltox fundamentais. 2 Definigdes Na determinagao das propriedades mecénicas, aplicam-se cargas expressas em kgf. Como resultado dessa aplicagdo, ocorre uma dis- tribuigéo interna de forgas ou componentes de forgas que pode resultar numa mudanga na forma da pega submetida 4 carga. Define-se, “tensfo” como a intensidade dessas forgas, correspondendo, portanto, 4 carga divi- dida pela secedo transversal do corpo. A tensfo é expressa em kgf/mm? ‘ou MPa(*), Hé trés tipos basicos de tenses, em fungdo do tipo de carga aplicada (Figura 53): CI 4 ‘ t Traggo Compresso Cisalhamento Figura 53° Representagdo esquemédtica dos tipos a que esté sujeita uma estrutura. — “tensdo de tragdo”, na qual hd uma tendéncia de separaggo do mate- rial em duas partes, em relagGo ao plano de tenso; — “tensfo de compressio”, que ¢ 0 inverso da tragio; as partes do mate- rial adjacentes ao plano de tensfo tendem a comprimir-se uma contra a outra; ~ “tensdo de cisalhamento”, em que as duas partes tendem a escorregar uma sobre a outra, (*) 1 MPa equivale a 0,102 kgf/mm? ow 1 kgf/mm? corresponde a 9,804 MPa, 40 ‘Tecnologla Mectatea Matematicamente, h4 somente dois tipos de cargas ou de tensdes, pois ‘a compressio pode ser considerada como a versio negativa da tragio. “Deformagdo” ¢ a mudanga dimensional que se verifica no material ‘como resultado da carga aplicada. Exprime-se quase sempre em porcentagens. Contudo, na torgo por exemplo, a deformagio estd relacionada com o “4ngulo de tor¢o”, expresso em radianos‘*), “Resisténcia” € a carga ou tensio maxima suportada pelo material, dentro de determinadas condigdes; por exemplo, resisténcia eldstica, resis- téncia 4 carga maxima, resisténcia a ruptura etc. “Ductilidade” corresponde a capacidade de um material poder ser defor- mado apreciavelmente antes de romper. O ago de baixo carbono, por exemplo, é uma liga de grande ductilidade. Os materiais “‘nfo-dicteis” so chamados “frégeis”, sendo a “fragili- dade” © caracteristico correspondente. Exemplo: ferro fundido cinzento. “Tenacidade” corresponde a quantidade de energia necesséria para romper um matérial, podendo, portanto, ser medida pela quantidade de trabalho por unidade de volume necessério para levar 0 material & ruptura sob a ago de carga estitica. A tenacidade pode ser expressa em Joules/m°. * esas e outras definigdes serdo melhor esclarecidas no decorrer da exposigao. “3 Coeficiente de seguranga e tensio admissivel de trabalho Ao proje- tarse uma estrutura ou um componente mecanico, depois de conhecidas as tensées as quais as pegas estdo sujeitas, langa-se mio de um “fator” chamado “fator de seguranga”, ou “‘coeficiente de seguranga” pelo qual 6 dividida a resisténcia adotada para o material escolhido. © “coeficiente de seguranga” é, portanto, um ntimero empsrico pelo qual a resisténcia do material 6 dividida de modo a obter-se uma tensdo conservadora, por assim dizer. O resultado desse quociente é chamado “tensdo admissivel de trabalho”. So intimeras as razdes pelas quais a tensGo de trabalho de um membro de uma estrutura ou de uma maquina deve corresponder a um valor inferior a resisténcia do material. 4 {") Radiano (tad) é 0 Angulo cujo vértice é 0 centro de um cfrculo e que intercepta, na circunferéncia desse cfrculo, um arco de comprimento igual 20 raio do circulo 2.7 rad correspondem ao angulo total do cireulo ou seja 360°; logo 1 (um) radiano cequivale a 360/27 ou seja $7,295 8° ou 58° 15’ 45”, Prupriedaten mectnican ¢ rua dererminagde ~ Deflnigden a Em primetro lugar, 08 materials de construgiio, em particular, os metals, tendem a deteriorarse em servigo, pela ago do meio ambiente. Em segundo cams lugar, ocorrem freqilentes variagSes na distribuigdo das tensdes adotadas no pe projeto, além de surgirem ocasionalmente sobrecargas. Em terceiro lugar, diffcil garantir-se perfeigao na fabricagdo de uma determinada pega metalica| v mtg além de poderem ser introduzidas variagdes de tensdes adicionais no trans\ porte, montagem e instalagio da mAquina ou da estrutura. Nessas condigGes, o comportamento do material pesquisado em laborat6- rios de ensaios mediante a determinagdo de suas propriedades em amostras, pode divergir do seu verdadeiro comportamento na pritica. Os fatores ou coeficientes de seguranga variam grandemente em fungao do tipo de carga, do tipo de material e das condicdes de servigo. Para mate- riis duicteis que se deformam antes de romper, os seus valores variam de 1,5 a4, Para materiais frageis que rompem bruscamente, sem qualquer aparente de- formagdo prévia, os coeficientes de seguranga podem atingir valores de 5 a 8. Em resumo, os membros de méquinas e estruturas, principalmente quando sujeitos a cargas estéticas, raramente rompem em servigo, gragas ao coeficiente de seguranga, a ndo ser que fiquem repentinamente sujeitos a uma carga acidental de considerdvel grandeza. No caso de partes méveis de maquinas, as falhas ocorrem mais freqtien- temente pela presenga de cargas dindmicas ow ciclicas. 4 Enstios mecdnicos, normas e especificagdes A determinagdo das pro- priedades dos materiais ¢ feita por intermédio de “ensaios”; assim, “ensaios mecinicos” tém por objetivo determinar as propriedades mecanicas. Os ensaios visam ndo somente medir as propriedades propriamente ditas, como igualmente comparar essas propriedades em diversos materiais, coins- tatar a influéncia das condigbes de fabricagao, de tratamentos ¢ da utilizagao dos materiais e, finalmente, determinar qual o material que mais se reco- menda para uso em determinadas condigdes ¢ se o material escothido ird satisfazer 4s condig6es exigidas quando realmente aplicado na estrutura ou na maquina inteira., Para ter-se o resultado mais representativo, 0 ensaio mecdnico deveria ser realizado numa das pegas produzidas. Isso 6, as vezes, possivel, Contudo, na maioria dos casos, nfo é praticavel, por razdes técnicas.e econdmicas. Langa-se mao, entdo, de uma amostra do material cujas propriedades se quer medir, de forma e dimensdes especificadas. A essa amostra representativa do material dé-se o nome de “corpo de prova”. Por outro lado, para que os resultados obtidos sejam compariveis, preciso que o ensaio seja realizado de acordo com determinadas “‘normas” sobre “‘corpos de prova padronizados”. Se i till a Tecnologia Macdnica Finalmente, para que se chegue a uma conclusio quanto ao valor numérico obtido no ensaio, é necessirio comparé-lo com um valor pre- determinado ou “especificado”. * A “especificagdo” pode ser definida como uma tentativa do consumi- dor fazer chegar a0 produtor suas exigéncias sob o ponto de vista de quali- dade, permitindo que a aquisigfo do material correspondente seja feita dentro de verdadeiras bases técnicas. Aespecificagdo, além de abranger as propriedades mecénicas, pode abranger 08 caracteristicos quimicos, os caracteristicos gerais, os métodos de fabricagdo, a forma, as dimens6es e o acabamento das peas. Essas especificagdes sao estabelecidas por Associages Técnicas espe- cializadas, reunindo produtores, consumidores e tecnologistas, tais como a Associagdo Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A elas compete elaborar igualmente as “normas” ¢ os “‘métodos de ensaios”, de modo a permitir, como jé foi citado, comparar os resultados obtidos nos diversos ensaios. 5 Levantamento de dados obtidos nos ensaios Os dados obtidos nos ensaios, para poderem ser melhor interpretados, devem ser, sempre que possivel, submetidos a um tratamento estatistico, mesmo porque dificil- mente se consegue, no mesmo material e nas mesmas condigdes de ensaio, resultados totalmente repetitivos. E claro que esse tratamento estatistico 86 6 recomendavel quando se tem disponivel um grande ndmero de dados, como ocorre no caso dos ensaios de fadiga. Um exemplo extraido da literatura americana e relacionado com chapas finas de ferro galvanizado, elucidard melhor a matéria'34), Suponha-se uma amostragem de 80 chapas galvanizadas, para a qual se deseja determinar a quantidade de revestimento aplicado. As amostras sfo pesadas antes e depois do processo de galvanizagio. Os pesos do revestimento obtidos so langados numa Tabela (Tabela 11), onde se veri- fica uma ligeira discrepancia dos valores. Os dados dessa Tabela sio a seguir colocados em ordem ascendente (Tabela 12) que corresponde, pois, a uma “‘distribuigéo de freqiiéncia nao agrupada”’. préximo passo corresponde ao agrupamento dos dados, resultando numa Tabela de “freqiiéncia agrupada” (Tabela 13), onde so indicados os intervalos das classes, valor médio, freqiéncia das classes, freqiiéncia cumu- Iativa e 0 produto da freqtiéncia pelo valor médio. Pode-se, assim, construir gréficos ou “diagramas de freqiiéncia”, como a Figura 54 mostra ou tragar uma curva de “distribuigéo normal de freqiiéncia”, indicada na Figura 55. BR Propriaduden mecdnican ¢ muadlererminapia ~ Definigter AY # ‘ TABELA11 MASSA DE REVESTIMENTO SOBRE 80 CHAPAS DE FERRO GALVANIZADO Amostra | Massa, g | Amostra | Massa, g | Amostra | Massa,g | Amostra | Massa, g 1 38,81 2 37,63 4 40,56 61 38,67 : 40,02 22 42,61 42 43,14 62 41,06 3 42,03 23 45,18 43 41,62, 63 42,41 4 | 4306 | 2 | a930 | a4 | aai7 | 64 | a2a0 5 41,58 ri 42,84 45 42,34 65 42,98 6 | 4258 | 26 | 43.24 | 46 | aa63 | 66 | 4012 : 42,80 27 43,70 47 45,01 67 43,03 8 43,34 28 45,44 48 42,93 68 43,40 9 43,72 2 41,25 49 46,63, 69 41,80 10 (38,12 30, 43,64 50 39,61 70 44,50, 1 40,63, 31 44,06 51 46,21 n 42,14 ues 44,28 32 44,33 52 40,38 72 39,51 13 44,45, 33 42,45 53 47,22 73 44,47 14 43,21 34 44,90 54 41,36 74 41,44 15 43,79 35 44,51 55 44,77 75 43,91 16 43,55 36 41,74 56 45,61 76 42,73 7 42,26 37 45,30, 87 39,84 7 42,19 18 43,03, 38 43,84 53 40,88 7 43,48 19 41,29 39 42,67 59 (38,98 79 41,13 20 46,52 40 46,89 60 41,92 80 40,58 90 Tecnologia Mectnica Propriedades meodnicas ¢ sua determinapfe ~ Definigcer ot £ s3 a3 TABELA 12 3 = a3 TABELA DE FREQUENCIA NAO-AGRUPADA 5 vaior | Faixa | Valor | Faixa | Valor | Faixa | Valor . : 3 1 37,63 21 41,36 a1 42,88 61 44,17 < 4 2 | 3812 | 22 | 4144 | 42 | 4293 ] 62 | 44,28 5 g2 |nongggese 3 38,67 23 41a | 43 4298 | 63 44,33 5 g FRSRBERS 4 38,81 4 41,62 44 43,03 64 44,45 < c s | a3c8 | 25 | 4174 | 45 | 4303 | 65 | 44.47 > 6 | 3939 | 26 | 4190 | 46 | 4306 | 66 | 44,50 25 7 39,51 27 41,92 47 43,14 67 4451 44 a | 3061 | 28 |} 4203 | 48 | 43,21 | 638 | 4463 m3 . o | 3084 | 29 | 4214 | 49 | 43,24 | 69 | 44,77 26 fslesvggeese 10 | 4002 | 30 | 4219 | so | 4334 | 70 | 44,90 nd az | SBS8388288 8 a1 | 4012 | 31 | 4226 | 581 | 4340 | 71 | 45,01 i gel eee esa 12 | 4038 | 32 | 4294 | 52 | 4348 | 72 | 45,18 a 13 | 4956 | 33 | 4241 | 53 | 4355 | 73 | 45,30 s 14 | 4058 | 34 | 4245 | 54 | age | 74 | 45,44 a 15 | aoc3 | 35 | 4258 ] 55 | 43,70 | 75 | 45,61 a ie | aoss | 36 | 4261 | 56 | 43,72 | 76 | 46,21 5 ae 7 4106 | 37 42,67 87 43,79 | 77 46,52 38 |veognaeane |g 18 | 4113 | 38 | 4273 | 58 | 4384 | 78 | 46,63 es ] 19 41,25 39 42,80 59 43,91 79 46,89 ce 20 | at29 | 40 | 4284 | 6o | 4406 | 80 | 47,22 2 2) 889eses3es sé ae Els | engnnannnn 23/3 fageagsege _— =4=—-=2=Cd esti is g8 goaggenan. |r E BS8gSss eg ete 92 Tecnologia Meatnica CAPITULO VI » 0.25 7 15-- abe g i J soas § of a 3 a7 AH qo + ia Joos £ Thiiibe e ol N35 30 40 ar a ao ae HS ae a ie massa, 9 i i @ 2 ‘ : RESISTENCIA A TRACAO : i E RESISTENCIA A COMPRESSAO » 0.28 j 15 _- } ok dois 3 s 4010 c. {0,05 i fon non Seam waa aaa 4647 a” __, 1 Resisténcia a tragio. Grifico tensio-deformagio Quando se submete 7 uma barra metélica a uma carga de tragio, paulatinamente crescente, ela 1 sofre uma deformagdo progressiva de extensio ou aumento de comprimento. Figura 54 Gréficos de freqtiéncia: (a) histograma de freqiiéncia; (b) poligono de fre- a. en anti ra . qténcla ot A relagdo existente entre a tensfo aplicada — carga dividida pela area da secedo transversal da pega que estd sendo tracionada — ¢ a deformagio resultante pode ser mais facilmente acompanhada com assisténcia visual, na forma de um diagrama “tensfo-deformago”, em que a tenso é langada no eixo das ordenadas e a deformago no eixo das abscissas, conforme esté indicado na Figura 56. Os valores que permitem o tragado desse diagrama sio obtidos subme- tendo-se o metal ao “ensaio de tragdo”, em maquina esquematicamente representada na Figura 57. Essa méquina deve ser construida de tal modo que possibilite uma montagem adequada da pega a ser enstiada, com o que se obtém maior preciso dos dados a serem levantados. Em principio, pois, a maquina de ensaio de tragdo deve ser dotada de um conjunto que permita a aplicagdo da carga, de dispositivos para prender a pega ou o corpo de prova e de um aparelho nio indicado na figura, que rtaie permita determinar a deformagio. Esse aparelho é 0 “extensOmetro”, o qual éa ado ao corpo de prova. Figura $5. Curva de distribuigdo normal. daptado rpo de pr 93 94 iit nnnnilll Tecnologia Mectnica Tenséo, kgf/mm? Deformagio, % Figura 56 Diagrama geral “‘tensio-deformagao"" SEDE DA CARGA x DISPOSITIVO DE FIXACAO. DO CORPO DE PROVA Figura 37 Diagrama esquemitico de uma miquina para ensaio de tragao. eee teenie Reatettncta & tragdo ¢ rectettnole a comprensto 9S Normalmente, as méquinas de trago podem exercer esforgos de compressio, Ao tracionar-se a pega, verificase que, dentro de certos limites, a deformagdo € proporcional a tensGo aplicada, de acordo com a conhecida ki de Hooke. Assim, se barras de diferentes materiais e diferentes areas de secgo transversal forem submetidas a uma tensfo de tragdo, a lei de Hooke seri sempre obedecida, ou seja, o “aumento de comprimento de cada barra 6 sempre proporcional 4 tensGo de trago aplicada”. Essa lei pode ser expressa pela formula onde, comprimento da barra, em mim aumento de comprimento ou alongamento, em mm P = carga aplicada, em, kgf A = Area de secedo transversal da barra, em mm? E = constante A formula indica igualmente que o alongamento é também proporcional a0 comprimento da barra e inversamente proporcional a drea da secgao transversal da barra, Indicando a relagio P/A que exprime a tensfo por o (em MPa ou kgf/mm?) e a relagdo e/1 que exprime o alongamento ou a deformagio por (em %), tem-se que traduz exatamente a lei de Hooke. A constante E € chamada “‘médulo de elasticidade” ou “‘médulo de Young”. A Tabela 14'35) apresenta o médulo, de elasticidade E de alguns dos metais mais importantes. A Tabela mostra ainda o médulo de cisalhamento, propriedade. que serd abordada mais adiante, A lei de Hooke, entretanto, s6 é vélida até um certo limite, 0 ponto A no diagrama da Figura 56. Esse trecho, por isso mesmo, é retilineo. 9 Tecnologia Mectnica TABELA 14 PROPRIEDADES ELASTICAS DE ALGUNS METAIS otal Modulo de elasticidade E Maduio de cisathamento G oa GPa | kgf/mm? GPa | kgf/mm? Aluminio 703 | 740 26,1 2660 cadmio 49,9 | 5040 19,2 1960 Cromo 2791 | 28360 115.4 | 11690 Cobre 1298 | 13160 483 4800 Ouro 78,0 | 7910 270 2730 Ferro 24 | 21420 + 816 8260 Magnésio 447 | 4550 173 1750 Niquel 199.5 | 20230 76.0 7700 Ni 104.9 | 10840 375 3780 Prata 82,7 | 8400 303 3080 Tantalo 185,7 | 18830 69.2 7000 Titénio 115,7 | 11760 438 4445 Tungsténio aio | 41720 1606 | 16310 Vanidio 127,6 | 12950 46,7 4760 O médulo de elasticidade depende das forgas interatémicas e, embora variando com o tipo de ligagdo atémica, nfo é sens{vel a modificagbes estruturais. Assim, por exemplo, se num determinado tipo de ago, a resis- téncia mecdnica pode aumentar apreciavelmente por fatores que afetem sua estrutura, como tratamentos térmicos ou ‘pequenas adigdes de elementos de liga, esses fatores praticamente no influem no médulo de elasticidade do material. O médulo de elasticidade ¢ uma medida da “tigidez” do material, ou seja, do caracteristico que o material possui de resistir a deformacao elistica, © aumento de temperatura provoca um decréscimo do valor de E. ‘A tensio correspondente ao ponto A é chamada “limite de proporcio- nalidade” que se define, portanto, como a tensGo para a qual a deformagao deixa de ser proporcional ao esforco aplicado. Dentro: da fase de proporcionalidade entre tensfo e deformagio, o material se comporta também elasticamente, ou seja, a deformagdo que se origina pela aplicagéo da carga ¢ apenas tempordtia: cessada a tensio, 0 material volta 4 forma e dimensGes originais. Rerlaréncla A trugo o racitdncla a comprento’ = 97 A tensffo até a qual 0 material se comporta de modo eldstico est Indlcada no gréfico tensto-deformagiio da Figura 56 pela letra B. Em geral, princl- palmente no caso de agos de baixo e médio carbono, os pontos A e B coln- cidem. Alguns autores colocam B acima de A e outros, 0 contrario. De qualquer modo, o comportamento eldstico do material dentro de uma certa faixa de tenses permite a definigdo de um novo caracterfstico do material: “limite de elasticidade”, que corresponde a maxima tensfio que © material pode suportar sem sofrer deformagio permanente, No diagrama, 0 estégio OB & chamado “estagio eldstico”. De B a D, tem-se 0 “estigio plistico”, porque, a partir de B, aumentando a carga, as deformagoes resultantes sdo permanentes, até a ruptura do material sob tragdo. Alguns métodos tém sido propostos para determinar o limite de propor- cionalidade. Entre eles, o método de JOHNSON'6), indicado na Figura 58. Deformagao, % Figura 58 Método de Johnson para determinagiio do limite de proporcionalidade. Pelo método de JOHNSON, o limite de proporcionalidade 6 tomado como a tensfo correspondente a um ponto do diagrama tensio-deformagio, no qual a deformagdo ¢ 50% maior que na origem. Na Figura 58, OAB repre- senta 0 estdgio inicial do ensaio de tragdo; a linha OE é 0 prolongamento da reta que corresponde 4 proporcionalidade entre tensio e deformagao. Para va Tecnologia Mectnica obter o limite de proporcionalidade, traga-se a linha OD com uma inclinagdo 50% maior que a da linha OE, ou seja, DF = 1,5 FE. Traga-se, a seguir, na curva OB, uma tangente paralela a linha OD de modo a localizar 0 ponto C. A tensdo cortespondente ao ponto C é definida como o limite de propor- cionalidade pelo método JOHNSON. Terminada a fase eldstica, prosseguindo-se o esforgo de tragio, o mate- rial comega a deformar-se mais rapidamente, até atingir a tensio méxima que 0 material pode suportar, ou seja, a tensio correspondente ao ponto C da Figura 56. Definese entdo o “limite de resisténcia 4 trago”, como a tenso méxima que 0 material suporta, ou seja, a carga maxima dividida pela drea da secgdo transversal original, do corpo de prova. Alguns metais de natureza ductil, em particular agos-carbono de baixo teor de carbono, apresentam, durante 0 ensaio de tragdo, 0 fendmeno de “escoamento”, o qual serve para bem caracterizar o inicio da fase plastica, ‘A Figura 59 mostra 0 fendmeno de escoamento. Como se vé, 0 aparecimento do fendmeno caracteriza bem o inicio da fase plastica, Durante o escoamento, verifica-se um grande alongamento, sem acréscimo de carga. Esta chega a oscilar entre valores miximos e minimos. TensSo, kgf/mm? escoamento ° Deformago, % Figura 59° Diagrama “tensio-deformacao” de um metal dictil aparesentando o fend- ‘meno de escoamento. Rattartncla & tragde @ reaiatdnola & vorpresaty vy © corpo de prova, se polldo, mostra ullerugSos superiiciais visivoln a olho nu: nota-se o aparecimento de linhus Inclinadas de cerca de 45° om relago ao eixo de tragfo, Essas linhas sffo chamadas “linhas de Luder" ou “de distensfo” e o seu aparecimento juntamente com o inicio da grande deformagdo sem acréscimo de carga serve para definir o “limite de escou- mento” do material. As varias normas existentes definem de modo diferente o limite de escoamento. Para algumas, limite de escoamento corresponde a tensfo para a qual tem inicio o fenémeno; para outras, a tensfo maxima e outras ainda, a tensdo minima verificada durante a fase de escoamento, Nos metais e ligas que ndo apresentam nitidamente o fendmeno de esooamento, emprega-se um método grifico para a determinagdo de um valor compardvel, baseado no fato de que, se se interromper o ensaio de tragdo num ponto ja dentro da fase plastica e de descarregar o material, a deformagao nao volta a zero, mas apresenta um valor residual correspon dente a deformacdo permanente. ‘A Figura 60 constitui uma representagdo esquemitica desse fato, além de servir para a determinagao grafica citada, Tensfo, kgf/mm” Deformacdo, % Figura 60 Representagdo esquemdtica da deformagdo permanente. 100 Tecnologia Mectnica A figura indica que a interrupgdo da carga ¢ sua volta a zero originam uma recuperagio da deformago segundo a linha BC paralela ao trecho retilineo da curva. Pelo método grifico mencionado, define-se “limite convencional n” para aqueles materiais que ndo apresentam, nitidamente o fendmeno de escoamento. A Figura 61 mostra como se determina o limite convencional 1. Para calculélo adota-se um niimero n correspondent a uma deforma- fo escolhida, de certo modo, arbitrariamente. Geralmente, especificase n como 0,2% de deformagio 0 que corres- ponde a uma deformagdo pléstica de 0,002 por unidade de comprimento. 0 valor 1 escolhido € marcado no eixo de abscissas do gréfico tensfo-de- formagdo (Figura 61). Do ponto obtido, traga-se uma paralela ao trecho retil{neo da curva tensfo-deformagdo até encontri-la no ponto B. A tensfo correspondente ao ponto B € 0 “limite convencional n”. Para as ligas metilicas que se deformam relativamente pouco, como agos de médio a alto teor de carbono ou ligas ndo-ferrosas duras, toma-se para 7 0 valor de 0,1% ou mesmo 0,01% (agos para molas). Tens6o, kgf/mm? Deformacso, % Figura 61 Determinagao gréfica do limite convencional n. Rexlaténela a tragae o realerdncta a comprensto 101 Para cobre ¢ algumas de suas ligas, que apresentam grande deformabl lidade, 0 método € baseado na determinago do ponto da curva corrospon dente a uma deformagio total, portanto desde a origem 0, de 0,5% ou 0,005 (Figura 61). Marcado 0 valor 0,005 no eixo de abscissas, traga-se uma por- pendicular a esse eixo até encontrar a curva tensio-deformagio no ponto Ki, a0 qual corresponde a tensfo relativa a0 limite convencional n para caso tipo de metais(37), fenémeno de escoamento, encontrado inicialmente no ferro impuro e agos de baixo carbono, pode ocorrer igualmente em cristais simples de cddmio, zinco e aluminio e em policristais de molibdénio, titénio e ligas de aluminio(38), No caso do ferro puro e agos de baixo carbono, o fenémeno é atri- buido a presenga de impurezas como carbono ¢ nitrogénio, pois a pritica mostrou que tais impurezas se forem removidas, 0 fendmeno desaparece. Aparentemente, os dtomos impuros atuam simultaneamente com as dis- cordancias: os dtomos de carbono e nitrogénio localizar-se-iam entre os intersticios do reticulado (de natureza ctibica centrada), produzindo dis- torgdes tetragonais ¢ interagindo fortemente com as discordancias de aresta e em espiral(39), Um trabalho a frio ou encruamento moderado remove a solugo a esmo dessas impurezas, com conseqiiente desaparecimento do fenémeno. A importncia do conhecimento do limite convencional » ou do limite de escoamento dos metais ¢ suas ligas reside no fato de que esses valores so 0s utilizados pelos engenheiros para seus projetos e célculos, sobretudo quando se trata de ligas duicteis. © conhecimento do limite de resisténcia a tragdo, por outro lado, tem sua importancia ligada ao fato de que é, por seu intermédio, que os materiais so especificados, 1.1 Alongamento e estricgi0, Ductilidade 0 ensaio de tragio permite ainda determinar valores que caracterizam a ductilidade do material, Esses valores so alongamento e estricgdo. O “alongamento” € 0 aumento de comprimento verificado na tragio até a ruptura do corpo de prova. Se Lg for o comprimento original, L’ o comprimento final, medido colocando-se os dois pedagos do corpo de prova juntos, o alongamento ¢ dado pela expresso: ' Ee€= ae + 100, em porcentagem, portanto. O valor Lo ndo corresponde a0 comprimento total do corpo de prova, mas adota-se 0 comprimento entre duas marcas feitas nesse mesmo corpo de prova, antes do ensai Esse valor original de medida ¢ fixado de acordo com a lei de BARBA que estabelece o seguinte: para que os alongamentos medidos sobre dois corpos de prova de secgdes So eS! sejam compariveis, é necessétio que os comprimento de medida escolhidos como referéncia satisfagam a relagdo. donde ly kV No caso de corpos de prova de secgdo circular de didmetro Dg Lo =k'Dy Os valores de k e k’ sfo fixados pelos virios pafses, de acordo com suas associagSes técnicas. Eles variam da seguinte maneira(37): Brasile Alemanha k = 11,3 e k’= 10 ou k =5,65e k'= 5 Estados Unidos k = 4,51 e k’= 4 Frangae Bélgica k = 816 e k’ = 7,25 Inglaterra k=4 ek’ = 3,54 s dois valores adotados no Brasil so relativos aos dois corpos de prova admitidos pelo método brasileiro (norma MB-4) de ensaio de trago: k =113 ek’ 5,65 e k’ 0 pare corpos de prova longos 5 para corpos de prova