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3 A FILOSOFIA ORIENTAL 0 budismo © budismo & um sistema filoséfico e religioso baseado nos ensinamentos de ‘Siddhartha Gautama (563 2.C.-483 a.C.), popularmente conhecido como Buda, ‘um principe da regido onde hoje ¢ o Nepal. Conta-se que, 20s 29 anos, atormen- ‘ado pelo problema do softimento humano, Buda teria abandonado uma vida de “juxo e se dedicado & meditacao. Apés seis anos tentando entender 0 porqué do " sofrimento e qual seria sua cura, ele teria alcancado finalmente a iluminagao. _ A resposta do budismo a questo do sofrimento humano pode ser resumida ‘no que Buda chamou dajquatro nobres verdades: 0 sofrimento existe; 0 sofrimento ‘tem causas que podemos conhecer; 0 softimento pode ser superado; para superar 0 sofrimento, & preciso uma vida iluminada, tal como expressa no Nobre caminho dos ciito passos. Para o budismo, a raiz de todos os problemas humanos esté na tran- sitoriedade do mundo, que causa um permanente estado de incerteza, ansiedade ‘e medo. Mesmo para as pessoas cuja vida transcorre como o esperado, nunca ha garantias de que as coisas ndo possam mudar para pior/s principais causas para sofrimento, portanto, so a ignordncia — que nao permite a iluminacao—e 0 apego 05 desejos individuais e as paixdes, jé que nao podemos ter o controle sobre tudo ‘em um mundo em constante mudanga. Para alcancar 0 nirvana, € preciso seguir 0 caminho dos oito passos, que resu- midamente podem ser assim expressos: 1. Compreensdo correta: conhecimento das coisas como elas de fato sao; a ignotarcia e 0 apego aos desejos individuais sio a ‘causa da incompletude da vida humana; 2. Pensamento correto: rentincia 8s pai- xBes e 20s desejos egoistas; esforco para evitar ressentimento, inveja ou vontade de vvinganga; 3. Fala correta: evitar mentiras, caltinias e palavras grosseiras; buscar um discurso de harmonia e conciliagao; 4. Ado correta: no ceder a desejos improprios, inclusive os de ordem sexual; nao tirar a vida alheia; praticar boas ages; 5. Modo de vida correto: viver de modo equllibrado, sem mesquinhez nem prodigalidade; buscar uma ocupacdo respeitével por meio da qual possa prover o préprio sustento; 6. Esforgo correto: evitar pensamentos negativos ou imorais; cultivar um estado men- tal de paz e tranquilidade; 7. Atenc3o correta: desenvolver uma mente pura € uma ‘memiéria clara, sem apegos ao corpo, 20s sentimentos, as percepgbes e a0 pensamen- to, de modo a exercer total controle sobre os préprios impulsos e desejos; 8. Concen- tragdo correta: estado que integra todos os principios anteriores, liberando a cons- iéncia dos lagos que a prendem as inclinagbes e a0s desejos, ¢ substituindo a cconsciéncia individual por uma consciéncia infinita e onipresente. Embora o budismo seja origindrio da India, como religido ele é praticado em pontos isolados daquele pais. Entretanto, tornou-se muito forte em outros paises, ‘como China e Jap3o, onde sofreu a influéncia de sistemas religiosos e filoséficos diversos, como 0 taoismo e 0 confucionismo. O budismo exerceu também in- fluéncia no pensamento filoséfico ocidental. A visio do filésofo alemo Arthur ‘Schopenhauer (1788-1860), por exemplo, de que a vida humana é basicamente imacional, dirigida por uma vontade cega e insaciével, desenvolveu-se em parte por meio do contato com a Filosofia budista. a Segundo o budismo, qual ¢ a origem do sofrimento humano e de que modo o ser ‘humano pode superi-lo? PARA ALEM DO FUROCENTRISMO 0 hinduismo © hindufsmo ndo tem uma origem bem definida e mesmo seus principios bési- cos séo objeto de diversas interpretacGes. Desse modo, a melhor maneira de iniciar © estudo do hinduismo é tomé-lo como uma atitude da qual emerge uma ampla variedade de crencas e priticas religiosas e filoséficas\ No entanto, um elemento ccomum a todas essas variantes 6 a aceitac3o da autoridade dos Vedas, um conjunto de quatro obras escritas em uma lingua antiga chamada sanscrito védico| Nao se sabe ao certo quando esses textos foram escritos, mas provavelmente so anteriores 21500 a.C. Do ponto de vista filoséfico, a escrtura védica mais importante so os Upanixades, que s30 comentérios aos Vedas e servem de inspiragao as varias es- colas ou tradicdes filosGficas do hindufsmo. Swami Vivekananda (1863-1902), um influente pensador e mistico hinduista do século XIX, assim se refere aos Vedas: Os hindus receberam sua religiio por meio da revelacao, os Vedas. Eles sus- tentam que 0s Vedas nao tém comeco nem fim. Pode parecer absurdo a essa audiéncia como um livro pode nao ter comeco nem fim. Mas 0s Vedas nao signi- ficam livros. Significam o tesouro acumulado de leis espirituais descobertas por pessoas diferentes em tempos diferentes. Assim como a lei da gravitagao existia antes de sua descoberta, também as leis que governam as relagdes espirituais entre alma e alma e entre o espirito individual e o pai de todos os espiritos ja estavam I4, antes de sua descoberta, e permaneceriam, mesmo que os esque- céssemos. \Viwaoanos, Swami. Paper on Hinduism. ln: ARCAE, Lee; ARO, Joho G. (Org. ‘Readings in eastern Philosophy: an open source text. 2004. p. 33. Dsponivel em: -chtpz/philosophy lander eduorientalreadeireaderpdt>. ‘Acesso em: 10 maio 2016. (Traducio do ator) De acordo com o hinduismo, Braman é 0 “Absoluto”, o pri 910 Césmico fundamental com qual o “eu interior” — 0 Atman — deve se identificar. Essa identi- ficagao entre Braman e Atman é objeto de diferentes interpretacées no hindufsmo © pode implicar desde uma visdo pantefsta do cosmo ~ somente o principio Gnico existe e tudo mais é ilusdo — até uma concepgo dualista, como a do filésofo hindu Madhva (1238-1317), fundador de uma escola filosfica chamada Dvaita e que defendia uma ingdo entre o Braman e a alma individual. Para o hinduismo, o ser humano é basicamente bom, mas se encontra aprisio- nado em um ciclo de desejos e sofrimentos cujo resultado € 0 samsara, isto é, um ciclo continuo das transformagdes da vida: nascer, morrer e renascer. Por meio de uma série de reencamagGes, 0 ser humano poderia alcancar um nivel acima do desejo e do sofrimento, escapando assim do ciclo e ascendendo a uma esfera supe- rior. Um dos conceitos fundamentais nesse sentido é0 de carma (do sanscrito karma), a crenga de que toda aco gera uma reaco que pode se estender ao longo de varias reencarnagoes. Assim, a superac3o do ciclo de nascimento, morte e renascimento se daria pelo desenvolvimento de um bom carma, resultado de boas acdes. Este es- tado siltimo de rentincia aos desejos levaria ao nirvana, uma identificacdo completa da existncia individual e transitéria com a realidade citima do Braman.

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