curtos i t A Figura 62 mostra que o alongumonto total de um corpo de provi submetido ao ensaio de trago nfo é uniforme, mus consiste na soma de duns parcelas: uma parcela a uniforme, distribuida ao longo de todo o corpo de prova, que ocorre até a méxima carga e que € proporcional ao comprimento de medida Lo assinalado no corpo dé prova e uma parcela b de alongamento localizado, o qual atinge um maximo na secedo estrangulada (de maior tedugio de drea) e que se distribui simetricamente em relagdo a essa secoZo. Figura 62 Representagdo esquemética da distribuigdo do alongamento num corpo de prova submetido ao ensaio de tragdo. A primeira parcela a corresponde, portanto, a deformacdo permanente até a carga m4xima e a parcela b corresponde ao alongamento que se verifica na fase do ensaio relativa ao estrangulamento de seco. A medida que 0 comprimento Lo inicialmente marcado aumenta, 0 efeito do estrangulamento de seccio sobre 0 valor do alongamento total diminui, de modo que nio se pode fixar arbitrariamente o valor de Lg. Por isso é que se adota a lei de BARBA para fixar Lo. Por outro lado, um exame mais pormenorizado da Figura 62 permite chegar 4 conclusdo de que o alongamento deve ser medido simetricamente em relagdo a secgao estrangulada de ruptura. Esta, contudo, localiza-se muitas vezes fora do centro do corpo de prova e como, nessas condigdes, nao se pode localizar o comprimento simetricamente em relagio 4 secgdo de ruptura, adotam-se, sobre 0 corpo de prova, dois comprimentos: Li L4 tais que seus valores antes do ensaio L, e L2 satisfagam a relagio Ly +2L_ = Lo, em que Lo ¢ 0 comprimento original de medida Nesse caso, 0 valor do alongamento sera Ly + 2L,—Lo € oe 100 —— ut Se eee eee 104 Tecnologia Mecdnica © outro valor representativo da ductilidade que se determina no ensaio de tragao € a “estricgdo” ou estrangulamento de secgao. Chamando-se So a Area inicial da seccdo util do corpo de prova e S'a dea da secedo estran- gulada de ruptura, a estricedo é dada pela expressio 2 Diagrama tensio-deformagio verdadeiro A resisténcia tragio ou 0 limite de resisténcia 4 tragdo corresponde a tensfo nominal obtida pelo quociente entre o valor maximo da carga verificada no ensaio e a drea da seco transversal original do corpo de prova. No caso de metais e ligas dicteis, ocore um grande estrangulamento ou estricgdo na area de ruptura, de modo que, a rigor, a resisténcia a tragdo é menor que a teusio maxima real, Se, de fato, se determinar a tensfo pelo.quociente entre a carga maxima verificada no ensaio e a drea da secgfo transversal do corpo de prova no mesmo instante em que a carga méxima ocorre, tem-se a resisténcia trago verdadeira, como est indicado na Figura 63. Tens, kgf/mm? ° Alongamento, % Figura 63 Diagramas “tensio-deformagéo” nominal e “‘tensio-deformagdo" real eee tee ea ected eee eee Reaiaténcla & tragto a reatetncia & compress 108 Na figura, a curva OBKCD correspondo wo diagrama usual ¢ a curva OBIGK corresponde ao diagrama real. ‘A méxima carga € alcangada em C e & evidente que embora a carga realmente decresca de Ca D, a tensio verdadeira continua a aumentar, devido 4 contrag#o da sec¢do do corpo de prova, até que um maximo valor de tensio é alcangado no ponto K, onde se dé a ruptura. De qualquer modo, a curva tensio-deformagao nominal & a que se utiliza na prética da engenharia, enquanto a real € empregada para fins de pesquisa. Do mesmo modo que a “tensdo real” é obtida dividindo-se a carga aplicada, em qualquer estégio de sua aplicagao, pela area de secgao real, pode-se obter a “deformagio real” ou “‘deformagao logaritmica” que equi- vale, para um determinado aumento de carga, 4 relagio da mudanga de comprimento devido ao incremento da carga para a grandeza do compri- mento, imediatamente, antes da aplicagdo do incremento de carga'40), Essa “deformacao real” é expressa pela equacao!41) ; La L e Sam = wet real i i Ty ©) onde L = comprimento de um pequeno elemento, sob uma determinada carga Lo = comprimento original marcado no corpo de prova € = deformagio convencional Admitindo que durante a deformagio plistica, 0 volume permanega constante, pode-se escrever L is A onde rea da secgao transversal original rea instanténea da seccdo transversal sob uma determinada carga 3 Curvas tensio-deformagao para alguns materiais A Figura 64 mostra esquematicamente curvas tensio-deformagdo tipicas para alguns metais ligas. 106 Tecnologta Mectulea 1 i ‘ ‘foe detacoearbono song 1 ; ¢ a ora {re fundidecomum Sodeaeee Seer ies sires Figura 64 Formas t{picas de diagramas “tensio-deformagdo" de alguns metais e ligas A Figura 65 representa esquematicamente diagramas tipicos tensfo- deformagao para diversos tipos de agos-carbono no estado recozido. 080% C 0,60% c 0,40% C Lomi Tenséo, kgf/mm? Deformagao, % Figura 65 Diagramas tipicos “tensdo-deformacao” para diversos agos carbono no estado recozido. Resisttncla A tragdn ¢ rerinténeta & comprente 107 \. 4. Tipos de fratura por tragéo As fathas dos materials metélicos podem ser classificadas em dois tipos gerais: falha “dictil” ou de “escorregamento” & falha “frégil” ou “por separagao”. Uma falha diictil sob tensdo de tragdo envolve trés etapas'42); — inicialmente, 0 corpo de prova estrangulase formando cavidadex na regio estrangulada; — em segundo lugar, uma cavidade torna-se eventualmente o suficiente- mente grande para alargar-se e estender-se rapidamente na secgao transversal; — finalmente, a fratura originada espalha-se na superficie seguindo uma diregdo inclinada de 45° em relagao ao eixo de tragfo. resultado é a chamada fratura em “taga e cone” como a Figura 66 mostra. Fratura Central Figura 66 Representagdo esquemética de uma fratura diictil em “taga e cone". A primeira etapa é a mais importante por ser a mais longa e porque 0 segundo e terceiro estdgios somente acontecem quando algumas cavidades se formaram. ‘A Tabela 15, resultado de pesquisas de MACGREGOR, LUDWIK 0 NADAI‘42), procura demonstrar esse fato, pois os dados obtidos indicum que somente quando a fissura atinge uma certa dimensio ela pode ser pronta- mente percebida, antes da fratura, k acta EE See Renee 108 Taenologla Mewtnica Reatatdncta d trac @ resietdnela & comprennto 109 TABELA 15, Uma fratura frdgil 6 caractorizada pola soparagfo normal em rolugo 10 ETAPA NA QUAL A FISSURA CENTRAL SE FORMA Metal Al Al cu cu Latéo por seceso | por radio- | por radio- grafia | grat Método de detectar | por secedo a fratura (corte) Resultado fissura presente do foi detectada fissura Estricedo para a qual a observago foi feita 20% — | 76,5% - 517% — | 41,9% Estricedo na fratura | — 80,0% - 53,7% | 47,4% A fratura dictil somente ocorre quando se verifica deformagao plistica. Admite-se que as primeiras cavidades se formam em inclus6es, porque, quando um metal relativamente plistico flui ao longo de umainclusdo relativamente in- deformavel, originam-se grandes forgas de tragdo, as quais as vezes conseguem rasgar uma abertura na interface onde o metal e a incluso se juntam. yy Simultaneamente atuam agrupamentos de discordancias que, pressiona- dos de encontro & inclusio, contribuem para quebrar a jungao. Deve-se, por outro lado, admitir que as cavidades se formam mais facilmen- te nas inclusdes que apresentam a coesdo mais fraca com a matriz metidlica. Mesmo que as cavidades nfo se formem a partir de inclusbes, a agdo das discordancias € fundamental. Isso porque, num agrupamento de discordan- cias, por exemplo, estas podem ser pressionadas, produzindo-se seu aglutina- mento ¢ levando a formagao de cavidades. SupSe-se, nessa hipdtese, que as discordancias se amontoam contra um obsticulo que pode ser o contorno do gro ou uma incluso. ‘A presenga de obstéculos ndo é essencial, bastando apenas a ago das discordancias: estas podem, por exemplo, ser de sinal oposto e situar-se em planos de escorregamento adjacentes; nessas condigdes elas podem se aglutinar numa fissura. Do mesmo modo, discordéncias com diferentes vetores Burgers. movimentam-se em conjunto para formar uma fissura. ‘A fratura fragil, a0 contririo do que ocorre com a fratura dictil, ndo necessita de deformagao plastica para que uma fissura se propague até ocorrer a fratura, embora isso possa acontecer!42), eixo de tragic, sem qualquer estrangulamento aparente da secgo de rupturu, como a Figura 67 mostra. * Figura 67 Representagdo esquemética de um fratura frigil ‘As fraturas frégeis quase sempre se movimentam ao longo de um plano cristalografico simples — plano de clivagem — ou ao longo dos contornos dos graos. “SA fratura transgranular é mais freqiientemente observada em metais puros policristalinos. Neste caso, devido ao fato de que os planos de clivagem mudam de orientagdo através dos contornos de gréo, a propagago da fissura através desses contornos é mais dificil, do mesmo modo que é dificil o escorregamento através do contorno de gro. eee eee no Tecnokiyia Meatnica Uma fissura se propaga de um gro a outro pela nucleago de uma nova fissura num gréio adjacente; desse modo as duas fissuras se juntam, formando uma rachadura que leva & ruptura final. A fratura frdgil € mais comum em metais de reticulado ciibico centrado e reticulado hexagonal compacto e mais rara em metais de reticulado cibico de face centrada,'a nfo ser que haja fatores que contribuam para a fragilidade do contomo de grao. A nao ser em casos muito nitidos, a fronteira entre uma fratura dictil e uma fratura frgil é arbitréria. Por exemplo, o ferro nodular apresenta fratura diictil quando comparado ao ferro fundido cinzento comum, contudo € considerado frégil quando comparado a0 ago doce, de baixo carbono. Em determinadas condigdes, como por exemplo em fungio da tem- peratura, 0 comportamento do metal pode passar de diictil a frigil. Esse assunto seré abordado mais adiante. Devido a diferengas estruturais nos metais, presenca de impurezas, quantidade e efeito da deformagao plistica anterior, ha, na realidade, sete diferentes tipos de fraturas, segundo as quais os metais podem romper. Esses tipos esto indicados na Figura 68'43), Figura 68 Tipos hdsicos de fraturas sob ado de esforco de tragao. Hevtatdnvta a tragan 6 retatdncie A compremmy = HIT Elos podem ser considorudow como eavon particulares dos dols tipos gor: fratura diictll e fratura frégil. Sao eles: a) Adelgagamento plistico — € mais comum a altas temperaturas, po- dendo ocorrer igualmente 4 temperatura ambiente em metais muito pldsticos, como ouro e chumbo. Ocorre principalmente sob esforgo de tragao. b) Fratura fibrosa — ocorre quando um metal normalmente plistico, provavelmente devido a uma érea muito grande de secgGo transversal, tem seu escoamento de tal modo restringido que tenses multiaxiais dao origem a uma fratura por clivagem muito localizada, possivelmente num defeito. A fratura inicial alivia as condig&es imediatas de tenses multiaxiais, ocorrendo uma modificago na condicfo da fratura que passa a ser de cisalhamento; surge nova concentragGo de tensdes ¢ de novo ocorre clivagem. O proceso se repete até a ruptura final por falha de cisalhamento simples. Es tipo de fratura pode ocorrer sob tragdo ou torgdo e, eventualmente, sob compressio. A fratura “taga e cone” é um caso especial desse tipo de fratura fibrosa. ©) Fratura frégil de cisalhamento — pode ocorrer em material com resis- téncia 20 cisalhamento relativamente baixa com uma alta velocidade de encruamento. A falha ocorre abruptamente, sem verificarse deformagio pldstica prévia. Sob trag%o ou compressto a fratura forma um Angulo de 45° com 0 eixo de tragdo e sua aparéncia tende a ser grosseira ou granular Sob torgGo, a fratura tende a ser normal ao eixo de torgdo e seu aspecto tende a ser de superficie lisa ou macia. 4) Fratura frdgil de clivagem — como no caso anterior, ocorre com grande velocidade de encruamento, em materiais com resisténcia a clivagem. relativamente baixa ou com grande sensibilidade a tensdes multiaxiais. Também aqui a fratura se d4 abruptamente, sem prévia deformagio plistica. Normalmente, a fratura é normal ao eixo de tragdo e sua superficie é macia. Ela ocorre sob esforgos de tra¢o ou torco, Sob torg4o, 0 modelo da fratura 6 do tipo helicoidal. e) Fratura intercristalina frégil — ocorre em metais com baixa resisténcia de contorno de gro. Como a figura indica, a fratura se da sem aparente deformagéo plistica prévia e é abrupta. A fratura apresenta um aspecto grosseiro. Pode ocorrer sob esforgos de trago, compressio e torgao. f) Fratura de clivagem dtictil ~ ocorre quando um metal, inicialmente muito plastico, encrua tao rapidamente que o aumento de tenses multiaxiais, devido a alguma deformagio, € suficiente para produzir separagio total por clivagem. O aspecto da fratura é idéntico ao do tipo d. Esse tipo de fratura pode ocorrer sob esforgo de tragdo ou de torgao. ua Tacnologla Meatnica ) Fratura intercristalina diictil ~ verifica'se em metais com plasticidade razoavelmente boa, mas de pequena resisténcia do contorno de grio: os ctistais se separam ao longo dos contornos de gro, logo depois de alguma deformagio plistica. O aspecto da fratura se assemelha ao do tipo e. Ocorre sob esforgos de trago, compressio ou torgao. R 5 Corpos de prova empregados no ensaio de tragdo& comum submeter-se a0 ensaio de tragdo pedacos de barras redondas, cortados diretamente de barras produzidas a partir do metal ou liga metdlica a ser ensaiada. Contudo, normalmente, compos de prova de forma e dimensOes ade- quadas so especialmente confeccionados para o ensaio. A secedo transversal desses corpos de prova pode ser circular, quadrada ou retangular. Geralmente, a parte central do corpo de prova possui uma secgio transversal menor do que as extremidades, de modo a provocar a Tuptura numa sec¢do em que as tenses nao so afetadas pelas garras da maquina de ensaio. ‘A Associagio Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, pelo seu método MB-4 especifica os corpos de prova que devem ser utilizados no ensaio de trago. A Figura 69 mostra as formas gerais desses corpos de prova retangu- lares e circulares. cabega parte Gtil f-=577-© raio de concordancia t Corpo de prova de secgéo circular cabega WA a ralo de concordancia Corpo de prova de seceao retangular Figura 69 Formas esqueméticas de corpos de prova para ensaio de tragdo, segundo a ABNT. Reatnedncta d tragau 6 restetdncte & comprernhy ust As cabogas sorvem para fixar os corpox de prova na maquina de ensalo ‘As suas dimensdes (ver a referida norma) dependem da forma e dimensdox do produto do qual o corpo de prova fol extrafdo. Os corpos de prova de seco retangular so empregados quando 0 produto a ensaiat corresponder a chapas ou tiras. 6 Resiliéncia e tenacidade Definese “resiliéncia”” como a capacidade de um metal absorver energia quando deformado elasticamente e devolvé-la, quando descarregado do esforgo que provocou a deformagio. “Tenacidade” corresponde & capacidade do material deformar-se plas- ticamente e absorver energia antes da ruptura. A tenacidade pode ser medida pela quantidade de trabalho necessdria para levar o material até a ruptura, sob carga estatica, por unidade de volume do material. E expressa em Joules por metro ciibico. Para agos-carbono, a faixa varia de 35 a 120 MJ/m>(44). Ambos os caracteristicos so representados no diagrama tensio-defor- magio, conforme est indicado na Figura 70. QQ _eesitigncia tenacidade Tenso, kgf/mm? Deformagio, % Figura 70 Representagio esquemética das propriedades resiliéncia ¢ tenacidade me- diante 0 grifico “tensio-deformagio”. A figura indica, pelas dreas hachuradas diferentemente, a quantidade de trabalho por unidade de volume que pode ser realizada num material sem causar deformagdo permanente (resiliéncia) ou sem causar a ruptura (tenacidade). A Figura 71 mostra esquemética e comparativamente a tenacidade a resiliéneia de dois tipos de agos: de baixo carbono (tipo estrutural) € de alto carbono (para molas, por exemplo). ——— H4—Teenalogia Mevdniew ago do alte © ago de baixo C Tensao, kgf/mm? Alongamento Figura 71 Representagdo esquematica de valores comparativos de resiliéncia e tenacidade de dois tipos de aco. © ago de alto carbono apresenta limites, de escoamento ¢ de resisténcia a tragdo, mais elevados; 0 de baixo carbono é mais diictil. A rea tensio- deformagao & maior para este timo ago, de baixo carbono, de modo que ele & mais tenaz. De outro lado, 0 ago de alto carbono possui um limite de escoamento (ou limite convencional n) mais elevado que 0 de baixo carbono; a 4rea sob a curva tensdo-deformagio, na fase eldstica, € maior; em conseqiiéncia, ele € mais resiliente que 0 ago de baixo carbono. No caso de resiliéncia, a area debaixo da curva é representada por resiliéncia = 1/2 6 € onde 6 e € so a tensio e deformacdo maximas na faixa eldstica. Como € = o/E, dentro da faixa elstica, chega-se & seguinte equagio 2B A tenacidade é geralmente determinada pela energia absorvida num ensaio de choque. resiliéncia 7 Observagies finais sobre a resisténcia A traciio eo ensaio de tragio A resisténcia a trago é uma das propriedades mais importantes dos metais pois, por intermédio da sua determinagdo, podem ser.obtidas caracteristicas significativas do material, relacionadas com a resisténcia mecdnica_¢ a. ductilidade. a Resinténcla & trate o resleetneta d comprennt us A rosisténcla a trugfo, como ullds ws outras propriedades mecinicus, depends do tipo de metal ou liga, do teor do elementos de liga, dus cond! es de fabricagtio e tratamento, da estrutura cristalina ¢ de diversos futoron externos, como temperatura etc. Os valores obtidos nos ensaios de tragio permitem, aos projetistus © engenheiros: — conhecer as condigdes de resisténcia do material sem que sofn deformagio permanente; — superada a fase eldstica, conhecer até que carga o material pode suportar, em condig&es excepcionais. ‘Ao lado disso, 0 exame da fratura do corpo de prova, depois de reali- zado © ensaio, permite verificar 0 comportamento. dictil_ou_frdgil do material e a presenga de eventuais falhas originadas durante sua fabricagao. Dependendo do material e porque € possivel que acontegam variagbes nos valores obtidos num ensaio, é necessdrio as vezes a realizagiio de mais de um ensaio e, nesse caso, 0 emprego da anilise estatistica é recomendével. Por outro lado, deve-se adotar, na realizagdo dos ensaios de tragdo, cuidados especiais, pois diversos fatores podem afetar os resultados: — excentricidade do corpo de prova, ao ser 0 mesmo preso nas garras da maquina de ensaio. A excentricidade pode causar distribuigao nao-uniforme de tensdes no corpo de prova; ~ velocidade de aplicagio da carga: com velocidades crescentes, a resisténcia tende a aumentar e a ductilidade a diminuir, sobretudo em metais de baixo ponto de fusiio, como chumbo e zinco. Como se verd, no decorrer da obra, podem ser estabelecidas, com certa aproximagio, relagoes entre a resisténcia a tragdo e outras propriedades mecénicas, 0 que constitu’ uma fonte complementar de avaliagfo do comportamento dos metais quando sujeitos as cargas de servigo. 8 ‘Resistencia 4 compressio Sob o ponto de vista de aplicagdo de carga,, 0 esforgo de,compressiio € 0 oposto da traeio, Pode-se, pois, admitir que 0 comportamento eldstico de uma pega metilica quando sujeita a carga de compresso seja comparavel ao seu comportamento elistico, quando sujeita a tragao. Essa afirmagdo aplica-se principalmente para metais dicteis como os agos de baixo carbono, Esse material, na fase eldstica sob a ago de com- pressdo, obedecerd também a lei de Hooke. 0 Tecnologla Mectntea 4Na fase plastica, ainda no caso de metais dicteis, nfo h4 mais possibi- lidade de comparagdo, porque 4 medida que aumenta a carga de compres- slo, a pega, sob a agdo crescente do esforco; tende a ter sua secedo transversal alargada, achatando-se na forma de um disco, sem que ocorra sua ruptura. ZI" suport. da peca este incremento de profundidade devido 20 incremento da carga 6 a medida linear que forma a base das leituras do aparelho de dureza Rockwell Figura 91 As vérias fases de aplicagdo de carga no método de dureza Rockwell, ilus tradas para a escala C. (a) © penetrador € colocado em contato com a superficie da peca; (b) a seguir aplicase a carga inicial de 10 kgf; colocase, entZo, 0 pon- teiro do mostrador da m4quina no ponto bdsico de referéncia (100 para as escalas C ¢ A e 30 para a escala B); (©) aplicase, a seguir, a carga maior correspondente & escala adotada, de modo a terse a penetragdo desejada; a carga é mantida até 0 pon- teiro do mostrador parar; (d) a carga € entdo removida de modo a permitir-se a recuperagdo elés- tica, sendo mantida a carga inicial de 10 kgf. 44 fecnologla Meatnicw Procede-se, ent#o, a leitura da dureza no mostrador onde o ponteiro parou. As méquinas modernas sdo dotadas de dispositivo digital que facilita grandemente a determinaco da dureza. 2.3 Rockwell superficial Para determinar a dureza de pegas muito finas e para melhor caracterizar a dureza de pecas com camada superficial dura e de Ppequena espessura (cementadas, nitretadas etc.), emprega-se 0 método de jureza Rockwell dito “superficial”. “¢ A méquina utilizada opera nos mesmos principios da Rockwell comum, ” ow seja, aplica-se uma carga inicial, no caso de penas 3 kgf e, em seguida, a carga real. Nesse método de dureza superficial, as duas principais escalas sfo: — N, com penetrador de diamante Brale e cargas de 15, 30 ou 45 kef, originando as escalas 15N, 30N e 45N; — T, com penetrador esférico de 1/16” de didmetro e cargas de 15, 30 ou 45 kgf, originando as escalas 1ST, 30T e 45T. 2.4 Ensaio de diireza Vickers Este processo é empregado amplamente em trabalhos de pesquisas porque fornece uma escala continua de dureza para uma determinada carga, podendo determinar a dureza desde materiais muito moles com dureza Vickers correspondente a 5 até materiais extrema- mente duros (Vickers equivalente a 1500). penetrador consiste numa ponte de diamante com forma de pirdmide de base quadrada e angulo a0 vértice de 136°. As cargas variam de 10 a 120 kgf. A dureza Vickers é dada pelo quociente da carga com a érea da impressio. Sendo P a carga aplicada, La diagonal da impressio e 6 0 Angulo entre as faces opostas do penetrador de diamante (136°) e chamando-se Hy a dureza Vickers, esta é dada pela seguinte expressio(58): H. 2Psen(6/2. L2 ou Hy = 1,8544 # (em kgf/mm?) Duresa 145 Do mesmo modo que no método Brinell, a diagonal L da improssto 6 medida com o auxilio de uma pequena luneta, devendo-se tom para La média de duas diagonais perpendiculares, com uma aproximagio de 0,01 mm. Hé tabelas apropriadas nas quais, a partir dos valores de P e L obtém-so diretamente a dureza em ntmeros Vickers. O grafico da Figura 92 apresenta uma relago aproximada entre ndmeros de dureza Rockwell e Vickers(59), escala A escala C Dureza Rockwell 0 = 200 «400-600. 800-1000 1200 Dureza Vickers Figura 92 Relagdo aproximada entre valores de dureza Rockwell e Vickers Como no ensaio de dureza Brinell, a impressio Vickers ndo perfeita- mente quadrada, apresentando formas como as indicadas na Figura 93(58), (a) (b) to Figura 93° Tipos de impressio Vickers: (a) perfeita; (b) em metais recozidos; (c) em metais encruados. a 140 Thenologla Mecdniew 2.5 Dureza escleroseépia um método dindmico para determinagio de dureza, utilizando-se 0 aparelho conhecido como “escleroscépio Shore”, desenvolvido em 1906 por SHORE®). A dureza € determinada pela altura do rebote de um pequeno martelo com ponta de diamante, colocado no interior de um tubo de vidro graduado com cerca de 3/4” de comprimento e 1/4” de didmetro e peso equivalente a 1/12 ongas. Esse martelo € deixado cair livremente sobre a superficie da peca cuja dureza se deseja medir. A altura do rebote é medida na escala graduada do tubo de vidro, dividida em 100 partes. Este nimero 100 representa © nimero de dureza de ago de alto carbono temperado. E um ensaio de certo valor para controle de produgaio em pecas acabadas, sobretudo endurecidas superficialmente. Nao deixa marcas apreciéveis. 2.6 Ensaios de microdureza _As limitagdes dos métodos de dureza expostos, principalmente no que se refere & precisdo dos resultados em fungio da espessura das pegas a ensaiar e 4 necessidade de medir a dureza de pequenas pecas de precisiio, de verificar a dureza de pequenas 4reas e determinar a dureza dos microconstituintes das ligas, assim como de cristais simples, levaram ao desenvolvimento de ensaios de “microdureza” POSICAO DE OPERAGAO Figura 94 Penetrador ¢ impressdo obtida pelo método Knoop de microdureza. Durew 47. Os aparelhos utilizados emprogam dls prinefpios: 0 do isco oo dn ponotragtio. Este iiltimo é 0 preferido pelos metaluzgistas, principalmente porque, no primeiro, hé dificuldade de medir-se com preciso a largura do microcorte originado pelo risco. O tipo de aparelho de microdureza mais utilizado € 0 que emprega 0 “penetrador Knoop”, introduzido em 1939 pelo “American National Bureau of Standards”(61) , A carga varia desde poucas gramas até 1 kgf e ¢ aplicada durante 15 segundos. O penetrador e a impressio resultante esto representados na Figura 94, ‘A impressio apresenta uma medida em comprimento L cerca de 7 vezes maior que a largura b ¢ cerca de 30 vezes a profundidade d. © comprimento da impressio é medido em milimetros e 0 némero de dureza € caleulado dividindo-se a carga pela drea A projetada da impressfo. Assim, se HK = dureza Knoop L = comprimento da impressio em mm = carga em kgf — pa = 10. HK = P/A = Ty 7008 visto que 2. ag = 227028 10 As vantagens desse processo sfio aparentemente as seguintes(61): — a recuperagdo eldstica fica confinada quase que inteiramente na largura b da impressao; — devido a0 longo comprimento de L, sua medida é mais precisa para determinadas condigdes de carga, 0 que permite medit com maior preciso a rea projetada. See eee meres 14 Tecnologia Mecdnicu A “Wilson Mechanical Instrument Co” desenvolveu um tipo de aparelho de microdureza, chamado “Tukon”, o qual utiliza o penetrador Knoop ¢ onde podem ser aplicadas cargas de 25 gramas a 3,6 kg. O aparetho ¢ inteira- mente automitico e funciona sob controle elétrico num ciclo sincrono. O operador escolhe a area para ensaio sob microsc6pio, coloca o penetrador sobre a drea, produz a impressio e novamente com o microscépio 1é a diagonal longa da impressdo, a partir da qual o nimero de dureza Knoop & calculado. O dispositive Tukon-Knoop aplicase nfo s6 na determinago da micro- dureza dos constituintes das ligas metélicas e de cristais simples, como também de pequenos fios, pegas diminutas de relogios ete. 3 Relagdes de conversiéo de dureza Existem tabelas de conversdo das varias escalas de dureza, 0 que ¢ muito pritico, porque freqiientemente uma determinada dureza — Brinell, por exemplo — deve ser conhecida, quando apenas se determinou a dureza em outra escala — Rockwell, por exemplo. Nao se pode, contudo, confiar demasiadamente nos valores de dureza obtidos por conversio de escalas, pois ha diversos fatores que impedem preciso nos resultados, tais como cargas e penetradores diferentes, impres- s6es de formas diversas, comportamento do material ensaiado sob a agdo da carga (condig&es do encruamento resultante) ete. De qualquer modo e considerando que o ensaio de dureza nao deter- mina uma propriedade bem definida, as tabelas de conversio, embora consistam de relagdes empiricas, sio de grande utilidade pratica. 4 Relagdes entre dureza e resisténcia a tragio Existe uma relagdo, muito itil também sob o ponto de vista prético, entre a dureza Brinell e a resis- téncia a tragGo. Essa relagdo, contudo, determinada empiricamente, é vilida somente para agos-carbono e agos-liga de médio teor em liga. Essa relagao é a seguinte: % = 0,36H onde % H limite de resisténcia & tragao dureza Brinell A Figura 95 apresenta uma relagdo aproximada entre nimeros de dureza e limites de resisténcia 4 tragdo para agos estruturais(63). ROCKWELL GC ——~ 8 8 40 10 ROCKWELL B ——e 100 80 20 MPa 343 686 10291373 1716 Puree 2059 SS Y y g g Y & 36 70 105 140 175 LIMITE DE RESISTENCIA A TRAGAO, kaf/mm* 210 600 400 300 200 100 9 60 40 30 20 10 Figura 95 RelagSes aproximadas entre a resistéricia @ tragdo e diversas durezas para ago estruturais. 150 Tecnologia Mectnica Essas relag6es so, na verdade, multo aproximadas, como vérios estudos © pesquisas a respeito comprovaram. Assim, as curvas apresentadas devem ser unalisadas com certa reserva, ao mesmo tempo que sua aplicacdo é limitada apenas a acos estruturais. _A Tabela 20(64) indica as relagdes aproximadas de dureza e resisténcia A tagto para ago. $ Conclusbes A determinagdo da dureza dos metais é um método de controle de qualidade muito importante na engenharia e na inddstria, para verificagaio das condig6es de fabricagdo, tratamentos térmicos, uniformidade de materiais etc. Para pegas fundidas e forjadas emprega-se geralmente 0 método de ensaio Brinell, a partir de amostras retiradas de varias partes das pegas para conferir sua uniformidade, Para pecas usinadas acabadas, utiliza-se 0 método Rockwell. Em pecas rompidas em servigo, 0 ensaio de dureza é muito Gtil, devido relagdo existente entre dureza e resisténcia a trago e A impossibilidade de, geralmente, nao se poder confeccionar corpos de prova para ensaio de tragdo, a partir de pedagos da peca fraturada. NOTA — A ABNT, por intermédio de suas publicagSes de 1976, sob mimeros PMB6O, PMB358 ¢ PMB3S9 apresenta uma revisio dos métodos de ensaio das durezas Brinell, Rockwell Vickers respectivamente. Entre as alteragdes propostas, € introduzido 0 conceito de “fora de ensaio F”, relacionada a “carga de ensaio P, TABELA20 RELAGOES APROXIMADAS DE DUREZA PARA ACO. Reietncin ene Dureze Rockwell ‘30N kg 100g 18" ° 1009 Brale 150ke Grale 100 kg ane" 80k rate Duress Brinelt ‘3000 kg store we Esters 10mm 1st FLUENCIA 1 Fenomeno’ da fluéncia © termo “fluéncia” define normalmente 0 fendmeno de deformacdo pléstica, lenta e progressiva das ligas metélicas, que ocore, a medida que a temperatura aumenta, sob carga constante, De um modo mais geral, a “fluéncia” é definida como a “deformacio crescente, com © tempo, sob carga constante”. O aumento da temperatura Geontua 0 fenémeno, porque a deformagio plistica torna-se progressivax ‘mente mais facil de iniciar-se e de continuar. Pelo fato do emprego das ligas metélicas a temperaturas superiores & ambiente ser muito comum na moderna engenharia, o estudo do fenomeno de fluéneia vem adquirindo cada vez maior importancia, podendo-se dizer que, eventualmente, em certas aplicagdes das ligas metélicas, a fluéncia sobrepuja a fadiga, como critério de avaliagao da fratura. (© fendmeno de fluéncia € significative nas ligas de aluminio a tempe: raturas acima de 150°C e nos agos, acima de 350°C (65). © chumbo, por outro lado, 6 sujeito ao fenémeno mesmo & temperatura ambiente. No fendmeno de fluéncia, as variveis que entram em jogo sfo: tensio, doformagdo, tempo e temperatura, 0 que indica a sua relativa complexidade fa possibilidade de ser tragado um grande niimero de curvas representativas do fendmeno. 152 | Fludnola eee no estudo da fluéncia, trés aspectos devem ser ressaltados do ~ deformagfo total por fluéncia, num dado i 1 , . tempo, que inclui defor- magio plistica devido a carga e deformagio plistica mais Tenta durante a ocorréncia do fenémeno; — velocidade de fluéncia, sob condig6es estdveis; —' tempo até a ruptura. Se se tragar um gréfico relativo a deform: i ‘ago por fluéncia, em fungio do tempo, a uma temperatura constante, uma curva pay : , obtém- a representada na Figura 96(65), a - LE DEFORMAGAD TOTAL Vo “velocidade de fluéncia | no estagio HII “t= tempo total | t eb = fluéncia clementar | ep= 6 +Vat= fludncia total no tempo t a: ! ty ta TEMPO t (horas) Figura 96 Curva tipica de fluéncia: deformagio Eem fungdo do tempo. Notam-se trés estgios: — primeiro estdgio I, correspondente & fluéncia “‘priméria”, “transitéria”” ou “logaritmica” Oa ty; , = — segundo estégio Il, correspondente a fluéncia “secundaria” ou “cons- tante” —t, atg; — terceiro estégio III, de fluéncia “tercidria”, até a ruptura — tz a tg. IS Tecnologla Mecinica Este ultimo estdgio, dependendo da carga ¢ da temperatura, nem sempre se faz presente. , Inicialmente, no estdgio primario, a velocidade de fluéncia € répida, até ir © estégio secundério, quando decresce (donde a expressfo “fluéncia logarftmica"), para novamente, dependendo das circunsténcias, aumentar a uma velocidade cada vez maior, até que ocorra a fratura ou até que o material comece a estrangular-se até a ruptura. A fratura tipica da fluéncia é “intercristalina” ¢ nao mais intracristalina, ou seja, no interior dos gréos. - A temperatura aumenta a velocidade de fluéncia, porque 0 escorrega- mento torna-se progressivamente mais fécil (como jé foi mencionado): a mobilidade dos dtomos aumenta rapidamente, as discordancias adquirem igualmente maior mobilidade e novos mecanismos de deformagio intervém. De fato, a .temperaturas baixas, 0 movimento das discordancias é inter- rompido pelos contornos dos gros ou por étomos impuros, de modo que a deformagao é menor. A maior mobilidade dos dtomos, a temperaturas mais elevadas, permite que as discordancias se interponham umas com as outras, desloquem umas as outras ou se destruam. Essa movimentagdo das discordancias é facilitada 4 medida que os dtomos e as lacunas se movimentam das discordéncias ou em diregdo a elas, permi- tindo assim um escorregamento ou fluéncia crescente(66), Desse modo, o infcio da fratura sob fluéncia ocorre no contorno do gro, pelo aparecimento de pequenas cavidades que, com o tempo, crescem se aglutinam, formando uma fratura que leva & ruptura. Aparentemente, as primeiras fissuras sio produzidas nos contornos dos gros, como a Figura 97 mostra(67). Essas fissuras se originam por deslizamento ao longo dos contornos dos gros, 0 que produz uma concentragfo.de tensio no ponto 0 (Figura 97). Outro modo de se originar a fratura no contorno do grdo consiste no aparecimento de cavidades ao longo desse contorno; essas cavidades crescem e se aglutinam, levando eventualmente 4 ruptura, O aumento das cavidades pode ser favorecido pela precipitago, no seu interior, de lacunas(67), A fratura intergranular tipica da fluéncia leva & conclusio que na utili zagdo de ligas metélicas a temperaturas elevadas em condigdes de fluéncia, cessas ligas devem apresentar preferivelmente granulagdo grosseira. ‘A temperatura em que ocorre a inversdo do comportamento do con- tomo do gro, no sentido de facilitar 0 movimento das discordancias e para a qual a fratura muda de “intra” para “intergranular” ou “intercristalina”, 6 chamada “temperatura equicoesiva”(66) (68), TENSAO DF THAGAG A Figura 97 Origem de uma fissura num canto de gréo por deslizamento do contorno de grio. Para agos de baixo carbono, essa temperatura 6 da ordem de 450°C, sendo maior para certos agos-iga'®8), Numa liga de composi¢o 77Cu, 22Zn e 1Sn é de 250°C e numa outra liga de composigio 59Cu, 40Zn e 1Sn é de 175°C(66). Abaixo da temperatura equicoesiva pode ocorrer um endurecimento causado pela deformacio (encruamento). Na hip6tese desse encruamento tornar-se predominant, o segundo estégio da fluéncia torna-se uma linha horizontal. A temperaturas superiores & equicoesiva, a velocidade de escorregamento sobrepuja o efeito do encruamento ea fluénciatem continuidade, mesmo sob baixas tensdes. A Figura 98(58) mostra algumas cprvas de fluéneia para ago-carbono a temperatura de 500°C. Um outro fator que pode facilitar o fendmeno de fluéncia é a mudanga de fases a temperaturas elevadas; contudo, depois que a mudanga se completa, pode-se originar uma menor velocidade de fluéncia. Voltando a Figura 96, dela pode-se extrair os seguintes dados'65) — tempo t, necessirio para desenvolver uma quantidade limitada de de- formagio €; ; — deformagdo €, desenvolvida num determinado tempo ts; — velocidade de deformagio tg cou dE/dt, durante o estgio secundario ou depois de um dado tempo ty; — tempo ty para inicio do estagio terciario; — tempo t, necessério para causar a ruptura do material. 150 Toorslogla Meatnica 0,018 tonto 7 kgtiinm? 6 kgf/men? 0,0010 3 — i 5 kath? 0,005, ~ 4 kgtimm? 0 5 10 6 tempo, meses Figura 98. Curvas de fluéncia para um aco-carbono. Como se vé, 0 estudo da fluéncia permite a obtengao de muitos dados, todos eles de grande utilidade para o engenheiro. No que se refere, por exem- plo, & carga ou tensdo, pode-se determinar (65): — tensio necesséria para produzir uma deformagdo total determinada, num dado tempo; — tenso necessitia para produzir uma velocidade-limite de fluéncia, num dado tempo; — tensdo necesséria para produzir ruptura num dado tempo. Os tempos podem ser: 1.000 horas (condigdes para um motor de foguete, por exemplo), 10.000 horas (condigées para um motor a jato, por exemplo), 100.000 horas (condigées para uma usina geradora de eletricidade, por exemplo). 2 Ensaios de fluéncia Tendo em vista as varidveis envolvidas no processo, © comportamento das ligas metélicas quando sujeitas ‘A fluéncia pode ser encarado sob dois aspectos: resisténcia a fluéncia e resisténcia 4 ruptura sob fluéncia(69) ; Fludnela st 2.1 Resisténcia a fluéncia Reprosonta u tensfo a uma dada tomperaturn que produz uma velocidade minima do deformagio de determinado valor Nos Estados Unidos, 0s parémetros que sffo utilizados sfo: tensdo para produ- zit umavelocidade de fluéncia de 0,0001% por hora ou 1% em 10,000 horas; ens&o para produzir uma velocidade de fluéncia de 0,00001% por hora ou 1% em 100,000 horas (cerca de 11,5 anos). O primeiro € mais comum para ligas de motores a jato; 0 segundo para turbinas a vapor ou equipamento semelhante. O ensaio de resisténcia & fluéncia fornece dados que so langados num gréfico log-log relacionando tensfo ¢ velocidade minima de fluéncia. Obtém-se linhas retas. Este ensaio é geralmente realizado sob tenses baixas para evitar o estégio tercidrio e raramente o tempo de ensaio chega a 10,000 horas (cerca de 1,1 ano). 2.2 Resisténcia 4 ruptura por fluéncia Corresponde 4 tensZo que, a uma certa temperatura, é necessdria para produzir um tempo para ruptura, geralmente 100, 1.000 ou 10.000 horas. Ocnsaio correspondente & semelhante ao de resistencia a fluéncia, somente que ele levado até a ruptura do material. Nele empregam-se cargas, maiores, resultando maiores velocidades de fluéncia. Este ensaio geralmente no supera um tempo de 1.000 horas (cerca de 42 dias). © dado basico que se obtém neste ensaio é “tempo necessdrio para causar a ruptura, sob a ago de uma determinada tensfo, a uma temperatura constante”. Este ensaio de resistencia 4 ruptura por fluéncia é realizado quando se deseja avaliar 0 comportamento de um material para emprego em condigdes de vida relativamente curta, como por exemplo, uma limina de turbina de um motor de avido a jato, porque, nessas condigdes de vida relativamente curta, o importante é saber se 0 material falhard ou no, de preferéncia & quantidade de deformagao que ele sofrerd(70), Portanto, as informagdes que curvas de resisténcia 4 ruptura por fluéncia podem fornecer sfo mais ‘iteis que as curvas comuns de fluéncia, para 0 projeto de determinados componentes mecanicos. 2.3 Dispositivos para ensaio de fluéncia O ensaio de fluéncia exige trés principais dispositivos: — forno elétrico com controle adequado da temperatura; — extensOmetro; — dispositivo de carga. 138 Tecnologia Mocduilea A Figura 99{88) representa esquematicamente o conjunto, sondo que o extonsOmetro, que nfo aparece na figura, é adaptado na parte inferior do corpo de prova. corpo de prova | Figura 99 _Aparelho para ensaio de fluéncia. Estes so de secco circular ¢ didmetros varidveis de 2,5 a 15 mm. O comprimento de medida deve corresponder a 4 didmetros. As superficies devem ser muito bem acabadas: macias ¢ isentas de riscos ¢ marcas de ferramentas. 0 corpo de prova é colocado no interior de um tubo de silica fundida ou alumina artificial, envolto por um enrolamento de fio de Ni-Cr. Recomenda-se que a maxima variagfo de temperatura nao ultrapasse mais ou menos 2°C, para uma média de temperatura de ensaio de 100°C e mais ou menos 3°C para temperaturas mais elevadas. Um par termoelétrico esté em contato direto com o corpo de prova. ‘A carga 6 geralmente aplicada por um sistema de pesos como a Figura 99 mostra. Fludncla sy Pura tragar as curvas de fluéncia, a carga ¢ a temperatura so mantidax constantes. © corpo de prova € inicialmente aquecido a temperatura escolhida. Depois que esta permanecer constante, determina-se o comprimento do medida e a carga selecionada & aplicada rapidamente, porém sem choquo. Resulta uma imediata deformagao a qual é principalmente eléstica. A seguir, em intervalos predeterminados, didrios ou semanais, os valores de fluéncia so determinados. Deve-se realizar pelo menos 50 observagdex de temperatura, adotando-se a média como a temperatura do ensaio. Como na pratica 0 tempo de servigo das pecas sujeitas a temperaturas acima da ambiente pode se estender por varios anos, torna-se problemstico realizar ensaios que cubram perfodos de tempo to longos. Assim, ainda que os ensaios ultrapassem centenas de horas, eles so de durago relativa- mente curta quando comparados a vida real das pegas. Desse modo e para ter-se uma idéia melhor das propriedades de fluéncia, 6 freqiientemente necessério extrapolar os dados obtidos nos ensaios de duragdo relativamente curta. Nesse caso, a fluéncia é calculada tragando-se uma tangente a extremidade da curva de fluéncia, em algum ponto do estdgio II, como estd indicado na Figura 96 (pagina 153). Assim, para um determinado tempo f (supostamente nao coberto pelo ensaio), a deformagao plastica ou fluéncia total Ep é determinada pela equagao Ep = €h + vot onde €} = fluéncia elementar = AB Vo = velocidade de fluéncia no estagio II + = tempo considerado A Figura 10068) mostra uma tentativa de derivar-se ou extrapolar-se dados tipicos de fluéncia. A parte (a) da figura mostra curvas de fluéncia em fungio de dados experimentais, para a temperatura de 425°C. O tempo de 2.000 horas equivale a pouco menos de um quarto de ano. As curvas de fluéncia extra- poladas para virias tensbes, para um perfodo de tempo mais longo (até 10 anos), esto indicadas na parte (b) da figura. Nao é recomendavel estender as extrapolagbes além de um alongamento de aproximadamente 1%; dese modo evita-se que as curvas se estendam demasiadamente em diregdo a terceira fase da fluéncia. Faz-se, ento, a partir de relagdes obtidas diretamente da figura (b) um terceiro grafico (c) em que 100 Tecnologia Mecdnica 0,10 fluéncia, % fluéncia, % 0 7000) 2000 tempo, horas ‘tempo, anos a) curvas de fluéncia originais bb) curvas de fluéncia extrapotadas para temperatura de 425° C para 425° C “ 10 i fluéncia 1,0% 3 10 08% fluéncia elementar tenséo, kgf/mm? 6 ql 2 ° 02 04 06 08 10 400 500-600-700 ~— «800 fluéncia, % ‘temperatura, °C 0) relagiies tonsdo-fluéncia 4d) relacdes tensio-temperatura para temperatura de 425° C para produzir uma fluéncia especificada em 10 anos Figura 100 Desenvolvimento de relagdes tensdo-deformacdo-temperatura de curvas de fluéncia. [Ftudnota Jot tons6os para produzit uma fluéncla espectficada num tempo fixado so langadas em fungfo de porcentagens de fluéncia para varios perfodos de tempo. Assim, por exemplo para uma fluéncia de 0,6% em seis anos, a tensfio permissivel para a temperatura de 425°C 6 de aproximadamente 90 MPa (6 kgf/mm_). Na parte (d) da figura, o grafico indica as relagdes entre tenséo e temperaturas para, num perfodo de tempo de 10 anos, produzir uma fluéncia especificada. NORTON'®) determinou as tensGes-limite de fluéncia para varios tipos de agos a diversas temperaturas de servigo, para um perfodo de tempo de 100,000 horas (cerca de 11,5 anos), para um alongamento de 1%. TENSAO-LIMITE DE FLUENCIA, MPa Os resultados esto apresentados na Figura 101. 150 s 8 > a 8 Py 15,0 125 6% Cr, 19% Ni, 1,1% Si 10,0 118% Cr, 8% Ni, 0,4% Si — £ Figura 101 600 700 800 TEMPERATURA, CO Tensoes-limite de fluéncia para vérios agos 102 Tecnologia Mectnica No caso do ensaio de “resisténeia a ruptura por fluéncia”, a informagto bisica que se obtém é, como jé foi mencionado, o tempo necessério para causar a ruptura do material, sob uma determinada tensio, a uma temperatura constante, Determinase igualmente o alongamento e a estric¢do na fratura. Obtém-se um grifico “tensfo-tempo de ruptura”, em escala logaritmica, como est esquematizado na Figura 102. 700 70 350 Co SS 35 35 3 kat fram TENSAO MP, 0000. 001 os = 1101001000 ‘TEMPO PARA RUPTURA HORAS Figura 102 Grifico esquemiético representativo dos dados obtidos no ensaio de “resis. téncia 4 ruptura” por fluéncia. As linhas obtidas so geralmente retas, devendo-se notar que quando ha uma mudanga de inclinagdo, esta deve-se ao fato de terem ocorrido fend- menos estruturais no material, como por exemplo, mudanga de fratura transgranular para intergranular (ultrapassagem da temperatura equicoesiva), oxidagao, recristalizagdo, crescimento de grio e determinadas mudangas de fases, como esferoidizagao, grafitizagao etc.(69), A Figura 103!71) apresenta dados de resisténcia 4 ruptura por fluéncia de um ago cromo-molibdénio-silicio, mostrando linhas tipicamente retas. 3 Curvas representativas de propriedades de fluéncia Além das curvas mostradas, serdo a seguir apresentadas outras curvas tragadas a partir de dados obtidos em ensaios de fluéncia. A Figura 104 corresponde, em grifico log-log, a valores de tenso em fungdo da velocidade minima de fluéncia, para a liga 16% Cr, 25% Ni, 6% Mo(69), A titulo de comparagdo esta incluida a curva para ago inoxidavel 18-8, Tensio, kofimm? 0,1 0,2 0406 1,0 10 100 ‘Tempo, em escala log, para ruptura, horas Figura 103 Gréfico esquemético representando a relagdo “tensiio de ruptura-tempo" para uma determinada liga. Tenséo, kgf/mm? b i; 02 03 05 1.0 0,01 0,02 0,05 0,1 Velocidade de fluéncia, %/1.000 h Figura 104 Gnifico log-log de tensio em fungdo da velocidade minima de fluéncia. MPs 104 Teenalogla Mevdnicw Paru a mesma liga 16-25-6, a figura 105 reluciona a deformagio ao tempo © A tensdo, A temperatura de 705°C. Cada uma dessas curvas indica a tensfo e 0 tempo necessérios para produzir uma certa deformagao. Volocidade de fuéneta, 94/1000 h 10 10. o.10 01 16% ey tendo, gtimn? 35 ° 100 1000 70000 700.000 tempo, h Figura 105 Curvas “deformacao-tempo” a 705°C para a liga 16 Cr-25 Ni-6 Mo. A Figura 1067") representa a relacdo tensfo-temperatura para trés tipos de ago, na base de uma deformagio por fluéncia de 1% em 100.000 horas. 15 T \ | 12,5 - 3S ‘Tonsao, kgf/mm? eel al 500550 600 650 700 750 600 Temperatura, °C Figura 106 Relagdo “tensdio-temperatura”, para trés tipos de aco baseada numa defor- ‘magdo por fluéncia de 1% em 100.000 horas: Fludncia 168 4 Recuperagfio e relaxagfo A oxprossfo “recuperago” 6, como jf s0 vit, geralmente empregada para exprimir a restauragdo das propriedades fslcus de metais encruados, sem que haja visivel mudanga da microestrutura, No fenémeno da fluéncia, a expresso significa uma certa recuperaglo da deformagdo, quando se descarrega um corpo de prova submetido a uma tensdo de fluéncia. A recuperagdo, na fluéncia, esta representada na Figura 10768), fluéneia sob carga amostra descarregada recuperacio eléstica recuperagio plastica mudanga de comprimento ‘deformacio eléstica deformacio plastica permanente ‘tempo Figura 107 Recuperagao da deformagdo, apds descarregamento, Notase que uma deformagio plistica relativamente apreciével perma- nece. A quantidade de deformagdo permanente depende do tempo de carga, da temperatura e do valor da tensdo. A “relaxagdo” corresponde a uma queda gradual da tensio originaria- mente produzida pela deformagao, apés ter sido aplicada uma quantidade de deformagio no material sujeito a fluéncia. A Figura 108(65) jlustra o fendmeno para ago de médio carbono, as temperaturas de 300° e 500°C. De certo modo, é importante conhecer como o fendmeno prossegue com ‘© tempo, O exemplo seguinte ilustra melhor a matéria'®5): Um parafuso pode, tornar-se frouxo com o tempo a uma certa tempe- raturay"de modo que € conveniente determinar-se quando ele se torna peri- gosamente frouxo, ou a freqiiéncia com a qual ele deve ser reapertado ou, finalmente, como deve ser apertado inicialmente para evitar 0 risco de afrouxamento. 166 400 7 1% — : 30 a £ ' : 2» : a e 10 0 ‘TEMPO, DIAS Figura 108 Curvas de relaxagdo para aco médio carbono. Curvas cheias para 300° curvas trajetadas para 500°C. 5 Conclusées Os dados apresentados mostram claramente a importéncia do fenémeno de fluéncia. Nos tiltimos anos, muitas ligas metdlicas especiais tém sido desenvolvidas para suportar as condigdes de servigo que caracterizam a fluéncia, em com- ponentes de avides a jato, turbinas a gis, misseis, foguetes e reatores aucleares. O estudo da fluéncia tem sido baseado principalmente em tensdes de tragio. Contudo outros tipos de tenses devem ser considerados como com- pressto, dobramento, torgdo, além da presenga de esforgos combinados, como 0s que ocorrem em tubulagdes sujeitas a tensbes de tragdo axial e presses intemnas, ou a presses internas e dobramento ou a presses internas e torgo ¢ assim em seguida. ‘A matéria € inesgotavel. A interpretagdo dos dados deve ser feita com muito critério, porque os ensaios so de longa durago exigindo muitas vezes a sua extrapolacao, pelo emprego de tensdes ou temperaturas mais clevadas, 0 que dificulta mais ainda uma avaliagdo absolutamente correta das informacdes obtidas. De qualquer modo, a determinagdo das propriedades de fluéncia é essencial para uma mais adequada seleco das ligas a serem empregadas a temperaturas acima da ambiente. CAPITULO Xt RESISTENCIA AO CHOQUE 1 Introduggo © “choque” ou “impacto” representa um esforgo de natureza dindmica, ou seja, a carga é aplicada repentina e bruscamente. Esse tipo de esforgo é muito freqiente em méquinas e pecas de maqui- nas e pode, eventualmente, aparecer em outros tipos de estruturas. © comportamento dos materiais sob a ago de cargas dindmicas difere, normalmente, do seu comportamento quando sujeitos a cargas esti- ticas, de modo que 6 muito importante para o engenheiro o estudo e a deter- minagdo dos efeitos do choque. O choque, mediante a aplicago repentina de um golpe sobre um corpo, envolve a produgio e a transferéncia de energia, ou seja, realiza-se trabalho nas partes que recebem o golpe. No mecanismo do choque, portanto, devem ser considerados ndo somente as tenses produzidas como, igualmente, o problema de transferéncia, absorgao e dissipagio de energia. Essa energia pode ser absorvida por deformagao pléstica das partes que recebem o golpe, ou por efeito de histerese nas partes, ou por efeitos de atrito entre as partes ou, finalmente, por efeitos de inércia das partes em movimento. Normalmente, nas aplicagGes em que pegas, méquinas e estruturas esto sujeitas a esforgos de choque, procurase criar condig&es para absorgaio da 167 108 ‘Tecnologia Meatntea cnergia tanto quanto possivel por melo de glo elAstica e utilizar um meio qualquer para amortecer e dissipar essa energia. _Nessas aplicagbes, a “resiliéncia”, ou seja, a capacidade de absorver enetiiz ni fase eldstica, 6 uma propriedade significativa, de modo que os dados de resiliéncia possiveis de serem determinados em ensaios estaticos so adequados. Por outro lado, certas partes de maquinas, motores e transmissOes de automéveis etc., devem apresentar “tenacidade” sob a agio dos esforgos de choque e, neste cas0, 0 estudo do comportamento do material sob a ago direta do choque pode ser muito util, embora, a rigor, ndo se consiga chegar auma conclusao definitiva. O fenédmeno de choque, finalmente, origina condigdes, como se verd mais adiante, para estudar-se a diferenga de comportamento de certos metais que, nas condigdes usuais de tensbes de tragZo, agem como materiais diicteis, mas que podem falhar de um modo frigil, em fungao principalmente da temperatura. Do que acaba de ser exposto, pode-se concluir que, embora apresente limitagdes e os resultados obtidos ndo sejam totalmente esclarecedores, 0 “ensaio de resisténcia ao choque” constitui uma ferramenta til e necesséria. Nem todos os materiais reagem aparentemente do mesmo modo, a0 receber o impacto de uma carga. A tenacidade que, como se sabe, corresponde a quantidade de energia necesséria para provocar a ruptura e que depende fundamentalmente da resisténcia e da ductilidade do material, parece ser independente do tipo de carga aplicada. Contudo, a velocidade de aplicagdo dessa carga, ou seja, a velocidade segundo a qual a energia é absorvida, pode afetar 0 comporta- mento do material. Por exemplo, em alguns acos, embora a tenacidade parega ser a mesma para cargas estéticas de tragdo e cargas dindmicas de impacto produzidas em amostras sem “entalhe”, o trabalho real para produzir a fratura por impacto é aparentemente 25% superior do que 0 obtido em ensaios normais de tragdo. Por outro lado, a tenacidade obtida em ensaio de choque no € neces- sariamente maior do que a obtida em carregamento estatico, como o exemplo acima dé a entender. De fato, em acos cromo-niquel, a tenacidade por impacto ¢ inferior a tenacidade por carga estatica'72), Um fator, portanto, a considerar 6 a velocidade de aplicagdo da carga. Alguns materiais so mais afetados do que outros por velocidades de choque altas e baixas, apresentando uma sensibilidade que é chamada “sensibilidade A velocidade”(72), Restuténcia a0 choque inv Finalmente, além do efeito da velocidnde, a forma da pega pode Influlr consideravelmente na resisténcia ao choque dos materiais. E por isso que, em barras simples de materiais dicteis, é necessirio unr entalhes, para que a fratura seja produzida com um simples golpe. Essas barry sem entalhe, pela agdo do choque, a temperaturas comuns, ndo romperiam., O entalhe promove concentrag6es localizadas de tenses muito elevadas, resultando que a maior parte da energia produzida pela ago do golpe 4 absorvida numa regifo localizada da pega, com a conseqiiente formagdo dla fratura frégil. Esse caracteristico de um material dictil comportar-se como material frigil quando rompido, na forma de amostra entalhada, é freqiientemente chamado “sensibilidade ao entalhe”. Desse modo, é comum verificar-se um comportamento diferente de certos materiais quando submetidos a ensaios de tragdo ou de impacto sob trago em corpos de prova nao entalhados: esses materiais podem apresentar propriedades praticamente idénticas em ensaios estdticos de trag%o ou em ensaios de choque em corpos de prova sem entalhes, mas revelam grandes diferengas no que se refere a “‘sensibilidade ao entalhe”. 2 Ensaios de choque O principio basico do ensaio é medir a quantidade de energia absorvida por uma amostra do material, quando submetida a agdo de um esforgo de choque de valor conhecido. 0 ensaio de choque determina, pois, em principio, a tenacidade do material. Hé diversas técnicas e equipamentos para determinar 0 comportamento dos materiais sob a agdo de choque. E possivel que outros sejam desenvol- vidos, no decorrer do tempo, dada a grande variedade de fatores que afetam ‘© mecanismo de deformagao e ruptura por impacto, tais como composigao, velocidade de carga, forma da amostra sob ensaio, temperatura etc. ensaio ideal seria 0 que conseguiria transmitir toda a energia do golpe a0 corpo de prova. Contudo, parte da energia € sempre perdida, quer por atrito, quer pela deformagio inevitével da massa que produz o golpe, quer pela vibragdo das varias partes da maquina e’assim em seguida. Como, por outro lado, os valores obtidos nos ensaios dependem da forma do corpo de prova, fica impossivel comparar-se resultados com corpos de prova de forma e entalhes diferentes. Desse modo, é necessério, nos ensaios de choque, qualquer que seja a maquina ou método adotado, sempre especi- ficar-se 0 tipo de corpo de prova que est sendo submetido ao ensaio. © choque pode ser aplicado sob flexo, tragdo, compressio ou torgdo. mais comum ¢ sob flexo. O golpe pode ser aplicado pelo emprego de um peso em queda, de um peso em oscilagdo ou por intermédio de um volante giratério, 170 Tecnoloxla Meotnica O método mais comum para os metals 6 0 do golpe mediante um peso em oscilago e 2 maquina correspondente é o “martelo pendular”, por inter- médio dos ensaios de “Charpy” e de “Izod”. A Figura 109 apresenta 0 desenho esquemético de um martelo pendular(73), mostrador ponteiro Figura 109 Desenho esquemdtico de um martelo pendular para ensaio de choque. Como se vé, 0 péndulo é levado a uma certa posigdo onde adquire uma energia inicial. Ao cair, ele encontra, no seu percurso, 0 corpo de prova, que rompe. A sua trajet6ria continua até uma certa altura, que corresponde a posigdo final, onde adquire uma energia final. A diferenga entre as energias inicial e final, medidas em kgfm ou kgf.cm ou kgfmm, corresponde & energia absorvida pelo material. Esse dado pode ser também representado em Joules. Retlsténla oo choque mt A mfquina 6 dotada de uma escala que indica a posig#o do péndulo o 4 calibrada de modo a indicar a energia potencial. As maquinas modernas so equipadas com instrumentagao eletrOnica e microprocessador que computa a distncia percorrida, a energia e outros dados que sejam desejados. Com os dados obtidos, pode-se construir um gréfico, relacionando carga e energia em fungdo do tempo. A Figura 110 mostra um grafico desse tipo'72). ruptura cageks energiaccgt mm | \ \ i i conus ‘tempo (min) Figura 110 Representagdes grificas das fungSes do choque. No ensaio descrito, quanto maior a quantidade de energia absorvida, maior a resisténcia ao choque ou maior a tenacidade do material. Dos imimeros tipos de corpos de prova recomendados, os mais empre- gados so os tipos “Charpy” e “Izod”, conforme a Figura 111 mostra. © corpo de prova Charpy tem um entalhe tipo “buraco de fechadura”; © corpo de prova Izod tem entalhe “em V”. No ensaio com corpo de prova Charpy, o golpe do péndulo oscilante ¢ desferido na face oposta ao entalhe. No caso do ensaio Izod, 0 golpe é des- ferido no mesmo lado do entalhe, como a figura mostra. im Tecnoloxla Mectnica be 58 mm ay — mm ————an tipo Charpy tipo Izod martelo 30° V7 ansto 40mm 60mm ensaio Charpy ‘ensaio Izod Figura 111 Corpos de prova mais usados para ensaio de choque e métodos para pren- dé-los nas méquinas de ensaio, + Outra méquina utilizada no ensaio de choque ¢ 0 “‘martelo de queda”, em que uma massa de conhecida energia cinética, cai de uma certa altura até a posiggo onde esté localizado 0 corpo de prova (ou pega, se 0 ensaio puder ser efetuado diretamente nela). O peso da massa varia de 10 a 200 kg ¢ a altura pode chegar a 2,5 m; contudo as mais comuns possuem uma altura de queda em torno de 0,60 m. A quantidade de energia que se ‘consegue nesse equipamento varia normalmente de 400 a 500 J. Pode-se utilizar nessas mquinas 0 corpo de prova tipo Charpy. ®Uma terceira maquina é 0 “volante giratério”, tipo “Guillery”, a qual 6 dotada de um cutelo que, quando a méquina atinge a velocidade especi- ficada, é solto e atinge o corpo de prova inserido no seu percurso. Finalmente, para ensaio de materiais mais frégeis, como agos para ferramentas, emprega-se 0 ensaio de choque por torgdo. A Figura 11274) jlustra esquematicamente 0 principio do choque por torgao. Retindncla ao choque nt DIREGAO DO MOVIMENTO | vis Figura 112 Representagio esquemética do principio do choque por torgao. Uma extremidade do corpo de prova presa numa morsa; a outra extre- midade esta engrenada com um cabegote que gira a uma certa velocidade de modo a tércé-lo até romper. A mudanga de velocidade do cabegote gira- trio ¢ utilizada para computar a energia absorvida. ‘A forma ¢ as dimensOes do corpo de prova, sobretudo o perfil do entalhe, podem afetar, como ja se mencionou, os resultados. No caso do entalhe, em particular, os dados da Tabela 21 indicam como o “raio da raiz” de um entalhe “em V" influenciam os valores da resisténcia a0 choque!?2), 3 Temperatura de transigéo A temperatura tem um efeito muito acen- tuado na resisténcia ao choque dos metais, a0 contrério do que ocorre na resisténcia estatica e ductilidade, pelo menos nas faixas usuais de temperatura. ‘A Figura 113(72) mostra a natureza geral da variagdo, com a tempe- ratura, da energia para ruptura por choque de um metal particular. A figura permite observar que, para um metal particular e um determi- nado tipo de ensaio, a fratura é frdgil, com pequena absoredo de energia, abaixo de uma temperatura critica, Acima de uma certa temperatura critica, as fraturas, para o mesmo metal, tornam-se duicteis, com muito maior absor- do de energia do que ocorreu a baixas temperaturas. eee 1M Tacnologla Meatnica - Resisténola ao choque : TABELA 21 360 - T EFEITO DO RAIO DA RAIZ DE UM ENTALHE EM V DE 45° NA 3 300 ONKC _ ENERGIA DE RUPTURA DE UM AGO COM 0,65% DE CARBONO = 7 001% e : & 250 Reto da riz do entahe Valores de rerstoncia 20 choque z | (prof. 2 mm) = 200 mm o [ttm 5 Tae ° agudo 54 0.55 _ & 180 0.17 95 0,95 = Osi%C 0,34 11,3 114 % 100 0,68 18,6 1,89 < 04s < 0.35) g % : La foe momar 1001000 ° 50 10 150-200 k———_4 TEMPERATURA, °C ——> ' Figura 114 Variagio da temperatura para a energia de impacto Charpy entathaio em fungéo do teor de carbono. Como se vé, nos agos-carbono comuns, a temperatura de transi¢o pode ser perfeitamente definida para os baixos teores de carbono. A medida que este aumenta, torna-se mais dificil essa definiggo, de modo que a determi- (oe nagio da temperatura de transigdo fica mais ou menos arbitraria. Por isso, | pode-se tomar como temperatura de transi¢do a correspondente 4 média de ! energia de impacto. para ruptura Energi fans rigs Outro dado que se extrai das curvas é que o aumento do teor de carbono resulta em diminuigdo da maxima energia de choque. f evidente também que acima da temperatura de transigao, a resisténcia ao choque tende a cair, embora lentamente, até que temperaturas relativa- mente elevadas de aproximadamente 600°C sejam atingidas, porque, nessas condigées, comega a intervir 0 fenémeno de fluéncia. Temperatura °C Figura 113 Natureza da variagdo, com a temperatura, da energia para ruptura nos en- saios de choque de metais, Num ensaio padronizado com entalhe “em V”, a faixa critica de tem- peratura ocorre aparentemente entre a temperatura de congelamento ¢ a temperatura ambiente. Para alguns metais, contudo, essa faixa pode esten- Entre essas te 1 pas, : 8 ss 5 lemperaturas, situa-se 0 que se convencionou chamar “faixa der-se a temperaturas bem inferiores 4 do congelamento. de temperatura de transiggo”, onde o cardter da fratura pode ser misto. i A temperatura de transiggo varia em fungdo de diversos fatores, por een para ee essa faixa de temperatura de exemplo: tamanho de grao grosseiro, encruamento e impurezas de natureza po ‘iar, em fungdo do teor de carbono. frdgil que tendem a elevar a temperatura de transigdo; tamanho de grao fino 176 ‘Tecnologia Mactntca ¢ tratamentos témicos que tendem a refinur a estrutura e tomar o metal mals dtictil; a adigdo de certos elementos de liga tende a melhorar a tena- cidade por choque, mesmo a temperaturas muito baixas. A Figura 11573) mostra, mediante dados experimentais determinados “por H, J, FRENCH, a variagdo da temperatura de energia de impacto CHARPY entalhado ou, em outras palavras, as temperaturas de transigao, para agos-liga com 0,40% de carbono, temperados e todos revenidos de modo a produzir a mesma dureza Rockwell equivalente a 35 RC. 120 2 g 100 Jano "| 9 = pao | Z pC a 8 i THO z = 4640 3 _ _ e 2 g 2 z = 3 ; 4 ia | 4 5 g gp 2 = 0 0 200 150-100 «50 0) 50 100150 ‘TEMPERATURA, °C Figura 115 Variagdo da temperatura de energia de impacto Charpy entalhado para acosliga com 0,40% temperados e revenidos. Cada ago foi revenido de mo- do a produzir a mesma dureza RC 35. Esses dados confirmam que a temperatura de transigdo depende nao somente da composigo como também da estrutura. 4 Conclusées Os ensaios de choque nos metais apresentam certas limi- tages, como jd se mencionou, principalmente se realizados em méquinas diferentes, porque podem ocorrer variagSes nas quantidades de energia transformadas em vibragSes de componentes das préprias méquinas. Isso porque as velocidades de golpe das massas em movimento para produzir 0 choque so diferentes e, principalmente, porque os corpos de prova sio diferentes. Rentetincia ao choque m Os fatores que tendem a causar num metal dictil o aparecimento de “fratura frdgil” stio(72); — um estado de tensio que mantém as tensGes de cisalhamento om valores baixos em relagdo a tensdes de tracdo; — uma localizagéo da deformagio, devido a presenga de descontinuida- des ou entalhes; — uma aplicagio muito rapida da tensio (ou alta velocidade de deformagdo); — temperaturas mais baixas; — certos tipos de estruturas e composigGes. CAPITULO XL ~ FADIGA 1 Introdugio Em pecas e conjuntos de maquinas que esto sujeitos a variagdes das cargas aplicadas, ocorre comumente o aparecimento de flutuagdes nas tensdes originadas. Tais tensdes podem adquirir um tal valor que, ainda que inferior & resisténcia estética do material, pode levar & sua ruptura, desde que a aplicag’o das tensdes seja repetida intimeras vezes. A falha provocada desse modo é denominada “falha por fadiga” Essas falhas se iniciam em determinados pontos que poderiam ser chamados “origens de tensdes”, tais como falhas superficiais ou internas do material ‘ou mudangas bruscas de configuracdo geométrica. Alguns outros fatos e teorias sobre as causas da fadiga serdo expostos mais adiante. A “fadiga” é, pois, um fendmeno que ocorre quando um membro sob tensio de uma méquina ou estrutura comega a falhar sob a ago de uma tensio muito menor que a equivalente A sua resisténcia estitica, se a ten: € de natureza ciclica ou alternada, Como se sabe, a estrutura metélica é constituida de um conjunto de cristais, com orientagdes a esmo. Numa pega sob tensio, alguns cristais podem atingir € ultrapassar seu limite eldstico antes que outros, devido a orientagio que permita 0 escorregamento de planos cristalograficos. Essa situagdo é agravada pela aplicaciio de esforgos ciclicos ou repetidos. 178 Do mesmo modo, nas mesmas condigdos de existéncia de tensdox cfelican, a fulha pode ser devida ao fato du distribuigso de tensdes de um cristul & outro nfo ser uniforme. Essas anomalias, mais a existéncia dos pontos “origem de tensdos” 0 outros fatores, desde que aliados a existéncia de esforgos alternados ¢ ropo- tidos, podem conduzir a formago de pequenas fissuras, as quais, com un sucessivas repetig6es das tensbes, se desenvolvem com o tempo, a partir dos néicleos onde surgiram, atingindo toda a seco. As falhas por fadiga sfo, por essa razfo, freqtientemente chamadax “fraturas progressivas”(75), Outro fator que provoca o aparecimento de tensdes altamente localizadas corresponde mudanga brusca de secgSes, como se verd mais adiante. Riscos superficiais, secgBes de roscas, pequenas inclusbes, diminutas bolhas de gés ¢ peculiaridades semelhantes ou outros tipos de defeitos induzem igualmente 0 aparecimento de tens6es altamente localizadas. « © estudo do fendmeno da fadiga ¢ muito importante na industria mecénica em geral, porque se admite que cerca de 90% das rupturas das pegas em servigo ocorre por fadiga. Pode-se dizer que a falha por fadiga € traigoeira, porque ela ocorre sem qualquer aviso prévio. A fratura resultante é do tipo frégil e nfo apresenta deformagao perceptivel. A olho nu, a superficie da fratura, que é geralmente normal & diregao da principal tensdo de tracdo, apresenta uma regio macia, devida a agio de atrito & medida que a fissura se propaga através de toda a secco, ¢ uma regio dspera correspondente & parte da pega que falhou de modo diictil, quando a sua secco no apresenta mais suficiente resisténcia para suportar a carga. Figura 116 Aspecto esquemético de uma fratura por fadiga, iniciada num canto vivo de um rasgo de chaveta de um eixo. 140 Tecnologia Mectnica A Figura 116 constitui uma represontagfo esquemética de uma fratura por fadiga. No exemplo apresentado, a fratura foi iniciada num canto vivo de um rasgo de chaveta de um eixo. A muptura por fadiga ocorre quando esto presentes: — uma tensio maxima de tragdo de valor suficientemente elevado; — uma variagio ou flutuagio suficientemente grande da tensdo aplicada; — um mimero suficientemente grande de ciclos de tens6es aplicadas. Os tipos gerais de tenses flutuantes tipicas do fendmeno de fadiga estdo indicados na Figura 117. O tipo (a) é chamado “ciclo de tenses completamente reversiveis” ou de forma senoidal; esse tipo de tensoes corresponde aproximadamente as tensSes que podem ocorrer num eixo em rotagdo, a velocidade constante e sem sobrecarga. Nesse tipo as tensdes méximas e minimas sfo iguais. Traco + Tensio — Compresstio —Tensfo + ‘ i & 1 Ciclos —— to Figura 117 Ciclos tipicos de tensdes de fadiga: (a) tenses reverstveis; (b) rensdes rrepetidas; (c) tensbes a esmo. Fat tat © tipo (b) corresponde wo ais tonsGes sffo de tracHo. clo repotido de tonsdes”, em que ambi O tipo (¢) corresponde ao “ciclo complexo”, como, por exemplo um ciclo relativo as tensSes que esto presentes em asas de avides sujeltox w sobrecargas periddicas e imprevisiveis, devidas a rajadas de vento. Da figura acima, onde os simbolos representam 0, = tensfo alternada ou varidvel o, faixa de tenses Om = tenstio média Onéx = tensdo mdxima Orin = tensdo minima pode-se tirar: % = Oméx ~ Smin o oe 2 on a ea relagdo de tensdes definidas por Omi R = 2h max Muitas teorias tém sido propostas para explicar o fendmeno de fadiga. Os comentarios até agora feitos representam, de certo modo, as opinides de diversos especialistas no assunto e sdo resultantes de dados obtidos em estudos experimentais. Embora o fenémeno da ruptura por fadiga ndo tenha sido totalmente esclarecido, algumas dedugdes, baseadas principalmente em pesquisas de laboratério, podem ser feitas'75)(76), Aparentemente, antes da fadiga, ocorre encruamento. OROWAN admite que regides diminutas e fracas existentes nos metais, como inclusGes e outras peculiaridades metahirgicas, podem se constituir em 4reas de orientagio favordvel de escorregamento ou dreas de alta concentragao de tensGes. Essas reas podem ser tratadas como regides plisticas numa matriz elistica. Desse modo, ciclos repetidos de tenses de amplitude constante promovem um ina Tecnologia Mecinica acréscimo de tensfo e um decréscimo de deformagdo, como resultado de um progressivo encruamento localizado. OROWAN admite ainda que a defor- mugo plistica total converge para um valor finito a medida que o nimero de ciclos de aplicago do esforgo tende para o infinito. Esse valor-limite da deformagdo plistica total aumenta 4 medida que aumenta a tensio aplicada no material. A existéncia de um limite de fadiga seria baseada no fato de que, abaixo de uma certa tensio, a deformagdo plistica total no pode atingir o valor critico necessdrio para romper o material. Contudo, se © valor critico da deformagdo plistica total for ultrapassado na regio fraca do material, devido ao valor da tens4o aplicada, formar-se-ia ‘uma fissura, a qual, criando uma concentragao de tensio, provoca a formagao de uma nova regio plastica, em que o processo é repetido, até que a fissura se torna suficientemente grande para provocar a ruptura. Segundo WOOD, o inicio da fratura é geralmente precedido por faixas de escorregamento. O aparecimento dessas faixas leva a um escorregamento mais concentrado e direcional que nos casos de esforgos normais. Produz ainda um efeito de movimentago em grupo de discordancias, em planos adjacentes e nas proximidades da superficie do material. Resultam os fend- menos indicados na Figura 118, ou seja, as faixas de escorregamento so produzidas por uma sistemética formagdo de finos movimentos que cor- respondem a dimensées da ordem de 10~7 cm e nio de degraus de 1075 a 10° cm observados em movimentos de escorregamento sob a ago de carga estatica. A Figura 118 mostra, na parte (a), 0 escorregamento devido a agio estdtica. A fadiga, mediante movimentos de escorregamento de vaivém, pode formar reentrincias (intrusdes de faixas de escorregamento) — parte (b) — ou saliéncias (extrusdes de faixas de escorregamento) — parte (c). J SS ——— (a) tb) c) Figura 118 Conceito de WOOD sobre as microdeformagées que levam a fissuras por fadiga: (a) deformagéo estética; (b) deformacao por fadiga que leva @ for- macdo de reentrincias (instrusdes); (c) deformagao por fadiga que leva a saliéncias (extrusses) provocadas por faixas de escorregamento. Factiga tat ‘Tal mecanismo possibilita a acomodugfo de aprecidvel total deformagno sem causar encruamento sensivel. Assim, 0 conceito de WOOD, de certo modo elimina a idéia de quo 0 falha por fadiga exige encruamento localizado; confirma a hipétese de quo a fadiga se inicia em regides superficiais provocadas por intrusdes e extrusdex de faixas de escorregamento. ‘Aparentemente, portanto, a falha comega como um fendmeno de cisalhamento. Aceito esse fato, explicar-se-ia a, proporcionalmente maior resisténcia & fadiga sob trago ou compressdo do que sob torgdo, porque a intensidade das tenses de cisalhamento sob trago ou compressio é numericamente inferior a da tensio principal. Um esforgo de tragdo facilita o desenvolvimento de uma fratura por cisalhamento; um esforgo de compressdo o atrasa. Em outras palavras, uma vez iniciada uma fissura, um esforco de trago acelera 0 processo de sua propagagdo, ao passo que a compress o atrasa. Finalmente, qualquer fator que tenda a aumentar a intensidade das tensdes, ou seja, ocasione concentragbes elevadas de tens6es, diminuird a resisténcia a fadiga do material, A influéncia é mais sensfvel quando a mudanga de forma ou alterago de seccGo das pegas leva 4 formagao de cantos vivos, saliéncias ou reentrancias ete. Essa elevada concentragdo de tensdes pode ser causada igualmente por descontinuidades estruturais internas, tais como fissuras internas, impurezas ndo metdlicas frageis, fases diferentes, estruturas de fase simples com contor- nos de gro fracos ou com tamanho de gréo muito irregular etc. 2 Ensaios de fadiga O princfpio dos ensaios consiste em submeter-se uma série de corpos de prova a cargas decrescentes, de valor conhecido, que produzam tensdes cfclicas ou alternadas e que podem levar 4 ruptura do material, depois de um certo tempo. No ensaio de fadiga, pode-se determinar dois valores: — limite de fadiga, que corresponde & tensio abaixo da qual uma carga pode ser aplicada repetidamente e por tempo indefinido sem que se produza ruptura; — resisténcia fadiga, que corresponde a tensfo para a qual o material falha apés um certo mimero de ciclos de aplicagao da carga. ‘As maquinas empregadas nos ensaios podem ser classificadas de acordo com 0 tipo de tensdes produzidas da seguinte maneira'77); aa ‘Tacnologla Meatniea - méquinas para ciclos de tenses axluls ({rugflo-compressio); — méquinas para ciclos de tensbes de flexio (dobramento rotativo); — méquinas para ciclos torcionais de cisalhamento; — méquinas para tens6es axiais, de flexio ou torcionais de cisalhamento ou combinagGes delas. Alguns exemplos de condigSes diferentes de carregamento esto esque- maticamente indicados na Figura 11978), 2 | (b) ( Figura 119 Algumas configuragies empregadas em ensaios de fadiga: (a) cargas simples, onde 0 momento de dobramento cresce em direpio a extremidade fixa; (b) carga dupla, em que ocorre um momento constante aplicado na seccdo central; (0) tragdo pulsadora ou carga axial tragdo-compressio. A parte (a) da figura representa a aplicagdo de uma carga simples na extremidade do corpo de prova mantido em balango. Nessa configuragao, 0 momento de dobramento aumenta a medida que aumenta a distancia do ponto em que a carga é aplicada. A falha ocorre no filete que liga a secgdo mais fina & maior. A parte (b) representa a aplicagdo de uma carga dupla, de modo que se origina um momento constante na secgo estreita do corpo de prova. Essas configuragdes de aplicagdo de carga e de corpos de prova so : recomendadas para determinar as caracteristicas de fadiga de comporentes mecanicos sujeitos a cargas rotativas simples. Fadiea ms Para simular condigBes de servigo que envolvam carregamento dirsto, quando a tensfo média é uma importante varidvel, recomenda-se 0 emprogo de corpos de prova carregados na diego axial, como estd indicado um parte (c) da Figura 119. E este 0 caso de carga em asa de avido, em quo as tensdes flutuantes se superpdem em ambas as tens6es médias de (rug (pelicula inferior da asa) e de compressdo (pelicula superior da asa). ‘As méquinas para ensaio de fadiga devem dispor de mecanismos de aplicago e medida da carga, assim como de um contador para medir ¢ registrar 0 mtimero de ciclos aplicados. Devem possuir igualmente um dispositivo que desligue automaticamente 0 contador quando 0 corpo de prova romper. © tipo tradicional de ensaio de fadiga corresponde ao sistema desen- volvido por WOHLER de dobramento ou flexfo rotativa, em que 0 corpo de prova é mantido preso apenas numa de suas extremidades, a outra ficando em balango ou com ambas as extremidades apoiadas em suportes especiais. No primeiro caso, carrega-se a extremidade em balango; no segundo caso, a carga ¢ feita por intermédio de dois mancais eqiiidistantes do centro do vao. A Figura 120(79) representa esquematicamente esse sistema. ‘mands a aa all AL Afi, ! Ae ae > mola nortecadora e eso (wo) [A= manca de exer x0 8 — mancal de etera de suspensto. a | pero Ado exuordo ext iad « pee junta flex(vel motriz ncia entre oeixo do peso {0 plano central do corpo de prove Figura 120 Representagdo esquemitica do carregamento para ensaio de fadiga por dobramento para rotativo: (a) sistema de balango Wohler; (b) sistema de dobramento rotativo sobre apoios Um motor gira 0 corpo de prova. As fibras superiores deste, que gira, esto constantemente sob compressio, a0 passo que suas fibras inferiores esto sempre sob tragdo. Tem-se, assim, a formacio de um ciclo completo de tensGes reversiveis em todas as fibras do corpo de prova, durante cada revoluca0. 180 Tacnologia Mecdnica O valor do esforgo na fibra externa 6 culculado pela equagdo M as v onde M = momento fletor = P*L P = carga aplicada L_ = distancia entre 0 eixo do peso da carga e o plano central do corpo de prova momento de inércia da sec¢o distancia da fibra externa 4 fibra neutra interna ‘A. carga inicial aplicada nfo deve ser menor do que a necesséria para desenvolver uma tensio equivalente a 3/4 da resisténcia a tragdo do material, A tensio aplicada na secgfo critica do corpo de prova é calculada a partir da carga usada, utilizando a férmula simples da viga. A velocidade de rotagGo, ou seja, a freqiiéncia de aplicago da tensto geralmente varia de 500 a 10.000 rpm(80), O proceso ¢ repetido para cada tipo de carga e tensfo resultante; cada corpo de prova é, pois, sujeito a tensdes decrescentes até a sua ruptura ou até que se tenha atingido um nimero especificado de ciclos de aplicagdo da carga. Verificase que, 4 medida que a tensio é diminuida, 0 tempo decorrido aumenta; chega-se, assim, a uma tensio para a qual, se 0 esforgo ciclico for repetido um némero infinitamente grande de vezes, 0 corpo de prova ndo rompe. A tensio correspondente é chamada “limite de fadiga”. Colocando em grafico 0 mimero de ciclos, em escala logaritmica nas abscissas ¢ as tenses em ordenadas, chega-se 20s conhecidos diagramas SN"), cujo aspecto é mostrado na Figura 121. Nota-se como é facil deter- minar © limite de fadiga, 0 qual corresponde a tenstio para a qual a curva S-N torna-se horizontal. “stress” = tensfo. nimero de ciclos. Tensao, kgf/mm? ON, imite de feign nO de ciclos (escala logar/tmica) Figura 121 Curva S-N de fadiga, O niimero de ciclos é especificado para cada material, de modo a nfo se prolongar demasiadamente o ensaio. Para agos, por exemplo, ensaiados a0 ar, os ciclos escolhidos se situam entre 10.10 e 20,106(80) ‘A rigor, entre as ligas metilicas, os agos de baixo carbono tém um limite de fadiga mais ou menos definido, ou seja, 0 aspecto da curva S-N 60 da Figura 121. Comportamento semelhante é encontrado em algumas ligas de aluminio envelhecidas por precipitagdo, certas ligas de titanio e de magnésio'81). Na maioria dos metais e ligas, entretanto, a curva S-N cai constante- mente, embora com inclinagdo decrescente, até atingir um elevado mimero de ciclos (10°, um dos mais altos aplicados em experiéncias de laboratério). No h, portanto, para esses materiais, um limite de fadiga definido. Neles, especifica-se a “resisténcia a fadiga”, para um determinado ntimero de ciclos(®"), Além do sistema mencionado de determinagdo da fadiga, existem inimeros outros sistemas assim como méquinas. Um esses outros tipos de maquinas est4 representado na Figura 122(77). O sistema 6 chamado “amplitude constante”. Como se vé, a manivela de curso € ajustavel e controla a carga, a qual é transmitida ao corpo de prova por intermédio da viga de transmissao. Para cada ensaio, 0 ajuste é constante e a carga sobre o corpo de prova € medida por deflexéo da viga de transmissio. O prato fixo regula, através de um 1h ‘Tecnotogla Meotnica geri pr carragumanto nttlen ot eto to coro de prove avi a3 er =. aia flexio de guia Loma Pd cd eco dace Vga de transmissbo Figura 122 Méquina de amplitude constante para ensaio de fadiga mecanismo hidréulico ou de parafusos, a pré-carga estitica. As placas de flexéo previnem qualquer movimento transversal do prato vibratério, de modo a assegurar um movimento sinusoidal num tnico plano. Nao cabe, dentro dos objetivos desta obra, fazer uma descrigao de todos 08 tipos de maquinas desenvolvidas no sentido de estudar o fendmeno de fadiga dos metais. Desde que a fadiga foi detectada como uma das mais importantes causas de ruptura de componentes mecinicos em servigo, 0 estudo do fenémeno tem sido objeto de muitos trabalhos e pesquisas, 0 que esté, aliés, comprovado pela farta literatura existente. Desse modo, seria de se esperar que constantemente se desenvolvam novos sistemas ¢ processos para avaliar 0 comportamento fadiga dos metais. Na verdade, como em qualquer outro método de determinagdo de propriedades mecénicas para controle de qualidade, o ideal seria medir-se essas propriedades utilizando-se pegas reais, em lugar de amostras ou corpos de prova especialmente confeccionados. No caso da fadiga, isso tem sido feito em alguns componentes de maquinas e veiculos, como molas, amortecedores etc. Na maioria das vezes, contudo, sf0 utilizadas apenas amostras e, dada a grande complexidade do fenémeno de fadiga, diferentes sistemas de aplicago de cargas, assim como corpos de prova de formas diversas. Geralmente 0 grifico S-N representa apenas uma curva aproximada que pode, inclusive, afastar-se muito do comportamento real do material. Para avaliar a resisténcia ou o limite de fadiga mais precisamente, introduziu-se Pada 10 © procedimento estat fstico, relatlvo wow resultados obtidos em ensaios de win determinado némero de corpos de prova, sob uma série de niveis de tonxdon devidamente escolhidos. Assim, se para cada nivel de tensfo, com um nimero suficiente de ponton representativos dos valores obtidos nos ensaios, se construir um gréfico onde, em ordenadas, é langado o mimero de corpos de prova que falharam ¢ om abscissas (em escala logaritmica) 0 mimero de ciclos, o resultado é a curva de distribuigdo normal, mostrada na Figura 123!82), INP de corpoe de prove Lor 55 60 65 70 75 80 85 90 loo Figura 123 Curva de distribuigdo da vida por fadiga. A partir dos dados obtidos nessa figura, pode-se construir um outro grafico onde familias de curvas S-N so tracadas, para diversas probabilidades de ruptura. O aspecto desse novo grafico esta representado na Figura 124(82)_ P= 0,99 P=0,90 P= 0,50 P=0,10 P=0,01 Tenséo S, kgf/mm? 104 108 108 107 108 109 Cielos N (em log) para ruptura Figura 124 Relagdes “resistencia & fadiga-cictos” para diversas probabilidades de fatha 190 Tacrologia Mectnica Na figura, a curva média P = 0,50 representa o valor médio da vida por fadiga, para cada nivel de tensfo. Isso significa que cada umas curvas'repre- senta uma probabilidade especificada de fratura. Por exemplo, para uma tensfo maxima de 280 MPa (28 khg/mm?) 1% dos corpos de prova romperia com um ntimero de ciclos entre 104 e 10° e 50% romperiam com um numero de ciclos superior a 10°, Em outras palavras, a representagdo do fendmeno de fadiga, sob 0 ponto de vista quantitative, ndo pode ser feita por intermédio apenas de valores isolados. A relago S-N deve ser considerada como uma familia de curvas, cada uma das quais corresponde a uma certa probabilidade P de ruptura. 2.1 Corpos de prova para ensaio de fadiga So intimeros, como jé foi mencionado, os tipos de corpos de prova empregados nos ensaios de fadiga'79) (83) (86), A maior parte compreende os tipos em que se procura evitar fatores concentradores de tensdo, tais como mudangas bruscas de forma, entalhes, filetes agudos, rasgos de chaveta, roscas, orificios e peculiaridades semelhan- tes, que dao origem a altas tensdes localizadas. Contudo, algumas vezes se colocam propositadamente certas dessas peculiaridades, como entalhes, exatamente com o objetivo de criar condi- ges de concentragdo de tenses, de modo a estudar sua influéncia no comportamento a fadiga dos metais. O termo freqiientemente empregado para definir essa condigao é “sensibilidade ao entalhe”. ‘As vantagens de tais corpos de prova entalhados reside no fato de que ‘os fatores de concentragdo de tensdes ndo podem ser evitados em pegas de méquinas e, em alguns casos, metais que mostram uma resisténcia a fadiga moderada, determinada em corpos de prova sem entalhes, mas com baixa sensibilidade ao entalhe, so mais aconselhaveis do que metais com resisténcia A fadiga maior, determinada em corpos de prova sem entalhe, mas com alta sensibilidade a fatores de concentrago de tensdes. Alguns tipos de corpos de prova empregados nos ensaios de fadiga dos metais esto indicados na Figura 125. 3 Fatores que influem na resisténcia & fadiga dos metais Os ensaios de laboratério realizados com o objetivo de determinar 0 comportamento dos metais a esforgos que produzam fadiga tém indmeras limitagdes, embora possam predizer aquele comportamento, tomadas as devidas cautelas, Além dos fatores jé mencionados, podem influenciar os resultados fatores como as condigdes de aplicagdo da freqiiéncia, a temperatura, acabamento e ptotecdo superficial, meio ambiente e intimeros outros. Serdo discutidos alguns aspectos ligados a esses fatores, considerando-se a sua influéncia, separadamente, em ensaios de laboratério. Fadia 101 aT corpo de prova R.R. Moore para ensaio de flexdo rotativa de apoio a | corpo de prova Schenck para ensaio de flexéo rotativa corpo de prova Schenck para flexdo plana corpo de prova Schenck de torgio Figura 125 Alguns tipos de corpos de prova para ensaio de fadiga. 3.1 Efeito da composigio e das condigdes de fabricagio 0 limite de fadiga depende da composigao, da estrutura granular, das condig6es de con- formagdo mecanica, do tratamento térmico etc. dos metais. A Figura 126'80) mostra 0s resultados obtidos para varios materiais. A Tabela 22'80) apresenta o limite de fadiga de algumas ligas, em dife- rentes condigées de fabricagéo. Esté igualmente indicada a resisténcia a tragiio, de modo a poder estabelecer a relagdo entre as duas propriedades, relacdo essa chamada “relagao fadiga”. 192 Tecnologla Mectnica 700 C 6/120% 6, temparado em 6le0 € oe revenido—} “600 60 : a¢0~ Cr ~ Ni temperado em éleo—] 600 . i ereveniio | qe SS zg a9 92 ~ CIOS 6, tempuado—| 490 é EB aol ——— — 300 barra de apo estrutural taminada S — . ~ 200 ae Ane 10) a ‘ota: ®-> indica que o corpo de prova no rompeu ol i i 104 108 108 107 108 9 de cclos para ruptura escala fon.) Figura 126 Curvas S-N tipicas para metais sob tensio de flexdo reversivel Como se verifica, nos agos a relagdo de fadiga varia de 0,40 a 0,50 mais ‘ou menos, a0 passo que nas ligas ndo-ferrosas é sempre inferior a aproxima- damente 0,30. Do mesmo modo, © tratamento térmico adequado aumenta nao somente a resisténcia estética, como também o limite de fadiga, principalmente nas ligas ferrosas. O encruamento dos agos diicteis aumenta o limite de fadiga na mesma proporgdo que a resisténcia 4 tracdo, o que nem sempre ocorre com as ligas naio-ferrosas. 3.2 Efeito da freqiiéncia da tensio cfclica Este fator vem sendo objeto de constantes estudos, principalmente devido a tendéncia de aumentar-se as velocidades das diversas méquinas empregadas no estudo do fendmeno de fadiga. TABELA 22 LIMITE DE FADIGA E “RELACAO DE FADIGA” DE VARIOS METAIS Fadlea ESR 8n8SEnkan STEAVAtIaaanana Ssodsssascecs % RAQAAKOROANAE B)§ |SRAgeRRESETSS 3 2 5 4/2 |egeroguggeorse | ¢ ZS /ARARANRBSEASH |B 8 3 % RReganwnana |» Slelgeedgeseasaan | 2 3 2 i : 2 |S8gsgasgeeese | esis a g i 3 E 3 2 i etese 2 § E253 88 3 Bere c58 2 a Bon ofo I 2 gigightd 3, |8 RES Eze OBO 3 oe eee ee s8sses8a Cee sovcudg oe EARN Sos fose ReeRRRRSeESS Beasgsuzsss Por isso, a nitretagdo é 0 processo de tratamento superficial mais efi- 8 ele 8 : . ¢ pe & g g 8 g 8 8 ciente ¢ preferido. A nitretagio, além de ser levada a efeito a temperaturas = bem inferiores as de cementagdo, no exige tempera posterior, diminuindo a © risco de empenamento. Além disso, 0 processo resulta em maior porcen- 3 e |a tagem de aumento da resisténcia a fadiga de pecas entalhadas ou com secodes a 2 lela % * diferentes, unidas por curvas de concordancia. < 2 £13 g 5 Pa 24/2 is 7 LESSELLS e PETERSON'®°), em corpos de prova de uma polegada a sé de secgdo critica (cujo desenho) esquemdtico da regifo central esté w He indicado na Figura 131 de ago Ni-Cr-Mo, com 260 de dureza Brinell no = é/3 8 x nicleo, submetidos a ensaio de dobramento rotativo, obtiveram os resultados RS =/* 5 que esto indicados na Tabela 28. sg °° uw 4 a ¢ 4 a 9 9 8 & x 9 4 Be Bseo S § “8 | d:ittse Hise iNiag i 2 Qs|ERRe§ ERRSE ERRSE 7 8 o see ees Ee 5 2 E6558 36552 S555% fea 2 os = 3 2 RAIO= 2972" Ralo= 2 12" < g : (a) TIP SEM CONCENTRAGKO DE TENSKO 8 EEE ee oe oe : 2 es e & a / gi 3 g . . Ler ilee 02 of ah 2 (8S XGe Bee I | #| se si ses aa J saio=09s" | (&) TIPO CoM CONCENTRAGAO DE TENSAO Figura 131 Parte central das barras utilizadas no ensaio de dobramento rotativo de fadiga. Tecnologia Mectnica 47.2 22,4 7 47,2 kgf/mm? fadiga MPa 472 224 497 472 1 1 1 1 kgf/mm? Resist. & tragio do nicleo 910 910 910 910 do barra néo nitreteda idem nitretada idem TABELA28 Raio de concordancia 0,08" 0,05" ” " ” eritica) Diam, da secgio < w a < 2 3 < o w a w = = a ° w c a 2 a 9 i oS < < & x = Zz < a ° Ee a . a Tipo de barra (Figura 134) (a) tb) (a (b) Fadigo 403 Notu-se a grande melhor provocuda pola nitretagio na barra (b), ou seja, com filete que produz concentragdo de tensflo. Na barra (a), a melhora nifo foi tfo sensivel, porque nola a distribuigso das tensdes é mais uniforme. A nitretagfo Lfquida ou em banho de sal produz, aparentemente, resul- tados mais satisfatdrios ainda, como a Figura 132(85) comprova. Isso porque a camada é ligeiramente mais espessa e contém, além do nitrogénio, carbono, © primeiro predominando ©. 7 “oe {a ie : Pes lo tS _ i See Figura 132 Efeito da nitretagdo liquida sobre o limite de fadiga de aco com 0,15% C.A “curva-base” corresponde aago ndo tratado, 0 qual submerido & carga de 25 kgf/mm? rompeu depois de 10 mithdes de flexes alternadas; a curva (1) corresponde @ ago nitretado a 600°C, 30 min e esfriado em salmoura; 4 curva (2) a ago nitretado a 570°C, 90 min ¢ esfriado em banko de sal; a curva (3) a aco nitretado a 570°C, 90 min e esfriado ao ar; a curva (4) ago nitretado a 570°C min e esfriado em salmoura. O esfriamento em sak moura, apbs a nitretagdo, & vantajoso. A Figura 133!80) explica, de certo modo, os motivos porque a nitreta- Go melhora a resisténcia 4 fadiga, mediante uma melhor distribuigdo das tensdes. Letty dor Figura 183 Efeito da nitretacdo sobre a distribuigdo de tenses resultando em me- Thora da resisténcia @ fadiga. 206 Tecnologia Mecdnica Como nas superficies endurecidas por nitretagtlo (assim como por cementagio), as falhas ocorrem sempre abaixo da superficie, na jungZo entre a camada endurecida e o micleo pode-se extrait da figura a seguinte equago = 1 (oe = Gat onde (o,); = aumento do limite de fadiga devido a nitretagao 8 = espessura da camada nitretada of = limite de fadiga do material do micleo Para 0 caso particular das barras com filete (ou seja, com concentragao de tensfo), da Tabela 28, tem-se: a=1" 5 = 0,025” (G), = 1/19 ou 5,3%. © tratamento mecdnico de jacto-percussio consiste em submeter-se as superficies metdlicas a uma corrente, sob pressio ¢ a alta velocidade, de granulos de ago ou outro material de.alta dureza. O resultado desse tipo de Dombardeamento sobre a superficie metélica consiste na formagdo de pequenas ¢ arredondadas depressdes, que causam como que um estiramento radial da superficie, com conseqiiente deformagio plistica desta no momento do contato(86), Esse efeito se estende até pouco abaixo da superficie a uma profun- didade que chega a 0,25 mm. Abaixo dessa camada deformada o metal nao esta deformado plasticamente. Os golpes dos grénulos sto seguidos de rebotes da superficie para que se restabeleca 0 equilibrio; nesse estado de equilibrio, a superficie metélica estd sob compressio residual, paralela & superficie, ao passo que o metal debaixo dela estd sob tragao. ‘As tensdes superficiais de compressio podem ser varias vezes maiores que as de tragdo e elas atuam no sentido de compensar ou contrabalangar uma tensio de trago como a que €é imposta por um esforgo de dobramento, o que melhora apreciavelmente o limite de fadiga. Por outro lado, operagdes de retificagio ou de tratamento térmico afetam a distribuigdo das tensdes na superficie metélica. O jacto-percussio, Nadia any além dos efeltos ucma oxpostos, atuu no sentido de molhorur a distribulyta dessus tons6es, oliminando poss(vols causas do aceleragfo dé fondmeno de fadiga. Finalmente, foi comprovado experimentalmente que 0 processo 6 multo eficaz na redugfo do efeito pernicioso da concentragio de tensOes cuumdaa por filetes, entalhes, defeitos superficiais, descarbonetacZo superflclu) sto. tratamento jacto-percusso ¢ muito empregado em molas hollcolduls depois de temperadas e revenidas. Outro ponto de grande significado pratico sob o ponto de vista da influéneia do tratamento superficial na fadiga dos metais est relaclonado com a diferenca entre os conceitos “resisténcia a fadiga” ou “limite de fadiga” e “‘vida por fadiga”. ‘A Figura 134'80) explica mais claramente esse fato. Tensfo (toa) superf nio-protegida ciclo de tenstes (log) Figura 134 Representagdo da vida por fadiga em superficies protegidas e ndo-protegidas. ‘A posiggo das curvas da figura estd representando corretamente a in- fluéncia do tratamento superficial, pois a superficie protegida apresenta maior limite de fadiga. A maior diferenga reside, contudo, no fato de que, estando mais deslocada para a direita, a “vida por fadiga”” do material repre- sentado por essa curva é maior. Em outras palavras, embora a resisténcia fadiga da superficie tratada nao seja muito maior do que a da superficie nao-protegida, como est indi- cado pelos valores de of ¢ of, a sua “vida por fadiga” é maior, como se pode ver pela diferenga entre AC e AB, acentuada pela diferenga de inclinagao dos trechos iniciais das duas curvas. 04 ‘Tecnologia Meatnica Vactiaa ov 3.8 Efeito do meio © meio ambiente produz nas substincias metal cas 0 conhecido fenémeno da corosto. A corrostio é essencialmente um processo de oxidacdo, ou seja, é necessiria a presenga de substancias oxi- dantes para que 0 processo se inicie e continue. A “‘corrosdo por fadiga”, portanto, é um processo que submete o metal §/ 28825822 agi simultinea de oxidagdo e tensdes cfclicas. | S8SSS5sss Ambos os fendmenos causam danos severos nos metais quando atuando separadamente, Desse modo, a agio simultinea dos dois fenémenos deve forgosamente causar danos muito maiores. e [EI R83ee9 2 No caso da corrosio simples, que poderia ser chamada estética, resul - ggg] err sse z tam certos produtos que aderem A superficie dos metais, os quais, em alguns g Bae Z casos, podem retardar 0 proceso corrosivo. Se, contudo, a corroso se so} =% & associarem tenses cfclicas, as tensOes resultantes tendem a quebrar ou tornar 2 $3). aa we mais permedvel qualquer -pelfcula superficial que se tenha formado, acele- = @ /S|/Ssssges 8 rando com isso o proceso corrosivo. ‘< A agdo conjunta das duas causas produz pequenas mas profundas crateras 7 que levam 4 formagdo de fissuras mindsculas, as vezes imperceptiveis e indis- ° Reece tintas das fissuras comuns de fadiga. a s/£| S8sn5Rees A Tabela 29(89) apresenta dados de resisténcia & fadiga de diversas ligas gR & : Hi ~ metélicas, sob condigées diferentes de meio ambiente. 4 8 73 Como se vé, todas as ligas sto afetadas pelo meio corrosivo, com excego 2 6 €|&ggeggess do bronze ao berflio e do bronze fosforoso, que sao ligas nao-ferrosas resis- roe tentes a corrosio. Admite-se, nesses casos, que o ligeiro aumento da 9 tesisténcia 4 fadiga ¢ devido 4 aca do borrifo, 0 qual atuaria como refri- q ok ee gerante em materiais caracterizados por alta resisténcia & corrosio. _ 2 |t| 'S3esesas Experiéncias realizadas por McADAM'®), em corpos de prova de ago < é ale Cr-Ni tratado termicamente, de modo a apresentar um limite de resisténcia 2 3s a tragdo de 980 MPa (98 kgf/mm”), submetidos a ensaios de fadiga em a 7 a. diversos meios e condigbes, mostraram os resultados indicados na Tabela 30. 2 £ ld] 83828883 @ Varios processos sio empregados para diminuir os danos causados pela © “corrosio por fadiga” ou “fadiga sob corrosio”. Geralmente deve-se ss 5 escolher materiais que possuam propriedades de resisténcia 4 corrosdo, de So oe preferéncia as propriedades relacionadas com a fadiga. Por exemplo, os agos see Say sinoxidéveis, 0 bronze ou a liga cobre-berilio provavelmente apresentario eo55k ese melhores condigdes de trabalho, quando sujeitos a aio simultanea de gebSS e235 corrosio e fadiga, do que os agos tratados termicamente. 288885588 f22265858 A aplicagio de revéstimentos superficiais metélicos ou ndo-metdlicos pode igualmente atenuar a corrosdo por fadiga, desde que as camadas prote- toras resultantes no sofram ruptura durante a aplicago de tensdes ciclicas. 210 Teenalogia Mecdnica TABELA 30 RESULTADOS DE ENSAIOS DE FADIGA EM DIVERSOS MEIOS E CONDIGOES Condigées do ensaio Sem corrosdo Corpo de prova submetido a ago de dgua potavel durante 10 dias e, em seguida, ensaiado & fadiga ao ar 320 32,0 Corpo de prova submetido a agéo de 4gua potavel durante 10 dias sob um esforgo alternado de 40 MPa, depois ensaiando a fadiga ao ar 270 270 Corpo de prova submetido a ensaio como no caso anterior, porém sob um esforgo alternado de 50 MPa 250 250 | Idem, idem, porém sob esforgo alternado de 60 MPa 220 22,0 | Idem, idem, porém sob esforgo alternado de 80 MPa 190 19,0 Ensaio de fadiga sob a corroséo em agua potavel 110 11,0 Os revestimentos de zinco e cédmio sobre 0 aco e os revestimentos de aluminio em algumas ligas de ferro mostraram-se eficientes em muitas apli- cages em que ocorre simultaneamente cortosao e fadiga. Contudo, em ensaios de fadiga realizados ao ar, tais revestimentos podem ocasionar até um efeito contrario, ou seja, uma queda da resisténcia A fadiga'®7) Resumindo: a nitretago € um dos meios m: superficial para reduzir a corrosdo por fadiga. eficazes de tratamento Alguns inibidores de corrosio igualmente atuam eficientemente. Fina mente, na corrosio por fadiga, é essencial um cuidadoso projeto das pegas para evitar concentragio de tensdes. 3.9 Efeito do atrito Quando duas superficies metilicas esto em contato miituo, como num conjunto mecfnico em que se realizou uma ajustagem forcada das partes, e ficam sujeitas a vibragdo, pode ocorrer um tipo de corrosaio chamado “corrosio por atrito”®), Vadiga a © fendmeno 6, de corto modo, mals relacionado com o desgaste, nn difere deste pelo fato das duas superficles estarem sempre em contalo o 4 sua velocidade relativa de movimentagio ser muito menor do que a encon- trada no desgaste. De qualquer modo, nessas condigdes hi uma combinagdo de varios fatores como desgaste, vibragdes e corrosdo que pode levar 4 ruptura por atrito. Na realidade, 0 fendmeno é causado por uma combinagio de efeitos mecinicos e quimicos, ou seja, 0 metal é removido da superficie por ado de esmerithamento ou por soldagem alternada com arrancamento de pat- ticulas soldadas. As particulas arrancadas ficam oxidadas, tornando-se um 6 abrasivo que continua o proceso de desgaste. O efeito da corrosao por atrito é a formagao de microfissuras superficiais. E claro que o fenémeno deixa de ocorrer se se eliminar o movimento telativo das superficies devido as vibragdes. Outro modo de reduzir esse efeito consiste no emprego de lubrificantes s6lidos, de modo a reduzir o coeficiente de atrito entre as partes em contato. Contudo, como nfo existem processos totalmente satisfatérios para eliminar a corrosio por atrito, é muito importante a adogio de cuidados especiais no projeto e construgio de componentes mecanicos em que o tipo de montagem pode causar o fendmeno. 4 Relagio do limite de fadiga com a resisténcia & tragao dos metais Este assunto j4 foi abordado quando se comentou a Tabela 22. Viu-se, na ocasigo, que essa relagao varia de 0,40 a 0,50 aproximadamente, podendo se estender 20,60. No caso de metais e ligas nao-ferrosos, cai abaixo de 0,40. Para 0 caso dos agos comuns, tem-se aceito o valor 0,50 como valor médio, Em corpos de prova com entalhes, a relagdo situase em torno de 0,20 a 0,30. 5 Outros tipos de esforgos Além das tensdes de dobramento ciclico, outros tipos de esforgos de natureza ciclica podem set exercidos nos materiais, de modo que seria titil para o engenheiro conhecer alguma pos- sivel relagdo entre os varios tipos de esforgos. Muitos estudiosos tém-se dedicado ao assunto, entre os quais FRANCE, GOUGH e IRWIN(20), Os resultados dessas pesquisas levaram ao estabelecimento da relagio entre tensio ciclica de dobramento e tensio ciclica direta, resultando na formula Limite de fadiga para tensio cfclica direta Limite de fadiga para tensfo de dobramento cicico ~ 85 CE SE ua Tecnologla Mecdnica No caso de dobramento ciclico e torgdo cfclica, estudos de MASON, MOORE, GOUGH e McADAM(®0) levaram a relagao. Limite de fadiga para torgdo ciclica Tinie de fadiga para dobramento cictico ~ 0504056 Na realidade, outro problema que surge na fadiga refere-se & presenga de tensSes combinadas, como dobramento ciclico simultaneamente com torgao ciclica, dobramento ciclico juntamente com torgéo constante ete. Nesses casos, costuma-se aplicar as teorias de resistencia, assunto que seré abordado em outro capitulo. 6 Conclusées Alguns exemplos de ruptura por fadiga em drgios de maquinas so apresentados na Figura 135(88), A parte (a) da figura refere-se a uma perna de unio de uma cabega de biela partida. A ruptura por fadiga na seccdo D € devida & tragio repetida e origina-se pelo efeito do entalhe produzido pelo furo de fixacao. A parte (b) da figura refere-se a uma coluna de prensa de 145 mm de diimetro, A ruptura por fadiga na seco D, devida a tragdo repetida, se situa no primeiro fio da rosca, originada pelo efeito de entalhe da rosca. A grande secedo residual G indica uma grande tensio nominal. A parte (c) da figura corresponde a uma barra de tragdo de um reboque de caminhdo, com 22 mm de diametro. A fadiga deu-se por flexio dupla. A parte (d) da figura corresponde a um eixo de alavanca com 125 mm de diémetro, rompido por flexdo centrifuga. A fratura coméca na forma de duas fissuras principais que partem dos furos By e Bz. No inicio a superficie de ruptura € fina e vai se tornando Aspera paulatinamente, em diregio & secgdo residual. Finalmente, a parte (2) da figura diz respeito a um eixo no qual, por torgdo, se originam tenses de tragHo e compressio nos bordos dos furos transversais, alcangando um valor maximo a 45°. Sob a influéncia dessa tensio uniaxial, a fratura por fadiga se apresenta a 45° em relagdo ao eixo. De acordo com HERTZBERG'®9), pode-se fazer as seguintes genera- lizages para melhorar a resisténcia a fadiga dos metais: — evitar, sempre que possivel, concentragao de tensdes; — introduzir tenses de compressdo residuais favoriveis, por meio de processos mecinicos, térmicos ou similares; (b) (a) D. D2 (a (d) (e) Figura 135 Exemplos de ruptura para fadiga em drgdosde méquinas at aa Tecnologia Mecinica climinar defeitos metalirgicos, tuls como inclusdes, poros, pontos moles (estes ultimos resultantes de tratamento térmico inadequado); selecionar os materiais metdlicos, de acordo com o ciclo de tenses: para aplicagdes com baixas tensGes ciclicas e onde a deformagdo pode ser mais facilmente controlada, prefere-se ligas de alta ductilidade; para aplicagdes com elevadas tenses ciclicas, envolvendo deformagdes ciclicas predominantemente elisticas, prefere-se’ ligas de maior resisténcia mecanica; sempre que possivel introduzir elementos de liga que reduzam a formagao de saliéncias(extrusdes)e reentrncias (intrusdes) resultantes da movimentaglo de discordancias e escorregamento; desenvolver microestruturas estdveis. CAPITULO XilI PROPRIEDADES E ENSAIOS DIVERSOS ‘As condigGes de servigo dos materiais metélicos levam, muitas vezes, a0 aparecimento de outros esforgos e tensdes de natureza mecanica, os quais ndo podem claramente ser definidos como pertencentes aos tipos de esforgos e tensbes estudados até o momento. ‘Assim, por exemplo, devem ser considerados caracteristicos tais como capacidade de amortecimento, resisténcia a0 dexgaste, capacidade de embuti- mento e usinabilidade. 1 Capacidade de amortecimento A resisténcia a fadiga dos matériais é propriedade ligada, como se viu, a flutuagdes de tensbes. As freqiiéncias que geralmente ocorrem nos casos comunss de fadiga sfo nZo-ressonantes. A prética mostra, também muito comumente, casos de ruptura por fadiga em que a tensdo a que as pecas sfo submetidas se aproxima da fre- qliéncia ressonante de vibragao. Os projetistas e engenheiros devem, portanto, levar em consideragdo as propriedades dos materiais em freqiiéncias ressonantes ou proximas a res- sonantes, além das propriedades de fadiga propriamente ditas. Esses tipos de vibragdes se verificam, por exemplo, em liminas de turbina, girabrequins, hélices de avigo ete. Nesses casos, deve-se estudar a chamada “capacidade de amortecimento”, além do estudo da fadiga. 2s 216 Tecnologla Meatnica, A “capacidade de amortecimento” pode ser definida de vdrios modo: — capacidade de um metal absorver ou amortecer vibragdes (tensdes ciclicas), por intermédio de atrito interno, transformando a energia mecdnica em calor; ~ quantidade de trabalho dissipado na forma de calor por unidade de volume do material por ciclo de tensio completamente reversivel; — redugGo ou supressio de vibragdes ou oscilagdes. Uma capacidade de amortecimento clevada reduz a amplitude da res- sonincia e reduz, em conseqiiéncia, as tenses. Nos projetos de engenharia, os dois aspectos ligados A capacidade de amortecimento que devem ser levados em conta sio(90): — absorgdo da carga dindmica — transmissio eficiente da carga dindmica. © primeiro aspecto € 0 que interessa mais diretamente ao engenheiro mecanico e nele deve-se procurar materiais com alta capacidade de amor- tecimento, ou seja, absorgao aprecidvel das vibrages originadas pelas cargas aplicadas. Um dos exemplos mais claros é 0 das maquinas operatrizes. A operago de usinagem, ao formar os “cavacos” produz uma vibracdo caracteristica que se transmite 4 maquina, devendo ser por ela absorvida rapidamente; do contrério, pode causar marcas na superficie do material sob usinagem, marcas essas que prejudicam o seu acabamento superficial. ‘A causa desses defeitos reside na vibragdo harmonica que se cria na carcaga da maquina. Nessas condigdes deve-se procurar para essa carcaga materiais com elevada capacidade de amortecimento como 0 ferro fundido endo, por exemplo, ago-carbono de baixo teor de carbono, de baixa capaci- dade de amortecimento, como esta indicado esquematicamente na Figura 136. A alta capacidade de amortecimento do ferro fundido cinzento deve-se ao fato de sua estrutura apresentar descontinuidades internas correspon- dentes aos veios de grafita, as quais constituem regides para dissipagdo local da energia vibracional. (© caso oposto, ou seja, transmissio eficiente da carga dindmica — menos importante para o engenheiro — é representado por um sino, que, para ressoar de modo eficiente, deve ser construido com material de baixa capacidade de amortecimento. Proprledades o enruton diverton G0 Ni FEARONODULAR I Figura 136 Representagdo esquemética da capacidade de amortecimento de algumas ligas ferrosas. As propriedades de amortecimento sfo freqiientemente expressas cm termos de “decréscimo logarftmico 519"). © decréscimo logaritmico é 0 logaritmo da relagio de amplitudes sucessivas Se estiver presente uma condigio de vibragao forgada na qual o material fica sujeito a uma amplitude constante, 0 decréscimo fracionério da energia de vibragdo por ciclo constitui uma medida de atrito interno. A energia de vibrago ¢ proporcional ao quadrado da’ amplitude de modo que o decréscimo logaritmico (Figura 137) pode ser expresso por aw é 7 onde AW = energia perdida por ciclo W = energia vibracional no inicio do ciclo. A Tabela 3191) mostra a capacidade de amortecimento, representada pela relagdo AW/W para algumas ligas metalicas. aa Tecnologia Mectnica Figura 137. Decltnio de amplitude de uma vibracdo amortecida 1.1 Ensaios de amortecimento Nao ha um método universal padro- nizado para determinar a capacidade de amortecimento dos materiais. Os métodos empregados so baseados na vibragdo de uma amostra do material, podendo-se empregar vibragSes de grande amplitude ou de pequena amplitude. Essas vibragdes podem ser causadas por esforgos axiais (compressio- tragdo), transversais (dobramento) ou torcionais'92), Os ensaios com vibragées de grande amplitude sfo realizados para fins de demonstragio, estimativa grosseira da propriedade e para ensaios de componentes, enquanto os de pequena amplitude sio empregados em pesquisa fundamental. TABELA 31 CAPACIDADE DE AMORTECIMENTO DE ALGUMAS LIGAS METALICAS Capacidade de amortecimento a varios niveis de tensio Aww 3,1 kgf/mm? | 4,7 kgf/mm? | 7,8 kgf/mm? (31 MPa) (47 MPa) (78 MPa) Ago-carbono (0,1% C) 2,28 278 4,16 ‘Aco Ni-Cr, temperado e revenido 0,38 0.49 0,70 ‘Ago inoxidével, 12% Cr 80 80 80 Ago inoxidével 18-8 0,76 1,16 38 Ferro fundido 28,0 40,0 - Lato amarelo 0,50 0,86 - ites cecscniunient it Propriedadere onion divertor = 210 A Figura 138 representa um dos Lipos de ensaio de grande amplitude, © 0 chamado sistema de “péndulo de mola”, em que um corpo de prova de secgdo retangular preso numa extremidade e em balango na outra & sub- metido a vibragdo tranversal livre. As vezes uma massa inerte é presa na extremidade em balango para manter baixa a freqiiéncia, massa inerte Figura 138 Representagdo esquemitica do sistema de vibragdo de dobramento em balango, para ensaio de capacidade de amortecimento. decréscimo relativo de amplitude de oscilagdo por ciclo é medido ou por instrumentagdo, ou mediante registro fotogrifico ou pelo tragado das oscilacdes. A capacidade especifica de amortecimento ¢ dada pela formula d= 25 em que 5 € 0 decréscimo logaritmico. 2 Capacidade de embutimento © “embutimento” & um caracteristico que esté intimamente relacionado com a plasticidade e a ductilidade dos materiais. 220 Tecnologia Mecinica Tanto a ductilidade como a plusticidade sflo caracterfsticos.niuito importantes em operagSes de conformagio mecinica a frio, como estam- pagem profunda de tiras e chapas metdlicas. A ductilidade de um metal € determinada de virias maneiras. Os valores de estricgdo e alongamento, sobretudo o primeiro, obtidos nos ensaios de tragdo constituem boas indicagdes desse caracteristico. Do mesmo modo, 0 ensaio de dobramento. Contudo, na conformago de chapas metdlicas, a sua plasticidade e ductilidade sXo melhor avaliadas se for possivel aplicar-se um ensaio que determine a sua “qualidade de conformago” que indica, com mais clareza que outros ensaios, 0 caracteristico de “deformagio plistica” durante a operago de conformagio profunda a frio. Os ensaios que melhor caracterizam essa qualidade so os “ensaios de embutimento”, porque, além de dar uma idéia mais precisa da capacidade de conformabilidade dos metais, permite verificar 0 seu aspecto superficial apés a estampagem a varias profundidades. Os ensaios de embutimento usuais sdo os de “ERICHSEN” e “OLSEN”. Esses ensaios so muito semelhantes e consistem em colocar-se uma chapa metilica entre duas superficies planas e forgar um pungao de forma semi-esférica sobre a chapa até que ocorra a sua ruptura. A Figura 139, na parte (a)'93) mostra esquematicamente o ensaio ERICHSEN. A chapa é mantida entre as duas matrizes em forma de anel, enquanto 0 pungio é forgado contra um dos lados da chapa. A altura ou profundidade do “copo” assim produzido é medida e serve para indicar a ductilidade ou “capacidade de embutimento” do material. Ao mesmo tempo, o exame da superficie da chapa deformada permite verificar se ela é perfeita ou se se tornou rugosa (aspecto “‘casca de laranja”), devido A granulagfo inadequada. A parte (b) da figura indica 0 ensaio ERICHSEN modificado segundo © Método Brasileiro P-MB-362 da Associagao Brasileira de Normas Técnicas. O ensaio OLSEN utiliza uma esfera de 7/8” de didmetro como pungio e uma matriz em forma de anel cujo didmetro varia de 1” para chapas de 1/16” de espessura a 1-1/2” para chapas de 1/4”. 3 Resisténcia ao desgaste O desgaste constitui um dos fenémenos mais sérios de destruigo dos metais, visto que todas as pegas de maquinas que se movimentam esto sujeitas a ele. Pode-se definir “‘desgaste” como um “fenémeno superficial que con- siste na deterioragdo mecinica gradual das superficies metdlicas em contato, mediante, por exemplo, o arrancamento de particulas pelo atrito”!94) _ Figura 139 Ensaio de embutimento tipo Erichsen. De um modo geral, o desgaste depende da natureza das superficies em contato, de modo que podem ser consideradas trés categorias de desgaste: ~ metal contra metal (desgaste metlico) — metal contra néo-metal ou substéncia abrasiva (abraso ou desgaste abrasivo) — metal contra liquidos e vapores (erosfo ou desgaste erosivo). aa Tecnologia Mecinica Do ponto de vista mecinico, o tipo de dosgaste mais importanto 6 0 dpsgaste metdlico. : Nesse caso, o fendmeno envolve a interferéncia mecdnica de diminutas projegdes ou asperezas da superficie, as quais produzem atrito quando ocorre movimento relativo das superficies em contato. Assim, pode-se imaginar o processo de desgaste da seguinte maneira: — quando duas superficies lisas esto em contato, o primeiro estagio do desgaste — ou seja, a penetragdo e deslocamento de pequenas part culas — € mais lento do que 0 que ocorreria se as superficies fossem rugosas. Quando as superficies em contato se movimentam umaem relagao a ou- tra, algumas das projegdes de uma das superficies penetram nas depres- sOes da outra; em conseqiiéncia, a resisténcia para ulterior movimenta- Gio é aumentada; se, entretanto,a forga motora for suficiente para man- ter 0 movimento, as projegdes e depressdes entrelagadassdo deformadas ¢ podem ser arrancadas, se o material for de natureza frégil. A Figura 140 esquematiza o fenémeno da maneira como foi exposto. VJ). —— Figura 140 Representagio esquemética do fenémeno de desgaste mecinico. Essa explicago leva A concluso que a dureza, a tenacidade e 0 acaba- mento superficial sio fatores necessdrios para limitar o desgaste metilico, pois quanto maior a dureza, torna-se mais dificil a penetragdo na superficie metilica; quanto maior a tenacidade, maior a resisténcia ao arrancamento de partfculas e quanto mais lisa a superficie, menos depressdes € projegies existem, Do mesmo modo, uma lubrificago adequada das superffcies em contato pode diminuir o desgaste. Em resumo, pode-se considerar que os principais fatores de que depende © desgaste sdo os seguintes'94): ~~ relacionados com o material: — dureza — tenacidade — constitui¢ao e estrutura — acabamento superficial — relacionados com as condigSes de servigo: — pressio — velocidade de movimento — temperatura — lubrificagdo — corrosio 3.1 Ensaios de desgaste Nao hd um ensaio universal para medir o desgaste e, em conseqiiéncia, para determinar a resisténcia ao desgaste dos materiais, principalmente devido ao grande mimero de fatores envolvidos no fendmeno. A tigor, 0 equipamento para determinar a resisténcia ao desgaste deveria ser desenvolvido para cada caso especifico, de modo a simular com maior realidade as condigdes de servigo. Para estudos pesquisas de laboratério, diversos equipamentos tém sido desenvolvidos. ‘A AMSLER, empresa sui¢a, por exemplo, desenvolveu uma maquina cujos principais caracterfsticos so os seguintes(4: — um conjunto de engrenagens que permitem sujeitar as amostras para ensaio (geralmente cilindros de 2” de didmetro por 0,4” de largura) a atrito de rolamento ou de escorregamento ou a uma combinagdo de ambos; — uma mola calibrada para ajustagem da pressio de contato entre as, amostras; — um dispositivo de came que pode produzir um movimento lateral de deslizamento entre as amostras ou produzir entre elas, se desejado, uma ago de martelamento; — um dinamémetro de atrito e unr indicador de torque ¢ um registro para medir 0 esforgo de atrito sobre as amostras e o torque de atrito desen- volvido durante o ensaio. Esta maquina foi projetada para ensaio de desgaste metalico. 244 ‘Teenoloxta Mecdntea © dosgaste 6 definido pela perda om tamunho ou peso das amostras, apis um certo perfodo de tempo, sob condigdes predeterminadas. Na verdade, nto hé ensaios de desgaste totalmente confiveis, a partir dos quais se possa tirar conclusbes definitivas. Ao lado dos ensaios de laboratério, diversos pesquisadores ligados a0 setor industrial, vém tentando encontrar solugdes préticas para problemas espectficos de desgaste. Alguns exemplos incluem(95): — método de avaliar 0 desgaste de cilindros de motor Diesel, devido a BOERLAGE, mediante a determinagdo, pela queima, do residuo de cinzas do 6leo lubrificante retirado do cilindro; ~ anélise espetrogréfica de amostras de 6leo retiradas do carter do motor de locomotivas Diesel elétricas, para determinagao do desgaste dos mancais do motor etc. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, o que indica que 0 campo de pesquisa do fendmeno de desgaste é muito vasto. 4° Usinabilidade Esta propriedade ndo € muito facil de caracterizar devido ao grande mimero de fatores envolvidos nas operagdes de usinagem. A definiggo mais simples da usinabilidade ¢ a seguinte: propriedade relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ter uma parte removida pelos processos usuais de usinagem, como torneamento, fresamento, furagio etc. A wsinabilidade pode também ser definida em termos de “vida da fer- ramenta de corte”, ou pode relacionarse com a “energia ou tempo neces- sérios para remover uma certa quantidade de material”. Os fatores envolvidos nessas propriedades sfo, entre outros: — natureza do metal sob usinagem — natureza do material da ferramenta — forma da ferramenta — condig6es de corte: velocidade, avango, profundidade — natureza da operagdo de corte: torneamento, fresamento etc. — natureza do corte: continuo ou interrompido — condigées de maquina operatriz etc. Os processos modernos de usinagem, entre os quais o de “eletroerosiio” esto, de certo modo, tornando menos importante essa propriedade dos metais. Propriedades ¢ ensuion dlivertox aaa Contudo, a produgo em muss de pegs a um custo cada vez mais balxe continua sendo uma exigéneia fundamental da inddstria mecdnica, de modo que a usinabilidade dos materiais deve ser encarada com o devido interesso. Por essa razio, grande atengo vem sendo dedicada a métodos de melhorar a usinabilidade dos metais e suas ligas, mediante principalmente a modificagio de sua estrutura. Geralmente, a operagio de usinagem produz dois tipos basicos de reta- Ihos metélicos ou “‘cavacos”, extraidos das pegas sob usinagem. A Figura 141 apresenta esses dois tipos. CAVACO, PECA SOB FERRAMENTA USINAGEM PECA SOB 4 USINAGEM © BLANCO Figura 141 Tipos de cavacos produzidos na operagdo de usinagem, Para remover o metal, a ponta da ferramenta deve penetrar sob sua superficie. A parte removida, ou seja, 0 cavaco, apresenta-se basicamente de duas maneiras: — se a liga é de natureza frégil, o cavaco é quebradigo, curto e facil de ser removido; — se a liga é de natureza duictil, 0 cavaco é longo ¢ pode criar problemas durante a operagdo de usinagem, dos pontos de vista de operagao propriamente dita, de desgaste mais répido da ferramenta, 226 ‘Tecnologia Mectntea 05 agos so um exemplo de ligas que geralmente formam cavacos longos. Para melhorar a sua usinabilidade e tornar mais facil a formagdo do cavaco, duas técnicas principais vem sendo empregadas: — modificagdo do desenho da ferramenta ~ alteragdo da sua estrutura. Assim, para melhorar a usinabilidade das ligas metélicas que possuem a tendéneia a formar cavacos longos, como 0s agos, tem-se procurado romper a uniformidade ¢ continuidade da estrutura cristalina, pela introduggo de componentes que formem solug6es de continuidade nessa estrutura — como © Mn$ e 0 chumbo — de modo a romper mais facilmente 0 cavaco, tornando a liga “de usinagem fécil”. Do mesmo modo, no ferro fundido, a excelente usinabilidade é devida a presenga de carbono em excesso, na forma de veios de grafita, distribuidos a0 longo de toda a matriz cristalina, os quais quebram a continuidade dessa matriz e produzem um cavaco curto, frigil e mais favordvel para a operagio de usinagem. 4.1 Ensaios de usinabilidade Existem varios critérios utilizados para medir a usinabilidade dos metais(96); — ensaios baseados na vida da ferramenta —~ ensaios baseados na forga de usinagem — ensaios baseados no acabamento superficial — ensaios baseados na produtividade — ensaios baseados na anélise dimensional. Os primeiros, baseados na vida da ferramenta, tém sido os mais empre- gados, porque esclarecem melhor a propriedade de usinabilidade. Estes ensaios podem, por sua vez, ser de curta ou longa duragfo, prevalecendo os primeiros, por serem de custo mais baixo. : Nesses ensaios as ferramentas de corte sio levadas até praticamente a sua destruigo, ou ao que se chama na pritica “‘queima”. Servem, contudo, somente para ferramentas de ago répido, porque os materiais de ferramenta de maior “‘dureza a quente”, como 0 metal duro e o material cerimico, no sofrem queima. Dentre os processos baseados na vida da ferramenta de curta duragao, hé 0 que permite medir 0 comprimento usinado. Em outras palavras, para cada velocidade de corte adotada, em geral elevada — para reduzir 0 tempo de ensaio~, mede-se 0 comprimento do cavaco retirado apés a “queima” da aresta de corte da ferramenta. Propriedadere enmbediveros 227 Nos ensaios de longa durago .. onde podem ser empregadas ferramontux de metal duro — -obtém-se as chamadas “curvas de vida da ferramenta’ ‘A Figura 142 representa esquematicamente 0 gréfico relative a casa curvas: as abscissas representam a velocidade de corte V em m/min e as ordenadas a vida da ferramenta T, em min, As curvas sio igualmente de utilidade para determinar a velocidade econdmica de corte e, indiretamente, ausinabilidade do material. Vida da ferramenta, min. Veloc. de corte v, m/min Figura 142 Representapdo esquemitica de curvas de vida da ferramentd para trés materiais de ferramentas, ‘Uma avaliagdo aproximada da usinabilidade de algumas ligas ferrosas ¢ nfo-ferrosas foi feita por BOSTON'7), em operagdes de furagio, fresa- mento e aplainamento; os dados obtidos em poténcia por polegada cibica esto expostos na Tabela 32. Esses dados sio aqui apresentados apenas a titulo informativo e nfo devem ser considerados definitivos, porque além de serem muito antigos, néo ha informagdes precisas sobre as condigdes de corte,.o material da ferra- menta etc. Em condigées de ensaio diferentes, é provavel que a ordem para algumas das ligas ensaiadas fique ligeiramente alterada. OE oe Speed ane Tecnologia Meatnica CAPITULO XIV TABELA 32 USINABILIDADE RELATIVA DE ALGUMAS LIGAS FERROSAS E NAO-FERROSAS Liga HP/poleg. cub. /min. Ligas de magnésio 0,30 Bronze para mancais 0,35 Liga de aluminio, 8% Cu 0,35 Lato de usinagem facil 0,38 Bronze eo mongents oa ESFORCOS COMBINADOS — Ferro fundido duro 0,60 TEORIAS DE RESISTENCIA Ferro maledvel 0,75 Lato amarelo, sem chumbo 085 ‘Ago de usinagem fécil encruado 0,90 Aco-C forjado, 0,20% C 1,12 ‘Aco ao Ni, 0,40% C 4,20 Cobre recozido 1,35 ‘Aco-ferramenta, alto C 1,60 ‘Ago de alto Cr e baixo C 1,70 ‘Metal Monel (Ni-Cu) 1,70 1 Teorias de resistencia O estudo das propriedades mecénicas dos materiais e, portanto, dos ensaios correspondentes, é baseado, de um modo geral, na aplicago de esforgos simples. Desse modo, torna-se fécil dimensionar componentes de méquinas, a partir de valores de tragdo, compressio, cisalhamento ou fadiga, proprie- dades bem conhecidas para uma grande variedade de metais ¢ ligas metdlicas, Por exemplo, no caso das ligas diicteis, o limite de escoamento (ou limite convencional ) em trago e no caso de ligas frigeis, como o ferro fundido, os valores de tensdo de ruptura séo tomados como critérios de falha do material. Contudo, na maioria dos casos de pegas e componentes de méquinas em servigo, atuam outros tipos de tensdes secundérias. Por exemplo, uma peca metilica sujeita a tragGo simples, possuindo um determinado limite de escoamento, poderd falhar a um valor inferior a esse limite, se estiver sujeita ao mesmotempoa uma tensao de compressdo perpendicular a de atragdo. Para avaliar os efeitos de tenses miltiplas ou combinadas, varias teorias de resisténcia tém sido propostas. Essas teorias serdo sucintamente analisadas, a seguir. Inicialmente sero consideradas as cargas estaticas. 229 a wen MO Teenobogla Meotntca Figura 143 Elemento tensionado triaxialmente. A Figura 143 representa um elemento sujeito a trés principais tenses ~ 0}, 02 @ 03 — as quais atuam mutuamente em faces perpendiculares. Admite-se que 0, > 02 > 03 ¢ que a tragdo é tomada como valor positivo © 8 compressdo como negativo. Admitese ainda que o material seja homo- géneo, isotrépico, ou seja, suas’ propriedades sfo as mesmas em todas as diregBes e sujeito 4s condigdes normais de ‘emperatura. Entre as teorias de resisténcia podem ser citadas as seguintes'98)(99)- 1.1 Teoria de RANKINE ou da “tensio maxima”. Esta teoria admite que a falha ocorreré quando qualquer uma das principais tenses atinge um valor critico, no importando a sua diregGo. Nos metais dticteis, o limite de escoamento 9, em tragdo simples coincide com o limite de escoamento em compressio simples. Esse valor é geralmente tomado como o “valor- limite” da tensdo. Desse modo a falha ocorreré quando ou onde 0, = limite de escoamento para compressio simples. Kaforeon combinador eorias de raxteténcia at Segundo TIMOSHENKO'®) yérios fatos contrariam a teoria, a subor — no caso da tragdo simples, o escorregamento se da ao longo de planos inclinados de 45° em relag&o ao eixo do corpo de prova, ou seja, em planos onde as tenses de tragdo e de compressio ndo sio maximas ea falha é causada, na realidade, por tensdes de cisalhamento; — por outro lado, um material homogéneo ¢ isotrépico, embora de pouca resisténcia a compressio simples, pode resistir a presses hidrostaticas muito elevadas, sem escoamento. Conclui-se que apenas a grandeza da tensfo maxima no deve definir a condigao de escoamento ou ruptura. 1.2 Teoria de SAINT-VENANT ou da “deformagio maxima” Nesta teoria, admite-se que a falha ocorrerd quando a maxima deformagdo (alonga- mento) se torna igual 4 deformagdo que ocorre em tragio ou compressio simples, no limite de escoamento, A representagdo algébrica da teoria é a seguinte: Ge BF (ato) =F E onde m = relagdo de Poisson, ou seja, relagdo da deformagdo na dirego transversal para a deformagao na diregdo longitudinal. Simplificando, tem-se 9, — m(02 + 03) = Oe Ainda segundo TIMOSHENKO'®®), essa teoria é duvidosa porque: — numa placa, por exemplo, solicitada a tragdes iguais em duas diregdes ortogonais, essa teoria indicaria que o limite de escoamento deve ser mais elevado do que no caso de tra¢do simples, visto que o alonga- mento em cada uma das duas diregdes é um pouco diminuido pela tragfo na diregao ortogonal, conclusio essa que no é apoiada por experiéncias; — experiéncias em corpos de prova sob pressio hidrostatica uniforme também contradizem essa teoria. 292 Tecnologia Mectnica 1.3 Teoria de “‘cisalhamento mfximo” De acordo com a mesma, a fulha ocorre quando a tensfo tangencial mfxima torna-se igual tensfo de cisalhamento maxima em trago ou compressfo simples. A representagio algébrica dessa teoria é a seguinte: : 6 ZG - 93) = =F porque a tensio méxima de cisalhamento é igual & metade da diferenca entre as tenses principais maxima e minima, ou (1 — 93) = Essa teoria se coaduna com as experiéncias feitas, principalmente em materiais dicteis e por isso ela tem sido empregada nesses materiais nos projetos de miquinas. Além disso ela é simples de aplicar. 14 Teoria de BELTRAMI ou da “energia-deformagio” ou do “trabalho de deformagdo maximo” Nel, a condigZo de falha ocorre quando a quanti- dade de energia de deformagio armazenada por unidade de volume do material € igual A energia no limite de escoamento em trago ou compressio simples, A sua representacdo algébrica é a seguinte: 2 7 m o aE (t+ oF + 03) — F (0102 + 0203 + 0305) = 2 Esta teoria presta-se a materiais frdgeis. 1.5 Teoria de HUBER ou da “energia de empenamento” De:acordo com esta teoria, a filha ocorrerd quando a energia de deformago elistica necessiria para provocar o empenamento do metal torna-se igual a0 valor da energia necessdria para causaro escoamento em trago ou compressio simples. + U0; ~ 02)? + (02 — 03)? + (6; ~ 03) +22 = CEB) Essa teoria é aplicavel em materiais dicteis. 2 Cargas cfclicas No caso de cargas cfclicas, 0 critério de falha é o limite de fadiga of. As teorias de resisténcia sfo aplicadas com as equagSes acima em base do limite de fadiga, em vez do limite de escoamento. ——— Kaforgon combinados - Teorias de resistancia ant 3 Escolha de uma teoria de resisténcla As teorias de “tensfo maxima" 0 “deformagdo méxima” sofrem restrigdes, como se viu. Contudo, elas podem eventualmente ser aplicadas para ligas frégeis. Para metais duicteis, a teoria de “cisalhamento méximo” 6 a mais ade- quada, recomendando-se igualmente para esses materiais, a teoria da “energia de empenamento”, Em resumo: — para metais diicteis, sob a ago de cargas estticas e ciclicas, as teorias de “cisalhamento maximo” e de “energia de empenamento” podem ser aplicadas; — para metais frégeis, como ferro fundido, pode-se aplicar as teorias de “deformagao mAxima” e de “energia-deformacao”. Para essas ligas, outra teoria que se recomenda é a de MOHR, a ser estudada mais adiante. A Tabela 3399) constitui um apanhado geral das equagdes representa- tivas dessas teorias. A obra de LESSELLS'99) da o seguinte exemplo pritico de aplicagiio dessas teorias: — Suponha-se uma barra de ago com um limite de escoamento cor- respondente a 25 kgf/mm? (250 MPa) em tragdo simples e que esta sujeita a uma tensio de tragdo estética principal equivalente a 0, kgf/mm? (MPa) ea uma tensio de tragdo estética secundaria de 8 kgf/mm? (80 MPa) em um plano em Angulo reto. Procura-se o valor de oy. Para cargas estaticas: — teoria “tensdo m4xima” — 0, = 25 kgf/mm? (250 MPa) — teoria “deformagao maxima” — 0, = 25+ 0,3 x 8,0 =27,4 kgf/mm? (274 MPa) — teoria “cisalhamento maximo” — 0, = 25 kgf/mm? (250 MPa) — teoria “energia de deformaggo maxima” — of +87—2x8x03 0, = 25? ousejac, =25,6 kgf/mm? (256 MPa) Oe nil Teonologla Mectnica % % =y 0 —m (0, + 05) % 95 GF + 0} + 2 — 2m (403 + 0905 + 050) TABELA33 =¢ % = carga exitica % 01 — m (0, + 03) 1-93 +B +A 2m (0,0) + 0203 + 0504) 4a VALORES COMPARATIVOS PARA CRITERIOS DE FALHA PARA CARGAS ESTATICAS E CICLICAS Teoria ‘Teneo méxima Detormagio méxima Cisthamento mimo Energia de deformaro ‘mdxima ‘empenamento Energia de eee Kiforgos combinadon ~ Teorlas de reritincia = 98. toorla “enorgia do emponamento” - 0} +8? — 8x 0, =25? ousola 0, = 27,3 kgf/mm? (273 MPa) Como se vé, hé uma relativa coincidéncia dos valores de o, obtilos mediante a aplicagdo das varias teorias. Se as cargas acima forem ciclicas, utilizase o valor do limite do fudlga no lugar do limite de escoamento. 4 Teoria de MOHR A teoria de MOHR leva em conta a diferengu de comportamento de metais diicteis e frégeis, quando sujeitos a cargas de trago e compressio. Ela pode ser considerada como o caso geral do qual a teoria de “‘cisulha- mento méximo” € uma aplicago particular, ou seja, essa teoria 6 uma extensdo da teoria de “cisalhamento maximo” aplicada em materiais outros que os agos. A teoria de MOHR aplica-se a casos de tensdes simples e tensdes combi- nadas e possibilita uma interpretagGo gréfica para ambos os casos. A Figura 14499) representa o caso de tensao simples. ty eh [Ss Figura 144 Distribuigao de tenses num elemento submetido a tragao simples. Para qualquer plano inclinado como MN, a tensio de tragao 0; pode ser decomposta em componente normal o,, ¢ componente tangencial o,, atuando em qualquer secgfo inclinada como MN. a te eee 296 Tecnologia Meatnioa Tem-s 2 0, = tensio normal em MN = 9, cos? or g, = tensdo tangencial ou de cisalhamento em MN = sen?a 2 = 0, senacosa = 0, ‘A representagdo gréfica correspondente est4 indicada na Figura 145. Figura 145. Circulo de Mohr para tragdo simples Nela 0 diémetro do circulo representa, em escala, a tensio de tragdo 01. ‘As coordenadas do ponto E, obtidas pelo raio vetor CE tragado a um angulo 2c em relagdo a AB representa a tensfo normal e a tangencial na secgo MN da Figura 144, 0, =AD = AC+CD = 9, cos?a sen? 2 oe =ED = ECsen?a = ‘Um exemplo de tensdes combinadas esta indicado na Figura 146, Nessa figura, as principais tensOes 0, € 02 produzem tenses normal e de cisalhamento em qualquer plano inclinado como MN a um angulo & com o plano 0, 0 qual pode ser obtido decompondo-se as tenses ao longo e perpendicularmente ao plano MN. Haforgor combinados -- T'eorlas de revisténcia 337 9s Zz cy % Figura 146 Duas tenses normais perpendiculares atuando mum elemento. Admitindo que a 4tea do elemento seja dA, para equilibrio estatico tem-se: F, =0 = 0; dA sen a+ o, dA cos a 0, dA sen @) F, =0 = 0, dA cos w+ 0, dA sen a 9, dA cos & () onde 01 € oO» = tens6es principais 0, = tensfo normal ao plano MN @, = tensio de cisalhamento no plano MN. Mediante varios attificios de cilculo nas equagdes (a) e (b), como dividindo por dA, multiplicando (a) por sen x e (b) por cos oe subtraindo e ainda multiplicando (a) por cos & e (b) por sen ce somando, chega-se as equagdes °, oy sen?art 09 cos? © = (0; — 02) sen woos a @ aga ‘Tecnologia Mectnica Por trunsformugfio de (¢) e (d), chega-so a ig = (AZ) +( AS) (cos 0) © “0, = AZ senta © Esses valores (e) e (f) sfio representados, pelo método de MOHR de acordo com a Figura 147(99), Figura 147 Circulo de Mohr para duas tenses normais perpendiculares Nesta figura, as principais tenses 0, e 0) so representadas em escala por OB e OA respectivamente. No ponto C correspondente ao valor médio de a; ¢ 6 traga-se um circulo; o raio vetor CE tragado a um Angulo 2a com AB completa o diagrama de MOHR. Como na Figura 146, as coordenadas de E na Figura 147 sfo iguais as tenses normal e de cisalhamento atuando no plano inclinado da Figura 146. Na Figura 147 eit mene Huforgos tombinados Teorias de renieténcla ay Na equagfo (f), ED Do mesmo modo tensfo de cisalhamento no plano MN. OD = 0C+CD ) cos? x eto), (o1=02 400), Foye ( e da equagio (e) OD = o, = tensio normal no plano MN. Os dois exemplos seguintes elucidam melhor a matéria: 4.1 Se um tirante est4 submetido a uma tensfo de tragio de 6 kgf/mm? (60 MPa) ¢ a intensidade da tensao de cisalhamento num plano inclinado ao eixo do tirante for de 1,5 kgf/mm? (15 MPa), quais so as intensidades da tensfo normal e da tensio resultante? Considere-se a Figura 145. Nessa figura, AB corresponde tenso de tragio ¢ o valor 6 kgf/mm? é langado em escala. DE representa a tensio de cisalhamento — 1,5 kgf/mm? — que é igualmente langado em escala. A tensfo normal 9, no plano inclinado 6 dada por AD = 5,5 kgf/mm? (55 MPa) e a tensio resultante 0, € dada por AE e equivale a 5,7 kgf/mm? (57 MPa). Do mesmo modo sen? a ED/EC = 1/2 ou 2a = 30° ou seja, o plano esti inclinado de 15° em relagdo ao eixo de tensio, 4.2. As principais tenses de tragio num ponto de uma placa através de trés principais planos so 0,3 kgf/mm? (3 MPa) e 6 kgf/mm? (60 MPa). Obter a componente normal e as intensidades de tensdes tangenciais e a grandeza e a dirego da tensfo resultante através de um plano principal e inclinado de 30° em relago ao plano submetido a tensio de 6 kgf/mm? (60 MPa). Considere-se a Figura 147. OB e OA sfo tragados em escala de modo a representar as duas princi- pais tensdes 0; € 02: O raio vetor CE é tragado a um Angulo 2 x 30° = 60° em relagdo a AB. 240 Tecnologia Mectnica Tem-se tensfo normal = OD = 5,25 kgf/mm? (52,5 MPa) tensdo tangencial : ED = 1,25 kgf/mm? (12,5 MPa) tensio resultante = OE = 5,4 kgf/mm? (54 MPa) a qual faz um Angulo de 76° em relagdo ao plano sujeito a 6 kgf/mm? (60 MPa). A teoria de MOHR estabelece igualmente que um niimero infinito de planos pode ser tracado através de um ponto que tenha a mesma tensio normal, desde que as tensOes 0), 02 € 63 atuem nesse ponto de um elemento, como a Figura 146 mostra. A Figura 148°9) constitui a representagao grifica MOHR de trés tensdes mutuamente perpendiculares. 4 Figura 148 Representagdo Mohr para trés tenses mutuamente perpendiculares. Nessa representagio, a tensfo de cisalhamento variaré de B até Ae a méxima tensio de cisalhamento corresponderd a0 ponto A, o que significa que de todos os planos tendo a mesma tensfo normal, a maxima tenséo de cisalhamento atuar’ naquele através do qual atuam as tenses inter- mediarias. Isto 6, a condigZo de seguranca nesse ponto é determinada somente pelo cfrculo mais externo e a tensdo intermediéria ndo tem qualquer efeito na condigdo de falha. Keforgox combinadox eorlan de resiaténcia at RelagBes diferentes de 0, ¢ 02 provocam tensdes-limite diferentes, de modo que as cutvas MOHR apresentam raios diferentes para diferentes relagdes de 0 € 0. Em fungdo das consideragdes feitas, a teoria de MOHR pode ser repre- sentada graficamente de acordo com a Figura 149, onde curvas como AB e A’B’ representam as curvas que envolvem todos os possiveis circulos correspondentes a estados de tensao. CISALHAMENTO PURO. compaessao ~ a Figura 149 Representagao grifica da teoria de Mohr. Cada circulo tangente a esse envoltério dard um dos possiveis estados- limite de tensGo. Nesses circulos, os raios representardo as tensdes-limite de cisalhamento e os pontos de interseceao. do cfrculo com o eixo das abscissas representaro as correspondentes tensSes méximas principais. A aplicagdo da teoria de MOHR em material frdgil como ferro fundido est representada na Figura 150!"0), onde oq = tesisténcia-limite de tragio og = resisténcia-limite de compressio ao =r (ont Logo AB =BE = BD =1/2 DE = 1/2 (“25-"2: cos 0 0, = tensio de cisalhamento limite = AC = AB cos 0 ou OnX Oy On + Oy Para ferro fundido, pode-se admitir para o, 0 valor 4 ¢,. aaa Teenologia Mectnica Entao 0, = 4/5 Om, © que significa que a relagdo tensdo de ruptura em cisalhamento para tensio de ruptura em tragdo é equivalente a 0,8. Aplicando essa tensdo-limite para 0 caso de toredo ciclica, a resisténcia a fadiga de materiais como o ferro fundido sera of = 0,8 0 onde of & © limite de resisténcia a fadiga e o, & 0 limite de resisténcia a tragio. Figura 150 Teoria de Mohr modificada para ferro fundido. 5 Ensaios sob tensdes multiaxiais Sob 0 ponto de vista pritico, nao ha métodos precisos para avaliarse os efeitos dessas tens6es combinadas. Apesar disso, tem-se tentado submeter os materiais metélicos a ensaios em que se procura simular tenses multiaxiais, empregando corpos de prova de forma e dimensdes especiais. Contudo, € dificil transferir os resultados obtidos para as condigdes Teais, mesmo porque a condicao de tenses combinadas é criada pela forma geométrica dos componentes e por outros fatores, inclusive eventuais cargas dindmicas, que alteram a intensidade das tensdes ¢ tomam sua determinagio pouco precisa ¢ sua interpretacdo duvidosa. ig Rao e Niforpor combinados - Teorlan da resisténcia mags Assim sendo, os ensaios empregados em laboratério com os objetivos acima, sfo de utilidade limitada e seus resultados devem ser examinados com muita cautela. Alguns ensaios simulados empregam tensGes de cisalhamento, super- postas em tensdes de tragdo e compressio, tensdes de tragdo biaxiais ou triaxiais, tenses de tragdo em corpos de prova entalhados, tensdes de dobramento igualmente em corpos de prova entalhados etc. Um dos ensaios de certa utilidade para o engenheiro é 0 que origina tensdes de tragdo biaxiais, pois leva o material a uma fratura frdgil. Para esse tipo de ensaio, dois tipos de corpos de prova foram desenvolvidos, os quais exigem adaptagio especial nas maquinas de ensaio de traggo!11), 5.1 Corpo de prova plano em forma de cruz A Figura 151 mostra esse tipo de corpo de prova, no qual se produz uma tensdo de tragdo biaxial na parte central. a | Figura 151 Corpo de prova para aplicapio de tensio biaxial na érea central Uma das limitagdes do ensaio reside nas tenses criadas nos cantos da secgdo central e em eventuais tensdes de dobramento, caso as cargas nao estejam perfeitamente alinhadas. 5.2 Corpo de prova cilindrico oco, de paredes finas, indicado na Figura 152. aad Tecnologia Meadtnica ! ! VO fpE PAARL LILLIE 7A Figura 152 Corpo de prova idealizado para aplicagdo de tens6és multiaxiais. Nesse ensaio aplica-se trago triaxialmente, numa méquina de tragdo e ao mesmo tempo cria-se presso de 6leo no interior do cilindro por meio de uma bomba de alta pressio. A tensio originada é tragdo biaxial, entre a carga axial as tensdes circulares devidas 4 pressdo do dleo. Hi uma terceira compo- nente de compressio, de pequeno valor, devida a pressio na superficie interior. A forma cilindrica do corpo de prova cria problemas, porque sua curvatura, quando a tensio atinge a fase pldstica, nfo assegura uma deformagao uniforme. 5.3 Corpo de prova com compressio superposta em tragio O sistema representado na Figura 153 permite, embora sem preciso, estudar os efeitos de compressdo superposta em tracdo. Nesse caso, 0 corpo de prova sob tragio fica sujeito a pressio hidrostatica a0 longo da superficie externa do seu comprimento de medida. 6 Tenses de trabalho Como se viu, a tensio utilizada no calculo e projeto de estruturas ¢ sempre inferior 4 tenso que provavelmente provocard ruptura. A relagdo entre a tensdo utilizada nos célculos (chamada tensio de trabalho) e a tensdo-limite real (que eventualmente produzir4 a fratura) é chamada cveficiente de seguranga, representado por k: Tensio de trabalho A escolha de k é muito importante ¢ depende de varios fatores, entre os quais, tipo de material, cargas estimadas, dimensdes dos componentes das méquinas ete. No caso de cargas estdticas, duas condigdes devem ser consideradas: tens6es simples ou tensdes combinadas. Kaforgor combinados Teorlas de resistencia ms 7 corpo de prova cilindro de pressio adleo N g Ns Figura 153 Sistema simulador de tensdes triaxiais. No primeiro caso, em que a tensfo pode ser de tragdo ou de compres- so, devese levar em conta também o fato de os materiais possuirem claramente um limite de escoamento (ou limite convencional n) ou no apresentarem 0 caracterfstico de escoamento, como os ferros fundidos. Para os metais dicteis, tomase para k geralmente o valor 2 e a tensfo- limite o limite de escoamento ou limite convencional n. Para metais frigeis, geralmente a tensio-limite € a resisténcia a tragdo eo valor k, por isso mesmo, é maior, variando de 4a 8. Quando as condigdes de servigo correspondem a temperaturas acima da ambiente, toma-se como tensfolimite a resisténcia 4 fluéncia. Para ago de médio teor de carbono, numa faixa de temperatura de 300° a 600°C, tem-se sugerido para k 0 valor 3!102), nil . 46 Teonoloyla Meatnica Kaforgos combinados « Teorias de reviaténcta 347 Para agos-liga, nas mesmas condigOox de tomperatura, & pode ser onde sreduzido a 2, desde que o valor para a tensflo do trabalho assim obtido caia ubaixo do limite de proporcionalidade naquela faixa de temperatura, s componente de tensfo varidvel No caso de tensdes combinadas, deve-se empregar uma das teorias de : Oj, = componente de teristo constante resisténcia estudadas. Por exemplo, para metais dicteis, a teoria da “energia Soe i i cud 5 : 4 of = resisténcia & fadiga de empenamento”. ou a de “maximo cisalhamento” e para metais frageis ade“MOHR”. A tensto de trabalho € dada pela equagdo { oy = resisténcia a tragdo k = coeficiente de seguranga. 1 Cae Para k adotase o valor 3. Para secgSes nfo uniformes, com concentragdo de tensdes, adota-se a Ode ej 8 teeclaae dee muds oof mie patie t resisténcia fadiga do componente diretamente ensaiado em condigdes de ee completa reversio de tens6es e para k 0 valor 3. Tratando-se de tens6es combinadas, adota-se uma das teorias de resisténcia, conforme se trate de metais dicteis ou frigeis e o valor de k mais adequado parece ser 3. Os valores de k so idénticos aos ja discutidos. Para condigdes normais de trabalho, pode-se adotar k igual a 2, porém em condigdes de concen- tragdo de tensdes, k deve ser aumentado. ‘ Na presenga de cargas ciclicas, 0 problema torna-se mais complexo, devido a natureza da flutuagao de tensdes. Quando se tem reversdo completa de tensdes (parte a da Figura 117, Capitulo XII), outros fatores que influem estdo relacionados com a presenga ou nao de concentragao de tenses. Mesmo no caso da secgdo ser uniforme, sem concentragdo de tensdes, 0 valor de k € maior que no caso de tensbes de natureza estitica, porque nas cargas ciclicas, quando se ultrapassa o limite de escoamento, ocorre fratura do material. O valor de k € tomado como 3 e a tensdo-limite como o valor da resisténcia a fadiga. Quando a secgao nao é uniforme e apresenta concentragdo de tenses, a resisténcia & fadiga do material fica reduzida, como é dbyio. Desse modo, deve-se adotar preferivelmente a resisténcia a fadiga do componente de méquina diretamente ensaiado. Para coeficiente de seguranga, adota:se © valor 3. Quando se tem tensGes flutuantes (parte b da Figura 117, Capitulo XID), ' deve-se considerar igualmente secgdes uniformes e ndo-uniformes. Para secgSes uniformes, sem concentragdo de tensées, GOODMAN'"02) propds a seguinte equagdo: QUESTOES E EXERCICIOS ~~~ —- — CAPITULOS Ia IV 1. Qual a diferenga entre “entalpia” e “‘entropia”? 2. A combinagao de gelo e d4gua é um sistema de uma fase ou de fases miitiplas? A agua contendo pequena quantidade de sal (NaCI) é um sistema de uma fase ou de fases miltiplas? . Por que a teoria de BOHR ¢ considerada como ultrapassada? Explicar a “ligagdo metélica”. 6xido de magnésio MgO tem uma densidade de 3,59 g/om®. Quantos 4tomos ao todo (Mg e O) existem em 1 cm? de MgO? 6. O coeficiente de dilatagéo térmica de uma barra de ago é 13,5.107° cm/cm/°C. Pergunta-se: (a) Qual a variagdo de temperatura necesséria para produzir a mesma alteragfo dimensional que a produzida por uma tensfio de 63 kgf/mm?? (b) Qual a variagdo de volume que essa mudanga de temperatura iré acarretar? . Um fio de cobre puro de 1,016 mm de diimetro é utilizado num circuito elétrico transportando uma corrente de 10 ampéres. Sua resistividade 6 de 1,7.10~° ohm-cm. Pergunta-se: (a) Quantos watts de calor so per- didos por metro? (b) Quantos watts adicionais seriam perdidos se 0 fio de cobre fosse substituido por um fio de latéo do mesmo didmetro, de tesistividade correspondente a 3,2.10~° ohm-cm? yee x 248 18, 20. . A distancia entre os planos (110) numa estrutura de reticulado ctib Quentove 6 exercioion any . Um flo do eobre de revistividude oquivalente a 1,7.10° ohm-cm possui um didmetro de 0,027 mm. Quantos metros de fio sao necessdrios para produzir uma resisténcia do 3,0 ohm? |. A massa espectfica do alumfnio é de 2,70 g/cm?. Pergunta-se: (a) Qual a massa_do 4tomo do aluminio? (b) Quantos étomos de aluminio hi num cm?? ). Sabendo que a massa especifica do cobre é 8,94 g/em?, calcular seu pardmetro de reticulado e sua distancia interatémica. . Determinar a massa especifica do cristal alfa do ferro, sabendo-se que (© peso atémico do ferro é igual a 55,85, 0 seu comprimento de aresta 62,9 Ke que um dtomo-grama contém 6,02.10?? étomos. . A prata apresenta um reticulado ctibico de face centrada e seu raio atémico corresponde a 1,444 A. Qual o comprimento do lado de sua célula unitaria? . Esboce duas células ciibicas de face centrada. Numa delas, indique todos os intersticios octaédricos e na outra os intersticios tetraédri Pergunta-se: (a) Quantos intersticios de cada tipo ha por oélula unit (b) Quantos intersticios de cada tipo hd por atomo de metal? centrado é 2,03 A Pergunta-se: (a) Qual o pardmetro da célula unitéria’? (b) Qual o raio dos détomos? (c) Quais os metais que podem ser considerados? . Calcular o raio do maior d4tomo que pode se localizar nos intersticios do ferro gama, sem provocar deformagao. . O diametro médio dos graos de uma amostra de cobre é 1,0 mm. Per- gunta-se: quantos étomos hé por gro, admitindo-se que os gros sejam esféricos? . A aplicagio de uma compressfo hidrostitica de 21 kgf/mm? no ferro produz uma mudanca de volume de 10%. Qual a mudanga que ocorre se a0 material for aplicada uma tensio axial correspondente a 63 kgf/mm?? Um corpo de prova de 12,83 mm de didmetro com 50,80 mm de com- primento original de medida carregado na faixa eldstica com 15.890 kgf. Verificase um aumento de comprimento de 0,35 mm. Seu didmetro sob a carga é de 12,80 mm. Perguntase: (a) Qual o seu médulo de compressibilidade? (b) Qual o seu médulo de rigidex? . Uma liga contém 85% em peso de cobre e 15% em peso de estanho, Calcular a porcentagem atmica de cada elemento. Se 1% em peso de carbono esté presente no ferro gama, qual a porcen- tagem das células unitérias que contém tomos de carbono? aso ‘Tecnologia Mectinica ee Por que os contornos de grios sfo mais rapidamente atacados que o interior dos gros? 22. Por que os contornos dos grios sio mais resistentes que os gros propria- mente ditos? 23. Explicar como as discordancias podem influir sobre a deformagao plés- tica dos metais. 24, Indicar a diferenga entre discordéncia plana e discordncia em espiral. Qual a diregdo de movimento de cada uma durante 0 escorregamento em relagdo ao vetor Burgers? 25. Em que pontos principais difere a deformago por escorregamento da deformagao por maclagio? 26. Explicar porque os médulos de elasticidade dos metais diferem de um minimo para um miximo. 27. Explicar por que o encruamento produz alteragdes nas propriedades dos metais, 28. Descrever 0 processo de recozimento de um metal encruado. 29. Qual a importéncia da regra “relagdo de alavanca” no estudo dos dia- gramas de constituigdo das ligas metilicas bindrias? 30. Quais so os possiveis métodos de estudo de ligas terndrias por inter- médio dos diagramas de constituiga0? CAPITULOS V a VO 1. Qual a diferenga entre uma propriedade sensivel a estrutura e uma propriedade nao-sensivel a estrutura? Em que categoria estao situados © médulo de elasticidade e 0 limite de escoamento? x Quais sio, algumas das mais importantes caracteristicas de resisténcia dos materiais? » . As propriedades de trago de um ago alteram-se com a quantidade de carbono presente. Entretanto, 0 médulo de clasticidade permanece constante qualquer que seja 0 teor de carbono. Explicar 0 porqué. 4. Os valores abaixo foram obtidos rio ensaio de tragdo de um ago, utili- zando-se um corpo de prova de compri igi i iprimento original d correspondente a 50,8 mm: a carga (kgf) 918 1816 2724 3632. 4540 5448 alongamento (mm) 0,017 0,034 0,0508 0,0676 0,0848 0,1016 carga (kgf) 6356 7624 8172 8172 5448 alongamento(mm) 1,27 2,286 3,048 12,7. 18,29 ~ Questder ¢ exarcicior ast carga no limite de proporcionalidade 5720 kef carga no limite de escoamento 6084 kgf carga maxima 8853 ket carga de ruptura 5448 kef alongamento total 18,3 mm didmetro do corpo de prova 12,8 mm comprimento original de medida 50,8 mm estricgao 63% Tragar o diagrama tensio-deformagio mostrando a fase elistica até o limite de escoamento e determinar: (a) 0 limite de proporcionalidade pelo método Johnson; (b) a variagdo obtida para este valor em relagdo aos dados obtidos no gréfico. . Uma barra metilica de 12,7 mm de diémetro suporta uma carga de 6810 kgf. Pergunta-se: (a) Qual a tensio a que esté sujeita a barra? (b) Se a barra possui um médulo de elasticidade de 21.000 kgf/mm”, quantos mm/mm a barra se deformard se The for aplicada uma carga de 6810 kgf? Num ensaio de tragfio de uma barra de ago-carbono com comprimento original de medida de 203,2 mm, foram obtidos, para dimetros minimos d, os seguintes valores de carga P, em kgf ¢ alongamento e, em mm: P 010,805 14,028 15,322 15,890 15,867 13,166 e 0 6,096 15,24 25,91 39,88 53,85 70,87 d 2301 2263 22,12 21,62 20,95 20,29 14,94 Tragar os seguintes diagramas: (a) de tensio-deformagio nominal; (b) de tensGo-deformagao real. |. Trés fios paralelos, cada um com 2921 mm de comprimento ¢ situados no mesmo plano vertical, suportam em conjunto uma carga de 1362 kgf. O fio do meio é de ago ¢ os fios das extremidades sfo de lato; cada um deles apresenta uma area de secgo transversal de 161,3 mm?. Depois de ajustar os fios de modo que cada um deles suporte 1/3 da carga, uma carga adicional de 6356 kgf é aplicada. Determinar: (a) tensfo em cada fio; (b) a proporgdo da carga total em cada fio; (c) 0 coeficiente de seguranga para cada fio, baseado no limite de proporcionalidade sob tragdo. $40 conhecidos os seguintes valores: — limite de proporcionalidade do fio de ago 24,5 kgf/mm? — idem dos fios de lato 14 kgf/mm? — médulo de elasticidade do ago 21,000 kgf/mm? — idem do latao 8.400 kgf/mm? asa Teenologla Meatnica 8, A massa expeetfica do ago & 7,87 g/em?, So uma barra de ago é suspensa verticalmente numa extremidade, qual serd_o maximo comprimento da barra para suportar uma tensio de 7 kgf/mm?? 9. Uma liga de aluminio possui um médulo de elasticidade de 7040 kgf/mm? e um limite de escoamento de 28 kgf/mm. Pergunta-se: (a) Qual a carga que pode ser suportada por um fio de 1,74 mm de diimetro sem que ocorra deformagao permanente? (b) Se uma carga de 44 kgf/mm? 6 suportada por 30,5 m desse fio, qual seré 0 alongamento? 10, Uma carga de 454 kgf aplicada num fio de ago de 2,40 m de compri- mento com {6,1 mm? de seccdo transversal ocasionou um aumento de comprimento eléstico do fio de 3 mm. Calcular: (a) a tensio; (b) a deformagao; (c) 0 valor do médulo de Young. 11. Qual a diferenga entre resiliéncia e tenacidade? 12. Quais os sig alongamento? ficados priticos da resisténcia a tragGo, da estricgao e do 13. Comparar 0 comportamento de um metal dictil com o de um metal frégil quando submetidos ao ensaio de tragdo. 14, Os dados abaixo foram obtidos no ensaio de compressio de ferro fundido: ‘Tensio (kgf/mm?) Deformagio (mm/mm) 2,8 0,00022 71,0 0,00055 10,5 0,00082 14,0 0,00110 21,0 0,00180 28,0 0,0028 Tragar o diagrama tensfo-deformagdo. Qual a mudanga que se verifica no médulo de elasticidade se se elevar a tensio de 14 para 21 kgf/mm?? 15. Qual 0 objetivo principal do ensaio de dobramento simples? 16. Explicar 0 conceito de médulo de ruptura. Qual 0 efeito do compri- mento do véo no médulo de ruptura de uma barra de ferro fundido para ensaio de resisténcia a ruptura transversal? 17. Em que tipos de materiais o ensaio de resisténcia a ruptura transversal 6 aplicado com mais freqiiéncia? 18. Os conceitos de resisténcia ao cisalhamento e resisténcia & torgdo so equivalentes? Quenttion ¢ exerctoion 25d 19, Discutir as vantagens ¢ as desvantagens do emprego de corpos de prova cilindricos cheios ou tubulares na determinagdo da resisténcia a torgao. 20. Quais so as principais diferengas entre as falhas por torgdo e por tragao? CAPITULOS IX a XI 1. Provar que a relagdo entre a carga P em kef sobre a esfera de penetragdo eo didmetro da esfera D em mm é dada por P/D? = constante. Qual © significado pritico dessa relagao? 2, Descrever o ensaio de dureza Brinell como € aplicado em agos e em metais e ligas ndo-ferrosos. Os valores assim obtidos podem ser relacio- nados com a resisténcia A trag4o dessas ligas? Se tal ocorrer, qual é a telago? Hi excegdes? 3. Quais so as limitagdes do ensaio de dureza Brinell? 4. Se uma impressio Brinell ou Rockwell for feita perto da extremidade da pega provocando um abaulamento lateral, o valor resultante de dureza ser maior ou menor que o valor verdadeiro? 5. O que a dureza escleroscépica mede realmente? 6. Sob o ponto de vista pratico, qual o ensaio de dureza mais recomendével? Por qué? 7. Discutir as relagSes existentes entre a resisténcia mecanica, ductilidade ¢ tenacidade. 8. Qual o caracteristico fisico de um material que pode ser determinado por um ensaio de choque? 9. Calcular a resisténcia ao choque de uma barra de ago de 3,8 cm de didmetro por 2,44 m de comprimento, admitindo-se o limite de propor- cionalidade do ago como correspondente a 21 kgf/mm? e o seu médulo de elasticidade como sendo de 21.000 kgf/mm”. Admitir a seguinte lagdo: 7 Up = 1/2(Lp)?/E.volume onde Up = energia de deformagdo em kgf.m, Lp = limite de propor- cionalidade do aco em kgf/mm? e E = médulo de elasticidade em kgf/mm?. 10. Determinar a tenacidade de um ago apresentando as seguintes proprie- dades: limite de escoamento = 60 kgf/mm?; limite de resisténcia a tragdo =94 kgf/mm? e alongamento em 2” de 20%. 11. Qual o significado de temperatura de transi¢go? Qual a sua importancia no emprego dos metais para usos especificos? asd Tecnologia Meotatca 12. Um peso de 500 kg cai 2,5 cm sobre u flange presa na extremidade inferior de uma barra vertical de 5,0 cm de didmetro e 3 m de compri- mento. Calcular: (a) a tensio desenvolvida; (b) a altura de queda se a tensdo-limite for de 7,0 kgf/mm?. Considerar E = 21.000 kgf/mm?. 13. Por que nos ensaios de choque, os resultados obtidos devem ser acom- panhados pelo tipo de corpo de prova empregado? 14, Discutir as semelhangas e as diferencas entre “escorregamento” e “fluéncia”, 15, Em que condigdes de temperatura e tempo, sob a acdo de uma determi- nada carga, pode ocorrer dano estrutural do material devido a fluéncia? 16. Como se origina e se propaga a fratura por fluéncia? 17. Qual o significado de “temperatura equicoesiva’"? 18. Quais sfo os principais dados que podem ser obtidos pelo estudo do fendmeno de fluéncia? 19. Quais as diferengas entre resisténcia A fluéncia e resisténcia a ruptura por fluéncia? 20. Explicar os significados de “recuperagao” e “‘relaxagio”. 21. Com base numa deformagio limite por fluéncia de 1% em 100.000 h em fungao dos resultados mostrados na Figura 106 (Capitulo X), determinar a temperatura aproximada para atingir essa deformagio por fluéncia para uma tensio de 3,5 kgf/mm?, para cada um dos tipos de agos apresentados. 22, Os seguintes dados de fluéncia foram obtidos em ensaios de ago- carbono-cromo-molibdénio a 455°C: Tensao, kgf/mm? Tempo, h “ 9,1 10,5 12,2 14,0 Fluéncia, % 0 0,02 0,09 0,109 0,21 250 0,03 O11 0,16 0,33 500 0,0365 0,122 0,174 0,384 750 0,0365 0,126 0,185 0,421 1000 0,0365 0,13 0,197 0,454 ‘Tragar as quatro curvas tempo-fluéncia para os dados acima. tC = Quentas exerotcion ass Os dados seguintes foram obtidos num ensaio fluéncia-ruptura de uma liga Inconel a 815°C: (a) alongamento = 1% depois de 10 horas; (b) alongamento = 2% ap6s 200 horas; (c) alongamento = 4%, apos 2.000 horas; (d) alongamento = 6% ap6s 4.000 horas; (e) inicio de estrangulamento da secco a 5.000 horas e ruptura a 5.500 horas. Qual a velocidade de fluéncia? CAPITULOS XI a XIV peo oe aw 2% i. 12: 5 « Quais so as condigGes necessdrias para produzir-se uma falha por fadiga? . Expor sucintamente as varias teorias propostas para explicat 0 fendmeno de fadiga dos metais. Comentar e concluir. . Quais as diferengas que se pode esperar do comportamento de dois metais, com a mesma resisténcia mecdnica, porém um diictil e outro frdgil, quando submetidos a cargas de fadiga? . Quais as conclusdes que podem ser extrafdas dos resultados obtidos em ensaios de laboratério relacionados com a fadiga? . Qual a diferenga entre “limite de fadiga” e “resisténcia 4 fadiga’”? Por que os tratamentos superficiais do ago, tais como nitretago ¢ jacto-percussio melhoram seu limite de fadiga? . Por que a forma das pecas sujeitas a0 fendmeno de fadiga ¢ considerado um fator eritico? que significa “corrosio por fadiga”? Um eixo de ago-carbono tratado termicamente de modo a apresentar uma dureza Brinell de 250 tem um didmetro de 7,6 cm e estd ligado a uma secedo reduzida de 7,0 cm de didmetro mediante um raio de con- cordancia de 3,2 mm. Se o eixo ficar sujeito a dobramento rotativo e se 0 limite de fadiga de um corpo de prova do material é de cerca de 35 kgf/mm? em ensaio de dobramento rotativo e se se tomar como coeficiente de seguranga o valor 2, determinar o valor da tenséo de trabalho. . Qual o significado pritico da capacidade de amortecimento?. Ha alguma razio fundamental para considerar a alta capacidade de amortecimento preferivel a uma alta resisténcia a fadiga? Quais os caracteristicos que sio avaliados pelos ensaios de embu- timento? Discutir 0 efeito do acabamento superficial sobre o desgaste de super- ficies em movimento. ase Tronologia Mecdnica |. Quuls so os fatores de que depende a usinabilidade dos metals? |. Como so obtidas as chamadas “curvas de vida da ferramenta”? . Dentre as varias teorias de resisténcia, quais as que se aplicam melhor aos metais frageis? . Qual a importincia da adogao de “coeficientes de seguranga” no projeto e ciloulo de estruturas e componentes mecinicos? BIBLIOGRAFIA: . RALLS, K. M., COURTNEY, T. H. e WULFF, J. Introduction to Materials Science and Engineering. John Wiley & Sons, 1976. P. 4 © segs. . CORREA DA SILVA, L. C. Prinefpios Basicos da Metalurgia — Curso especial patrocinado pela Associagdo Brasileira de Metais. 1959. P. 2-Le segs. | VAN VLACK, L. H. Elements of Material Science. Addison-Wesley Publishing Co. Inc., 1964. P. 38 e seg. REF. 3P. 17 seg. . REF. 1. P. 36 € seg. . AMERICAN SOCIETY FOR METALS. Properties and Selection of Metals — Metals Handbook. 8. ed., V. L, 1961. P. 24. . RUOFF, A. L. Materials Science. Prentice-Hall Inc., 1973. P. 268. . CHALMERS, B. Physical Metallurgy. John Wiley & Sons, Inc., 1962. oe |. SAMANS, C. H. Engineering Metals & Their Alloys. The Macmillan Co., 1949. P. 44. |. REF. 1. 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AL 00 Rid GRANDE 00 NORTE de Ady io ras Abrasio, 221 ACHENCK (corpo de prova), 191 Alfa (forma alotrépica, 23 ferro, 23 Alivio de tensdes, 56 Alongamento, 101 ‘Alotropia (ou polimortismo), 23 ‘Alotrépicas (formas), 23 Amortecimento capacidade de, 215 ensiio, 218 Angulo de cisalhamento, 42 Angulo de dobramento, 121 Angulo de torgio, 86, 129, 131 Aresta discordincia de, 32 Associagdo de étomos, 8 Atomo natureza, 5 impuro, 31 Attito efvito na fadiga, 210 BARBA (lei), 102 BELTRAMO (teoria), 232 Bilacuna, 30 BOHR (modelo), 5 BRALE (penetrador), 142 BURGERS (vetor), 33 Capacidade calorifica, 14 condutora de corrente, 15 de amortecimento, 215 de embutimento, 219 Carga(s) cfclica(s), 232 dindmica(s), 84 estdtica(s), 84 “Casca de laranja", 220 Cavaco(s), 225 Célula unitéria (cristalina), 19 CHARPY (corpo de prova), 171 Choque (ou impacto), 167 corpos de prova, 171 enstio de, 169 por toreo, 172 resistencia a0, 167 Ciclos de tens6es, 180 Circulo de MOHR, 236, 238 Cisalhamento, 43, 126 Angulo de, 42 esforgo, 42 médulo, 42 teoria, 232 Coeficiente de difusio, 66 Coeficiente de seguranca, 86, 244 Componentes (das ligas), 68 Compostos intermetilicos, 80 Compressfo, 85 ensaio, 116 resisténcia a, 115 tensio de, 116 Conceito de WOOD, 182 261. 202 Tecnologia Mecintea Condigdes muperficiais +, efeito na fudiga, 200 Cond tibilidade olétrica, 15 térmica, 15 Constitulgo da matéria, 1 diagramas de, 67, 69 Contorno de grio, 38 Conversfo de dureza, 148 Corpos de prova, 47, 112, 243 CHARPY, 171 IZOD, 171 no ensaio de choque, 171 no ensaio de fadiga, 190 no ensaio de fluéncia, 158 no ensaio de tenses multia no ensaio de torg#0, 129 no ensaio de tragdo, 112 Corrosio, 18 efeito na fad or fadiga, 208 resisténcia & corrosio, 18 Covalente (ligacd0), 9 Crescimento de gro, 56 Cristal, 19 Cristalino(s) defeito(s) ou imperfeigdes, 30 Cristalogréfico(s) diregSes, 25 planos, 25 Curva(s) de fadiga, 187 de fluéncia, 153 de resfriamento, 71,75 de vida da ferramenta, 227 tensio-deformagio, 105 208 DE BROGLIE, S Deeréscimo logaritmico, 217 Defeito(s) cristalino(s), 30 Defeito de massa, 7 Defeito de superficie, 38 Deformagao, 86 a frio, 52 a quente, 52 dos metais policristatinos, 50 elistica, 39 ‘maxima (teoria), 231 plastica, 43,220 or escorregamento, 43 por fhignela, 152 por maclagfo, 43, 48 sob torgdo, 129, 181 Densidade, 12 Desgaste, 220 abrasivo, 221 ensaios de, 223 etosivo, 221 metilico, 221 resistencia a0, 223 Diagrama(s) caiga-flexio, 123 de equilfbrio (ou constituigdo), 67, 69 de freqiiéncia, 88 geral tensio-deformagio, 94, 98, 104, 106 S-N (de fadiga), 186 torque-dngulo de torglo, 132 verdadeiro tensio-deformagio, 104 Didmetro atdmico, 6 Difusio, 66 coeficiente, 66 velocidade, 67 Dilatagdo térmica, 14 Dimensdes efeito na fadiga, 195 Diregdo de escorregamento, 44 Diregdes cristalogriticas, 25 Discordancia(s), 31 de aresta, 32 em espiral (ou em hélice), 35 Distenséo (linhas), 99 Distribuigdo de freqiiéncia, 88 Dobramento, 118 ensaio, 120 Dualidade “onda-corpisculo”, 5 Duetilidade, 86 Dureza, 134 Brinell, 138 ensaios, 137 esclerosospicas, 146 Knoop, 146 relagdo com a resistencia & tragio, 148 relagdes de, 148 Rockwell, 141 Rockwell superficial, 144 ‘Tukon, 148 Vickers, 144 EINSTEIN, 5 Elistica (deformagao), 39 Elasticidade limite, 97 médulo, 40, 95 EMtrica(s) (propriedade(s), 15 Elétron, 5 Elétron-valencia, 8 Embutimento ‘capacidade, 219 ensaios de, 220 Encruamento, 52 Energia de empenamento (teoria), 232 Energia-deformacio (teoria), 232 Energia livre Gibbs, 4 Ensaios de amortecimento, 218 de cisalhamento, 129 de choque, 169 de compressio, 116 de desgaste, 223 de dobramento, 120 de dureza, 137 de embutimento, 220 de fadiga, 183 de fluéncia, 156 de microdureza, 146 de resisténcia & ruptura transversal, 123 de torgio, 129 de tragio, 93 diversos, 215 mecinicos, 87 sob-tensbes multi-axiais, 242 Entathe(s), 169 sensibilidade a0, 190 Entalpia, 4 Entropia, 4 Equicoesiva (temperatura), 154 Equilibrio (diagramas), 67, 69 Equivaiéncia entre massa ¢ encrgia, 5 ERICHSEN (enstio), 220 Escala MOHS, 134 [Escalas ROCKWELL, 141, 144 Escoamento fenémeno, 98 limite, 99 Escorregamento Pacote de, 45 Planos de, 29 Vetor de, 33 Esforgo(s) ciclico(s), 84, 178, 180 combinado(s), 229 dinimico(s), 84 estatica(s), 84 Indice Analttteo 463 EspecificagSes, 87 Espiral (discordincia em), 35 Estado metélico, 11 Estricgio, 104 Estrutura (cristalina), 19 Eutético(a), liga, 73,74 ponto, 73 ‘Temperatura, 73 Fadiga, 178 ‘corpos de prova, 190 ensaios, 183 fatores que influem, 190 fendmeno, 178 limite, 186 relagio com resisténcia i tragdo, 191 resisténcia 3 fadiga, 187 sb corrosio, 208 vida por fadiga, 207 Fatha ddetil, 107 frdgil, 107 por fadiga, 178 Fase(s), 1 diagrama(s), 67 elistica, 40 mudanga de, 2 plistica, 43 Fator de entropia, 4 Fator de redugao da resisténcia, 197 Fator SCHMID, 46 Ferro alfa, 23 gama, 23 FICK (lei), 66 Fissuragio sob tensfo por corrosio, 4 Flecha, 123 Flexo (resistencia 2), 122 Fiuéneia, 152 ensaios, 156 fendmeno, 152 primaria, 153 resisténcia 3, 157 resisténcia & ruptura por, 157, 162 secundaria, 153 tercifria, 153 velocidade, 155 Forca magnetizante, 16 Forma (feito na fadiga), 196 Fragilidade, 86 204 Tecnologia Mectnica Vratura «, dGetil, 173 “Enigil, 173, 177 intercristalina, 154 ‘por fadiga, 179 por fluéncia, 154 por torgio, 133 por tragdo, 107 progressiva, 179 Freqiiéncia agrupada, 88 da tensio efctica, 192 histograma de, 92 ndo agrupada, 88 poligono de, 92 Gama (ferro), 23 GIBBS (lei das fases), 68 Gros, 21 crescimento, $6 medida do tamanho, 59 Grau de liberdade, 68 GUILLERY, 172 Grito do estanho, 50 HEISENBERG, 5 Hélice (discordancia em), 35 Hipereutético(a), 74 Hipoeutético(a), 74 Histograma de freqiiéncia, 92 HOOKE (lei), 95 HUBER (teoria), 232 Imperfeigdes cristalinas, 30 de linha, 31 de ponto, 30 de superficie, 38 FRENKEL, 31 SCHOTTKY, 31 Impressio (na dureza), 137, 141, 143, 145 Impurezas nos metais, 63 Indeterminaglo (teoria), 5 Indices de Miller, 25 Intermetdlicos (compostos), 81 Intersticialidade, 31 T6nica (ligagdo), 8 Istopos, 7 IZOD (corpos de prova), 171 Jacto-percussio efeito na fadiga, 206 JOHNSON (método), 97 KNOOP (durexu), 146 Lacuna, 30 Lei das fases, 68 de BARBA, 102 de FICK, 66 de HOOKE, 95 Liga(s) metitica(s), 63, 67 Ligagao, 8 covalente, 9 ionica, 8 metdlica, 9 VAN DER WAALS, 9 Limite convencional n, 100 de elasticidade, 97 de escoamento, 99 de fadiga, 183, 186 de proporcionatidade, 96 de resisténcia & tragio, 98 Linha (imperfeig6es), 31 Liquidus (linha), 70 Luder (linhas), 99 Maclacdo, 48 deformagio por, 48 Maclas, 48 Martelo de queda, 172 Martelo pendulas, 170 Massa atmica, 6 Matéria (constituigdo), 1 Materiais diamagnéticos, 17 diicteis, 98, 107 ferro-magnéticos, 17 frigeis, 107 metiticos, 10 paramagnéticos, 17 Massa atOmica, 6 defeito de, 7 Meciinicos (ensaios), 87 Medida do tamanho de grdo, $9 Meio efeito na fadiga, 208 Metal ocorréns definigao, 10, 11 dactil, 98, 107 frigil, 107 Motiliea (ligagio), 9 Metdiico(s) estado, 11 materiais, 10 MEYER, 139 Microdurezas (ensaios), 146 Minerais, 10 Minérios, 10 Médulo de elasticidade, 40, 95 de POISSON, 42 de rigidez (ou cisalhamento), 42, 131 de ruptura, 123 de ruptura sob torgéo, 132 MOHR circulo, 236, 238 teoria, 235, 241 MOHS (escala), 134 Momento de inércia, 123 torgor, 126, 129 Mudangas de fases, 2 Mudangas de volume, 14 MOORE (corpo de prova), 191 Néutron, § Normas, 87 Niicleo, 5 Niimero de AVOGADRO, 6 Nuvem de elétrons, 8 OLSEN (ensaio), 220 Opacidade, 17 Oticas (propriedades), 17 Oxidagdo, 18 Pacote de escorrégamento, 45 Paradas térmicas, 3 Parimetro de reticulado, 24 Péndulo de mola, 219 Penetrador, 137 BRALE, 142 BRINELL, 139 KNOOP, 147 VICKERS, 144 Permeabilidade, 17 Peso atémico, 6 PLANK, 25, Planos cristalogrificos, 25 Planos de escorregamento, 29, 44 Plistica (deformagio), 43 Plasticidade, 39 Indioe Analition Poder calorifico, 14 POISSON médulo, 42 relagdo, 231 Poligono de freqiiéneia, 92 Polimorfismo (ou alotropia), 23 Ponto de fusio, 13 Propotcionalidade (limite), 96 Propriedades diversas, 215 elétricas, 15 magnéticas, 15 mecinicas, 84 Sticas, 17 quimicas, 18 térmicas, 14 Proton, 5 Qualidade de conformagao, 220 Quantizagdo de energia, § Queima, 226 Quimicas (propriedades), 18 RANKINE (teoria), 230 Recozimento, 55 Recuperagdo, 55, 165 Recristalizacio, 55 Refletibilidade, 17 Relagio de fadiga, 191, 211 Relagio de POISSON, 231 RelagGes de conversdo de dureza, 148 Relaxacdo, 165 Resiligncia, 113, 168, Resisténcia, 86 a agGo do risco, 134 compressio, 115 8 corrosio, 18 A fadiga, 183, 187 A flexdo, 122 A fluéneia, 157 Aoxidagio, 18 A ruptura por fluéncia, 157, 162 & ruptura transversal, 122 A torgdo, 129 A tracdo, 93 a0 choque, 167 a0 cisalhamento, 126 a0 desgaste, 220 teorias de, 229 Resistividade elétrica, 16 Reticulado(s) cristalinos), 19 36s 266 Tecnologia Mecdnlea cebico centradto, 23 cabico de face centrada, 23 hexagonal compacto, 23 parimetto de, 24 Rigidez, 96, 124 ‘médulo de, 42, 131 Rockwell dureza, 141 superficial, 144 Ruptura transversal ‘médulo de, 122 resisténcia a, 122 SAINT-VENANT (teoria). Sensibilidade a velocidade, 168 0 entalhe, 169, 190 ‘Sistemas cristalinos, 19 Sistema de escorregamento, 44 Solidus (linha), 70 Solugio sdlida, 63, 69 intersticial, 65 substitucional, 63, Spin, 8 ‘Tamanho de gro (medida), 59 “Temperatura(s) de fusio, 14 de reeristalizago, 52 de jransigio, 173 feito na fadiga, 194 equicoesiva, 154 Tenacidade, 86, 113, 168 ‘Tensio(6es), 85 admissivel de trabalho, 86, 244 de cisalhamento, 85, 131 de'compressao, 85, de uagio, 85 decomposta critica de cisalhamento, 45 smulti-axiaig; 243 ‘Tensio maxima (teoria), 230 Teoria(s) de BELTRAMI 232 de HUBER, 232 de MOHR, 235, 241 de RANKINE, 230 de resisténcia, 229 de SAINT-VENANT, 231 ‘Térmica (propriedades), 14 Torco, 126 Angulo de, 86, 129, 131 ensaio de 129 médulo de ruptura, 132 resistencia &, 129 Torque (ou me Trabalho : a frio, 52 ' a quente, 52, 61 trabalho de deformagio maximo (teoria), 232 Tragio censaio de 93 fratura por, 107 limite de resistencia a, 98 tensto de, 85 ‘Transigdo (temperatura), 173 Tratamento superficial cfeito na fadiga, 200 TUKON dureza, 148 penetrador, 148 se-nor), 127, 129 Usinabitidade, 224 ensaio, 226 Usinagem facil (liga), 226 Valencia (elétrons), 8 VAN DER WAALS (ligagao), 9 ‘Velocidade de difusio, 67 de fluéncia, 155 Vetor BURGERS, 33 ‘Votor de escorregamento, 33, Vibragies, 216 VICKERS dureza, 144 penetrador, 144 Vida da ferramenta, 224, 227 Vida por fadiga, 207 Volante giratsrio, 12 Volume especifico, 12 YOUNG (médulo), 40, 95 WOOD (conceito), 182

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